Tomé Pinheiro de Miranda: diferenças entre revisões

Fonte: eViterbo
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa
Sem resumo de edição
Sem resumo de edição
Linha 94: Linha 94:
Em carta de 27 de Dezembro de 1668 dirigida ao  Conselho  de  Guerra,  Miguel  Lescole  solicitava que  lhe  concedessem  três auxiliares  mencionando  expressamente o nome de Tomé Pinheiro de Miranda, correspondendo ao período intermédio de ausência deste. O Conselho, em resposta, realçava o mérito de Lescole que a tudo acudia “''sem ter os officiaes que havia no Exército do Alentejo''<ref name=":0" />. O pedido seria atendido em resolução do mesmo Conselho de 7 de Fevereiro de 1669<ref name=":0" />.
Em carta de 27 de Dezembro de 1668 dirigida ao  Conselho  de  Guerra,  Miguel  Lescole  solicitava que  lhe  concedessem  três auxiliares  mencionando  expressamente o nome de Tomé Pinheiro de Miranda, correspondendo ao período intermédio de ausência deste. O Conselho, em resposta, realçava o mérito de Lescole que a tudo acudia “''sem ter os officiaes que havia no Exército do Alentejo''<ref name=":0" />. O pedido seria atendido em resolução do mesmo Conselho de 7 de Fevereiro de 1669<ref name=":0" />.


É provável que Tomé Pinheiro de Miranda tenha feito a sua formação na [[Aula de Fortificação e Arquitectura Militar]], pois em petição apresentada ao Conselho Ultramarino, em 1670, refere que, tendo sido avisado pelo engenheiro-mor [[Luís Serrão Pimentel]], que deveria ir para o Maranhão  "''para lá desenhar, por em execução e construir as fortificações necessárias naquele Estado e que o dito engenheiro mor mandará outro discípulo da Aula para assistir às fortificações do Minho que basta ainda que de novo seja dos da Aula por haver de assistir a prática com o Mestre de Campo Miguel de Lescol até ter tomado bastante da prática''". Neste mesmo documento o próprio confirma que serviu "''muitos anos de engenheiro da província do Minho, desenhando e obrando nas fortificações onde lhe ordenava o Marechal de Campo  [[Miguel Lescol]]''", afirmando ainda que "''fez obras em terras da Galiza em tempo de guerra''"<ref>AHU_ACL_CU_009, Cx. 5, D. 556. 1671, Janeiro, 21. Consulta do Conselho Ultramarino para o Príncipe regente D. Pedro, sobre o pedido do engenheiro Tomé Pinheiro de Miranda, que vai para o Maranhão e deseja uma ajuda de custo. </ref>.  
É provável que Tomé Pinheiro de Miranda tenha feito a sua formação na [[Aula de Fortificação e Arquitectura Militar]], pois em petição apresentada ao Conselho Ultramarino, em 1670, refere que, tendo sido avisado pelo engenheiro-mor [[Luís Serrão Pimentel]], que deveria ir para o Maranhão  "''para lá desenhar, por em execução e construir as fortificações necessárias naquele Estado e que o dito engenheiro mor mandará outro discípulo da Aula para assistir às fortificações do Minho que basta ainda que de novo seja dos da Aula por haver de assistir a prática com o Mestre de Campo Miguel de Lescol até ter tomado bastante da prática''". Inferindo que assim tenha ocorrido, terá terminado a sua formação antes de 1666, ano em que seguramente já está no Minho sob as ordens de Lescole, adquirindo com este a prática da sua profissão. Com efeito, no mesmo documento o próprio confirma que serviu "''muitos anos de engenheiro da província do Minho, desenhando e obrando nas fortificações onde lhe ordenava o Marechal de Campo  [[Miguel Lescol]]''", afirmando ainda que "''fez obras em terras da Galiza em tempo de guerra''"<ref>AHU_ACL_CU_009, Cx. 5, D. 556. 1671, Janeiro, 21. Consulta do Conselho Ultramarino para o Príncipe regente D. Pedro, sobre o pedido do engenheiro Tomé Pinheiro de Miranda, que vai para o Maranhão e deseja uma ajuda de custo. </ref>.  


Como a viagem ao Maranhão era “''dilatada e de grandes custos''” Tomé Pinheiro de Miranda pediu ajuda de custo, dizendo que esta tinha sido dada a [[António Correia Pinto]], que foi enviado para Pernambuco. Dizia que Correia Pinto foi  “''discípulo da mesma Aula do Engenheiro-Mor''", mas que embora tenha "''praticado nas fortificações"'', "''era mais moderno que o suplicante''”. Na petição reclamava para si além da ajuda de custo, o posto  de capitão de infantaria com o respectivo soldo e o hábito de Cristo. Os conselheiros do  Conselho Ultramarino  concordavam que se devia dar o posto e o soldo de capitão de infantaria, que o governador o deveria prover em chegando ao Maranhão, assim como deveria também “''lhe repartir terra como lhe parecer para a beneficiar''”. Acatavam também o pedido de ajuda de custo para ele pudesse viajar com o governador Pedro César de Meneses, tendo em conta a necessidade de acodir urgentemente às fortificações daquele Estado. A carta patente está datada de 19 de Janeiro de 1671quando é nomeado engenheiro do estado do Maranhão, com posto de capitão de infantaria, partindo com o governador Pedro César de Meneses.   
Como a viagem ao Maranhão era “''dilatada e de grandes custos''” Tomé Pinheiro de Miranda pediu ajuda de custo, dizendo que esta tinha sido dada a [[António Correia Pinto]], que foi enviado para Pernambuco. Dizia que Correia Pinto foi  “''discípulo da mesma Aula do Engenheiro-Mor''", mas que embora tenha "''praticado nas fortificações"'', "''era mais moderno que o suplicante''”. Na petição reclamava para si além da ajuda de custo, o posto  de capitão de infantaria com o respectivo soldo e o hábito de Cristo. Os conselheiros do  Conselho Ultramarino  concordavam que se devia dar o posto e o soldo de capitão de infantaria, que o governador o deveria prover em chegando ao Maranhão, assim como deveria também “''lhe repartir terra como lhe parecer para a beneficiar''”. Acatavam também o pedido de ajuda de custo para ele pudesse viajar com o governador Pedro César de Meneses, tendo em conta a necessidade de acodir urgentemente às fortificações daquele Estado. A carta patente está datada de 19 de Janeiro de 1671 quando é nomeado engenheiro do estado do Maranhão, com posto de capitão de infantaria, partindo com o governador Pedro César de Meneses.   


Pinheiro de Miranda permaneceu no Estado do Maranhão até a sua morte, que terá ocorrido em 1681, pois uma consulta do Conselho Ultramarino deste ano refere a necessidade de o susbtituir <ref>AHU_ Consultas Mistas. Códice 17.  335v-336. Nomeação de pessoas para o posto de capitão engenheiro que estava vago no Maranhão por morte de Tomé Pinheiro de Miranda. 27 de Agosto de 1681.  </ref>. Em 1685 foi nomeado [[Pedro de Azevedo Carneiro]] para a sua vaga<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto02vite Vol II], 277.</ref>.   
Pinheiro de Miranda permaneceu no Estado do Maranhão até a sua morte, que terá ocorrido em 1681, pois uma consulta do Conselho Ultramarino deste ano refere a necessidade de o susbtituir <ref>AHU_ Consultas Mistas. Códice 17.  335v-336. Nomeação de pessoas para o posto de capitão engenheiro que estava vago no Maranhão por morte de Tomé Pinheiro de Miranda. 27 de Agosto de 1681.  </ref>. Em 1685 foi nomeado [[Pedro de Azevedo Carneiro]] para a sua vaga<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto02vite Vol II], 277.</ref>.   
Linha 103: Linha 103:
Como vários outros governadores do Estado do Maranhão e Grão Pará, Pedro César de Meneses residiu boa parte do seu tempo de governo em Belém. É provável que o engenheiro do Estado tenha feito várias diligências do seu serviço no Grão Pará. Entre estas, poderá ter dirigido a instação dos colonos açorianos que chegaram em Belém em 1676, o que exigiu a abertura de uma nova rua na cidade, que tomou o nome de rua de São Vicente. A rua foi aberta no lado oriental da travessa da Misericórdia constituindo o terceiro eixo do bairro da Campina<ref name=":1">Araujo, Renata. ''As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão''. Porto: Faup, 1998. </ref>.
Como vários outros governadores do Estado do Maranhão e Grão Pará, Pedro César de Meneses residiu boa parte do seu tempo de governo em Belém. É provável que o engenheiro do Estado tenha feito várias diligências do seu serviço no Grão Pará. Entre estas, poderá ter dirigido a instação dos colonos açorianos que chegaram em Belém em 1676, o que exigiu a abertura de uma nova rua na cidade, que tomou o nome de rua de São Vicente. A rua foi aberta no lado oriental da travessa da Misericórdia constituindo o terceiro eixo do bairro da Campina<ref name=":1">Araujo, Renata. ''As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão''. Porto: Faup, 1998. </ref>.


O ano de 1676 marca também a decisão camarária de finalmente construir uma casa para abrigar os governadores em Belém, resolvendo assim o incómodo de desalojar os moradores das melhores casas e tendo sobretudo em conta a decisão tomada por Pedro Césr de Meneses de se instalar na cidade. A Casa da Residência ficou concluída em 1680 e é também provável que possa ter tido a interferência do engenheiro<ref name=":1" />.   
O ano de 1676 marca também a decisão camarária de finalmente construir uma casa para abrigar os governadores em Belém, resolvendo assim o incómodo de desalojar os moradores das melhores casas e tendo sobretudo em conta a decisão tomada por Pedro Césr de Meneses de se instalar na cidade. A Casa da Residência ficou concluída em 1680 e é também possível que possa ter tido a interferência do engenheiro<ref name=":1" />.   


==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->  
==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->  

Revisão das 16h51min de 11 de setembro de 2020


Tomé Pinheiro de Miranda
Nome completo Tomé Pinheiro de Miranda
Outras Grafias EQUAL
Postos
Posto Capitão
Data Início: 1671
Fim: 1685
Arma Infantaria
Cargos
Cargo Engenheiro
Data Início: 1671
Fim: 1685
Local Cargo [[Maranhão, Brasil]]


Biografia

Dados biográficos

Tomé Pinheiro de Miranda era natural de Valença do Minho. Terá nascido por volta de 1630 (data inferida). Morreu no Estado do Maranhão em 1681.

Carreira

Sabe-se que desde 1666 até data incerta e depois a partir de princípios do ano de 1669 até ao seu embarque definitivo para o Maranhão, no Brasil, em 1671, esteve servindo no Minho, sob as ordens de Miguel Lescol[1].

Em carta de 27 de Dezembro de 1668 dirigida ao  Conselho  de  Guerra,  Miguel  Lescole  solicitava que  lhe  concedessem  três auxiliares  mencionando  expressamente o nome de Tomé Pinheiro de Miranda, correspondendo ao período intermédio de ausência deste. O Conselho, em resposta, realçava o mérito de Lescole que a tudo acudia “sem ter os officiaes que havia no Exército do Alentejo[1]. O pedido seria atendido em resolução do mesmo Conselho de 7 de Fevereiro de 1669[1].

É provável que Tomé Pinheiro de Miranda tenha feito a sua formação na Aula de Fortificação e Arquitectura Militar, pois em petição apresentada ao Conselho Ultramarino, em 1670, refere que, tendo sido avisado pelo engenheiro-mor Luís Serrão Pimentel, que deveria ir para o Maranhão "para lá desenhar, por em execução e construir as fortificações necessárias naquele Estado e que o dito engenheiro mor mandará outro discípulo da Aula para assistir às fortificações do Minho que basta ainda que de novo seja dos da Aula por haver de assistir a prática com o Mestre de Campo Miguel de Lescol até ter tomado bastante da prática". Inferindo que assim tenha ocorrido, terá terminado a sua formação antes de 1666, ano em que seguramente já está no Minho sob as ordens de Lescole, adquirindo com este a prática da sua profissão. Com efeito, no mesmo documento o próprio confirma que serviu "muitos anos de engenheiro da província do Minho, desenhando e obrando nas fortificações onde lhe ordenava o Marechal de Campo Miguel Lescol", afirmando ainda que "fez obras em terras da Galiza em tempo de guerra"[2].

Como a viagem ao Maranhão era “dilatada e de grandes custos” Tomé Pinheiro de Miranda pediu ajuda de custo, dizendo que esta tinha sido dada a António Correia Pinto, que foi enviado para Pernambuco. Dizia que Correia Pinto foi “discípulo da mesma Aula do Engenheiro-Mor", mas que embora tenha "praticado nas fortificações", "era mais moderno que o suplicante”. Na petição reclamava para si além da ajuda de custo, o posto de capitão de infantaria com o respectivo soldo e o hábito de Cristo. Os conselheiros do Conselho Ultramarino concordavam que se devia dar o posto e o soldo de capitão de infantaria, que o governador o deveria prover em chegando ao Maranhão, assim como deveria também “lhe repartir terra como lhe parecer para a beneficiar”. Acatavam também o pedido de ajuda de custo para ele pudesse viajar com o governador Pedro César de Meneses, tendo em conta a necessidade de acodir urgentemente às fortificações daquele Estado. A carta patente está datada de 19 de Janeiro de 1671 quando é nomeado engenheiro do estado do Maranhão, com posto de capitão de infantaria, partindo com o governador Pedro César de Meneses.

Pinheiro de Miranda permaneceu no Estado do Maranhão até a sua morte, que terá ocorrido em 1681, pois uma consulta do Conselho Ultramarino deste ano refere a necessidade de o susbtituir [3]. Em 1685 foi nomeado Pedro de Azevedo Carneiro para a sua vaga[4].

Outras informações

Como vários outros governadores do Estado do Maranhão e Grão Pará, Pedro César de Meneses residiu boa parte do seu tempo de governo em Belém. É provável que o engenheiro do Estado tenha feito várias diligências do seu serviço no Grão Pará. Entre estas, poderá ter dirigido a instação dos colonos açorianos que chegaram em Belém em 1676, o que exigiu a abertura de uma nova rua na cidade, que tomou o nome de rua de São Vicente. A rua foi aberta no lado oriental da travessa da Misericórdia constituindo o terceiro eixo do bairro da Campina[5].

O ano de 1676 marca também a decisão camarária de finalmente construir uma casa para abrigar os governadores em Belém, resolvendo assim o incómodo de desalojar os moradores das melhores casas e tendo sobretudo em conta a decisão tomada por Pedro Césr de Meneses de se instalar na cidade. A Casa da Residência ficou concluída em 1680 e é também possível que possa ter tido a interferência do engenheiro[5].

Obras

Referências bibliográficas

  1. 1,0 1,1 1,2 Soromenho, Miguel. Manuel Pinto de Vilalobos: Da Engenharia Militar à Aquitectura. Dissertação de Mestrado. Universidade Nova de Lisboa, 1991, pp. 22, 41-42.
  2. AHU_ACL_CU_009, Cx. 5, D. 556. 1671, Janeiro, 21. Consulta do Conselho Ultramarino para o Príncipe regente D. Pedro, sobre o pedido do engenheiro Tomé Pinheiro de Miranda, que vai para o Maranhão e deseja uma ajuda de custo.
  3. AHU_ Consultas Mistas. Códice 17.  335v-336. Nomeação de pessoas para o posto de capitão engenheiro que estava vago no Maranhão por morte de Tomé Pinheiro de Miranda. 27 de Agosto de 1681. 
  4. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II, 277.
  5. 5,0 5,1 Araujo, Renata. As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão. Porto: Faup, 1998.

Fontes

AHU_ACL_CU_009, Cx. 5, D. 556. 1671, Janeiro, 21. Consulta do Conselho Ultramarino para o Príncipe regente D. Pedro, sobre o pedido do engenheiro Tomé Pinheiro de Miranda, que vai para o Maranhão e deseja uma ajuda de custo.

AHU_ Consultas Mistas. Códice 17.  335v-336. Nomeação de pessoas para o posto de capitão engenheiro que estava vago no Maranhão por morte de Tomé Pinheiro de Miranda. 27 de Agosto de 1681. 

Bibliografia

Araujo, Renata. As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão. Porto: Faup, 1998.

Soromenho, Miguel. Manuel Pinto de Vilalobos: Da Engenharia Militar à Aquitectura. Dissertação de Mestrado. Universidade Nova de Lisboa, 1991.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol II. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Araujo, Renata

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

Citar este artigo