Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho: diferenças entre revisões

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A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro reforma e dá contiuidade à anterior [[Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro]], mantendo-se quer o local das aulas (a Casa do Trem de Artilharia), quer o lente principal, [[António Joaquim de Oliveira]]. A criação desta academia no Rio de Janeiro vem na sequência da criação da [[Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho]]  instituida em Lisboa por D. Maria I, em 1790. Os estatutos da Real Academia do Rio de Janeiro datam de 17 de dezembro de 1792 e foram estabelecidos D. José Luís de Castro (1744-1819), 2º Conde de Resende,  vice rei entre 1790 e 1801. Em carta dirigida à Martinho de Melo e Castro, o vice rei dizia que tinha escolhido dezembro para inaugurar a academia, por ser o mês de aniversário da rainha, e que umgrande número de oficiais e muitas pessoas, além dos matriculados, tinham assistido ao evento<ref name=":1">Piva, Teresa. “A Evolução da Engenharia Militar no Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In ''História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil'', 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013, p. 149.</ref>.   
A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro reforma e dá contiuidade à anterior [[Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro]], mantendo-se quer o local das aulas (a Casa do Trem de Artilharia), quer o lente principal, [[António Joaquim de Oliveira]]. A criação desta academia no Rio de Janeiro vem na sequência da criação da [[Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho]]  instituida em Lisboa por D. Maria I, em 1790. Os estatutos da Real Academia do Rio de Janeiro datam de 17 de dezembro de 1792 e foram estabelecidos D. José Luís de Castro (1744-1819), 2º Conde de Resende,  vice rei entre 1790 e 1801. Em carta dirigida à Martinho de Melo e Castro, o vice rei dizia que tinha escolhido dezembro para inaugurar a academia, por ser o mês de aniversário da rainha, e que umgrande número de oficiais e muitas pessoas, além dos matriculados, tinham assistido ao evento<ref name=":1">Piva, Teresa. “A Evolução da Engenharia Militar no Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In ''História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil'', 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.</ref>.   


Foram várias as modificações introduzidas pela reforma. O curso ampliou-se de cinco para seis anos,  sendo o sexto  dedicado aos ensinamentos de um lente que seria especialmente contratado e que deveria ensinar ''"Aquitetura civil e corte das pedras e madeiras, o orçamento dos edificios, e tudo o mais o que for relativo ao conhecimento dos materiais que entram na sua composição; como também explicará os melhores métodos que hoje se praticam na construção dos caminhos e calçadas. No mesmo ano se ensinará igualmente a hidraulica e as mais partes que lhe são análogas, como a arquitetura das pontes, canais, diques e comportas"''<ref name=":0">Estatutos da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho da Cidade do Rio de Janeiro (Biblioteca nacional do Rio de Janeiro I-32-13-27), publicados in Cavalcanti, Nireu Oliveira. ''Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798.'' Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007, p. 47-53.</ref>.  
Foram várias as modificações introduzidas pela reforma. O curso ampliou-se de cinco para seis anos,  sendo o sexto  dedicado aos ensinamentos de um lente que seria especialmente contratado e que deveria ensinar ''"Aquitetura civil e corte das pedras e madeiras, o orçamento dos edificios, e tudo o mais o que for relativo ao conhecimento dos materiais que entram na sua composição; como também explicará os melhores métodos que hoje se praticam na construção dos caminhos e calçadas. No mesmo ano se ensinará igualmente a hidraulica e as mais partes que lhe são análogas, como a arquitetura das pontes, canais, diques e comportas"''<ref name=":0">Estatutos da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho da Cidade do Rio de Janeiro (Biblioteca nacional do Rio de Janeiro I-32-13-27), publicados in Cavalcanti, Nireu Oliveira. ''Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798.'' Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007, p. 47-53.</ref>.  
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O "curso de Bélidor", que deveria ser utilizado nos dois primeiros anos, faz referência às obras do engenheiro hispano-francês Bernard Forest de Bélidor (1698-1761), nascido na Catalunia, que lecionou no período de 1720 a 1738 na Academia Militar de La Fère-en-Tardenois, e é autor de manuais de grande divulgação. Os livros em causa seriam o ''Nouveau Cours de Mathématique'' (1725), ''La Science des Ingénieurs dans la conduite des travaux de fortifcations et des bâtiments civils'' (1729-1734) e ''Nouvelle méthode pour jeter des bombes avec précision'' (1731). O ''Nouveau Cours de Mathématique'' encontrava-se dividido em 14 partes identificadas como livros, que corresponderiam às indicadas nos estatutos<ref name=":1" />.  
O "curso de Bélidor", que deveria ser utilizado nos dois primeiros anos, faz referência às obras do engenheiro hispano-francês Bernard Forest de Bélidor (1698-1761), nascido na Catalunia, que lecionou no período de 1720 a 1738 na Academia Militar de La Fère-en-Tardenois, e é autor de manuais de grande divulgação. Os livros em causa seriam o ''Nouveau Cours de Mathématique'' (1725), ''La Science des Ingénieurs dans la conduite des travaux de fortifcations et des bâtiments civils'' (1729-1734) e ''Nouvelle méthode pour jeter des bombes avec précision'' (1731). O ''Nouveau Cours de Mathématique'' encontrava-se dividido em 14 partes identificadas como livros, que corresponderiam às indicadas nos estatutos<ref name=":1" />.  


A "doutrina de Sam Remy" (sic) refere-se a Pierre Surirey de Saint Remy (1645-1716), autor do livro ''Memoires d'Artillerie'' (1697). Obra em dois volumes, que está dividida em quatro partes
A "doutrina de Sam Remy" (sic) refere-se a Pierre Surirey de Saint Remy (1645-1716), autor do livro ''Memoires d'Artillerie'' (1697) que foi utilizado durante muitos anos na formação de oficiais na artilharia francesa. É obra em dois volumes, com diversas pranchas de ilustração, e está dividida em quatro partes: a primeira diz respeito aos oficiais, os seus direitos, imunidades, privilégios e escolas; a segunda apresenta os diversos tipos de armas e os seus usos, a terceira trata de ferramentas, pontes, minas, cabos, técnicas de fabricação e componentes da pólvora; a quarta aborda os arsenais e depósitos de armas<ref name=":1" />.
 
A "artilharia de le Blond", diz respeito ao livros ''L'Artillerie Raisonnée contenant l'usage des différents bouches à feu'' (1761), ''Traité de l'attaque des places'' (1780) e ''Eléments de fortification'' (1786), obras de Guillaume Le Blond (1704-1751)<ref name=":1" />.
 
O "curso de Antoni" refere-se à obra original de Alessandro Papacino d'Antoni (1714-1786) ou cavaleiro d'Antoni que foi diretor da Escola Real de Artilharia de Turim. O manual que escreveu para o curso foi traduzido para o francês em 1777 e depois  traduzido para várias outras línguas europeias.  Pedro Joaquim Xavier, que foi lente da Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, em Lisboa, publicou em 1790 o livro ''Arquitectura militar de Antoni, traduzida do italiano para se explicar na Academia Real de Fortificação''. Esta obra, em 6 tomos com estampas, serviu de texto nas lições da referida Academia por mais de quarenta anos, e teve ao todo três edições, sendo a última feita em 1818-1819.


==Referências bibliográficas==<!-- a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação-->
==Referências bibliográficas==<!-- a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação-->
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Pirassununga, Adailton. ''O Ensino Militar No Brasil (Período Colonial''. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1993.
Pirassununga, Adailton. ''O Ensino Militar No Brasil (Período Colonial''. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1993.


Piva, Teresa. “A Evolução Da Engenharia Militar No Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In ''História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil'', 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.
Piva, Teresa. “A Evolução Da Engenharia Militar No Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In ''História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil'', 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013. https://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/38446/1/A%20evolucao%20da%20engenharia%20no%20Rio%20de%20Janeiro%20de%201765%20a%201810.pdf


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  Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro
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Revisão das 19h15min de 9 de maio de 2019


Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro


História

A Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro reforma e dá contiuidade à anterior Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro, mantendo-se quer o local das aulas (a Casa do Trem de Artilharia), quer o lente principal, António Joaquim de Oliveira. A criação desta academia no Rio de Janeiro vem na sequência da criação da Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho instituida em Lisboa por D. Maria I, em 1790. Os estatutos da Real Academia do Rio de Janeiro datam de 17 de dezembro de 1792 e foram estabelecidos D. José Luís de Castro (1744-1819), 2º Conde de Resende, vice rei entre 1790 e 1801. Em carta dirigida à Martinho de Melo e Castro, o vice rei dizia que tinha escolhido dezembro para inaugurar a academia, por ser o mês de aniversário da rainha, e que umgrande número de oficiais e muitas pessoas, além dos matriculados, tinham assistido ao evento[1].

Foram várias as modificações introduzidas pela reforma. O curso ampliou-se de cinco para seis anos, sendo o sexto dedicado aos ensinamentos de um lente que seria especialmente contratado e que deveria ensinar "Aquitetura civil e corte das pedras e madeiras, o orçamento dos edificios, e tudo o mais o que for relativo ao conhecimento dos materiais que entram na sua composição; como também explicará os melhores métodos que hoje se praticam na construção dos caminhos e calçadas. No mesmo ano se ensinará igualmente a hidraulica e as mais partes que lhe são análogas, como a arquitetura das pontes, canais, diques e comportas"[2].

Roberta Delson nota que "A este respeito, os estudantes no Brasil estudavam uma combinação de arquitetura naval militar e civil, de um modo muito semelhante ao exigido aos seus colegas franceses colocados no Corps des Ponts e Chaussés"[3]. Embora se deva lembrar, como faz Beatriz Bueno, que a base da formação nas escolas portuguesas mesclava as atribuições típicas do engenheiro civil com as do tradicional engenheiro militar, ao contrário da escola francesa, onde se observa a progressiva separação das formações civil e militar. No Brasil tal especialização ocorreria apenas com a fundação da Escola Central (1858) e da Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1874)[4].

Os estatutos definiam ainda que "nos primeiros dois anos se ensinará o curso de Belidor. No terceiro ano se ensinará a teórica de artilharia, das minas e contra-minas, e a sua aplicação ao ataque e defesa das das praças, o que se fará pela doutrina de Sam Remy na conformidade do plano do regimento de artilharia ou (o que é o mesmo) pela Artilharia de le Blond. No quarto ano se ensinará a fortificação regular, o ataque e defensa das praças e os principios fundamentais de qualquer fortificação. No quinto ano se ensinará a fortificação irregular, a fortificação efetiva e a fortificação de campanha, no que se seguirá a doutrina do curso de Antoni, cuja instrução dos ditos cinco anos será dada pelo lente do regimento de artilharia desta cidade."[2].

O curso implicava um conjunto de formações diferenciadas. Os militares de infantaria e cavalaria terminavam o seu curso ao fim do terceiro ano. Os de artilharia deveriam ir até ao quinto. Os que quisessem seguir a profissão de engenheiros e estivessem providos em algum dos seis partidos da aula, deveriam seguir os seis anos de formação. Para serem admitidos como discípulos todos os candidatos deveriam dar prova, por exame, de que sabiam as "quatro espécies de aritmética ordinária" e eram obrigados a mostrar, ao longo dos três primeiros anos (perante o primeiro lente) que entendiam suficientemente a língua francesa. Ao fim do segundo ano todos os discípulos deveriam fazer exames pelos quais se qualificariam para poder entrar no terceiro ano. Igual procedimento se repetia no quarto e no quinto com aqueles que continuassem os estudos. No exame do segundo ano, os que se destinavam ao serviço de infantaria e cavalaria, para poderem passar ao seu terceiro e último ano, deveriam ser aprovados até ao décimo Livro do Curso de Bélidor. Os que quisessem seguir a profissão de engenheiros, além de comprovar, por exame, que sabiam (ao menos) a doutrina correspondente ao primeiro ano deveriam, desde logo, ter uma constituição robusta e sem defeito algum na vista ou tremura na mão[2].

As matérias até ao quinto ano seriam da responsbilidade do lente do regimento de artilharia, inicialmente e até 1795, António Joaquim de Oliveira. Estava prevista, como vimos, a contratação de um lente para o sexto ano, mas não sabemos se tal foi efetivado. Previa-se também que os dois lentes principais tivessem primeiro e segundo substitutos "também para os ajudar nos exercícios práticos e ainda nas lições especulativas e de desenho". A valorização do saber prático era afirmada nos estatutos, obrigando-se os lentes a sair ao campo com os seus discípulos para os exercitar na prática. No exame prático do segundo ano se testaria a capacidade de "medir distâncias inacessíveis, nivelar terrenos e tirar diversas plantas". No terceiro ano se deveria ensinar o manejo das bocas de fogo e a construção de baterias. No quarto ensinar-se-ia a "desenhar sobre o terreno qualuer fortificação regular e se delineará também sobre o mesmo terreno as principais obras de ataque e defesa das praças". No quinto se deveria formar sobre o terreno alguma obra de fortificação de campanha, assim como se ensinaria a castrametração. No sexto ano sugeria-se que se o lente estivesse encarregado de alguma obra poderia exercitar os seus discípulos fazendo-os acompanhar as matérias que fossem aprendendo com o exemplo prático das obras em curso[2].

As lições teóricas duravam duas horas e decorriam às segundas, quartas e sextas pela manhã, depois do que os professores deveriam exercitar os seus alunos por uma hora e um quarto na execução de desenhos relativos à materia do ano em curso. As férias ocorriam entre 21 de Dezembro e 6 de Janeiro, na semana santa e semana da páscoa e ainda na semana da festa do Espirito Santo[2].

Os discípulos que se destinassem servir na infantaria ou na cavalaria seriam atendidos nos seus pedidos de colocação conforme a sua aplicação nos estudos. Para os que pretendessem servir na artilharia, as suas classificações na Real Academia prevaleceriam às reivindicações de antiguidade. Os partidistas, depois dos seis anos de formação deveriam servir um ano no regimento de artilharia como primeiro-tenentes, agregados a alguma das companhias graduadas. Depois disso e de aprovados nos seus exames, os seus professores os poderiam propor como ajudantes engenheiros e o vice-rei apresentaria as propostas ao rei[2].

Os estatutos previam que a academia devia ter um secretário, que teria por obrigação fazer as matrículas e assentos e passar as certidões dos alunos. No arquivo da academia deveria haver um livro onde seria apontado circunstanciadamente o merecimento de cada um dos alunos, mas nas certidões se indicaria apenas a frequencia e aprovação. O sercretário deveria também cuidar do arranjo e ordem da biblioteca militar e da conservação das plantas e mapas no depósito. No arquivo deveriam ser guardados não só os desenhos dos discípulos, assim como todas as plantas, cartas e projetos militares que resultassem das diligencias executadas pelos oficiais engenheiros[2].

Segundo Pirassununga, no primeiro ano do curso matricularam-se 73 alunos, cujos nomes aponta no seu livro, embora sem indicar a fonte[5].

Outras informações

Professores

António Joaquim de Oliveira

Curriculums

As matérias ministradas no curso tinham por base os livros indicados nos estatutos.

O "curso de Bélidor", que deveria ser utilizado nos dois primeiros anos, faz referência às obras do engenheiro hispano-francês Bernard Forest de Bélidor (1698-1761), nascido na Catalunia, que lecionou no período de 1720 a 1738 na Academia Militar de La Fère-en-Tardenois, e é autor de manuais de grande divulgação. Os livros em causa seriam o Nouveau Cours de Mathématique (1725), La Science des Ingénieurs dans la conduite des travaux de fortifcations et des bâtiments civils (1729-1734) e Nouvelle méthode pour jeter des bombes avec précision (1731). O Nouveau Cours de Mathématique encontrava-se dividido em 14 partes identificadas como livros, que corresponderiam às indicadas nos estatutos[1].

A "doutrina de Sam Remy" (sic) refere-se a Pierre Surirey de Saint Remy (1645-1716), autor do livro Memoires d'Artillerie (1697) que foi utilizado durante muitos anos na formação de oficiais na artilharia francesa. É obra em dois volumes, com diversas pranchas de ilustração, e está dividida em quatro partes: a primeira diz respeito aos oficiais, os seus direitos, imunidades, privilégios e escolas; a segunda apresenta os diversos tipos de armas e os seus usos, a terceira trata de ferramentas, pontes, minas, cabos, técnicas de fabricação e componentes da pólvora; a quarta aborda os arsenais e depósitos de armas[1].

A "artilharia de le Blond", diz respeito ao livros L'Artillerie Raisonnée contenant l'usage des différents bouches à feu (1761), Traité de l'attaque des places (1780) e Eléments de fortification (1786), obras de Guillaume Le Blond (1704-1751)[1].

O "curso de Antoni" refere-se à obra original de Alessandro Papacino d'Antoni (1714-1786) ou cavaleiro d'Antoni que foi diretor da Escola Real de Artilharia de Turim. O manual que escreveu para o curso foi traduzido para o francês em 1777 e depois traduzido para várias outras línguas europeias. Pedro Joaquim Xavier, que foi lente da Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, em Lisboa, publicou em 1790 o livro Arquitectura militar de Antoni, traduzida do italiano para se explicar na Academia Real de Fortificação. Esta obra, em 6 tomos com estampas, serviu de texto nas lições da referida Academia por mais de quarenta anos, e teve ao todo três edições, sendo a última feita em 1818-1819.

Referências bibliográficas

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 Piva, Teresa. “A Evolução da Engenharia Militar no Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil, 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 Estatutos da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho da Cidade do Rio de Janeiro (Biblioteca nacional do Rio de Janeiro I-32-13-27), publicados in Cavalcanti, Nireu Oliveira. Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798. Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007, p. 47-53.
  3. Delson, Roberta Marx. “Para o Entendimento Da Educação Colonial: O Papel Das Academias Militares No Brasl Colónia.” In Colectânea de Estudos Universo Urbanístico Português 1415-1822, 225–44. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1998, p. 237-238.
  4. Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011, p. 218.
  5. Pirassununga, Adailton. O Ensino Militar No Brasil (Período Colonial. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1993.


Bibliografia e Fontes

Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011.

Cavalcanti, Nireu Oliveira. Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798. Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007.

Delson, Roberta Marx. “Para o Entendimento Da Educação Colonial: O Papel Das Academias Militares No Brasl Colónia.” In Colectânea de Estudos Universo Urbanístico Português 1415-1822, 225–44. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1998.

Pirassununga, Adailton. O Ensino Militar No Brasil (Período Colonial. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1993.

Piva, Teresa. “A Evolução Da Engenharia Militar No Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil, 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013. https://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/38446/1/A%20evolucao%20da%20engenharia%20no%20Rio%20de%20Janeiro%20de%201765%20a%201810.pdf

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Renata Araujo

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Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro





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