Aula de Fortificação de Lisboa: diferenças entre revisões

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A origem da aula encontra-se relacionada com o perfil e actividade do seu primeiro responsável, [[Luís Serrão Pimentel]]. Apesar de se ter tornado comum tomar a data do alvará régio de 13 de Julho de 1647 como referência cronológica para o seu início<ref>Com base em Barbosa Machado, que afirmava em 1752: "sendo Cosmógrafo-mor do Reino conseguiu de el-rei D. João o IV a erecção de uma Aula de Fortificação, e Arquitectura Militar, assim como a havia de Náutica, a qual se fabricou na Ribeira das Naus, e depois se transferiu para o Terreiro do Paço onde existe com o título de Academia Militar, e nela instruiu com as suas lições a muitos Engenheiros, que serviram ao Reino, e suas conquistas com grande utilidade." (Machado, ''Biblioteca Lusitana'', III: 134).</ref> <ref>Moreira, "Do Rigor Teórico à Urgência Prática", 83; Moreira, "A Escola de Arquitectura do Paço da Ribeira", 67, refere a ''Aula de Matemática'' ou ''Aula de Fortificação'', citado por Soromenho, "Manuel Pinto de Vilalobos", 1-6 e Soromenho, "Descrever, registar, instruir", 21.</ref>, o documento diz apenas respeito à nomeação de Serrão Pimentel como cosmógrafo-mor interino, considerando "haver servido de alguns anos a esta parte o cargo de cosmógrafo-mor deste reino e lente de matemática com satisfação por impedimento do proprietário". Os termos exactos desta nomeação correspondem à "mercê da serventia do mesmo cargo de cosmógrafo-mor lente de matemática enquanto durar o impedimento do dito proprietário para que o sirva assim desta maneira que lhe a exercitou e serviu até agora" <ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João IV, Lv. 18, fl. 298 v.</ref> <ref name=":0">Matos, "António de Mariz Carneiro",</ref> <ref>Ferreira, "Luís Serrão Pimentel",142-143.</ref>. O que está em causa neste documento é, portanto, a lição de matemática que o cosmógrafo-mor era obrigado a ler na Ribeira das Naus desde o tempo de Pedro Nunes<ref>Mota, ''Os regimentos do cosmógrafo-mor de 1559 e 1592,''</ref>.
A origem da aula encontra-se relacionada com o perfil e actividade do seu primeiro responsável, [[Luís Serrão Pimentel]]. Apesar de se ter tornado comum tomar a data do alvará régio de 13 de Julho de 1647 como referência cronológica para o seu início<ref>Com base em Barbosa Machado, que afirmava em 1752: "sendo Cosmógrafo-mor do Reino conseguiu de el-rei D. João o IV a erecção de uma Aula de Fortificação, e Arquitectura Militar, assim como a havia de Náutica, a qual se fabricou na Ribeira das Naus, e depois se transferiu para o Terreiro do Paço onde existe com o título de Academia Militar, e nela instruiu com as suas lições a muitos Engenheiros, que serviram ao Reino, e suas conquistas com grande utilidade." (Machado, ''Biblioteca Lusitana'', III: 134).</ref> <ref>Moreira, "Do Rigor Teórico à Urgência Prática", 83; Moreira, "A Escola de Arquitectura do Paço da Ribeira", 67, refere a ''Aula de Matemática'' ou ''Aula de Fortificação'', citado por Soromenho, "Manuel Pinto de Vilalobos", 1-6 e Soromenho, "Descrever, registar, instruir", 21.</ref>, o documento diz apenas respeito à nomeação de Serrão Pimentel como cosmógrafo-mor interino, considerando "haver servido de alguns anos a esta parte o cargo de cosmógrafo-mor deste reino e lente de matemática com satisfação por impedimento do proprietário". Os termos exactos desta nomeação correspondem à "mercê da serventia do mesmo cargo de cosmógrafo-mor lente de matemática enquanto durar o impedimento do dito proprietário para que o sirva assim desta maneira que lhe a exercitou e serviu até agora" <ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João IV, Lv. 18, fl. 298 v.</ref> <ref name=":0">Matos, "António de Mariz Carneiro",</ref> <ref>Ferreira, "Luís Serrão Pimentel",142-143.</ref>. O que está em causa neste documento é, portanto, a lição de matemática que o cosmógrafo-mor era obrigado a ler na Ribeira das Naus desde o tempo de Pedro Nunes<ref>Mota, ''Os regimentos do cosmógrafo-mor de 1559 e 1592,''</ref>.


Todavia, observa-se por vezes a referência a uma lição anterior, também assegurada por Luís Serrão Pimentel, que dataria de 13 de Maio de 1641, sob a designação de Aula de Artilharia e Esquadria, no Paço da Ribeira, sem que até ao momento tenha sido identificado qualquer registo desta lição<ref>Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', V: 68.</ref> <ref>Bueno, ''Desígnio e desenho,'' 274-275.</ref> <ref>Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 75.</ref>. Esta hipótese estará em parte relacionada com o facto de se saber que Serrão Pimentel começou a servir a coroa desde Outubro de 1641. O assunto aparece debatido nos Capítulos das Cortes reunidas em 1641: perante a insatisfação com os resultados da lição do cosmógrafo, pede-se "que haja também, para os Artilheiros, Mestres, que estejam com eles nas Fortalezas, ensinando-os, e adestrando-os", ao que resposta do rei foi: "Mandarei que o cosmógrafo-mor leia a sua lição, no lugar destinado para isso" e "Tenho mandado executar o Regimento que havia, por ser o que mais convinha para se conseguir o que me pedis"<ref>"Capítulos de Cortes do Estados dos Povos", LII-LIV, ''Capitulos gerais'', 17-18.</ref> <ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', I: 142-143.</ref>.
Todavia, observa-se por vezes a referência a uma lição anterior, também assegurada por Luís Serrão Pimentel, que dataria de 13 de Maio de 1641, sob a designação de Aula de Artilharia e Esquadria, no Paço da Ribeira, sem que até ao momento tenha sido identificado qualquer registo desta lição<ref>Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', V: 68.</ref> <ref>Bueno, ''Desígnio e desenho,'' 274-275.</ref> <ref>Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 75-76.</ref>. Esta hipótese estará em parte relacionada com o facto de se saber que Serrão Pimentel começou a servir a coroa desde Outubro de 1641. O assunto aparece debatido nos Capítulos das Cortes reunidas em 1641: perante a insatisfação com os resultados da lição do cosmógrafo, pede-se "que haja também, para os Artilheiros, Mestres, que estejam com eles nas Fortalezas, ensinando-os, e adestrando-os", ao que resposta do rei foi: "Mandarei que o cosmógrafo-mor leia a sua lição, no lugar destinado para isso" e "Tenho mandado executar o Regimento que havia, por ser o que mais convinha para se conseguir o que me pedis"<ref>"Capítulos de Cortes do Estados dos Povos", LII-LIV, ''Capitulos gerais'', 17-18.</ref> <ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', I: 142-143.</ref>.


Mas, na verdade, Luís Serrão Pimentel começou a leccionar fortificação somente a partir de 1654 e desde essa altura a sua identificação profissional surge quase sempre como lente de fortificação. O alvará régio datado de 29 de Outubro de 165, tem por objecto a resposta a uma petição de militares, arquitectos e "outras pessoas" e é categórico no esclarecimento desta questão: "tendo respeito ao que alguns capitães Ajudantes alferes sargentos Arquitectos e outras pessoas desejosos de aprender a arte da fortificação e a lição da artilharia, esquadrões alojamentos de exércitos defensa, e expugnação das praças, me representaram em um papel assinado por eles que se me deu, para efeito de mandar [[Luís Serrão Pimentel|Luís Serrão Pimente]]<nowiki/>l a leia, e ensine por ser ciente nela e haver servido de cosmógrafo mor neste Reino com toda a satisfação [...] hei por bem e me apraz que o dito Luís Serrão Pimentel leia nesta cidade a arte da fortificação e a lição das mais coisas acima referidas aos que as quiserem aprender e que com esta ocupação vença sessenta mil réis por ano [....] e valha posto que seu efeito haja de durar mais de um ano sem embargo de ordenação em contrário." <ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Secretaria de Guerra, Registo, Lv. 17, fl. 172, alvará de 10 de Outubro de 1654.</ref> <ref>Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', VIII: 548.</ref>. Na petição feita ao rei constam cerca de sessenta assinaturas, incluindo nomes vinculados aos “lugares de aprender arquitetura”, como João Nunes Tinoco, que encabeça a lista, ou Mateus do Couto e Simão Madeira, além de vários outros militares<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 62, Maço 14, Consulta de 13 Outubro de 1654.</ref>. Portanto, foi em resposta a este pedido que D. João IV mandou Serrão Pimentel reger a lição de fortificação, subentendendo-se que nesta ocasião Mariz Carneiro estaria na posse efectiva do cargo, caso contrário Pimentel seria referido como cosmógrafo-mor no tempo verbal presente.
Mas, na verdade, Luís Serrão Pimentel começou a leccionar fortificação somente a partir de 1654 e desde essa altura a sua identificação profissional surge quase sempre como lente de fortificação. O alvará régio datado de 29 de Outubro de 165, tem por objecto a resposta a uma petição de militares, arquitectos e "outras pessoas" e é categórico no esclarecimento desta questão: "tendo respeito ao que alguns capitães Ajudantes alferes sargentos Arquitectos e outras pessoas desejosos de aprender a arte da fortificação e a lição da artilharia, esquadrões alojamentos de exércitos defensa, e expugnação das praças, me representaram em um papel assinado por eles que se me deu, para efeito de mandar [[Luís Serrão Pimentel|Luís Serrão Pimente]]<nowiki/>l a leia, e ensine por ser ciente nela e haver servido de cosmógrafo mor neste Reino com toda a satisfação [...] hei por bem e me apraz que o dito Luís Serrão Pimentel leia nesta cidade a arte da fortificação e a lição das mais coisas acima referidas aos que as quiserem aprender e que com esta ocupação vença sessenta mil réis por ano [....] e valha posto que seu efeito haja de durar mais de um ano sem embargo de ordenação em contrário." <ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Secretaria de Guerra, Registo, Lv. 17, fl. 172, alvará de 10 de Outubro de 1654.</ref> <ref>Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', VIII: 548.</ref>. Na petição feita ao rei constam cerca de sessenta assinaturas, incluindo nomes vinculados aos “lugares de aprender arquitetura”, como João Nunes Tinoco, que encabeça a lista, ou Mateus do Couto e Simão Madeira, além de vários outros militares<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 62, Maço 14, Consulta de 13 Outubro de 1654.</ref>. Portanto, foi em resposta a este pedido que D. João IV mandou Serrão Pimentel reger a lição de fortificação, subentendendo-se que nesta ocasião Mariz Carneiro estaria na posse efectiva do cargo, caso contrário Pimentel seria referido como cosmógrafo-mor no tempo verbal presente.
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A notícia seguinte que nos dá conta do seguimento da aula de fortificação data de 1656, quando Serrão Pimentel participou numa junta de matemáticos, sendo apresentado como Lente de Fortificação<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Índia, Papéis avulsos, capilha de 3 de Abril de 1656, Actas da junta de matemáticos reunida em 18 de Março de 1656 a fim de avaliar a proposta de Tomé da Fonseca sobre a determinação da longitude.</ref> <ref name=":0" /> <ref>Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 57, 143-144.
A notícia seguinte que nos dá conta do seguimento da aula de fortificação data de 1656, quando Serrão Pimentel participou numa junta de matemáticos, sendo apresentado como Lente de Fortificação<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Índia, Papéis avulsos, capilha de 3 de Abril de 1656, Actas da junta de matemáticos reunida em 18 de Março de 1656 a fim de avaliar a proposta de Tomé da Fonseca sobre a determinação da longitude.</ref> <ref name=":0" /> <ref>Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 57, 143-144.


</ref>. Três anos depois, em 27 de Junho de 1658, uma consulta do Conselho de Guerra dá conta da continuidade e do fruto da aula com referência aos discípulos formados e que algum modo testemunha o arranque da carreira de Serrão Pimentel na engenharia: o documento refere João Mendes de Vasconcelos a respeito de serem "[...] necessários para o exército engenheiros [...] e que o Conselho informasse a V. Majestade dos sujeitos que se lhe oferecessem mais capazes de irem ao exército com esta ocupação. Aqui não se acha engenheiro de profissão, senão é Luís Serrão que é muito prático na especulativa e sujeito de grandes esperanças se tiver prática na guerra, e assim será muito conveniente a V. Majestade o mande acompanhado de seus discípulos [...] e convém criar sujeitos naturais que são menos custosos, e muito mais seguro que os estrangeiros."<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Consulta de 17 de Junho de 1658.</ref> <ref>Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', V: 91-92.</ref>.  
</ref>. Três anos depois, em 27 de Junho de 1658, uma consulta do Conselho de Guerra dá conta da continuidade e do fruto da aula com referência aos discípulos formados e que algum modo testemunha o arranque da carreira de Serrão Pimentel na engenharia: o documento refere João Mendes de Vasconcelos a respeito de serem "[...] necessários para o exército engenheiros [...] e que o Conselho informasse a V. Majestade dos sujeitos que se lhe oferecessem mais capazes de irem ao exército com esta ocupação. Aqui não se acha engenheiro de profissão, senão é Luís Serrão que é muito prático na especulativa e sujeito de grandes esperanças se tiver prática na guerra, e assim será muito conveniente a V. Majestade o mande acompanhado de seus discípulos [...] e convém criar sujeitos naturais que são menos custosos, e muito mais seguro que os estrangeiros."<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 18-A, Consulta de 17 de Julho de 1658.</ref> <ref>Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', V: 91-92.</ref>.  


No ano seguinte, em 1659, uma longa exposição de Serrão Pimentel mostra-o muito queixoso da sua situação profissional e salarial, revelando as dificuldades da lição a funcionar na Ribeira das Naus, dando conta da assistência dos seus discípulos nas fronteiras durante o ciclo de guerra e terminando com a proposta da criação de doze partidos (lugares de estudantes pagos pela coroa) com a duração de dois anos, com vista à formação de engenheiros, evitando-se assim dirigir a aula apenas à curiosidade dos soldados. Menciona ainda uma primeira interrupção da aula, entre Junho de 1658 e Agosto de 1659, devido ao sítio de Badajoz e à sua sequente doença.   
No ano seguinte, em 1659, uma longa exposição de Serrão Pimentel mostra-o muito queixoso da sua situação profissional e salarial, revelando as dificuldades da lição a funcionar na Ribeira das Naus, dando conta da assistência dos seus discípulos nas fronteiras durante o ciclo de guerra e terminando com a proposta da criação de doze partidos (lugares de estudantes pagos pela coroa) com a duração de dois anos, com vista à formação de engenheiros, evitando-se assim dirigir a aula apenas à curiosidade dos soldados. Menciona ainda uma primeira interrupção da aula, entre Junho de 1658 e Agosto de 1659, devido ao sítio de Badajoz e à sua sequente doença.   
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Serrão Pimentel prossegue dando conta que a sua saúde ainda não lhe tinha permitido retomar a lição, mas revela também a falta de pagamento adequado e os prejuízos causados pela campanha no Alentejo, adoptando um tom duro e voltando a esclarecer as circunstâncias da criação da aula: "Eu não sirvo na cadeira de Sua Majestade obrigado do ordenado dela, que é tão limitado que não me obrigaria a isso, nem a pedi a cadeira: mas foram os soldados dos terços da guarnição desta cidade os que fizeram petição a Sua Majestade pedindo-me para ser mestre por desejarem aprender a fortificação, castrametação, formatura de esquadrões e outras coisas tocantes a arte militar e vendo o Conselho de Guerra sua justa e útil petição me consultou com 120 mil réis de ordenado o menos, e sua Majestade que Deus tem resolveu que fossem só sessenta [...]", depreendendo-se ainda disputas anteriores, pelo menos desde a morte de D. João IV ("faleceu Sua Majestade a tempo que estava bem informado e gostoso da lição"). O despacho da Rainha, datado de 29 de Abril de 1660, foi favorável à criação de doze partidos na aula<ref name=":1" /> <ref name=":2" />.  
Serrão Pimentel prossegue dando conta que a sua saúde ainda não lhe tinha permitido retomar a lição, mas revela também a falta de pagamento adequado e os prejuízos causados pela campanha no Alentejo, adoptando um tom duro e voltando a esclarecer as circunstâncias da criação da aula: "Eu não sirvo na cadeira de Sua Majestade obrigado do ordenado dela, que é tão limitado que não me obrigaria a isso, nem a pedi a cadeira: mas foram os soldados dos terços da guarnição desta cidade os que fizeram petição a Sua Majestade pedindo-me para ser mestre por desejarem aprender a fortificação, castrametação, formatura de esquadrões e outras coisas tocantes a arte militar e vendo o Conselho de Guerra sua justa e útil petição me consultou com 120 mil réis de ordenado o menos, e sua Majestade que Deus tem resolveu que fossem só sessenta [...]", depreendendo-se ainda disputas anteriores, pelo menos desde a morte de D. João IV ("faleceu Sua Majestade a tempo que estava bem informado e gostoso da lição"). O despacho da Rainha, datado de 29 de Abril de 1660, foi favorável à criação de doze partidos na aula<ref name=":1" /> <ref name=":2" />.  


Conclui-se assim que a lição funcionou quatro anos, entre Outubro de 1654 e Junho de 1658, sendo interrompida durante a campanha do cerco de Badajoz (Junho a Outubro 1658) e sítio de Elvas (1659, Janeiro), tendo Serrão Pimentel recebido autorização régia para retomar a lição em Abril de 1660. A folha de serviços de [[Luís Serrão Pimentel]] revela idas ao Alentejo na década de 1660, pelo menos até 1663, quando pediu o cargo de engenheiro-mor (e obteve o cargo apenas para o Alentejo e uma patente militar) referindo que que "serve há anos como lente de fortificação e castrametação que Vossa Magestade lhe mandou ler."<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 23-A, Consulta de 4 Setembro de 1663.</ref> <ref>Viterbo, ''Diccionario Histórico e Documental,'' II: 271-273. </ref> <ref name=":3">Ferreira, "Luís Serrão Pimentel",152-160.</ref>.  
Conclui-se assim que a lição funcionou quatro anos, entre Outubro de 1654 e Junho de 1658, sendo interrompida durante a campanha do cerco de Badajoz (Junho a Outubro 1658) e sítio de Elvas (1659, Janeiro), tendo Serrão Pimentel recebido autorização régia para retomar a lição em Abril de 1660. A folha de serviços de [[Luís Serrão Pimentel]] revela idas ao Alentejo na década de 1660, pelo menos até 1663, quando pediu o cargo de engenheiro-mor (e obteve o cargo apenas para o Alentejo e uma patente militar) referindo que que "serve há anos como lente de fortificação e castrametação que Vossa Magestade lhe mandou ler."<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 23-A, Consulta de 4 Setembro de 1663.</ref> <ref name=":6">Viterbo, ''Diccionario Histórico e Documental,'' II: 271-273. </ref> <ref name=":3">Ferreira, "Luís Serrão Pimentel",152-160.</ref>.  


No entanto, deve sublinhar-se que o número de partidos estabelecido não foi constante e que houve discípulos com e sem partido, bem como os que eram examinados e dessa maneira poderiam obter acesso ao posto de ajudante de engenheiro. Pimentel para justificar o pedido do lugar de engenheiro-mor, reitera precisamente essa responsabilidade: "por ser lente da cadeira de Fortificação, deitar da aula engenheiros''',''' examinar por ordem de Sua Majestade pelo conselho de guerra os que vem de fora, dos quais V. Majestade despacha os que o suplicante aprova, despede o que reprova, fiando dele matéria de tanto porte [...]."<ref name=":4">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 13 Abril 1666.</ref> <ref name=":3" />. De qualquer modo, nem todos os que as frequentavam a aula ficavam habilitados como engenheiros, apesar de alguns militares, soldados e oficiais, assim poderem adquirir as bases teóricas de certas matérias.   
No entanto, deve sublinhar-se que o número de partidos estabelecido não foi constante e que houve discípulos com e sem partido, bem como os que eram examinados e dessa maneira poderiam obter acesso ao posto de ajudante de engenheiro. Pimentel para justificar o pedido do lugar de engenheiro-mor, reitera precisamente essa responsabilidade: "por ser lente da cadeira de Fortificação, deitar da aula engenheiros''',''' examinar por ordem de Sua Majestade pelo conselho de guerra os que vem de fora, dos quais V. Majestade despacha os que o suplicante aprova, despede o que reprova, fiando dele matéria de tanto porte [...]."<ref name=":4">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 13 Abril 1666.</ref> <ref name=":3" />. De qualquer modo, nem todos os que as frequentavam a aula ficavam habilitados como engenheiros, apesar de alguns militares, soldados e oficiais, assim poderem adquirir as bases teóricas de certas matérias.   
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Porém, a coroa renovou o apoio à Aula da Ribeira das Naus, pois Luís Serrão Pimentel foi nomeado engenheiro-mor do reino, em Junho de 1673, "com obrigações de ter uma lição de fortificação e outra de navegação como se obrigou e de ir as Províncias do Reino onde o mandar, deixando substitutos na sua Cadeira quando fizer estas ausências, e voltando continuará com as Lições referidas [...]"<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, carta patente de nomeação de Luís Serrão Pimentel como engenheiro-mor do Reino, 15 de Junho de 1673, publicado por Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', VIII: 531-534.</ref>.     
Porém, a coroa renovou o apoio à Aula da Ribeira das Naus, pois Luís Serrão Pimentel foi nomeado engenheiro-mor do reino, em Junho de 1673, "com obrigações de ter uma lição de fortificação e outra de navegação como se obrigou e de ir as Províncias do Reino onde o mandar, deixando substitutos na sua Cadeira quando fizer estas ausências, e voltando continuará com as Lições referidas [...]"<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, carta patente de nomeação de Luís Serrão Pimentel como engenheiro-mor do Reino, 15 de Junho de 1673, publicado por Sepúlveda, ''História Orgânica e Política'', VIII: 531-534.</ref>.     


Observa-se também que a designação da Aula, Cadeira ou Lição conheceu algumas variações, revelando a ausência de um nome único, institucional; as palavras lição, lente, aula, cadeira podem coexistir até no mesmo documento. Apesar de alguma proximidade, verifica-se que ocorriam duas lições distintas: a lição de fortificação e lição de navegação, ainda que se possa suspeitar o funcionamento de ambas na "aula da matemática em a Ribeira das Naus desta corte". O que a documentação igualmente atesta é o facto da lição ser de alguma maneira nominal, isto é, uma responsabilidade atribuída a Luís Serrão Pimentel enquanto nomeado como cosmógrafo-mor e apenas depois como engenheiro-mor, aspecto que nos deve advertir relativamente à procura de um quadro administrativo e institucional mais claro, na verdade inexistente.     
Observa-se também que a designação da Aula, Cadeira ou Lição conheceu algumas variações, revelando a ausência de um nome único, institucional; as palavras lição, lente, aula, cadeira podem coexistir até no mesmo documento. Apesar de alguma proximidade, verifica-se que ocorriam duas lições distintas: a lição de fortificação e lição de navegação, ainda que se possa suspeitar o funcionamento de ambas na "aula da matemática em a Ribeira das Naus desta corte". O que a documentação igualmente atesta é o facto da lição ser de alguma maneira nominal, isto é, uma responsabilidade atribuída a Luís Serrão Pimentel enquanto nomeado como cosmógrafo-mor e apenas depois como engenheiro-mor, aspecto que nos deve advertir relativamente à procura de um quadro administrativo e institucional mais claro, na verdade inexistente <ref>“[...] ler na Aula da Ribeira das naos arte de matemáticas, navegação, fortificação, castrametação, expugnação e defesa das Praças [...]”, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. Afonso VI, Lv. 29, fl. 267-267 v., provisão definitiva no cargo de cosmógrafo-mor em 1671, 14 de Dezembro de 1671.</ref> <ref>Ver também Arquivo Nacional Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, Lv. 20, fl. 129 v.-130 v., carta padrão de 30 de Julho de 1666, fl. 233 v.-234, carta de 20 Abril de 1669.</ref> <ref name=":6" /> <ref>Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 185.</ref>. A partir desta altura volta a haver referências à aula e aos discípulos, e pelo menos desde o ano de 1674 que Serrão Pimentel passa a indicar expressamente que alguns dos seus discípulos deveriam também ensinar, sugerindo a reprodução da metodologia da aula da corte em outras áreas do império<ref>Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Brasil, Bahia (Catálogo Luísa da Fonseca). D. 2615, Consulta de 12 de Novembro de  1674.</ref>.   
 
Os conteúdos lectivos referiam-se à fortificação e castrametação, mas também à formatura de esquadrões, defesa e ataque das praças.  As apostilhas mais antigas datam de 1659, ''Architectura Militar ou Fortificação, dictada por Luís Serrão Pimentel'', copiadas por dois discípulos, Francisco e Diogo do Pardo Osório<ref>''Architectura Militar ou Fortificação, dictada por Luís Serrão Pimentel'', BNP COD. 6408; tem no frontispício o nome de D. Francisco de Osório; 1659, ''Architectura Militar, ou Fortificação dictada por Luiz Serrão Pimentel, & Cª, Em 27 de Outubro de 1659 Annos,'' Biblioteca da Ajuda, Ms. 49-III-4; tem no frontispício o nome de D. Diogo de Pardo Osório.    </ref>. Logo em 1666 Serrão Pimentel requereu a impressão do ''Método Lusitânico'' ''de Desenhar as Fortificações'' <ref name=":4" /> <ref name=":7">Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 176-178.</ref>, apenas aprovado para impressão em 1677 <ref name=":8">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 21 Agosto de 1677.</ref> <ref name=":7" /> e impresso postumamente em 1680. O tratado permanece como o mais estruturado produto da lição, havendo referências ao facto de ter sido já na década de 1660  "lido na Aula e o levaram sabido discípulos do suplicante que foram despachados para a Índia, Brasil e Reino por engenheiros"<ref name=":8" />. Na segunda petição para publicar o tratado, em 1677, elencando as suas vantagens, Pimentel destaca a maior rapidez na aprendizagem, "[...] porque o mais tempo que se gasta é em escreverem apostilhas, que se escusa havendo livro impresso [...]; porque poderá bastar então que se reduzam os doze partidos, somente a quatro [...].", registando-se, portanto, a recuperação do número de doze partidos. Nesta petição revela ainda a intenção de imprimir o livro "da Castrametação, Expugnação e defesa das Praças que o suplicante tem composto porque assim ficará a matéria completa."<ref name=":8" />.     


===Outras informações===
===Outras informações===
"''Devido ao seu empenho e tendo por objetivo assegurar a formação de engenheiros portugueses, D. João IV instituiu, em 1647, a Aula de Fortificação na Ribeira das Naus, de onde sairiam nomes como Simão Madeira, Francisco de Osório, Diogo Pardo de Osório, Manuel Pinto de Vilalobos, João Tomás Correia e Diogo da Silveira Veloso, entre muitos outros''"<ref>[http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=902%3Aexposicao-luis-serrao-pimentel-e-a-ciencia-em-portugal-no-seculo-xvii-&catid=164%3A2014&Itemid=928&lang=en Exposição ''Luís Serrão Pimentel e a ciência em Portugal no século XVII'' (BNP)].</ref>
===<ref>[http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=902%3Aexposicao-luis-serrao-pimentel-e-a-ciencia-em-portugal-no-seculo-xvii-&catid=164%3A2014&Itemid=928&lang=en Exposição ''Luís Serrão Pimentel e a ciência em Portugal no século XVII'' (BNP)].</ref>===
==Professores==
==Professores==
[[Luís Serrão Pimentel]], 1654-1679
[[Luís Serrão Pimentel]], 1654-1679
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==Fontes==
==Fontes==
Arquivo Histórico Ultramarino, Índia, Papéis avulsos, capilha de 3 de Abril de 1656, Actas da junta de matemáticos reunida em 18 de Março de 1656 a fim de avaliar a proposta de Tomé da Fonseca sobre a determinação da longitude.
Arquivo Histórico Ultramarino, Índia, Papéis avulsos, capilha de 3 de Abril de 1656, Actas da junta de matemáticos reunida em 18 de Março de 1656 a fim de avaliar a proposta de Tomé da Fonseca sobre a determinação da longitude.
Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Brasil, Bahia (Catálogo Luísa da Fonseca) D. 2615, Consulta de 12 de Novembro de  1674 sobre os engenheiros João Lucas Ferreira Simões, de Viana do Castelo, Manuel Barreto da Ponte, João Coutinho e Antonio Correia Pinto, que podem ir para os Estados da India e Brasil.


Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Índia, caixa 51, doc. 232,  27 de Novembro de 1671. Anexo: Carta do Cosmógrafo-mor Luís Serrão Pimentel ao Conselho Ultramarino, 4 de Dezembro de 1671.
Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Índia, caixa 51, doc. 232,  27 de Novembro de 1671. Anexo: Carta do Cosmógrafo-mor Luís Serrão Pimentel ao Conselho Ultramarino, 4 de Dezembro de 1671.
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Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João IV, Lv. 18, fl. 298 v., alvará de 13 de Julho de 1647.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João IV, Lv. 18, fl. 298 v., alvará de 13 de Julho de 1647.
Arquivo Nacional Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, Lv. 20, fl. 129 v.-130 v., carta padrão de 30 de Julho de 1666.
Arquivo Nacional Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, Lv. 20, fl. 233 v.-234, carta de 20 Abril de 1669.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. Afonso VI, Lv. 29, fl. 267-267 v., alvará de 14 de Dezembro de 1671.


Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 62, Maço 14, Consulta de 13 Outubro de 1654, sobre o soldo que se poderá signalar a Luís Serrão Pimentel enquanto assistir na ocupação de ensinar cosmografia e a arte da fortificação.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 62, Maço 14, Consulta de 13 Outubro de 1654, sobre o soldo que se poderá signalar a Luís Serrão Pimentel enquanto assistir na ocupação de ensinar cosmografia e a arte da fortificação.
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Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 13 Abril 1666 sobre requerimento de Luís Serrão Pimentel para publicar o ''Método Lusitânico.''
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 13 Abril 1666 sobre requerimento de Luís Serrão Pimentel para publicar o ''Método Lusitânico.''
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 21 Agosto de 1677 sobre requerimento de LSP para publicar o ''Método Lusitânico''.


Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 30, Consulta de 25 de Setembro de 1670 à Junta dos Três Estados.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 30, Consulta de 25 de Setembro de 1670 à Junta dos Três Estados.

Revisão das 21h29min de 12 de novembro de 2022


Aula de Fortificação de Lisboa
(valor desconhecido)
Outras denominações Academia Militar da Corte, Aula de Fortificação da Corte, Aula das Fortificações, Lição de Fortificação e Castrametação, Aula Militar, Aula da Ribeira das Naus, Aula de Fortificação e Arquitectura Militar
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 29 outubro 1654
Data de extinção 5 agosto 1779
Paralisação
Início: 1658, 1671, 1755
Fim: 1660, 1673, 1757
Localização
Localização Ribeira das Naus, Lisboa,-
Início: 1654
Fim: 1755

Localização Lisboa, Lisboa, Portugal
Início: 1757
Fim: 1779
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho

História

O funcionamento da Aula de Fortificação de Lisboa deve delimitar-se entre 1654 e 1779, apesar das diferentes designações e reformas de que foi alvo. A designação Academia Militar generaliza-se apenas a partir da década de 1720, mas as designações de Aula da Fortificação ou Aula Militar ainda são usadas por volta de 1760.

A origem da aula encontra-se relacionada com o perfil e actividade do seu primeiro responsável, Luís Serrão Pimentel. Apesar de se ter tornado comum tomar a data do alvará régio de 13 de Julho de 1647 como referência cronológica para o seu início[1] [2], o documento diz apenas respeito à nomeação de Serrão Pimentel como cosmógrafo-mor interino, considerando "haver servido de alguns anos a esta parte o cargo de cosmógrafo-mor deste reino e lente de matemática com satisfação por impedimento do proprietário". Os termos exactos desta nomeação correspondem à "mercê da serventia do mesmo cargo de cosmógrafo-mor lente de matemática enquanto durar o impedimento do dito proprietário para que o sirva assim desta maneira que lhe a exercitou e serviu até agora" [3] [4] [5]. O que está em causa neste documento é, portanto, a lição de matemática que o cosmógrafo-mor era obrigado a ler na Ribeira das Naus desde o tempo de Pedro Nunes[6].

Todavia, observa-se por vezes a referência a uma lição anterior, também assegurada por Luís Serrão Pimentel, que dataria de 13 de Maio de 1641, sob a designação de Aula de Artilharia e Esquadria, no Paço da Ribeira, sem que até ao momento tenha sido identificado qualquer registo desta lição[7] [8] [9]. Esta hipótese estará em parte relacionada com o facto de se saber que Serrão Pimentel começou a servir a coroa desde Outubro de 1641. O assunto aparece debatido nos Capítulos das Cortes reunidas em 1641: perante a insatisfação com os resultados da lição do cosmógrafo, pede-se "que haja também, para os Artilheiros, Mestres, que estejam com eles nas Fortalezas, ensinando-os, e adestrando-os", ao que resposta do rei foi: "Mandarei que o cosmógrafo-mor leia a sua lição, no lugar destinado para isso" e "Tenho mandado executar o Regimento que havia, por ser o que mais convinha para se conseguir o que me pedis"[10] [11].

Mas, na verdade, Luís Serrão Pimentel começou a leccionar fortificação somente a partir de 1654 e desde essa altura a sua identificação profissional surge quase sempre como lente de fortificação. O alvará régio datado de 29 de Outubro de 165, tem por objecto a resposta a uma petição de militares, arquitectos e "outras pessoas" e é categórico no esclarecimento desta questão: "tendo respeito ao que alguns capitães Ajudantes alferes sargentos Arquitectos e outras pessoas desejosos de aprender a arte da fortificação e a lição da artilharia, esquadrões alojamentos de exércitos defensa, e expugnação das praças, me representaram em um papel assinado por eles que se me deu, para efeito de mandar Luís Serrão Pimentel a leia, e ensine por ser ciente nela e haver servido de cosmógrafo mor neste Reino com toda a satisfação [...] hei por bem e me apraz que o dito Luís Serrão Pimentel leia nesta cidade a arte da fortificação e a lição das mais coisas acima referidas aos que as quiserem aprender e que com esta ocupação vença sessenta mil réis por ano [....] e valha posto que seu efeito haja de durar mais de um ano sem embargo de ordenação em contrário." [12] [13]. Na petição feita ao rei constam cerca de sessenta assinaturas, incluindo nomes vinculados aos “lugares de aprender arquitetura”, como João Nunes Tinoco, que encabeça a lista, ou Mateus do Couto e Simão Madeira, além de vários outros militares[14]. Portanto, foi em resposta a este pedido que D. João IV mandou Serrão Pimentel reger a lição de fortificação, subentendendo-se que nesta ocasião Mariz Carneiro estaria na posse efectiva do cargo, caso contrário Pimentel seria referido como cosmógrafo-mor no tempo verbal presente.

A notícia seguinte que nos dá conta do seguimento da aula de fortificação data de 1656, quando Serrão Pimentel participou numa junta de matemáticos, sendo apresentado como Lente de Fortificação[15] [4] [16]. Três anos depois, em 27 de Junho de 1658, uma consulta do Conselho de Guerra dá conta da continuidade e do fruto da aula com referência aos discípulos formados e que algum modo testemunha o arranque da carreira de Serrão Pimentel na engenharia: o documento refere João Mendes de Vasconcelos a respeito de serem "[...] necessários para o exército engenheiros [...] e que o Conselho informasse a V. Majestade dos sujeitos que se lhe oferecessem mais capazes de irem ao exército com esta ocupação. Aqui não se acha engenheiro de profissão, senão é Luís Serrão que é muito prático na especulativa e sujeito de grandes esperanças se tiver prática na guerra, e assim será muito conveniente a V. Majestade o mande acompanhado de seus discípulos [...] e convém criar sujeitos naturais que são menos custosos, e muito mais seguro que os estrangeiros."[17] [18].

No ano seguinte, em 1659, uma longa exposição de Serrão Pimentel mostra-o muito queixoso da sua situação profissional e salarial, revelando as dificuldades da lição a funcionar na Ribeira das Naus, dando conta da assistência dos seus discípulos nas fronteiras durante o ciclo de guerra e terminando com a proposta da criação de doze partidos (lugares de estudantes pagos pela coroa) com a duração de dois anos, com vista à formação de engenheiros, evitando-se assim dirigir a aula apenas à curiosidade dos soldados. Menciona ainda uma primeira interrupção da aula, entre Junho de 1658 e Agosto de 1659, devido ao sítio de Badajoz e à sua sequente doença.

Diz Serrão Pimentel: "[... ] me pergunta da parte de Sua Majestade o modo como se encontra a lição que dou na ribeira das naus para que se me consignou o ordenado da Cadeira. Digo que até Junho do ano passado continuei em ler aos discípulos fazendo fruto, e utilidade em criar sujeitos para as fortificações; porque da aula saíram alguns que sabem muito bem [...]. Neste estado estava a lição e fruto da cadeira em Junho do ano passado [1658]: porém, contudo havendo eu conhecido que os soldados que assistiam à lição eram mandados para as fronteiras ou partes ultramarinas no meio dela, e os mais deles não aprendiam com ânimo de serem engenheiros, mas somente por curiosidade, [...] representei a Sua Majestade que devia ser servido querer ordenar doze partidos para aprenderam doze discípulos por tempo de dois anos, porque assim aturassem e houvessem sujeitos capazes de servir em tempo que tanta necessidade há de engenheiros: assim o resolveu Sua Majestade em resolução de uma consulta do Conselho de Guerra e estava cometido o negócio a Rui Correia Lucas para o dar à execução, quando me obrigou o secretário de estado por ordem de Sua Majestade a ir para o exército onde assisti e no sítio de Elvas [...]."[19] [20].

Serrão Pimentel prossegue dando conta que a sua saúde ainda não lhe tinha permitido retomar a lição, mas revela também a falta de pagamento adequado e os prejuízos causados pela campanha no Alentejo, adoptando um tom duro e voltando a esclarecer as circunstâncias da criação da aula: "Eu não sirvo na cadeira de Sua Majestade obrigado do ordenado dela, que é tão limitado que não me obrigaria a isso, nem a pedi a cadeira: mas foram os soldados dos terços da guarnição desta cidade os que fizeram petição a Sua Majestade pedindo-me para ser mestre por desejarem aprender a fortificação, castrametação, formatura de esquadrões e outras coisas tocantes a arte militar e vendo o Conselho de Guerra sua justa e útil petição me consultou com 120 mil réis de ordenado o menos, e sua Majestade que Deus tem resolveu que fossem só sessenta [...]", depreendendo-se ainda disputas anteriores, pelo menos desde a morte de D. João IV ("faleceu Sua Majestade a tempo que estava bem informado e gostoso da lição"). O despacho da Rainha, datado de 29 de Abril de 1660, foi favorável à criação de doze partidos na aula[19] [20].

Conclui-se assim que a lição funcionou quatro anos, entre Outubro de 1654 e Junho de 1658, sendo interrompida durante a campanha do cerco de Badajoz (Junho a Outubro 1658) e sítio de Elvas (1659, Janeiro), tendo Serrão Pimentel recebido autorização régia para retomar a lição em Abril de 1660. A folha de serviços de Luís Serrão Pimentel revela idas ao Alentejo na década de 1660, pelo menos até 1663, quando pediu o cargo de engenheiro-mor (e obteve o cargo apenas para o Alentejo e uma patente militar) referindo que que "serve há anos como lente de fortificação e castrametação que Vossa Magestade lhe mandou ler."[21] [22] [23].

No entanto, deve sublinhar-se que o número de partidos estabelecido não foi constante e que houve discípulos com e sem partido, bem como os que eram examinados e dessa maneira poderiam obter acesso ao posto de ajudante de engenheiro. Pimentel para justificar o pedido do lugar de engenheiro-mor, reitera precisamente essa responsabilidade: "por ser lente da cadeira de Fortificação, deitar da aula engenheiros, examinar por ordem de Sua Majestade pelo conselho de guerra os que vem de fora, dos quais V. Majestade despacha os que o suplicante aprova, despede o que reprova, fiando dele matéria de tanto porte [...]."[24] [23]. De qualquer modo, nem todos os que as frequentavam a aula ficavam habilitados como engenheiros, apesar de alguns militares, soldados e oficiais, assim poderem adquirir as bases teóricas de certas matérias.

O quadro de doze partidos proposto por Pimentel e aprovado em 1660 teve sequência, voltando mais tarde a ser referido, mas uma vez mais constatando-se dificuldades na continuidade da lição. Foi depois ordenado a Serrão Pimentel, em 1666, que ensinasse em Estremoz, o que não veio a acontecer, pois os soldados foram desmobilizados na sequência da Paz de 1668 [24] [23] [25]. Essa mesma circunstância terá criado constrangimentos na aula da corte, quase decerto a sua interrupção, pois em mais de uma ocasião Pimentel afirma que os seus discípulos “foram todos despedidos pela reformação geral”[26].

Nesse contexto foi o próprio Pimentel a tomar a iniciativa de enviar uma petição à Junta dos Três Estados, organismo que tutelava o funcionamento da aula, “para que ao menos se continuasse a Aula com alguns dos doze partidos que nela havia, [....] os quais partidos haviam cessado pela paz”. Obteve um parecer positivo em 1670, prevendo-se nessa altura a redução de doze para seis partidos: "tendo por muito conveniente ao serviço de Vossa Alteza que Luís Serrão Pimentel continue na Lição da mesma cadeira, e que ao menos se reduzam os doze partidos que havia na Aula, a seis, para que de todo com a paz senão extinga uma profissão que a experiência de tantos anos de guerra mostrou ser tão útil e necessária [... ]." [27] [23] [28]. Pimentel informa-nos que aos seis partidos se juntaram mais três, “por segunda resolução”[26], chegando a ocorrer a provisão dos lugares, o que terá ocorrido no final de 1670.

Contudo, em 1671 registou-se novo problema: quando foi definitivamente nomeado como cosmógrafo-mor, extinguiu-se ao mesmo tempo o seu cargo de engenheiro-mor do Alentejo. Agastado com esta situação, Serrão Pimentel decidiu encerrar novamente a aula recém-aberta. Justificava-se ao príncipe dizendo: “farei quanto puder por servir bem a S.A. no de cosmógrafo-mor, por cujo respeito cessa a aula no tocante a lição da fortificação, castrametação e expugnação e defesa das praças, que era o que pertencia ao cargo de engenheiro-mor; e continuo com a cosmografia e navegação que toca no de cosmógrafo-mor”[26]. Esta interrupção da aula confirma-se noutro documento, no mesmo ano de 1671[29].

Porém, a coroa renovou o apoio à Aula da Ribeira das Naus, pois Luís Serrão Pimentel foi nomeado engenheiro-mor do reino, em Junho de 1673, "com obrigações de ter uma lição de fortificação e outra de navegação como se obrigou e de ir as Províncias do Reino onde o mandar, deixando substitutos na sua Cadeira quando fizer estas ausências, e voltando continuará com as Lições referidas [...]"[30].

Observa-se também que a designação da Aula, Cadeira ou Lição conheceu algumas variações, revelando a ausência de um nome único, institucional; as palavras lição, lente, aula, cadeira podem coexistir até no mesmo documento. Apesar de alguma proximidade, verifica-se que ocorriam duas lições distintas: a lição de fortificação e lição de navegação, ainda que se possa suspeitar o funcionamento de ambas na "aula da matemática em a Ribeira das Naus desta corte". O que a documentação igualmente atesta é o facto da lição ser de alguma maneira nominal, isto é, uma responsabilidade atribuída a Luís Serrão Pimentel enquanto nomeado como cosmógrafo-mor e apenas depois como engenheiro-mor, aspecto que nos deve advertir relativamente à procura de um quadro administrativo e institucional mais claro, na verdade inexistente [31] [32] [22] [33]. A partir desta altura volta a haver referências à aula e aos discípulos, e pelo menos desde o ano de 1674 que Serrão Pimentel passa a indicar expressamente que alguns dos seus discípulos deveriam também ensinar, sugerindo a reprodução da metodologia da aula da corte em outras áreas do império[34].

Os conteúdos lectivos referiam-se à fortificação e castrametação, mas também à formatura de esquadrões, defesa e ataque das praças.  As apostilhas mais antigas datam de 1659, Architectura Militar ou Fortificação, dictada por Luís Serrão Pimentel, copiadas por dois discípulos, Francisco e Diogo do Pardo Osório[35]. Logo em 1666 Serrão Pimentel requereu a impressão do Método Lusitânico de Desenhar as Fortificações [24] [36], apenas aprovado para impressão em 1677 [37] [36] e impresso postumamente em 1680. O tratado permanece como o mais estruturado produto da lição, havendo referências ao facto de ter sido já na década de 1660  "lido na Aula e o levaram sabido discípulos do suplicante que foram despachados para a Índia, Brasil e Reino por engenheiros"[37]. Na segunda petição para publicar o tratado, em 1677, elencando as suas vantagens, Pimentel destaca a maior rapidez na aprendizagem, "[...] porque o mais tempo que se gasta é em escreverem apostilhas, que se escusa havendo livro impresso [...]; porque poderá bastar então que se reduzam os doze partidos, somente a quatro [...].", registando-se, portanto, a recuperação do número de doze partidos. Nesta petição revela ainda a intenção de imprimir o livro "da Castrametação, Expugnação e defesa das Praças que o suplicante tem composto porque assim ficará a matéria completa."[37].

Outras informações

[38]

Professores

Luís Serrão Pimentel, 1654-1679

Francisco Pimentel, 1680-1706

Manuel Pimentel, 1684-1685

Manuel de Azevedo Fortes, 1696-1709, lente substituto

Domingos Vieira, 1705-1713, lente substituto

Manuel de Azevedo Fortes, 1710-1749, lente efectivo

Nicolau de Abreu de Carvalho, antes de 1726, lente substituto?

José Sanches da Silva, 1720-1732 (?), lente substituto, lente de artilharia

João Alexandre de Chermont, lente de desenho

Filipe Rodrigues de Oliveira, 1728-1749 (?), lente substituto

Filipe Rodrigues de Oliveira, 1750-1779, lente efectivo

António Peltz, 1760-?

Carlos Francisco Ponzoni, 1760-?

Curricula

Notas

  1. Com base em Barbosa Machado, que afirmava em 1752: "sendo Cosmógrafo-mor do Reino conseguiu de el-rei D. João o IV a erecção de uma Aula de Fortificação, e Arquitectura Militar, assim como a havia de Náutica, a qual se fabricou na Ribeira das Naus, e depois se transferiu para o Terreiro do Paço onde existe com o título de Academia Militar, e nela instruiu com as suas lições a muitos Engenheiros, que serviram ao Reino, e suas conquistas com grande utilidade." (Machado, Biblioteca Lusitana, III: 134).
  2. Moreira, "Do Rigor Teórico à Urgência Prática", 83; Moreira, "A Escola de Arquitectura do Paço da Ribeira", 67, refere a Aula de Matemática ou Aula de Fortificação, citado por Soromenho, "Manuel Pinto de Vilalobos", 1-6 e Soromenho, "Descrever, registar, instruir", 21.
  3. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João IV, Lv. 18, fl. 298 v.
  4. 4,0 4,1 Matos, "António de Mariz Carneiro",
  5. Ferreira, "Luís Serrão Pimentel",142-143.
  6. Mota, Os regimentos do cosmógrafo-mor de 1559 e 1592,
  7. Sepúlveda, História Orgânica e Política, V: 68.
  8. Bueno, Desígnio e desenho, 274-275.
  9. Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 75-76.
  10. "Capítulos de Cortes do Estados dos Povos", LII-LIV, Capitulos gerais, 17-18.
  11. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, I: 142-143.
  12. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Secretaria de Guerra, Registo, Lv. 17, fl. 172, alvará de 10 de Outubro de 1654.
  13. Sepúlveda, História Orgânica e Política, VIII: 548.
  14. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 62, Maço 14, Consulta de 13 Outubro de 1654.
  15. Arquivo Histórico Ultramarino, Índia, Papéis avulsos, capilha de 3 de Abril de 1656, Actas da junta de matemáticos reunida em 18 de Março de 1656 a fim de avaliar a proposta de Tomé da Fonseca sobre a determinação da longitude.
  16. Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 57, 143-144.
  17. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 18-A, Consulta de 17 de Julho de 1658.
  18. Sepúlveda, História Orgânica e Política, V: 91-92.
  19. 19,0 19,1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 74, Maço 20, Consulta de 22 Agosto de 1659.
  20. 20,0 20,1 Sepúlveda, História Orgânica e Política, VIII: 543-546.
  21. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 23-A, Consulta de 4 Setembro de 1663.
  22. 22,0 22,1 Viterbo, Diccionario Histórico e Documental, II: 271-273.
  23. 23,0 23,1 23,2 23,3 Ferreira, "Luís Serrão Pimentel",152-160.
  24. 24,0 24,1 24,2 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 13 Abril 1666.
  25. Soromenho, "Manuel Pinto de Vilalobos", 48.
  26. 26,0 26,1 26,2 Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Índia, caixa 51, doc. 232, 27 de Novembro de 1671. Anexo: Carta do Cosmógrafo-mor Luís Serrão Pimentel ao Conselho Ultramarino, 4 de Dezembro de 1671.
  27. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 30, Consulta de 25 de Setembro de 1670.
  28. Soromenho, "Manuel Pinto de Vilalobos", 10.
  29. Araújo, Conceição e Faria, "Aulas e engenheiros em rede". Quando o Conselho Ultramarino lhe pediu que indicasse dois engenheiros para Moçambique, Pimentel aproveita para fazer um balanço dos problemas causados pelo encerramento da aula depois do fim da guerra. Apresenta uma lista comentada onde constam os nomes de uma vintena de discípulos, nove dos ainda quais se mantinham integrados (no reino ou no império) (Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Índia, caixa 51, doc. 232, 27 de Novembro de 1671. Anexo: Memoria dos engenheiros meos discípulos que havia no serviço de Sua Alteza ao tempo que se efetuou a paz).
  30. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, carta patente de nomeação de Luís Serrão Pimentel como engenheiro-mor do Reino, 15 de Junho de 1673, publicado por Sepúlveda, História Orgânica e Política, VIII: 531-534.
  31. “[...] ler na Aula da Ribeira das naos arte de matemáticas, navegação, fortificação, castrametação, expugnação e defesa das Praças [...]”, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. Afonso VI, Lv. 29, fl. 267-267 v., provisão definitiva no cargo de cosmógrafo-mor em 1671, 14 de Dezembro de 1671.
  32. Ver também Arquivo Nacional Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, Lv. 20, fl. 129 v.-130 v., carta padrão de 30 de Julho de 1666, fl. 233 v.-234, carta de 20 Abril de 1669.
  33. Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 185.
  34. Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Brasil, Bahia (Catálogo Luísa da Fonseca). D. 2615, Consulta de 12 de Novembro de 1674.
  35. Architectura Militar ou Fortificação, dictada por Luís Serrão Pimentel, BNP COD. 6408; tem no frontispício o nome de D. Francisco de Osório; 1659, Architectura Militar, ou Fortificação dictada por Luiz Serrão Pimentel, & Cª, Em 27 de Outubro de 1659 Annos, Biblioteca da Ajuda, Ms. 49-III-4; tem no frontispício o nome de D. Diogo de Pardo Osório.   
  36. 36,0 36,1 Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 176-178.
  37. 37,0 37,1 37,2 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 21 Agosto de 1677.
  38. Exposição Luís Serrão Pimentel e a ciência em Portugal no século XVII (BNP).

Fontes

Arquivo Histórico Ultramarino, Índia, Papéis avulsos, capilha de 3 de Abril de 1656, Actas da junta de matemáticos reunida em 18 de Março de 1656 a fim de avaliar a proposta de Tomé da Fonseca sobre a determinação da longitude.

Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Brasil, Bahia (Catálogo Luísa da Fonseca) D. 2615, Consulta de 12 de Novembro de 1674 sobre os engenheiros João Lucas Ferreira Simões, de Viana do Castelo, Manuel Barreto da Ponte, João Coutinho e Antonio Correia Pinto, que podem ir para os Estados da India e Brasil.

Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Índia, caixa 51, doc. 232, 27 de Novembro de 1671. Anexo: Carta do Cosmógrafo-mor Luís Serrão Pimentel ao Conselho Ultramarino, 4 de Dezembro de 1671.

Arquivo Histórico Ultramarino, Conselho Ultramarino, Índia, caixa 51, doc. 232, 27 de Novembro de 1671. Anexo: Memoria dos engenheiros meos discípulos que havia no serviço de Sua Alteza ao tempo que se efetuou a paz.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João IV, Lv. 18, fl. 298 v., alvará de 13 de Julho de 1647.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, Lv. 20, fl. 129 v.-130 v., carta padrão de 30 de Julho de 1666.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, Lv. 20, fl. 233 v.-234, carta de 20 Abril de 1669.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria D. Afonso VI, Lv. 29, fl. 267-267 v., alvará de 14 de Dezembro de 1671.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 62, Maço 14, Consulta de 13 Outubro de 1654, sobre o soldo que se poderá signalar a Luís Serrão Pimentel enquanto assistir na ocupação de ensinar cosmografia e a arte da fortificação.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Consulta de 17 de Junho de 1658, lista de discípulos de Luís Serrão Pimentel.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Caixa 74, Maço 20, Consulta de 22 Agosto de 1659, Satisfaz-se ao que S. Majestade mandou em resposta da Consulta inclusa sobre o modo em que se continua a lição de Luís Serrão Pimentel na Ribeira das Naus. Carta de Luís Serrão Pimentel a Francisco Pereira da Cunha, 20 de Agosto de 1659.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 23-A, Consulta de 4 Setembro de 1663, petição de Luís Serrão Pimentel do cargo de engenheiro-mor do reino.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 13 Abril 1666 sobre requerimento de Luís Serrão Pimentel para publicar o Método Lusitânico.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 36, Consulta de 21 Agosto de 1677 sobre requerimento de LSP para publicar o Método Lusitânico.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 30, Consulta de 25 de Setembro de 1670 à Junta dos Três Estados.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Secretaria de Guerra, Registo, Lv. 17, fl. 172, alvará que manda Luís Serrão Pimentel ler fortificação, 10 de Outubro de 1654.

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Margarida Tavares da Conceição e Renata Araújo

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Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

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