Henrique João Wilkens: diferenças entre revisões

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===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->


Henrique João Wilkens nasceu em 1736 e morreu em 2 de outubro de 1802. As indicações bibliográficas divergem quanto à sua nacionalidade que poderia ser inglesa ou portuguesa. Viterbo supôs que fosse inglês, pois seguramente "falava, lia e escrevia neste idioma"<ref name=":0" />. Mas Francisco Xavier de Mendonça Furtado diz em uma carta que ele era "nascido e criado em Portugal"<ref name=":1" />.
Henrique João Wilkens nasceu em 1736 e morreu em 2 de outubro de 1802. As indicações bibliográficas divergem quanto à sua nacionalidade que poderia ser inglesa ou portuguesa. Viterbo supôs que fosse inglês, pois seguramente ''"falava, lia e escrevia neste idioma"''<ref name=":0" />. Mas Francisco Xavier de Mendonça Furtado diz em uma carta que ele era "nascido e criado em Portugal"<ref name=":1" />.


Em 1753, integrou a comitiva que foi para o Grão Pará acompanhando ao Governador e Plenipotenciário das Demarcações, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Sebastião de Carvalho e Melo, então Conde de Oeiras e futuro Marquês de Pombal. Em 9 de março de 1754, numa carta endereçada ao irmão, Mendonça Furtado refere a um rapaz, enteado do boticário da rainha-mãe que o governador tinha feito assentar praça como soldado e, como tinha noções de geometria, foi entregue ao matemático e astrónomo Pe. Inácio  Smartoni para ser educado na engenharia e este agora pedia o posto de ajudante engenheiro, pelo que encaminhava ao rei este pedido<ref name=":1">Mendonça, Marcos Carneiro de. ''A Amazonia Na Era Pombalina''. 3 vols. Rio de Janeiro: IHGB, 1963, pp. 535, 712, 745. </ref>. Em 7 de setembro de 1755, refere novamente na correspondência com o irmão, a uma carta datada de 15 de março do mesmo ano em que se lhe ordena passar patente de ajudante engenheiro a Wilkens, que é identificado como o protegido da rainha-mãe<ref name=":1" />.
Em 1753, integrou a comitiva que foi para o Grão Pará acompanhando ao Governador e Plenipotenciário das Demarcações, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Sebastião de Carvalho e Melo, então Conde de Oeiras e futuro Marquês de Pombal. Em 9 de março de 1754, numa carta endereçada ao irmão, Mendonça Furtado refere a um rapaz, enteado do boticário da rainha-mãe que o governador tinha feito assentar praça como soldado e, como tinha noções de geometria, foi entregue ao matemático e astrónomo Pe. Inácio  Smartoni para ser educado na engenharia e este agora pedia o posto de ajudante engenheiro, pelo que encaminhava ao rei este pedido<ref name=":1">Mendonça, Marcos Carneiro de. ''A Amazonia Na Era Pombalina''. 3 vols. Rio de Janeiro: IHGB, 1963, pp. 535, 712, 745. </ref>. Em 7 de setembro de 1755, refere novamente na correspondência com o irmão, a uma carta datada de 15 de março do mesmo ano em que se lhe ordena passar patente de ajudante engenheiro a Wilkens, que é identificado como o protegido da rainha-mãe<ref name=":1" />.
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Desde 1753 até 1802, Henrique Wilkens residiu na Amazónia realizando vários  trabalhos relativos às demarcações de limites e outros. Casou-se com Inês Aranha, natural do Pará. Em 1779 faz um pedido para ir à corte<ref>Arquivo Histórico Ultramarino_ACL_CU_013_Cx.84, D.6885. 1779, Dezembro,14. Consulta do Conselho Ultramarino sobre o requerimento do capitão de Infantaria com exercício de engenheiro Henrique João Wilkens solicitando licença para ir a corte. </ref>. Refere nesta circunstância a um acidente que lhe tinha deixado cego do olho esquerdo e a problemas de saúde da sua mulher, que o deveria acompanhar na viagem. A autorização é concedida, mas a viagem provavelmente não se realizou, pois em documento datado de 10 de Agosto de 1800, volta a pedir para ir a corte acompanhado de algum filho ou neto. Refere nesta circunstância à sua numerosa família. Contudo o seu único filho conhecido é [[José Joaquim Wilkens]] que também seguiu carreira como militar no Pará. Sabe-se ainda que uma filha de Wilkens, chamada Joana, casou-se com Severino Eusébio de Matos, que foi diretor da Vila de Barcelos e que ambos são os pais de [[João Henrique de Matos]], nascido em 1784, que vira a ser coronel e  importante político do século XIX no Estado do Amazonas. Henrique João Wilkens morreu a 2 de outubro de 1802, na cachoeira do Salto, no rio Madeira, para onde tinha sido enviado para o estabelecimento de uma nova povoação.   
Desde 1753 até 1802, Henrique Wilkens residiu na Amazónia realizando vários  trabalhos relativos às demarcações de limites e outros. Casou-se com Inês Aranha, natural do Pará. Em 1779 faz um pedido para ir à corte<ref>Arquivo Histórico Ultramarino_ACL_CU_013_Cx.84, D.6885. 1779, Dezembro,14. Consulta do Conselho Ultramarino sobre o requerimento do capitão de Infantaria com exercício de engenheiro Henrique João Wilkens solicitando licença para ir a corte. </ref>. Refere nesta circunstância a um acidente que lhe tinha deixado cego do olho esquerdo e a problemas de saúde da sua mulher, que o deveria acompanhar na viagem. A autorização é concedida, mas a viagem provavelmente não se realizou, pois em documento datado de 10 de Agosto de 1800, volta a pedir para ir a corte acompanhado de algum filho ou neto. Refere nesta circunstância à sua numerosa família. Contudo o seu único filho conhecido é [[José Joaquim Wilkens]] que também seguiu carreira como militar no Pará. Sabe-se ainda que uma filha de Wilkens, chamada Joana, casou-se com Severino Eusébio de Matos, que foi diretor da Vila de Barcelos e que ambos são os pais de [[João Henrique de Matos]], nascido em 1784, que vira a ser coronel e  importante político do século XIX no Estado do Amazonas. Henrique João Wilkens morreu a 2 de outubro de 1802, na cachoeira do Salto, no rio Madeira, para onde tinha sido enviado para o estabelecimento de uma nova povoação.   
===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
Começou por servir no estado do Grão-Pará como soldado, em 1753. Completou a sua formação em Belém, no colégio jesuíta de Santo Alexandre, sob a tutela do Padre [[Inácio Smartoni|Inácio Smartoni.]] Ainda em 1753 Wilkens refere ter sido "empregado no conhecimento de toda a costa do Marajó, com os mais engenheiros,nas observações astronómicas com o Pe. Samartoni, nesta cidade e em Colares, nas mesmas observações em Macapá, na configuração do mapa do Amazonas, em primeiro uso que se fez do outante Hadleiano, para o dito fim"<ref name=":2">Amoroso, Marta Rosa, and Farage, Nádia. ''Relatos Da Fronteira Amazônica No Século XVIII. Documentos de Henrique João Wilkens e Alexandre Rodrigues Ferreira''. São Paulo: NHII-USP, 1994, p. 65.</ref>. Em 1754 vai para o arraial de Mariuá e é enviado em missão ao Rio Negro juntamente com [[António José Landi]]. Nesta ocasião diz que construiu e formalizou o primeiro mapa desde o arraial (futura vila de Barcelos) até as cachoeiras, até então desconhecidas. Afirma ainda que participou nas observações astronómicas feitas no rio Madeira e no rio Solimões, com o astrónomo [[João Angelo Brunelli]] <ref name=":2" />.  
Começou por servir no estado do Grão-Pará como soldado, em 1753. Completou a sua formação em Belém, no colégio jesuíta de Santo Alexandre, sob a tutela do Padre [[Inácio Smartoni|Inácio Smartoni.]] Ainda em 1753 Wilkens refere ter sido ''"empregado no conhecimento de toda a costa do Marajó, com os mais engenheiros,nas observações astronómicas com o Pe. Samartoni, nesta cidade e em Colares, nas mesmas observações em Macapá, na configuração do mapa do Amazonas, em primeiro uso que se fez do outante Hadleiano, para o dito fim"''<ref name=":2">Amoroso, Marta Rosa, and Farage, Nádia. ''Relatos Da Fronteira Amazônica No Século XVIII. Documentos de Henrique João Wilkens e Alexandre Rodrigues Ferreira''. São Paulo: NHII-USP, 1994, p. 65.</ref>. Em 1754 vai para o arraial de Mariuá e é enviado em missão ao Rio Negro juntamente com [[António José Landi]]. Nesta ocasião diz que construiu e formalizou o primeiro mapa desde o arraial (futura vila de Barcelos) até as cachoeiras, até então desconhecidas. Afirma ainda que participou nas observações astronómicas feitas no rio Madeira e no rio Solimões, com o astrónomo [[João Angelo Brunelli]] <ref name=":2" />.  


Em 1755 recebe a patente de ajudante de infantaria com exercício de engenheiro. Mendonça Furtado cogita integrá-lo na equipe de demarcação do Mato Grosso, juntamente o Pe. Smartoni, com quem Wilkens reside até as vésperas da expulsão dos jesuítas do Grão Pará, em 1759. Em 1756 foi enviado por Mendonça Furtado à aldeia dos Abacaxis (futura vila de Borba), no rio Madeira, onde terá realizado as observações astronómicas que refere. A partir de 1762 está envolvido na fortificação de Macapá, tendo participado na primeira fortificação de campanha e depois na construção da praça e fortificação regular segundo o projeto do Sargento Mor [[Henrique António Galluzzi]].   
Em 1755 recebe a patente de ajudante de infantaria com exercício de engenheiro. Mendonça Furtado cogita integrá-lo na equipe de demarcação do Mato Grosso, juntamente o Pe. Smartoni, com quem Wilkens reside até as vésperas da expulsão dos jesuítas do Grão Pará, em 1759. Em 1756 foi enviado por Mendonça Furtado à aldeia dos Abacaxis (futura vila de Borba), no rio Madeira, onde terá realizado as observações astronómicas que refere. A partir de 1762 está envolvido na fortificação de Macapá, tendo participado na primeira fortificação de campanha e depois na construção da praça e fortificação regular segundo o projeto do Sargento Mor [[Henrique António Galluzzi]].   
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A 26 de setembro de 1794 foi feito tenente-coronel com exercício de engenheiro no Real Corpo de Engenheiros<ref name=":0">Viterbo. <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, Vol III, 196-197.</ref>.  
A 26 de setembro de 1794 foi feito tenente-coronel com exercício de engenheiro no Real Corpo de Engenheiros<ref name=":0">Viterbo. <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, Vol III, 196-197.</ref>.  


Em 1799 é candidato à sucessão de Lobo de Almada para o governo da capitania do Rio Negro, mas é preterido pelo Tenente José António Salgado. Em 1800 escreve uma longa carta em tom auto biográfico pedindo para ir à corte, acompanhado de algum filho ou neto, "para representar a sua justiça e razão aos pés de Sua Alteza Real"<ref name=":2" />. Elabora neste ano um parecer sobre as comunicações entre as povoações do rio Negro e do Solimões.   
Em 1799 é candidato à sucessão de Lobo de Almada para o governo da capitania do Rio Negro, mas é preterido pelo Tenente José António Salgado. Em 1800 escreve uma longa carta em tom auto biográfico pedindo para ir à corte, acompanhado de algum filho ou neto, ''"para representar a sua justiça e razão aos pés de Sua Alteza Real"''<ref name=":2" />. Elabora neste ano um parecer sobre as comunicações entre as povoações do rio Negro e do Solimões.   
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Revisão das 19h53min de 6 de dezembro de 2022


Henrique João Wilkens
Nome completo Henrique João Wilkens
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge Inês Aranha
Filho(s) José Joaquim Wilkens, José Joaquim Wilkens, Joana
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 1736
Morte 2 outubro 1802
Mato Grosso, Brasil
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Belém, Pará, Brasil
Data Início: 1753
Fim: 1759

Residência Macapá, Amapá, Brasil
Data Início: 1762
Fim: 1777

Residência Amazonas, Brasil
Data Início: 1781
Fim: 1788
Formação
Formação Engenharia Militar
Data Início: 1753
Fim: 1755
Local de Formação Belém, Pará, Brasil
Postos
Posto Soldado
Data Início: 1753
Fim: 1755
Arma Infantaria

Posto Ajudante
Data Início: 1755
Fim: 1764
Arma Infantaria

Posto Capitão
Data Início: 1764
Fim: 1780
Arma Infantaria
Actividade
Actividade Levantamento do território
Data Início: 1753
Fim: 1753
Local de Actividade Marajó, Pará, Brasil

Actividade Desenho cartográfico
Data Início: 1754
Fim: 1754
Local de Actividade Rio Negro, Amazônia

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 1762
Fim: 1777
Local de Actividade Macapá, Amapá, Brasil

Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1762
Fim: 1777
Local de Actividade Macapá, Amapá, Brasil

Actividade Demarcação de fronteira
Data Início: 1780
Fim: 1800
Local de Actividade Rio Negro, Amazônia


Biografia

Dados biográficos

Henrique João Wilkens nasceu em 1736 e morreu em 2 de outubro de 1802. As indicações bibliográficas divergem quanto à sua nacionalidade que poderia ser inglesa ou portuguesa. Viterbo supôs que fosse inglês, pois seguramente "falava, lia e escrevia neste idioma"[1]. Mas Francisco Xavier de Mendonça Furtado diz em uma carta que ele era "nascido e criado em Portugal"[2].

Em 1753, integrou a comitiva que foi para o Grão Pará acompanhando ao Governador e Plenipotenciário das Demarcações, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Sebastião de Carvalho e Melo, então Conde de Oeiras e futuro Marquês de Pombal. Em 9 de março de 1754, numa carta endereçada ao irmão, Mendonça Furtado refere a um rapaz, enteado do boticário da rainha-mãe que o governador tinha feito assentar praça como soldado e, como tinha noções de geometria, foi entregue ao matemático e astrónomo Pe. Inácio Smartoni para ser educado na engenharia e este agora pedia o posto de ajudante engenheiro, pelo que encaminhava ao rei este pedido[2]. Em 7 de setembro de 1755, refere novamente na correspondência com o irmão, a uma carta datada de 15 de março do mesmo ano em que se lhe ordena passar patente de ajudante engenheiro a Wilkens, que é identificado como o protegido da rainha-mãe[2].

Desde 1753 até 1802, Henrique Wilkens residiu na Amazónia realizando vários trabalhos relativos às demarcações de limites e outros. Casou-se com Inês Aranha, natural do Pará. Em 1779 faz um pedido para ir à corte[3]. Refere nesta circunstância a um acidente que lhe tinha deixado cego do olho esquerdo e a problemas de saúde da sua mulher, que o deveria acompanhar na viagem. A autorização é concedida, mas a viagem provavelmente não se realizou, pois em documento datado de 10 de Agosto de 1800, volta a pedir para ir a corte acompanhado de algum filho ou neto. Refere nesta circunstância à sua numerosa família. Contudo o seu único filho conhecido é José Joaquim Wilkens que também seguiu carreira como militar no Pará. Sabe-se ainda que uma filha de Wilkens, chamada Joana, casou-se com Severino Eusébio de Matos, que foi diretor da Vila de Barcelos e que ambos são os pais de João Henrique de Matos, nascido em 1784, que vira a ser coronel e importante político do século XIX no Estado do Amazonas. Henrique João Wilkens morreu a 2 de outubro de 1802, na cachoeira do Salto, no rio Madeira, para onde tinha sido enviado para o estabelecimento de uma nova povoação.

Carreira

Começou por servir no estado do Grão-Pará como soldado, em 1753. Completou a sua formação em Belém, no colégio jesuíta de Santo Alexandre, sob a tutela do Padre Inácio Smartoni. Ainda em 1753 Wilkens refere ter sido "empregado no conhecimento de toda a costa do Marajó, com os mais engenheiros,nas observações astronómicas com o Pe. Samartoni, nesta cidade e em Colares, nas mesmas observações em Macapá, na configuração do mapa do Amazonas, em primeiro uso que se fez do outante Hadleiano, para o dito fim"[4]. Em 1754 vai para o arraial de Mariuá e é enviado em missão ao Rio Negro juntamente com António José Landi. Nesta ocasião diz que construiu e formalizou o primeiro mapa desde o arraial (futura vila de Barcelos) até as cachoeiras, até então desconhecidas. Afirma ainda que participou nas observações astronómicas feitas no rio Madeira e no rio Solimões, com o astrónomo João Angelo Brunelli [4].

Em 1755 recebe a patente de ajudante de infantaria com exercício de engenheiro. Mendonça Furtado cogita integrá-lo na equipe de demarcação do Mato Grosso, juntamente o Pe. Smartoni, com quem Wilkens reside até as vésperas da expulsão dos jesuítas do Grão Pará, em 1759. Em 1756 foi enviado por Mendonça Furtado à aldeia dos Abacaxis (futura vila de Borba), no rio Madeira, onde terá realizado as observações astronómicas que refere. A partir de 1762 está envolvido na fortificação de Macapá, tendo participado na primeira fortificação de campanha e depois na construção da praça e fortificação regular segundo o projeto do Sargento Mor Henrique António Galluzzi.

Em 14 de agosto de 1764 foi promovido a capitão de infantaria com exercício de engenheiro, com soldo dobrado[1] e, em 1769, depois da morte de Galluzzi, Wilkens assume a direção da obra da fortaleza de Macapá. Há uma série de relatórios seus sobre esta fortaleza no Arquivo Histórico Ultramarino.

Em 11 de agosto de 1780 foi nomeado segundo comissário para as demarcações do Rio Negro e recebe a patente de sargento-mor de artilharia com exercício de engenheiro[1]. De 23 de fevereiro a 19 de junho de 1781 comanda a Viagem ao rio Japurá, escrevendo o seu diário[4]. Em 1785, Wilkens estava em Ega (hoje Tefé), ponto de encontro das comitivas portuguesa e espanhola. É o ano da conversão dos índios Mura, no lago Amaná, no rio Japurá. Wilkens escreve neste ano o poema Muhuraida, ou o Triunfo da Fé[5]. É encarregado pelo Governador João Pereira Caldas de cuidar da fortificação do Rio Negro e escreve, a pedido do Primeiro Comissário das Demarcações João Batista Mardel, um plano de defesa para aquela região que consiste na manutenção de um exército armado na linha da fronteira.

Em 1786 Wilkens chega ao quartel espanhol de Mainas e em 1787 é encarregado de organizar a expedição de reconhecimento dos rios Javari e Juruá[6].

Em 1788, sob encargo de Pereira Caldas, organiza o recenseamento dos estabelecimentos dos índios Mura e recepciona em Ega o Bispo do Pará Frei D. Caetano Brandão, em visita pastoral. Começa a ter problemas com o governador Gama Lobo de Almada, por discordar da sua política relativamente aos espanhóis[7].

A 26 de setembro de 1794 foi feito tenente-coronel com exercício de engenheiro no Real Corpo de Engenheiros[1].

Em 1799 é candidato à sucessão de Lobo de Almada para o governo da capitania do Rio Negro, mas é preterido pelo Tenente José António Salgado. Em 1800 escreve uma longa carta em tom auto biográfico pedindo para ir à corte, acompanhado de algum filho ou neto, "para representar a sua justiça e razão aos pés de Sua Alteza Real"[4]. Elabora neste ano um parecer sobre as comunicações entre as povoações do rio Negro e do Solimões.

Outras informações

Obras

No Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro consta um álbum que contém cópias de plantas de sua autoria.

Coleção Relativa à Fortaleza de Macapá – Doze mapas coloridos, cópias de outros desenhos de diversos autores e datas (incluindo Henrique João Wilkens e Francisco José da Costa Roxa e Mendonça), em papel canson, em bom estado, medindo 56cm x 33,5cm. Alguns desenhos executados pelo cadete João Henrique de Matos e outros por Ignácio António da Silva, 2º Tenente de Artilharia. (c. 1805)[8].

O poema escrito em 1785 foi publicado em foma de livro em 1993.

Wilkens, Henrique João. Muhuraida ou o Triunfo da Fé. Rio de Janeiro e Manaus: Biblioteca Nacional / UFAM / Governo do Estado do Amazonas, 1993.

Notas

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 Viterbo. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol III, 196-197.
  2. 2,0 2,1 2,2 Mendonça, Marcos Carneiro de. A Amazonia Na Era Pombalina. 3 vols. Rio de Janeiro: IHGB, 1963, pp. 535, 712, 745.
  3. Arquivo Histórico Ultramarino_ACL_CU_013_Cx.84, D.6885. 1779, Dezembro,14. Consulta do Conselho Ultramarino sobre o requerimento do capitão de Infantaria com exercício de engenheiro Henrique João Wilkens solicitando licença para ir a corte.
  4. 4,0 4,1 4,2 4,3 Amoroso, Marta Rosa, and Farage, Nádia. Relatos Da Fronteira Amazônica No Século XVIII. Documentos de Henrique João Wilkens e Alexandre Rodrigues Ferreira. São Paulo: NHII-USP, 1994, p. 65.
  5. Wilkens, Henrique João. Muhuraida ou o Triunfo da Fé. Rio de Janeiro e Manaus: Biblioteca Nacional / UFAM / Governo do Estado do Amazonas, 1993.
  6. Arquivo Histórico Ultramarino_ACL_CU_020, cx.13, D.477. 1787, Abril, 30.
  7. Reis, Artur César Ferreira. Lobo d’Almada Um Estadista Colonial. Manaus, 1940, pp. 138-141.
  8. Arquivo Histórico do Exército - Brasil (AHEx). Cota: AHE 06.30.2627

Fontes

Arquivo Histórico do Exército - Brasil (AHEx)

Arquivo Histórico Ultramarino_ACL_CU_013_Cx.84, D.6885. 1779, Dezembro,14. Consulta do Conselho Ultramarino sobre o requerimento do capitão de Infantaria com exercício de engenheiro Henrique João Wilkens solicitando licença para ir a corte.

Arquivo Histórico Ultramarino_ACL_CU_020, Cx.13, D.477. 1787, Abril, 30.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, CHR D. Maria I, l. 6, fl. 75v (nomeação como segundo comissário das Demarcações no Rio Negro e patente de Sargento Mor de Artilharia com exercício de Engenheiro).

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Decretos remetidos ao Conselho de Guerra, m. 152, doc. 127 (patente de Tenente Coronel com exercício no Real Corpo de Engenheiros)

Arquivo do Conselho Ultramarino, Ofícios e Mercês, l. 38, fl. 101 (Carta patente de Capitão de Infantaria com exercício de Engenheiro).

Bibliografia

Amoroso, Marta Rosa, and Farage, Nádia. Relatos Da Fronteira Amazônica No Século XVIII. Documentos de Henrique João Wilkens e Alexandre Rodrigues Ferreira. São Paulo: NHII-USP, 1994.

Mendonça, Marcos Carneiro de. A Amazonia Na Era Pombalina. 3 vols. Rio de Janeiro: IHGB, 1963.

Moreira Neto, Carlos de Araújo. Henrique João Wilkens e os índios Mura. Rio de Janeiro: Anais da Biblioteca Nacional, 1989.

Reis, Artur César Ferreira. Lobo d’Almada Um Estadista Colonial. Manaus, 1940.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol III. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922.

Wilkens, Henrique João. Muhuraida ou o Triunfo da Fé. Rio de Janeiro e Manaus: Biblioteca Nacional / UFAM / Governo do Estado do Amazonas, 1993

Ligações Externas

Caldas, Yurgel Pantoja. "O Triunfo da Fé no Poema Muhuraida de Henrique João Wilkens." Anais do SETA. 1 (2007).

Caldas, Yurgel. "Eles são muitos e incontáveis: estratégias coloniais e migratórias dos índios Mura contra o processo pombalino para o domínio amazônico, a partir de Muhuraida, de Henrique João Wilkens". Novos Cadernos NAEA, vol. 13, n. 1 (2010). https://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/issue/view/32/showToc

Costa, Verónica Prudente. "Muraida. A tradição literária de viagens em questão." Tese de Doutoramento. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013.

Faria, M. F. "Ingegneria militare nel Brasile settecentesco: cartografia, urbanismo e fortificazione" In Del Brenna, G. R. (ed.), La costruzione di uno nuovo mondo: territorio, cità, architectura tra Europa e America Latina dal XVI al XVIII secolo. Genova: Sagep Editrice, 1994. 201-226.

Góis, Sales Marciel. "Henrique João Wilkens: um poeta pioneiro no Amazonas" In Mundo Amazonico 4 (2013): 183-197.

Autor(es) do artigo

Renata Araújo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/ezqf-tsym

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