Jerónimo Velho de Azevedo: diferenças entre revisões

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Neste período contaria já com a ajuda do seu filho [[António Velho de Azevedo]], que por volta de 1683 tinha ido "visitar a costa, barras e enseadas e lugares marítimos daquela Província [da Beira] [...] ajudando a seu Pai o Sargento mor engenheiro Jerónimo Velho de Azevedo no grande trabalho que teve em medir as distâncias, tomar as alturas e fazer o mapa de toda a costa marítima<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 55, 8 de Janeiro de 1696.</ref> <ref>Soromenho, "Descrever, registar, instruir", 23.</ref>".
Neste período contaria já com a ajuda do seu filho [[António Velho de Azevedo]], que por volta de 1683 tinha ido "visitar a costa, barras e enseadas e lugares marítimos daquela Província [da Beira] [...] ajudando a seu Pai o Sargento mor engenheiro Jerónimo Velho de Azevedo no grande trabalho que teve em medir as distâncias, tomar as alturas e fazer o mapa de toda a costa marítima<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 55, 8 de Janeiro de 1696.</ref> <ref>Soromenho, "Descrever, registar, instruir", 23.</ref>".


Terá trabalhado quase sempre na província da Beira, havendo no entanto referência a uma deslocação a Chaves em 1700, onde assistiu Michel de Lescole<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, nº 11, 20 de Abril de 1700.</ref> <ref>Chaby, ''Synopse dos Decretos'', III: 313-315.</ref>.
Terá trabalhado quase sempre na província da Beira, havendo no entanto referência a uma deslocação a Chaves em 1700, onde assistiu Michel de Lescole<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, nº 11, 20 de Abril de 1700.</ref> <ref>Chaby, ''Synopse dos Decretos'', III: 313-315.</ref>. Em 1701, tendo já recebido a patente de Tenente-General de Artilharia, foi encarregado do Governo das Armas da Praça de Almeida<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 60, nº 34, 25 de Agosto de 1701.</ref> <ref>Chaby, ''Synopse dos Decretos,'' III: 326.</ref>.


===Outras informações===
===Outras informações===

Revisão das 19h20min de 23 de abril de 2021


Jerónimo Velho de Azevedo
Nome completo Jerónimo Velho de Azevedo
Outras Grafias Jerónimo Velho, Hyeronimo Velho de Azeuedo
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge Mécia Coelha
Filho(s) António Velho de Azevedo, José Velho de Azevedo
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento valor desconhecido
Braga, Braga, Portugal
Morte 1707
Sexo Masculino
Religião Cristã
Residência
Residência Almeida, Guarda, Portugal
Data Início: 1661
Formação
Formação Engenharia Militar
Data Fim: 1661
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Ajudante
Data Início: 1661
Fim: 1670

Posto Capitão Engenheiro
Data Início: 1670
Fim: 1677
Arma Infantaria

Posto Sargento-mor
Data Início: 13 de outubro de 1677
Cargos
Cargo Engenheiro
Data Início: 1670

Cargo Professor
Data Início: 06 de setembro de 1686

Cargo Governador
Data Início: 1701
Actividade
Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1661
Local de Actividade Beira Alta, Portugal

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1674
Local de Actividade Almeida, Guarda, Portugal

Actividade Professor
Data Início: 1686
Local de Actividade Almeida, Guarda, Portugal

Actividade Levantamento do território
Data Início: 1693
Local de Actividade Beira Alta, Portugal

Actividade Reparação
Data Início: 1684
Local de Actividade Pinhel, Guarda, Portugal


Biografia

Dados biográficos

Natural de Braga.

Terá estudado na Aula de Fortificação de Lisboa, pois foi examinado em 1661 por Luís Serrão Pimentel, assistido por Bartolomeu Zenit, Diogo Truel de Cohon e o sargento-mor Simão Madeira[1] [2].

Pai de António Velho de Azevedo e José Velho de Azevedo, também engenheiros militares. Sabe-se que já tinha falecido em 1707.[3]

Carreira

Começou a prestar serviço em 1661 na Beira como ajudante de fortificação[4], assistindo Diogo Truel de Cohon, o engenheiro das fortificações da mesma província. Em 1664, quando este pediu licença para regressar a França, alegou que poderia ser substituído pelo seu ajudante, que "é hoje muito capaz para servir no dito ofício e posto[5] [6]".

Em 1670, um despacho relativo ao pagamento do soldo (doze mil réis mensais) confirma Jerónimo Velho a trabalhar na província da Beira, mas já com o posto de capitão-engenheiro[7] [8].

Alguns anos mais tarde, em 1677, foi promovido a sargento-mor ad honorem (e engenheiro das fortificações, ou com exercício de engenheiro nas províncias de Trás-os-Montes, Minho e Beira), sendo o soldo acrescentado, passando a receber dezasseis mil réis mensais[9] [8].

Um alvará, de 6 de Setembro de 1686, autorizava o sargento-mor engenheiro Jerónimo Velho a dar lição em Almeida e Penamacor sobre matérias relacionadas com a fortificação e arte militar, considerando-se este processo como o início da Aula de Fortificação de Almeida[10] [3]. Estando em causa a pouca aplicação dos ajudantes dos terços, a coroa consentia que:

"[...] pela muita ciência que tem em todas as formas dos terços e exercícios de ler [Jerónimo Velho] poderia pôr escola para ensinar em seis meses do ano, três na praça de Almeida e outros três na de Penamacor [...] e em cada um dos meses que nelas der Lição se lhe dê cinco mil réis de ajuda de custo [... lição] que não será somente dos esquadros, formaturas dos terços, Reduções e manejos mas também com obrigação de dar apostilha da ofensa e defesa das Praças e forma em que se devem cobrir os exércitos na campanha, dando um dia Lição de uma matéria, e outro da outra alternativamente[11]".

Neste período contaria já com a ajuda do seu filho António Velho de Azevedo, que por volta de 1683 tinha ido "visitar a costa, barras e enseadas e lugares marítimos daquela Província [da Beira] [...] ajudando a seu Pai o Sargento mor engenheiro Jerónimo Velho de Azevedo no grande trabalho que teve em medir as distâncias, tomar as alturas e fazer o mapa de toda a costa marítima[12] [13]".

Terá trabalhado quase sempre na província da Beira, havendo no entanto referência a uma deslocação a Chaves em 1700, onde assistiu Michel de Lescole[14] [15]. Em 1701, tendo já recebido a patente de Tenente-General de Artilharia, foi encarregado do Governo das Armas da Praça de Almeida[16] [17].

Outras informações

Quando estava em Almeida, tendo participado numa incursão militar em Dezembro de 1663, foi capturado pelos espanhóis e feito prisioneiro em Ciudad Rodrigo, durante cerca de cinco meses, "porque o acharam com os instrumentos de engenheiro"; no Conselho de Guerra foi dado parecer favorável para troca de prisioneiros, assinado pelo Conde da Ericeira, em resposta à petição de sua mulher Mécia Coelha, que neste documento refere que o seu marido servia na Beira há quatro anos, onde tinha feito várias fortificações[18] [8].

Obras

Não é possível distinguir com clareza as obras em que Jerónimo Velho de Azevedo esteve envolvido nas províncias de Trás-os-Montes, Minho e Beira. Pode-se somente presumir a sua participação na fase final das principais obras da fortaleza de Almeida, sendo provável que seja da sua responsabilidade o desenho das Portas de Santo António construídas ou concluídas entre 1674 e 1676, bem como da Igreja da Misericórdia da mesma vila, edificada por volta de 1686 ou 1692[19].

Entre as diversas tarefas atribuídas ao engenheiro da província, contam-se vistorias e obras mais pontuais de reparação ou acrescento de elementos defensivos em recintos medievais, como foi o caso, em 1684, quando foi mandado "Reedificar a Torre da Vila de Pinhel até à altura da muralha, e que nela não haja a escada que tem, nem descida de fora para dentro" (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Livro 41, fl. 201 v. ; Sepulveda VII, 115; VIII, 660-661).

Nesse mesmo ano há referência às relações enviadas por Jerónimo Velho sobre as "ruínas que fizeram as contínuas águas e neves de inverno [...] nas muralhas e castelos das praças" da província da Beira (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Lº 41, fl. 233; Sepulveda 1929, VII, 115 VIII, 660-661).

Em 1693 regista-se a actividade de levantamento topográfico para produção de um mapa da costa marítima da Beira.

Notas

  1. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol III, 171.
  2. Sepulveda, História Orgânica, XVI: 145.
  3. 3,0 3,1 Conceição, Da vila cercada, 77, 285
  4. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Registo de Patentes da Vedoria da Beira, Lº 260, fl.s 31 v. e 32, carta patente 19 de Fevereiro de 1661.
  5. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 24, 6 de Novembro de 1664.
  6. Sepulveda, História Orgânica, XVI:151.
  7. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Lº 33, fl. 142, alvará de 4 de Março de 1670, despacho de 13 Janeiro 1671.
  8. 8,0 8,1 8,2 Sepulveda, História Orgânica, VII: 113-114; VIII: 658-661.
  9. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Lº 37, fl. 68, carta patente de 13 de Outubro de 1677.
  10. Soromenho, Manuel Pinto de Vilalobos, 22-23.
  11. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho da Guerra, Lº 40, fl.s 232 e 232 v.
  12. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 55, 8 de Janeiro de 1696.
  13. Soromenho, "Descrever, registar, instruir", 23.
  14. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, nº 11, 20 de Abril de 1700.
  15. Chaby, Synopse dos Decretos, III: 313-315.
  16. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 60, nº 34, 25 de Agosto de 1701.
  17. Chaby, Synopse dos Decretos, III: 326.
  18. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 24, parecer de 15 de Maio de 1664, despacho régio de 20 de Maio de 1664.
  19. Conceição, Da vila cercada, 195-196, 285.

Fontes

Bibliografia

Chaby, Cláudio Bernardo Pereira de. Synopse dos Decretos Remettidos ao Extincto Conselho da Guerra..., vol. III. Lisboa: Imprensa Nacional, 1869-1889.

Conceição, Margarida Tavares da. Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII). Lisboa: Livros Horizonte, 2002.

Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez, Provas, vol. VII. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1913.

Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez, Provas, vol. VIII. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919.

Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez, Provas, vol. XVI. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1929.

Soromenho, Miguel. "Manuel Pinto de Vilalobos, da Engenharia Militar à Arquitectura". Tese de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 1991.

Soromenho, Miguel, "Descrever, registar, instruir. Práticas e usos do desenho". Ciência do Desenho. A Ilustração na Colecção de Códices da Biblioteca Nacional, 19-24. Lisboa: Biblioteca Nacional, 2001.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol III. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1922.

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Margarida Tavares da Conceição

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Instituto de História da Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, através do projeto estratégico financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., ref. UID/PAM/00417/2019

DOI

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