Luís Xavier Bernardo

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Luís Xavier Bernardo
Nome completo valor desconhecido
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Morte valor desconhecido
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido


Biografia

Dados biográficos

Luis Xavier Bernardo nasceu em Lisboa, por volta de 1680. Faleceu em Alagoas - Brasil, em 1762. Era filho de Inácio Franco e Luisa Miles de Macedo. Foi casado com Francisca Cavalcanti de Albuquerque. Do matrimônio nasceram Ana Cavalcanti de Albuqueruqe, Ludovina Ferreira Cavalcanti de Albuqueque, Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque, Florencia Inácia de Castro, Fabiana Cavalcanti de Albuquerque e Francisco Xavier Cavalcanti de Albuquerque.[1]

Carreira

O engenheiro militar português Luis Xavier Bernardo[2] recebeu, em dois de julho de 1750, a Patente de Mestre de Campo ad Honorem com exercício na Capitania de Pernambuco – Brasil. Até aquela data, o profissional servira no “Reino e nas Capitanias de Parayba do Norte e Pernambuco” por trinta e três anos, quatro meses e vinte quatro dias continuados”. No período, ocupou os postos de “Ajud.te Engenheiro deste R.no, Cap.am Engenheiro da Parahiba, Sarg.to Mor de Infant.a da mesma Praça e Tenente de Mestre de Campo General da Capitania da d.ta Capp.nia de Pernambuco com exercício de Engenheiro”.[3]

Em Portugal, com a patente de Ajudante Engenheiro, Luis Xavier Bernardo fora encarregado de “copear as Plantaz” da “Prov.a de Trás os Montes na Praça de Bragança” e de fortificar a “brecha” na Praça de Miranda e de Monte Alegre.  Também serviu na Praça de Chaves. No Reino de Castelo, dirigiu-se a “Alcanicez, assistindo na Puebla de Senabria, à fortificação de hu’ meyo baluarte q’ nella se fez”. [4]João Antonio de Távora substituiu Luis Xavier Bernardo como ajudante de engenheiro das fortificações de Trás-os-Montes.[5]

Em 1716, foi nomeado Sargento mor Engenheiro da Paraíba - Brasil.[6] Teve como incumbência desenhar e acompanhar as obras das fortificações que fossem necessárias na Capitania, em especial da Fortaleza do Cabedelo.[6] Evitaria com sua “assistencia o erro que sem ella se pode experimentar nas medidas pelos pedreiros”.[7] Em Cabedelo, Luis Xavier Bernardo foi encarregado de delinear as “obras interiores e exteriores” da fortificação.[4]

No ano de 1730, recebeu a patente de Sargento Mor de Infantaria da Capitania da Paraíba.[8] Em 29 de abril de 1732, o ouvidor-geral da capitania paraibana, Tomás da Silva Pereira, enviou carta ao rei D. João V relatando o estado da Fortaleza de Cabedelo e afirmando a necessidade de devassar os procedimentos do engenheiro Luis Xavier Bernardo.[9] Na Baia da Traição, foi enviado para “examinar a largura do atrr.o” e determinar o “melhor sítio para a nova fortificação”. [4] Em 1733, seguiu para a Capitania do Rio Grande, com a missão de “averiguar as desp.as q' se lhe tinhão feito nas obras da d.a Capp.nia"  e “delinear a “obra da cadea”.[4] Também em 1733, quando “apareceram na Barra da Par.a 28 navios” retornou a Cabedelo construindo “parapeytos, p.a q’ se podessem estar cobertos e montou seis peças de Artilharia”.[4] Com o "Brigadeiro João Macê" visitou “todas as costas e fortalezas” pernambucanas, “ajudando aos engenheiros da dita capitania a tirar as plantas de todas ellas”.[10]

No ano de 1736, passou a servir na Capitania de Pernambuco - Brasil, com cargo de Tenente de Mestre de Campo General de Infantaria com o exercício de engenheiro. Ocupou o posto que vagou pela promoção do engenheiro Diogo da Silveira Velloso a “Ten.te General da Artilharia da mesma Cappitania”.[11] No mesmo ano de 1736 elaborou “Planta da Nova Alfandega” para a Capitania de Pernambuco”. [12] Em 1738, retornou à capitania do Rio Grande. No mesmo ano seguiu para o “Sertão do Araroba”, em território pernambucano, para “averiguação de humas novas minas”. Em 1740, voltou à Capitania de Rio Grande com a obrigação de reparar a fortaleza.[4]

Em 1746, Luis Xavier Bernardo foi enviado à Capitania do Ceará para vistoriar o estado da fortificação e executar as plantas da dita edificação. Em seu relatório de trabalho, o engenheiro afirmou a impossibilidade de reconstrução da antiga fortaleza, por ela se encontrar totalmente destruída. Como alternativa, propôs a construção de um forte na enseada do Mucuripe, a leste da antiga estrutura de defesa. Na ocasião, desenhou a Planta da Costa do Ciara Grande da Ponta do Mucuripe the Jacarecanga.[13]

A Planta demonstra que a vila de Fortaleza, aos pés da fortificação, encontrava-se completamente desprotegida; que a fortificação existente era extremamente precária.[14] O forte não passava de uma “estaca de madeira”.[15] O desenho evidencia, por parte do engenheiro, especial interesse de resguardar a enseada do Mucuripe. Tratava-se do “local de desembarque de navios maiores”. Luis Xavier Bernardo determinou que ponta da enseada, a leste da vila, era o lugar mais apropriado para uma nova fortificação, porque não havia pedras, nem lodo, não ser de pouca profundidade e não haver processo de assoreamento.[16]

A estrutura de defesa proposta por Luis Xavier Bernardo previa muro de contorno em alvenaria, "cercado por um outro de madeira”. [17]Analisando o risco da fortificação, o arquiteto José Liberal de Castro assevera que a “planta desconhecia os métodos de defesa abaluartada [...] certamente relegados em face das pequenas dimensões da obra, embora o muro de contorno mostrasse reentrâncias angulosas”. Quanto as medidas do forte, José Liberal de Castro supõe que o “muro defensivo de contorno viria a ter 4,50 e 5,00 metro de altura”. A maior “extensão do forte talvez não superasse os 50 metros e o reduzido terrapleno figuraria um retângulo de uns 32 por 18 metros”.[15]

Em 1746, o engenheiro concorreu com Lucas Nunes e Patricio da Nobrega de Vasconcelos à vaga de Mestre de Campo do Terço da cidade de Olinda, não sendo nomeado. Segundo Viterbo[18], o parecer do Conselho Ultramarino “não foi unânime, porque alguns conselheiros” deram o “voto, como o mais competente, a Xavier Bernardo”.[19]

A agenda de trabalho do engenheiro Luis Xavier Bernardo evidencia a amplitude de suas obrigações e a larga circulação do profissional nas Capitanias brasileiras de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará na primeira metade do século XVIII.

Outras informações

Obras

Arquivo Histórico Ultramarino (AHU):

[Alçado da nova Alfândega a construir na capitania de Pernambuco]. - [1736]. - 1 desenho técnico : bico de pena, color.; 25,6 x 61,7cm em folha 26, 7 x62,7cm. Aquarelado nas cores vermelho, amarelo e sépia. Anexo à [Planta da nova Alfândega a construir na capitania de Pernambuco], D. 0901, ref. 121. Ver AHU_ACL_CU_015, Cx.53, D.4617. AHU_CARTm_015, D. 0902. Arquivo Hstórico Ultramarino. Cartografia Manuscrita. Capitania de Pernambuco.

[Planta da nova Alfândega a construir na capitania de Pernambuco]. - Escala [ca. 1:100] - [1736], - 2 desenhos técnicos.: tinta ferrogálica, color.; em folha48,6 x 54,6cm. Aquarelada nas cores vermelha e amarela. Inclui fachada do prédio, em folha a parte, D. 0902, ref. 120. Ver AHU_ACL_CU_015, Cx.53, D.4617. AHU_CARTm_015, D. 0901. Arquivo Histórico Ultramarino. Cartografia Manuscrita. Capitania de Pernambuco.

No Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro, consta o seguinte mapa que lhe faz referência:

Cópia da segunda planta delineada pelo sargento mor e hoje tenente general da artilharia, Diogo da Silveira Velloso para se fortificar o bairro de Santo Antonio a qual vai segundo o original que me deu o Illmo e Exmo Sr. Governador e Capitão General Henrique Luis Pereira Freire Resende. 28 de Outubro de 1739. Assinada Luiz Xavier Bernardo. Copiado pelo Capitão D. de Araújo e Silva em 1869. Colorido, nanquim, tinta colorida, aquarela, com escala, papel canson, 108cm x 51,5cm[20].

Notas

  1. https://www.geni.com/people/Luis-Xavier-Bernardo-Tenente General/6000000027704568139#/tab/overview
  2. Sobre Luis Xavier Bernardo ver Viterbo (1962), Viterbo (1998), Jucá Neto (2012) e Jucá Neto & Bessera (2022).
  3. Chancelaria de D. João V. Livro. 121. Arquivo Torres do Tombo.
  4. 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 AHU_ACL_CU_015, Cx. 65. D. 5499. Documentos Manuscritos de Pernambuco.
  5. Sepúlveda (1919).
  6. 6,0 6,1 AHU_ACL_CU_014, Cx. 5, D. 352. Documentos Manuscritos da Paraíba.
  7. Chancelaria de D. João V. Livro 45. P. 50v. Arquivo Torre do Tombo.
  8. Chancelaria de D. João V. Livro. 78.P. 271v. Arquivo Torre do Tombo.
  9. AHU_ACL_CU_014, Cx. 8, D, 673. Arquivo Ultramarino. Documentos Avulsos da Paraíba. Ver também Carvalho (2008).
  10. Documento transcrito em Viterbo (1962, p. 48).
  11. Chancelaria de D. João V. Livro. 91.P. 303v. Arquivo Torre do Tombo.
  12. AHU_CARTm_015, D. 0901. Arquivo Histórico Ultramarino. Cartografia Manuscrita. Capitania de Pernambuco.
  13. AHU_ACL_CU_015; Cx. 65, D. 5500. Arquivo Ultramarino. Documentos Avulsos de Pernambuco. Ver Jucá Neto (2012) e Jucá Neto & Bessera (2022). O desenho constava da desaparecida coleção cartográfica do Barão de Studart (1932).
  14. Jucá Neto (2012).
  15. 15,0 15,1 Castro (2005).
  16. Jucá Neto (2005, p. 128).
  17. Jucá Neto (2012, p. 129).
  18. Viterbo (1062).
  19. Viterbo (1998, v. 1, p. 102).
  20. Arquivo Histórico do Exército - Brasil (AHEx). Cota: AHE 04.21.0110

Fontes

Carta de Capitão Engenheiro para Capitania da Parahiba – De 5 de Fevereiro de 1716 –   Arquivo da Torre do Tombo. CHANCELARIA DOM JOÃO V. Código de referência: PT/TT/CHR/T/001/0045. Cota atual: Chancelaria de D. João V, liv. 45. P. 50 v.

Carta do [Gov.] D. Marcos José de Noronha e Britoao Rei [D. João V], sobre vistoria feita pelo engenheiro e tenente general Luis Xavier Bernardes a fort. do Ceará e execução da planta da dita fortaleza. 1747, janeiro, 5, Recife.AHU_ACL_CU_015; Cx. 65. D.5500. Arquivo Ultramarino. Documentos Manuscritos de Pernambuco (1590 – 1826).

Carta de Patente de Mestre de Campo ad honorem – De 2 de julho de 1750. Arquivo Torres do Tombo.  Livro 121 – 14. ID DOCUMENTO: 3882800CÓDIGO DE REFERENCIA: PT/TT/CHR/T/001/0121. TÍTULO: Chancelaria de D. João V. COTA: Chancelaria de D. João V. Liv. 121.

Carta do ouvidor-geral da Paraíba, Tomás da Silva Pereira, ao rei [D. João V] sobre o estado em que se encontra a fortaleza de Cabedelo e a necessidade de se devassar os procedimentos do engenheiro da mesma, Luiz Xavier Bernardo, do governador da Paraíba, do padre João de Loureiro e de Jácome Rodrigues Santos. 1732, abril, 29, Paraíba. AHU_ACL_CU_014, Cx. 8, D, 673. Arquivo Ultramarino. Documentos Manuscritos da Paraíba.

Carta Patente de posto de Sargento Mor de Infantaria da Capitania da Pernambuco com o exercício de engenheiro. De 7 de Agosto de 1730 ID 3882757. CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/TT/CHR/T/001/0078. TÍTULO: Chancelaria de D. João V. Cota: Chancelaria de D. João V. Liv. 78. P. 271 – v.

CONSULTA do Conselho Ultramarino, ao rei D. João V, sobre o requerimento de Luís Xavier Bernardo, solicitando a patente de sargento-mor engenheiro da Paraíba, com soldo de capitão engenheiro. 352 – 1716, janeiro, 22, Lisboa.  AHU_ACL_CU_014, Cx. 5, D. 352. Arquivo Ultramarino. Documentos Manuscritos da Paraíba.

LIVRO CHACELARIA D, JOÃO V. Arquivo Torre do Tombo. Livro 91. P. 302v.

REQUERIMENTO do tenente de mestre-de-campo general da Infantaria da capitania de Pernambuco Luis Xavier Bernardes, ao rei [D. João V], pedindo consulta para receber o posto de mestre-de-campo de Infantaria, com o exercício da ordem do governador da mesma capitania, [conde dos Arcos, D. Marcos José de Noronha e Brito], vencendo o soldo correspondente ao posto. 5499 – [ant. 1747, janeiro, 4]. Anexos: 3 docs. AHU_ACL_CU_015, Cx. 65. D. 5499. Arquivo Ultramarino. Documentos Manuscritos de Pernambuco (1590 – 1826).

Bibliografia

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CARVALHO, Juliano Loureiro. Formação territorial da Mata Paraibana. 1750 – 1808. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Bahia. Salvador. 2008.

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JUCÀ NETO, C. R., & Beserra, J. R. T. (2021). Mobilidade e interconexões oceânicas: o engenheiro militar e o artífice entre a Capitania do Ceará e o reino de Portugal. Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 29, 1-95. https://doi.org/10.1590/1982-02672021v29d1e16.

Moura Filha, Maria Bertilde. "De Filipéia à Paraíba - uma cidade na estratégia de colonização do Brasil - Séculos XVI-XVIII." Tese de Doutoramento, Universidade do Porto, 2004.

SEPULVEDA, Christovam Ayres de Magalhães. História Organica e Política do Exército Português. Volume VIII. (Subsídios). IV. Engenheiros Portugueses. Coimbra. Impresa da Universidade. 1919.

STUDART, Guilherme, Barão de. Geografia do Ceará. IN: Revista do Instituto do Ceará. Tomo XXXVIII. Typ. Mynerva. Fortaleza. 1923.

VITERBO, Souza. Expedições Científico-Militares enviadas ao Brasil. Coordenação, aditamentos e introdução Jorge Faro. 1 vol. Edições Panorama. Lisboa. 1962.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Reprodução em fac-símile do exemplar com data de 1899. Prefácio Pedro Dias. Volume I, II e III; Impresa Nacional - Casa da Moeda. 1998.

Ligações Externas

Luís Xavier Bernardo e a origem judaica da nobreza Suassuna de Pernambuco

https://www.geni.com/people/Luis-Xavier-Bernardo/6000000027704568139

Autor(es) do artigo

Clovis Ramiro Jucá Neto

Universidade Federal do Ceará - Brasil

https://orcid.org/0000-0002-8424-1527

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/gckz-h2qd

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