João António Júdice

Fonte: eViterbo
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João António Júdice
Nome completo João António Júdice
Outras Grafias valor desconhecido
Pai António Pedro Vignale
Mãe Teresa Maria Júdice
Cônjuge Ana Teodora da Costa Franco
Filho(s) Maria Felicia da Costa Júdice, Maria Roberta da Costa Júdice, Ana Emilia da Costa Júdice, José da Costa Júdice, Gertrudes Filiciana da Costa Júdice, Inácio Xavier da Costa Júdice
Irmão(s) José António Júdice
Nascimento 1739
Lisboa, Lisboa, Portugal
Morte 14 abril 1800
Lisboa, Lisboa, Portugal
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Início: 1739
Fim: 1766

Residência Angra do Heroí­smo, Açores, Portugal
Data Início: 1766
Fim: 1792

Residência Ponta Delgada, Açores, Portugal
Data Início: 1792
Fim: 1797
Formação
Formação Engenharia Militar
Data Início: 09 de outubro de 1750
Fim: 1758
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Ajudante com exercício de Engenheiro
Data Início: 23 de novembro de 1758
Fim: 05 de abril de 1762
Arma Infantaria

Data Início: 05 de abril de 1762
Fim: 26 de agosto de 1766
Arma Infantaria

Data Início: 26 de agosto de 1766
Fim: 02 de outubro de 1784
Arma Infantaria
Cargos
Cargo Governador
Data Início: 1793
Fim: 1797
Actividade
Actividade Levantamento do território
Data Início: 1753
Fim: 1753
Local de Actividade Lisboa, Lisboa, Portugal

Actividade Vistoria
Data Início: 19 de outubro de 1769
Local de Actividade Lisboa, Lisboa, Portugal


Biografia

Dados biográficos

João António Júdice, nasceu em Lisboa, julga-se que em 1739[1]. Foi batizado na Igreja Paroquial do Loreto[2], com laços à comunidade italiana radicada na capital portuguesa. Era filho de António Pedro Vignale, pintor natural de Milão, e de Teresa Maria, natural de São Pedro de Areia e batizada em São Martinho do Arcebispado de Génova. Os avós paternos eram Benta, natural de Nice na Provença, e Luís António Vignali, também pintor, natural do Mónaco. Os avós maternos eram Paulo António Júdice e Angela Maria[2]. A sua ascendência seria comprovada pelo processo de genere do seu irmão, José António Júdice, aquando do ingresso deste na Congregação de S. Filipe de Nery em Estremoz em 1743[3].

Nos Açores constituiu família, tendo casado em Angra, na ilha Terceira, com Ana Teodora da Costa Franco a 25 de Janeiro de 1778. A cerimónia realizou-se no oratório da casa da noiva, tendo sido realizado registo na Sé. A família Costa Franco pertencia à governança militar da Terceira. (genealogias IV p535-536). Do casamento, resultou o nascimento de três filhas e dois filhos. A saber, Maria Felicia da Costa Júdice, Maria Roberta da Costa Júdice, Ana Emilia da Costa Júdice, Gertrudes Filiciana da Costa Júdice, José da Costa Júdice, que terá falecido ainda em criança, e Inácio Xavier da Costa Júdice, que seguiu as pisadas do pai e também se formou em engenharia na Academia Militar de Lisboa. (gen V 199).

Faleceu a 14 de abril de 1800, em Lisboa, na Rua de Caetano Palha, freguesia de Santa Catarina, tendo sido sepultado no dia seguinte no Convento de Jesus, na mesma freguesia.

Carreira

João Júdice foi discípulo do número da Academia Militar de Lisboa onde se matriculou a 9 de Outubro de 1750 (doc 1791). Na qualidade de discípulo, colaborou num levantamento topográfico levado a cabo na capital em 1753. Posteriormente, em 23 de Novembro de 1758, por proposta do engenheiro mor do Reino, Manuel da Maia, integrou a curta lista de discípulos “que se achavam com adiantamento nos seus Estudos para se proverem os lugares [sic] munerários que se achavam vagos” e foi nomeado para o posto de ajudante de infantaria com exercício de engenharia conjuntamente com António Felix, Teotónio Marques de Azevedo, José Joaquim Domingos Pope, José de Sande Vasconcelos, António de Sousa Vasconcelos e José Matias de Oliveira[4].

Teve participação nas campanhas militares decorridas entre entre 1761 e 1763, no âmbito da participação portuguesa na Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Nesse período passou pelo Porto, Figueira e Buarcos. No contexto específico da Guerra Fantástica (1762-1763), passou por Trás os Montes, Beira e Minho e, novamente, Porto. Em 5 de Abril de 1762 foi promovido ao posto de capitão com exercício de engenheiro. Com o término do conflito, regressou à corte em Lisboa, sendo nomeado examinador da Junta dos Três Estados dos discípulos da Academia Militar de Lisboa em 1765, por proposta de Manuel da Maia. (docs alice 0084). Em 26 de Agosto de 1766, já no posto de sargento mor com exercício de engenheiro, foi nomeado para acompanhar o primeiro capitão general dos Açores na criação do novo governo das ilhas conjuntamente com o capitão Francisco Xavier Machado, também engenheiro. Foi nos Açores que desenvolveu o grosso do seu percurso profissional e militar, trabalhando em em obras de carácter civil e militar. Foi ordenado a examinar as fortalezas dos Açores a 19 de outubro de 1769[3]. Assumiu também diversos cargos administrativos, designadamente, de administrador dos celeiros públicos de Angra e de Ponta Delgada, e de governador interino, integrando a junta governativa nomeada após a morte do terceiro capitão general Dinis Gregório de Melo Castro e Mendonça, em 1793. João Júdice ocupa este lugar inerentemente pela condição de ser o oficial mais graduado da capitania geral. Durante a sua estadia nos Açores foi promovido militarmente em duas ocasiões, a saber, ao posto de tenente coronel com exercício de engenharia em 2 de Outubro de 1784, e coronel com exercício de engenheiro em 12 de Dezembro de 1791.

Em 1797, foi mandado regressar à corte na sequência de uma disputa no seio da junta governativa. No essencial, o engenheiro, destacado em São Miguel como governador, não cumpriu reiteradamente as ordens da coroa que determinavam o envio de Júdice era sensível aos argumentos do povo da ilha que considerava não haver excedente e ser grão fundamental à sobrevivência da própria ilha.

A embarcação em que viajava entre os Açores e o reino, com a mulher as três filhas e filho, foi atacada por corsários franceses. Sobreviveram todas e todos, apesar de traumatizados com o episódio, ficando o engenheiro com a saúde que seria já débil, muito afetada. Além disso, perderam a maioria dos bens e documentos.

Não obstante sempre aquém das expetativas criadas pela própria fundação da capitania geral dos açores, que sonhava criar um “mundo novo” nas ilhas, o percurso de vida de João António Júdice é um excelente exemplo da variedade de funções que os engenheiros militares eram chamados a representar no quadro do império, bem como da diversidade de tarefas que tinham de estar habilitados a executar. 

Outras informações

Notas

  1. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, mç. 759, proc. 14. Requerimento de João António Júdice, sargento-mor de infantaria com exercício de engenheiro, solicitando a mercê do hábito da Ordem de Cristo com acrescentamento na tença registada na Alfândega da ilha Terceira. 1798.
  2. 2,0 2,1 Arquivo Distrital de Évora, Proc. 2465, mç.180. Processo de habilitação de genere de José António, filho de Pedro António Vignali e de Teresa Maria, natural de Lisboa, para ser admitido a prima tonsura, a ordens menores e ordens de missa. 1743.
  3. 3,0 3,1 Viterbo, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, 2:41.
  4. Arquivo Histórico Militar, Academia Militar da Corte, 3-5.3-6-3, doc.1. Proposta do mestre de Campo General Engenheiro Mor do Reino sobre as promoções dos Discípulos. 29 de Novembro de 1758.

Fontes

Arquivo Distrital de Évora, Proc. 2465, mç.180. Processo de habilitação de genere de José António, filho de Pedro António Vignali e de Teresa Maria, natural de Lisboa, para ser admitido a prima tonsura, a ordens menores e ordens de missa. 1743.

Arquivo Histórico Militar, Academia Militar da Corte, 3-5.3-6-3, doc.1. Proposta do mestre de Campo General Engenheiro Mor do Reino sobre as promoções dos Discípulos. 29 de Novembro de 1758.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, mç. 759, proc. 14. Requerimento de João António Júdice, sargento-mor de infantaria com exercício de engenheiro, solicitando a mercê do hábito da Ordem de Cristo com acrescentamento na tença registada na Alfândega da ilha Terceira. 1798.

Bibliografia

Drummond, Francisco Ferreira. Anais da Ilha Terceira. T. 3. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981 (1859).

Nunes, M. Jacinto (pref.), e José Luís Cardoso (introd. e dir. de edit.). Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, para o Adiantamento da Agricultura, das Artes, e da Indústria em Portugal, e suas Conquistas (1789-1815). Lisboa: Banco de Portugal, 1990.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 2. Lisboa: Imprensa Nacional, 1904.

Ligações Externas

"João António Júdice". Wikipédia, 2022.

Autor(es) do artigo

Antonieta Reis Leite

https://orcid.org/0000-0002-3529-1966

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/a933-xxyi

Citar este artigo

Leite, Antonieta Reis. "João António Júdice", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 28/07/2023). Consultado a 01 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Jo%C3%A3o_Ant%C3%B3nio_J%C3%BAdice. DOI: https://doi.org/10.34619/a933-xxyi