Luís Xavier Bernardo: diferenças entre revisões

Fonte: eViterbo
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa
Linha 2: Linha 2:


=== Dados biográficos ===
=== Dados biográficos ===
Luis Xavier Bernardo nasceu em Lisboa, por volta de 1680. Faleceu em Alagoas, Brasil, em 1762. Era filho de Inácio Franco e Luisa Miles de Macedo. Foi casado com Francisca Cavalcanti de Albuquerque. Do matrimônio nasceram Ana Cavalcanti de Albuqueruqe, Ludovina Ferreira Cavalcanti de Albuqueque, Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, Florencia Inácia de Castro, Fabiana Cavalcanti de Albuquerque e Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque.<ref><nowiki>https://www.geni.com/people/Luis-Xavier-Bernardo-Tenente</nowiki> General/6000000027704568139#/tab/overview</ref>
Luis Xavier Bernardo nasceu em Lisboa, por volta de 1680. Faleceu em Alagoas - Brasil, em 1762. Era filho de Inácio Franco e Luisa Miles de Macedo. Foi casado com Francisca Cavalcanti de Albuquerque. Do matrimônio nasceram Ana Cavalcanti de Albuqueruqe, Ludovina Ferreira Cavalcanti de Albuqueque, Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, Florencia Inácia de Castro, Fabiana Cavalcanti de Albuquerque e Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque.<ref><nowiki>https://www.geni.com/people/Luis-Xavier-Bernardo-Tenente</nowiki> General/6000000027704568139#/tab/overview</ref>


===Carreira===
===Carreira===
Em dois de julho de 1750, o engenheiro militar português Luis Xavier Bernardo<ref>Sobre Luis Xavier Bernardo ver Viterbo (1988 ; 1962), Jucá Neto (2012) e Jucá Neto & Bessera (2022).</ref> recebeu a patente de Mestre de Campo ad Honorem com exercício na Capitania de Pernambuco - Brasil. O documento explicitou que o profissional servira no “Reino e nas Capitanias de Parayba do Norte e Pernambuco” por trinta e três anos, quatro meses e vinte quatro dias continuados”. No período, ocupou os postos de “Ajud.<sup>te</sup> Engenheiro deste R.<sup>no</sup>, Cap.<sup>am</sup> Engenheiro da Parahiba, Sarg.<sup>to</sup> Mor de Infant.<sup>a</sup> da mesma Praça e Tenente de Mestre de Campo General da Capitania da d.<sup>ta</sup> Capp.<sup>nia</sup> de Pernambuco com exercício de Engenheiro.<ref>Chancelaria de D. João V. Liv. 121. Arquivo Torres do Tombo. </ref>
O engenheiro militar português Luis Xavier Bernardo<ref>Sobre Luis Xavier Bernardo ver Viterbo (1962), Viterbo (1988), Jucá Neto (2012) e Jucá Neto & Bessera (2022).</ref> recebeu, em dois de julho de 1750, a Patente de Mestre de Campo ad Honorem com exercício na Capitania de Pernambuco Brasil. Até aquela data, o profissional servira no “Reino e nas Capitanias de Parayba do Norte e Pernambuco” por trinta e três anos, quatro meses e vinte quatro dias continuados”. No período, ocupou os postos de “Ajud.<sup>te</sup> Engenheiro deste R.<sup>no</sup>, Cap.<sup>am</sup> Engenheiro da Parahiba, Sarg.<sup>to</sup> Mor de Infant.<sup>a</sup> da mesma Praça e Tenente de Mestre de Campo General da Capitania da d.<sup>ta</sup> Capp.<sup>nia</sup> de Pernambuco com exercício de Engenheiro”.


Em Portugal, com a patente de Ajudante Engenheiro, Luis Xavier Bernardo fora encarregado de “copear as Plantaz” da “Prov.<sup>a</sup> de Trás os Montes na Praça de Bragança” e de fortificar a “brecha” na Praça de Miranda e de Monte Alegre.  Também serviu na Praça de Chaves e no Reino de Castelo, ”assistindo na Puebla de Senabria à fortificação de hum meio baluarte”. <ref>AHU_ACL_CU_015, Cx. 65. D. 5499. Documentos Manuscritos de Pernambuco.</ref>
Em Portugal, com a patente de Ajudante Engenheiro, Luis Xavier Bernardo fora encarregado de “copear as Plantaz” da “Prov.<sup>a</sup> de Trás os Montes na Praça de Bragança” e de fortificar a “brecha” na Praça de Miranda e de Monte Alegre.  Também serviu na Praça de Chaves. No Reino de Castelo, dirigiu-se a “Alcanicez, assistindo na Puebla de Senabria, à fortificação de hu’ meyo baluarte q’ nella se fez”. João Antonio de Távora substituiu Luis Xavier Bernardo como ajudante de engenheiro das fortificações de Trás-os-Montes.


Em 1716, foi nomeado Sargento mor Engenheiro da Paraíba. Tinha como incumbência desenhar e acompanhar as obras que fossem necessárias da Capitania, em especial da “Fortaleza do Cabedello”. <ref>AHU_ACL_CU_014, Cx. 5, D. 352. Documentos Manuscritos da Paraíba</ref> Deveria assistir “continuamente as obras das fortificações” evitando com sua “assistencia o erro que sem ella se pode experimentar nas medidas pelos pedreiros”. <ref>Carta de Capitão Engenheiro para Capitania da Parahiba – De 5 de Fevereiro de 1716 – Livro 45 – 50. V. Arquivo Torre do Tombo.</ref> Em 1730, recebeu a patente de Sargento Mor de Infantaria da Capitania da Paraíba.<ref>Chancelaria de D. João V. Cota: Chancelaria de D. João V. Liv. 78.P. 271v.</ref>


Na Paraíba, Luiz Xavier Bernardo foi encarregado de delinear as “obras interiores e exteriores” da Fortaleza do Cabedelo. Em 29 de abril de 1732, o ouvidor-geral da capitania paraibana, Tomás da Silva Pereira, enviou carta ao rei D. João V relatando o estado da Fortaleza de Cabedelo e afirmando a necessidade de devassar os procedimentos do engenheiro Luiz Xavier Bernardo. <ref>AHU_ACL_CU_014, Cx. 8, D, 673. Arquivo Ultramarino. Documentos Avulsos da Paraíba. Ver também Carvalho (2008) e Moura Filha (2004).</ref> Na Baia da Traição, foi enviado para determinar o “melhor sítio para a nova fortificação”.<ref name=":3">AHU_ACL_CU_015, Cx. 65. D. 5499. Arquivo Ultramarino. Documentos Avulsos de Pernambuco.</ref>  Em 1733, seguiu para a Capitania do Rio Grande, com a missão de “averiguar as desp.<sup>as</sup> q' se lhe tinhão feito nas obras da d.<sup>a</sup> Capp.nia" e “delinear a “obra da cadea”.<ref name=":3" /> Também em 1733, quando “apareceram na Barra da Par.<sup>a</sup> 28 navios” retornou a Cabedelo construindo “parapeytos, p.<sup>a</sup> q’ se podessem estar cobertos e montou seis peças de Artilharia”.<ref name=":3" />  Com o Brigadeiro João Macê visitou “todas as costas e fortalezas” pernambucanas, “ajudando aos engenheiros da dita capitania a tirar as plantas de todas ellas”. <ref>Documento transcrito em Viterbo (1962, p. 48).</ref>
Em 1716, foi nomeado Sargento mor Engenheiro da Paraíba - Brasil. Teve como incumbência desenhar e acompanhar as obras das fortificações que fossem necessárias na Capitania, em especial da Fortaleza do Cabedelo. Evitaria com sua “assistencia o erro que sem ella se pode experimentar nas medidas pelos pedreiros”. Em Cabedelo, Luiz Xavier Bernardo foi encarregado de delinear as “obras interiores e exteriores” da fortificação.


No ano de 1736, passou a servir na Capitania de Pernambuco, com cargo de Tenente de Mestre de Campo General de Infantaria com o exercício de engenheiro, ocupando o posto que vagou pela promoção do engenheiro Diogo da Silveira Velloso a “Ten.<sup>te</sup> General da Artilharia da mesma Cappitania”. <ref>LIVRO DE CHANCELARIA. L – 91. P. 303 v.</ref> Em 1738, retornou à capitania do Rio Grande. No mesmo ano seguiu para o “Sertão do Araroba”, em território pernambucano, para “averiguação de humas novas minas”.<ref name=":3" /> Em 1740, retornou à Capitania de Rio Grande com a obrigação de reparar a fortaleza.<ref name=":3" />


Em 1747, Luis Xavier Bernardo foi enviado à Capitania do Ceará para vistoriar o estado da fortificação e execução das plantas da dita edificação. No relatório de trabalho, o engenheiro afirmou a impossibilidade de reconstrução da antiga Fortaleza, por ela se encontrar totalmente destruída. Como alternativa, propõe a reconstrução na enseada do Mucuripe, a leste do antigo forte. Na ocasião, desenhou a ''Planta da Costa do Ciara Grande da Ponta do Mucuripe the Jacarecanga'' situando a nova fortificação e apresentando o seu desenho. <ref>AHU_ACL_CU_015; Cx. 65, D. 5500. Arquivo Ultramarino. Documentos Avulsos de Pernambuco. Ver Jucá Neto (2012) e Jucá Neto & Bessera (2022). O desenho constava da desaparecida coleção cartográfica do Barão de Studart (1932).</ref> XXXXXX
No ano de 1730, recebeu a patente de Sargento Mor de Infantaria da Capitania da Paraíba. Em 29 de abril de 1732, o ouvidor-geral da capitania paraibana, Tomás da Silva Pereira, enviou carta ao rei D. João V relatando o estado da Fortaleza de Cabedelo e afirmando a necessidade de devassar os procedimentos do engenheiro Luiz Xavier Bernardo. Na Baia da Traição, foi enviado para “examinar a largura do atrr.<sup>o</sup>” e determinar o “melhor sítio para a nova fortificação”.  Em 1733, seguiu para a Capitania do Rio Grande, com a missão de “averiguar as desp.<sup>as</sup> q' se lhe tinhão feito nas obras da d.<sup>a</sup> Capp.<sup>nia</sup>"  e “delinear a “obra da cadea”. Também em 1733, quando “apareceram na Barra da Par.<sup>a</sup> 28 navios” retornou a Cabedelo construindo “parapeytos, p.<sup>a</sup> q’ se podessem estar cobertos e montou seis peças de Artilharia”. Com o Brigadeiro João Macê visitou “todas as costas e fortalezas” pernambucanas, “ajudando aos engenheiros da dita capitania a tirar as plantas de todas ellas”.


Luís Xavier Bernardo serviu durante dois anos, oito meses e vinte e um dias, contados desde outubro de 1712, nas praças de Trás-os-Montes como ajudante engenheiro<ref name=":0">Viterbo, ''Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal'', [https://archive.org/details/diccionariohisto01vite Vol I], 101-103.</ref>.


A 5 de fevereiro de 1716 foi nomeado capitão engenheiro da capitania da Paraíba para dar assistência a obras de fortificação<ref name=":1">Arquivo do Conselho Ultramarino, Ofícios: livro 13, folha 55v (<i>apud</i> Viterbo I 1899, 101)</ref>, tendo posteriormente sido promovido a sargento mor de infantaria na mesma praça. Aquando do falecimento do respetivo capitão-mor, assumiu o comando da capitania durante dois meses<ref name=":2">Arquivo do Conselho Ultramarino, Consultas Mistas: livro 12, folha 259 (<i>apud</i> Viterbo I 1899, 102-103)</ref>.  
No ano de 1736, passou a servir na Capitania de Pernambuco - Brasil, com cargo de Tenente de Mestre de Campo General de Infantaria com o exercício de engenheiro. Ocupou o posto que vagou pela promoção do engenheiro Diogo da Silveira Velloso a “Ten.<sup>te</sup> General da Artilharia da mesma Cappitania”. No mesmo anos de 1736 elaborou “Planta da Nova Alfandega” para a Capitania de Pernambuco”. Em 1738, retornou à capitania do Rio Grande. No mesmo ano seguiu para o “Sertão do Araroba”, em território pernambucano, para “averiguação de humas novas minas”. Em 1740, voltou à Capitania de Rio Grande com a obrigação de reparar a fortaleza.


No Brasil, serviu também em Pernambuco, desde fevereiro de 1736, como tenente de mestre de campo de infantaria com exercício de engenheiro<ref name=":2" />. Trabalhou também para o Rio Grande<ref name=":2" />.


Em 1746, concorre para o lugar de mestre de campo do terço da cidade de Olinda, deixado vago pela promoção de António Borges da Fonseca, mas fica em 2º lugar, ultrapassado por Lucas Nunes<ref name=":0" />.  
Em 1746, Luis Xavier Bernardo foi enviado à Capitania do Ceará para vistoriar o estado da fortificação e executar as plantas da dita edificação. Em seu relatório de trabalho, o engenheiro afirmou a impossibilidade de reconstrução da antiga fortaleza, por ela se encontrar totalmente destruída. Como alternativa, propôs a construção na enseada do Mucuripe, a leste do antigo forte. Na ocasião, desenhou a ''Planta da Costa do Ciara Grande da Ponta do Mucuripe the Jacarecanga.''
 
 
A ''Planta'' demonstra que a vila de Fortaleza, aos pés da fortificação, encontrava-se completamente desprotegida; que a fortificação existente era extremamente precária. O forte não passava de uma “estaca de madeira”. O desenho evidencia, por parte do engenheiro, especial interesse de resguardar a enseada do Mucuripe. Tratava-se do “local de desembarque de navios maiores”. Luis Xavier Bernardo determinou que ponta da enseada, a leste da vila, era o lugar mais apropriado para uma nova fortificação, porque não havia pedras, nem lodo, não ser de pouca profundidade e não haver processo de assoreamento.
 
 
A estrutura de defesa proposta por Luis Xavier Bernardo “previa muro de contorno, cercado por um outro de madeira”. Analisando o risco da fortificação, o arquiteto José Liberal de Castro assevera que a “planta desconhecia os métodos de defesa abaluartada [...] certamente relegados em face das pequenas dimensões da obra, embora o muro de contorno mostrasse reentrâncias angulosas”. Quanto as medidas do forte, José Liberal de Castro supõe que o “muro defensivo de contorno viria a ter 4,50 e 5,00 metro de altura”. A maior “extensão do forte talvez não superasse os 50 metros e o reduzido terrapleno figuraria um retângulo de uns 32 por 18 metros”.
 
 
Em 1746, o engenheiro concorreu com Lucas Nunes e Patricio da Nobrega de Vasconcelos à vaga de Mestre de Campo do Terço da cidade de Olinda, não sendo nomeado. Segundo Viterbo (1962), o parecer do Conselho Ultramarino “não foi unânime, porque alguns conselheiros” deram o “voto, como o mais competente, a Xavier Bernardo”.
 
 
A agenda de trabalho do engenheiro Luis Xavier Bernardo evidencia a amplitude de suas obrigações e a larga circulação do profissional nas Capitanias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará na primeira metade do século XVIII.


===Outras informações===
===Outras informações===
==Obras==
==Obras==
Como ajudante engenheiro nas praças de Trás-os-Montes deu assistência às obras das praças de Puebla de Senabria, de Miranda e da brecha do Monte Alegrete, e levantou plantas de fortificações<ref name=":1" />.
Como ajudante engenheiro nas praças de Trás-os-Montes deu assistência às obras das praças de Puebla de Senabria, de Miranda e da brecha do Monte Alegrete, e levantou plantas de fortificações<ref name=":1">Arquivo do Conselho Ultramarino, Ofícios: livro 13, folha 55v (<i>apud</i> Viterbo I 1899, 101)</ref>.


Na Paraíba, foi encarregado das obras da fortaleza do Cabedelo. Desenhou a planta da referida fortaleza e a de outra que se procurava estabelecer na Bahia da Trayção<ref name=":2" />.
Na Paraíba, foi encarregado das obras da fortaleza do Cabedelo. Desenhou a planta da referida fortaleza e a de outra que se procurava estabelecer na Bahia da Trayção<ref name=":2">Arquivo do Conselho Ultramarino, Consultas Mistas: livro 12, folha 259 (<i>apud</i> Viterbo I 1899, 102-103)</ref>.


Delineou o plano da cadeia do Rio Grande<ref name=":2" />.
Delineou o plano da cadeia do Rio Grande<ref name=":2" />.

Revisão das 16h59min de 5 de outubro de 2022

Biografia

Dados biográficos

Luis Xavier Bernardo nasceu em Lisboa, por volta de 1680. Faleceu em Alagoas - Brasil, em 1762. Era filho de Inácio Franco e Luisa Miles de Macedo. Foi casado com Francisca Cavalcanti de Albuquerque. Do matrimônio nasceram Ana Cavalcanti de Albuqueruqe, Ludovina Ferreira Cavalcanti de Albuqueque, Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, Florencia Inácia de Castro, Fabiana Cavalcanti de Albuquerque e Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque.[1]

Carreira

O engenheiro militar português Luis Xavier Bernardo[2] recebeu, em dois de julho de 1750, a Patente de Mestre de Campo ad Honorem com exercício na Capitania de Pernambuco – Brasil. Até aquela data, o profissional servira no “Reino e nas Capitanias de Parayba do Norte e Pernambuco” por trinta e três anos, quatro meses e vinte quatro dias continuados”. No período, ocupou os postos de “Ajud.te Engenheiro deste R.no, Cap.am Engenheiro da Parahiba, Sarg.to Mor de Infant.a da mesma Praça e Tenente de Mestre de Campo General da Capitania da d.ta Capp.nia de Pernambuco com exercício de Engenheiro”.

Em Portugal, com a patente de Ajudante Engenheiro, Luis Xavier Bernardo fora encarregado de “copear as Plantaz” da “Prov.a de Trás os Montes na Praça de Bragança” e de fortificar a “brecha” na Praça de Miranda e de Monte Alegre.  Também serviu na Praça de Chaves. No Reino de Castelo, dirigiu-se a “Alcanicez, assistindo na Puebla de Senabria, à fortificação de hu’ meyo baluarte q’ nella se fez”. João Antonio de Távora substituiu Luis Xavier Bernardo como ajudante de engenheiro das fortificações de Trás-os-Montes.


Em 1716, foi nomeado Sargento mor Engenheiro da Paraíba - Brasil. Teve como incumbência desenhar e acompanhar as obras das fortificações que fossem necessárias na Capitania, em especial da Fortaleza do Cabedelo. Evitaria com sua “assistencia o erro que sem ella se pode experimentar nas medidas pelos pedreiros”. Em Cabedelo, Luiz Xavier Bernardo foi encarregado de delinear as “obras interiores e exteriores” da fortificação.


No ano de 1730, recebeu a patente de Sargento Mor de Infantaria da Capitania da Paraíba. Em 29 de abril de 1732, o ouvidor-geral da capitania paraibana, Tomás da Silva Pereira, enviou carta ao rei D. João V relatando o estado da Fortaleza de Cabedelo e afirmando a necessidade de devassar os procedimentos do engenheiro Luiz Xavier Bernardo. Na Baia da Traição, foi enviado para “examinar a largura do atrr.o” e determinar o “melhor sítio para a nova fortificação”.  Em 1733, seguiu para a Capitania do Rio Grande, com a missão de “averiguar as desp.as q' se lhe tinhão feito nas obras da d.a Capp.nia"  e “delinear a “obra da cadea”. Também em 1733, quando “apareceram na Barra da Par.a 28 navios” retornou a Cabedelo construindo “parapeytos, p.a q’ se podessem estar cobertos e montou seis peças de Artilharia”. Com o Brigadeiro João Macê visitou “todas as costas e fortalezas” pernambucanas, “ajudando aos engenheiros da dita capitania a tirar as plantas de todas ellas”.


No ano de 1736, passou a servir na Capitania de Pernambuco - Brasil, com cargo de Tenente de Mestre de Campo General de Infantaria com o exercício de engenheiro. Ocupou o posto que vagou pela promoção do engenheiro Diogo da Silveira Velloso a “Ten.te General da Artilharia da mesma Cappitania”. No mesmo anos de 1736 elaborou “Planta da Nova Alfandega” para a Capitania de Pernambuco”. Em 1738, retornou à capitania do Rio Grande. No mesmo ano seguiu para o “Sertão do Araroba”, em território pernambucano, para “averiguação de humas novas minas”. Em 1740, voltou à Capitania de Rio Grande com a obrigação de reparar a fortaleza.


Em 1746, Luis Xavier Bernardo foi enviado à Capitania do Ceará para vistoriar o estado da fortificação e executar as plantas da dita edificação. Em seu relatório de trabalho, o engenheiro afirmou a impossibilidade de reconstrução da antiga fortaleza, por ela se encontrar totalmente destruída. Como alternativa, propôs a construção na enseada do Mucuripe, a leste do antigo forte. Na ocasião, desenhou a Planta da Costa do Ciara Grande da Ponta do Mucuripe the Jacarecanga.


A Planta demonstra que a vila de Fortaleza, aos pés da fortificação, encontrava-se completamente desprotegida; que a fortificação existente era extremamente precária. O forte não passava de uma “estaca de madeira”. O desenho evidencia, por parte do engenheiro, especial interesse de resguardar a enseada do Mucuripe. Tratava-se do “local de desembarque de navios maiores”. Luis Xavier Bernardo determinou que ponta da enseada, a leste da vila, era o lugar mais apropriado para uma nova fortificação, porque não havia pedras, nem lodo, não ser de pouca profundidade e não haver processo de assoreamento.


A estrutura de defesa proposta por Luis Xavier Bernardo “previa muro de contorno, cercado por um outro de madeira”. Analisando o risco da fortificação, o arquiteto José Liberal de Castro assevera que a “planta desconhecia os métodos de defesa abaluartada [...] certamente relegados em face das pequenas dimensões da obra, embora o muro de contorno mostrasse reentrâncias angulosas”. Quanto as medidas do forte, José Liberal de Castro supõe que o “muro defensivo de contorno viria a ter 4,50 e 5,00 metro de altura”. A maior “extensão do forte talvez não superasse os 50 metros e o reduzido terrapleno figuraria um retângulo de uns 32 por 18 metros”.


Em 1746, o engenheiro concorreu com Lucas Nunes e Patricio da Nobrega de Vasconcelos à vaga de Mestre de Campo do Terço da cidade de Olinda, não sendo nomeado. Segundo Viterbo (1962), o parecer do Conselho Ultramarino “não foi unânime, porque alguns conselheiros” deram o “voto, como o mais competente, a Xavier Bernardo”.


A agenda de trabalho do engenheiro Luis Xavier Bernardo evidencia a amplitude de suas obrigações e a larga circulação do profissional nas Capitanias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará na primeira metade do século XVIII.

Outras informações

Obras

Como ajudante engenheiro nas praças de Trás-os-Montes deu assistência às obras das praças de Puebla de Senabria, de Miranda e da brecha do Monte Alegrete, e levantou plantas de fortificações[3].

Na Paraíba, foi encarregado das obras da fortaleza do Cabedelo. Desenhou a planta da referida fortaleza e a de outra que se procurava estabelecer na Bahia da Trayção[4].

Delineou o plano da cadeia do Rio Grande[4].


No Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro, consta o seguinte mapa que lhe faz referência:

Cópia da segunda planta delineada pelo sargento mor e hoje tenente general da artilharia, Diogo da Silveira Velloso para se fortificar o bairro de Santo Antonio a qual vai segundo o original que me deu o Illmo e Exmo Sr. Governador e Capitão General Henrique Luis Pereira Freire Resende. 28 de Outubro de 1739. Assinada Luiz Xavier Bernardo. Copiado pelo Capitão D. de Araújo e Silva em 1869. Colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com escala, papel canson, 108cm x 51,5cm[5].

Notas

  1. https://www.geni.com/people/Luis-Xavier-Bernardo-Tenente General/6000000027704568139#/tab/overview
  2. Sobre Luis Xavier Bernardo ver Viterbo (1962), Viterbo (1988), Jucá Neto (2012) e Jucá Neto & Bessera (2022).
  3. Arquivo do Conselho Ultramarino, Ofícios: livro 13, folha 55v (apud Viterbo I 1899, 101)
  4. 4,0 4,1 Arquivo do Conselho Ultramarino, Consultas Mistas: livro 12, folha 259 (apud Viterbo I 1899, 102-103)
  5. Arquivo Histórico do Exército - Brasil (AHEx). Cota: AHE 04.21.0110

Fontes

Arquivo Histórico do Exército - Brasil (AHEx)

Bibliografia

Cadena, Paulo Henrique Fontes. "Ou há de ser Cavalcanti, ou há de ser cavalgado: trajetórias políticas dos Cavalcanti de Albuquerque (Pernambuco, 1801-1844." Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco, 2011.

Carta de Capitão Engenheiro para Capitania da Parahiba – De 5 de Fevereiro de 1716 –   Arquivo da Torre do Tombo. CHANCELARIA DOM JOÃO V. Código de referência: PT/TT/CHR/T/001/0045. Cota atual: Chancelaria de D. João V, liv. 45. P. 50 v.

Carta do [Gov.] D. Marcos José de Noronha e Britoao Rei [D. João V], sobre vistoria feita pelo engenheiro e tenente general Luis Xavier Bernardes a fort. do Ceará e execução da planta da dita fortaleza. 1747, janeiro, 5, Recife. Projeto Resgate. Documentos Manuscritos de Pernambuco (1590 – 1826). AHU_ACL_CU_015; Cx. 65. D.5500.

Carta de Patente de Mestre de Campo ad honorem – De 2 de julho de 1750. Arquivo Torres do Tombo.  Livro 121 – 14. ID DOCUMENTO: 3882800CÓDIGO DE REFERENCIA: PT/TT/CHR/T/001/0121. TÍTULO: Chancelaria de D. João V. COTA: Chancelaria de D. João V. Liv. 121.

Carta do ouvidor-geral da Paraíba, Tomás da Silva Pereira, ao rei [D. João V] sobre o estado em que se encontra a fortaleza de Cabedelo e a necessidade de se devassar os procedimentos do engenheiro da mesma, Luiz Xavier Bernardo, do governador da Paraíba, do padre João de Loureiro e de Jácome Rodrigues Santos. 1732, abril, 29, Paraíba. AHU_ACL_CU_014, Cx. 8, D, 673. Arquivo Ultramarino. Documentos Avulsos da Paraíba.

Carta Patente de posto de Sargento Mor de Infantaria da Capitania da Pernambuco com o exercício de engenheiro. De 7 de Agosto de 1730 ID 3882757. CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/TT/CHR/T/001/0078. TÍTULO: Chancelaria de D. João V. Cota: Chancelaria de D. João V. Liv. 78. P. 271 – v.

CASTRO, José Liberal de. A fortaleza de Nossa Senhora da Assumpção da Capitania do Ceará Grande. Pleito de Tombamento. IPHAN – Ceará. Fortaleza. 2005.

CARVALHO, Juliano Loureiro. Formação territorial da Mata Paraibana. 1750 – 1808. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Bahia. Salvador. 2008.

CONSULTA do Conselho Ultramarino, ao rei D. João V, sobre o requerimento de Luís Xavier Bernardo, solicitando a patente de sargento-mor engenheiro da Paraíba, com soldo de capitão engenheiro. 352 – 1716, janeiro, 22, Lisboa.  AHU_ACL_CU_014, Cx. 5, D. 352. DOCUMENTOS MANUSCRITOS DA PARAÍBA.

Documentos manuscritos avulsos da Capitania de Pernambuco. Recife: Editora Universitária UFPE, 2006.

JUCÁ NETO, Clovis Ramiro. Primórdios da Urbanização do Ceará. UFC/BNB. Fortaleza. 2012.

JUCÀ NETO, C. R., & Beserra, J. R. T. (2021). Mobilidade e interconexões oceânicas: o engenheiro militar e o artífice entre a Capitania do Ceará e o reino de Portugal. Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 29, 1-95. https://doi.org/10.1590/1982-02672021v29d1e16.

LIVRO CHACELARIA D, JOÃO V. Arquivo Torre do Tombo. Livro 91. P. 302v.

Moura Filha, Maria Bertilde. "De Filipéia à Paraíba - uma cidade na estratégia de colonização do Brasil - Séculos XVI-XVIII." Tese de Doutoramento, Universidade do Porto, 2004.

REQUERIMENTO do tenente de mestre-de-campo general da Infantaria da capitania de Pernambuco Luis Xavier Bernardes, ao rei [D. João V], pedindo consulta para receber o posto de mestre-de-campo de Infantaria, com o exercício da ordem do governador da mesma capitania, [conde dos Arcos, D. Marcos José de Noronha e Brito], vencendo o soldo correspondente ao posto. 5499 – [ant. 1747, janeiro, 4]. Anexos: 3 docs. AHU_ACL_CU_015, Cx. 65. D. 5499.

STUDART, Guilherme, Barão de. Geografia do Ceará. IN: Revista do Instituto do Ceará. Tomo XXXVIII. Typ. Mynerva. Fortaleza. 1923.

VITERBO, Souza. Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil. Coordenação, aditamentos e introdução Jorge Faro. 1 vol. Edições Panorama. Lisboa. 1962.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol I. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.

Ligações Externas

https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/377375

https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/370750

https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/369586

https://bdlb.bn.gov.br/redeMemoria/handle/123456789/173137

http://acervo.redememoria.bn.br/redeMemoria/handle/123456789/55679

http://acervo.redememoria.bn.br/redeMemoria/handle/123456789/57811

Luís Xavier Bernardo e a origem judaica da nobreza Suassuna de Pernambuco

https://www.geni.com/people/Luis-Xavier-Bernardo/6000000027704568139

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

Citar este artigo