João Baptista (3)

Fonte: eViterbo
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João Baptista
Nome completo João Baptista
Outras Grafias Padre João Baptista
Pai Roque da Silva
Mãe Josefa Maria
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) valor desconhecido
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 24 fevereiro 1707
Lisboa, Portugal
Morte 27 outubro 1762
Estremoz, Évora, Portugal
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Início: 24 de fevereiro de 1707
Fim: 22 de fevereiro de 1723

Residência Estremoz, Évora, Portugal
Data Início: 22 de fevereiro de 1723
Fim: 27 de outubro de 1762
Cargos
Cargo Professor
Data Início: 1762
Actividade
Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 1742
Fim: 1743
Local de Actividade Estremoz, Évora, Portugal

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1743
Fim: 08 de novembro de 1743
Local de Actividade Évora, Portugal

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 1718
Fim: 1746
Local de Actividade Évora, Évora, Portugal

Biografia

Dados biográficos

João Baptista - comummente conhecido por padre João Baptista - nasceu em Lisboa, na freguesia do Santíssimo Sacramento, a 24 de fevereiro de 1707[1]. Faleceu a 27 de outubro de 1762 em Estremoz, com cinquenta e cinco anos[2]. Era filho de Roque da Silva e de Josefa Maria, conforme consta no seu processo de habilitação de genere para se ordenar às ordens menores[3].

Aos dezasseis anos, ingressou na Congregação do Oratório de Nossa Senhora da Conceição de Estremoz, no dia 22 de fevereiro de 1723[4]. Decorridos onze anos, João Baptista exerceu o primeiro cargo na Congregação do Oratório de Estremoz, após ter sido eleito para prefeito do coro durante o triénio de 1734-1737. Nesse último ano, foi nomeado companheiro do mestre de noviços, e eleito deputado em 1740. Ano após ano, a sua posição no interior da congregação consolidou-se, e, no triénio de 1743-1746, foi designado para prefeito regente dos estudos, prefeito das obras, prefeito dos enfermos, e ainda, para companheiro do mestre de noviços. Após o término deste triénio, em 1746 foi reeleito para prefeito das obras e eleito para um dos cargos mais considerados no seio da Congregação – mestre de noviços. No triénio seguinte, entre 1749 e 1752, continuou com o cargo de deputado, prefeito das obras, secretário e prefeito da botica.

Em 1752, continuou a exercer o ofício de deputado, prefeito das obras e de prefeito da botica, acumulando com o de corrector. A 8 de Janeiro de 1755 foi eleito secretário, novamente prefeito das obras e prefeito da botica. Ao fim de todos estes anos de dedicação, o oratoriano João Baptista é nomeado para o cargo máximo dentro da Congregação de Nossa Senhora da Conceição de Estremoz – foi eleito Reverendo Prepósito por dois triénios seguidos, a saber, 1755-1758 e 1758-1761. Depois de ter ocupado o cargo de topo na hierarquia da Congregação foi designado para prefeito espiritual, voltando em 1761 a exercer o cargo de prefeito das obras. Um ano depois, a 27 de outubro de 1762, convocaram-se novas eleições para escolher um novo prefeito espiritual e outro prefeito das obras devido à morte do padre João Baptista[2]. Além destes cargos, o padre João Baptista também foi mestre nos cursos de Teologia Especulativa e Filosofia Teológica. Naturalmente, este percurso enformou o seu maior projecto de arquitectura, o Santuário de Nossa Senhora de Aires em Viana do Alentejo, datado de 1743[5].

Carreira

No desempenho do cargo de prefeito das obras da Congregação do Oratório de Estremoz, João Baptista foi responsável por duas obras: o pavilhão oriental do Convento de São João da Penitência, ou das Maltesas, em Estremoz, entre 1742 e 1743, e o Santuário de Nossa Senhora de Aires em Viana do Alentejo em 1743.

A obra das Maltesas foi requisitada pelo príncipe D. Pedro que, para o efeito, nomeou os irmãos oratorianos João Baptista e Anastácio Gomes para realizarem um pavilhão composto por três corpos, rasgados por fenestração estreita emoldurada a mármore e portal encimado por frontão curvo decorado com as armas das comendadeiras[6]. Esta estrutura foi construída no lugar do demolido hospício velho e albergou a residência dos padres confessores e capelães, a moradia do sacristão e a hospedaria.

O projecto para o Santuário de Nossa Senhora de Aires foi encomendado pela Confraria de Nossa Senhora de Aires, fundada em 1730[7], e o risco foi aprovado pelo arcebispo D. Frei Miguel de Távora a 8 de novembro de 1743[8]. O traçado arquitectónico do santuário reflete modelarmente a erudição e espiritualidade do seu autor, cujo interior se organiza em torno da capela-mor circular sobrepujada pela cúpula. De resto, pelas suas características este santuário constitui um modelo de referência da arquitectura portuguesa do século XVIII, figurando como um dos mais expressivos monumentos do barroco alentejano, construído na órbita do Real Convento de Mafra (1716‑1744) e da capela‑mor setecentista da Sé de Évora (1718‑1746), ambos da autoria de João Frederico Ludovice (1673‑1752)[9].

Outras informações

Através do rol de pagamentos da capela-mor da Sé de Évora conseguimos verificar que o padre João Baptista trabalhou na empreitada setecentista e privou de perto com a estética barroca de João Frederico Ludovice, cujos ensinamentos aplicou no Santuário de Nossa Senhora de Aires[5].

Obras

1742/1743, Pavilhão oriental do Convento de São João da Penitência ou das Maltesas em Estremoz.

1743, Risco do Santuário de Nossa Senhora de Aires em Viana do Alentejo[10].

Notas

  1. Arquivo Distrital de Lisboa, Paróquia do Sacramento, Livro de registos de baptismo (1687/1708), lv. B3, cx. 3, fl. 182.
  2. 2,0 2,1 Arquivo Distrital de Évora, lv. 2, fls. 44-103v.. Termo de eleições da Congregação do Oratório da Vila de Estremoz.
  3. Arquivo Distrital de Évora, Câmara Eclesiástica de Évora, Habilitações a ordens menores, proc. 1866, mç. 132. Processo de habilitação de “genere” de João Baptista.
  4. Biblioteca Pública de Évora, Congregação do Oratório de Estremoz, Cod. CII/1-25, fl. 10. Livro para as cobranças do Padre Procurador assim dos patrimonios como rendas proprias da Caza.
  5. 5,0 5,1 Seixas, O Santuário de Nossa Senhora de Aires.
  6. Pereira, “BAPTISTA, Padre João”, 63.  
  7. Arquivo Distrital de Évora, SSC:F28, SR:003 UI:001, cx. 10, fls. 1-12v.. Treslado de compromisso e estatutos da Confraria de Nossa Senhora de Aires de 1730.
  8. Viegas da Silva, “A Feira de Aires tem 225 anos!”, 4; Espanca, Inventário Artístico de Portugal, 9:449.  
  9. Seixas, "Projecto de conservação, requalificação e musealização do Santuário de Nossa Senhora de Aires", 156-159.
  10. Viterbo, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, 1:87.

Fontes

Arquivo Distrital de Évora, Câmara Eclesiástica de Évora, Habilitações a ordens menores, proc. 1866, mç. 132. Processo de habilitação de “genere” de João Baptista.

Arquivo Distrital de Évora, lv. 2, fls. 44-103v.. Termo de eleições da Congregação do Oratório da Vila de Estremoz. 

Arquivo Distrital de Évora, SSC:F28, SR:003 UI:001, cx. 10, fls. 1-12v.. Treslado de compromisso e estatutos da Confraria de Nossa Senhora de Aires de 1730.

Arquivo Distrital de Lisboa, Paróquia do Sacramento, Livro de registos de baptismo (1687/1708), lv. B3, cx. 3, fl. 182.

Biblioteca Pública de Évora, Congregação do Oratório de Estremoz, Cod. CII/1-25, fl. 10. Livro para as cobranças do Padre Procurador assim dos patrimonios como rendas proprias da Caza.

Bibliografia

Barata, A. F. O Alemtejo histórico, religioso, civil e industrial no distrito de Évora. Évora: Typ. de Francisco da C. Bravo, 1893.

Espanca, Túlio. Inventário Artístico de Portugal: Distrito de Évora. Vol. 9. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1978.  

Pereira, Paulo. “BAPTISTA, Padre João”. Em Dicionário de Arte Barroca em Portugal, direcção por José Fernandes Ferreira e coordenação por Paulo Pereira, 1ª ed.. Lisboa: Círculo de Leitores, 1989.  

Seixas, Raquel. O Santuário de Nossa Senhora de Aires: arquitectura e devoção (1743-1792). Lisboa: Caleidoscópio, 2021.

Seixas, Raquel. "Projecto de conservação, requalificação e musealização do Santuário de Nossa Senhora de Aires (Viana do Alentejo)". Revista de História da Arte série W, no. 7 (2018): 156-159.

Viegas da Silva, José. “A Feira de Aires tem 225 anos!”. Jornal de Viana do Alentejo 3, no. 33 (Set 1976).

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol I. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.

Ligações Externas

Amendoeira, Paula. "Santuário de Nossa Senhora de Aires". SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, Direcção Geral do Património Cultural, 1998.

Pereira, Esteves, Rodrigues,Guilherme. "Baptista (padre João)". Em Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, 2:68. Lisboa: João Romano Torres-Editor, 1906.

"Santuário de Nossa Senhora de Aires, Viana do Alentejo". Visita Guiada. Lisboa, 2015.

Autor(es) do artigo

Raquel Seixas

IHA - Instituto de História de Arte, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa

https://orcid.org/0000-0003-2776-4644

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/h0w5-uu9i

Citar este artigo

Seixas, Raquel. "João Baptista (3)", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 12/07/2023). Consultado a 01 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Jo%C3%A3o_Baptista_(3). DOI: https://doi.org/10.34619/h0w5-uu9i