Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão

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Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão
(valor desconhecido)
Outras denominações valor desconhecido
Tipo de Instituição Ensino civil
Data de fundação 18 outubro 1590
Data de extinção 1759
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Mosteiro de Santo Antão-o-Velho, Lisboa,-
Início: 1590
Fim: 1593

Localização Colégio de Santo Antão-o-Novo, Lisboa,-
Início: 1593
Fim: 1759
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

Dos finais do século XVI a meados do século XVIII a Aula da Esfera do Colégio Santo Antão evidenciou-se como a mais importante instituição de ensino e prática científica em Portugal, assegurando de modo contínuo o ensino de disciplinas físico matemáticas em resposta às necessidades de formação de um corpo tecno científico de suporte às exigências do império ultramarino. O nome da “Aula”, terá origem nos tratados de cosmografia medievais, denominados de tratados da esfera, como a obra de Sacrobosco, evidenciando de imediato a sua missão e principais conteúdos formativos[1]. Ainda que haja notícia de que a Esfera foi lecionada, desde o início, nos colégios de Coimbra (1542), Évora (1550 e convertido em universidade em 1559) e Lisboa (1553), é difícil avaliar a sua efetiva continuidade na segunda metade do século XVI, em muito devido ao impasse acerca do valor epistemológico da matemática e geometria[2]. Contudo, e uma vez que o ensino destas ciências passa a integrar o Ratio Studiorum (1599), pela influência de Cristovão Clávio e do Collegium Romano, a Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão emerge como exceção no panorama português.

Se fundação do colégio de Santo Antão remonta ao ano de 1553, e embora, em 1555, o padre Francisco Rodrigues ministre já conteúdos introdutórios da cosmografia e astronomia, o ensino regular e estruturado das matérias matemáticas só se estabelece em 1590. Uma data próxima à da transferência da instituição do Colégio de Santo Antão-o-Velho na Mouraria, Lisboa, para uma nova e ambiciosa sede, o Colégio de Santo Antão-o-Novo, em Santana, Lisboa.

A Companhia de Jesus estabelece-se em Portugal no ano de 1540, o mesmo ano da sua fundação em Roma, com a chegada dos padres Simão Rodrigues e Francisco Xavier. Instalando-se na casa de Santo Antão, o edifício, denominado de “Coleginho”, fora erguido no local da antiga mesquita maior da Mouraria entretanto extinta e transformada no reinado de D. Manuel I em convento. Uma casa que passa pela mão de diferentes comunidades religiosas, como as freiras terceiras franciscanas, freiras dominicanas e cónegos regulares, sendo no ano de 1542, entregue por D. João III à Companhia de Jesus, que aí se instala[3]. Porém, aquando da transferência dos jesuítas para a sua nova casa, o edifício passa para a mãos dos Ermitas de Santo Agostinho que aí permanecem até à extinção das ordens religiosas.

A nova casa inaciana, o Colégio de Santo Antão-o-Novo, associa-se à figura do Cardeal D. Henrique[4] que, em 1573, assegurou da parte de D. Sebastião uma generosa renda perpétua, permitindo suportar a empresa da nova construção cuja primeira pedra é lançada a 11 de maio de 1579.

Porém, ao apoio real, o Cardeal D. Henrique impunha contrapartidas ao nível da abertura do ensino e formação técnica que estão na origem da Aula da Esfera. Conforme identificou Leitão, através de carta do Pe. Serrão ao Geral da Companhia em Roma, Everardo Mercuriano, datada de 6 de Dezembro de 1573, é explicita a condição de  "(...) que se acrecentassen las classes de latim que fuessen necessarias, que serian hasta una o dos, y que se leyesse una leccion de mathematica, y un curso de artes de tres en tres anos”[5].

Desenvolvendo de modo contínuo a sua atividade nesta compatibilização entre a missão da companhia e as solicitações da coroa na formação de quadros técnicos especializados, a atividade da Aula da Esfera é interrompida aquando da expulsão dos jesuítas na sequência da promulgação da “Lei dada para a proscrição, desnaturalização e expulsão dos regulares da Companhia de Jesus, nestes reinos e seus domínios” de 3 de setembro de 1759.

Outras informações

O empreendimento do Colégio de Santo Antão-o-Novo contou com o patrocínio do Cardeal D. Henrique. Contudo, no que se refere à igreja, iniciada em 1612, e cuja obra se prolongou até 1653, conta com o mecenato de D. Filipa de Sá, Condessa de Linhares, que aí instituiu panteão familiar.

Sendo o risco do conjunto atribuído ao arquiteto régio Baltazar Álvares, a visão do cardeal D. Henrique para a obra foi considerada demasiado ambiciosa pelos jesuítas, pelo que, após a morte do Cardeal-Rei, orientaram os trabalhos para uma versão simplificada[6].

Sendo dada prioridade às dependências do colégio, o atraso no lançamento da obra da igreja levou à inflexão da proposta inicial[7], em função do novo modelo classicizante que emana a partir da obra de S. Vicente de Fora desenhada por Filipe Terzi. Porém, a fachada da igreja nunca foi concluída.

As dependências do Colégio de Santo Antão-o-Novo são transformadas no Hospital Real de S. José, em substituição do Hospital Real de Todos-os-Santos, logo após a expulsão da Companhia em 1759. Posteriormente, em 1884, a igreja é demolida.

Professores

A presente listagem de professores da “Aula da Esfera” corresponde à relação publicada por Ugo Baldini na obra L’insegnamento della matematica nel Collegio di S. Antão a Lisbona, 1590-1640, e na obra The teaching of mathematics in the Jesuit colleges of Portugal from 1640 to Pombal - sendo igualmente aplicada como orientação na investigação e publicações organizadas por Henrique Leitão[8]:

1590-93, João Delgado; 1595-97, João Delgado; 1597-98, António Leitão; 1598-99, João Delgado; 1599-1602, Cristoph Grienberger; 1602-04, Francisco da Costa; 1604-05, Francisco Machado; 1605-08, João Delgado; 1610-14, Sebastião Dias; 1615-17, Giovanni Paolo Lembo; 1617-19, Dionísio Lopes; 1620-25, J. Chrysostomus Gall; 1627-28, Cristoforo Borri; 1630-36, Ignace Stafford; 1638-41, Simon Fallon; 1641-42, Jan Cierman; 1642-46, Hendrick Uwens; 1648-49, Thomas Barton; 1651-52, John Riston; 1654-55, João da Costa; 1655-58, Bartolomeu Duarte; 1658-63, Valentin Stansel; 1664-65, John Marques; 1668-85, George Gelarte; 1686-87, F. X. Schildenhofen; 1689-90, F. X. Schildenhofen; 1692-93, George Gelarte; 1695-1700, George Gelarte; 1700-06, Luís Gonzaga; 1706-07, João Garção; 1707-08, Jerónimo de Carvalhal; 1708-11, Inácio Vieira; 1709-19, Inácio Vieira; 1719-21, Manuel de Campos, 1721-22 Diogo Soares; 1724-25, Domingos Pinheiro; 1725-31, Jacinto da Costa; 1733-42, Manuel de Campos; 1742-43, Francisco Gião; 1743-48, João de Borja; 1748-51, Tomás de Campos; 1753-59, Eusébio da Veiga.

Curricula

Os planos estratégicos para o ensino jesuítico foram aqui ajustados às circunstâncias nacionais, de acordo com o pedido régio do Cardeal D. Henrique, conduzindo à integração na instituição dos cursos de formação dos pilotos da marinha, de teóricos e especialistas em náutica e cartografia, a decorrerem em paralelo à preparação de missionários com destino às colónias. Uma abertura da instituição que foi mantida por Filipe I, assistindo à Aula um público mais vasto do que apenas os escolásticos-estudantes da ordem jesuíta[9].

Este ajuste da regra pedagógica conduziu à adopção de uma abordagem das ciências tendencialmente aplicada, afastando-se de conteúdos mais afeitos à especulação filosófica, bem como à ministração das aulas em vulgar, em vez do Latim, colmatando a ausência das ciências matemáticas ao nível da universidade[10]. Segundo Baldini, o programa de Santo Antão estabeleceu-se como uma mistura do programa matemático do Ratio Studiorum e elementos do conhecimento geográfico e técnicos náuticos lusitanos[11].

No panorama dos colégios da Companhia a “Aula da Esfera” é também única pela filiação institucional com a Academia de Clávio no Collegium Romano, sendo que, até 1620, as matemáticas foram asseguradas por professores aí formados permitindo a atualização dos curricula ministrados[12] e um elevado nível de formação[13]. A instituição assumia-se como centro cosmopolita, no ensino científico português, dado o número de docentes estrangeiros que aqui desempenhavam funções. Deste período poderemos mencionar a presença de mestres como Christoph Grienberg (1564-1604)[14], que desenvolve o cálculo de massas aplicado à escala dos planetas, Cristoforo Borri (1583-1632), que atualiza as ideias cosmológicas no Portugal de seiscentos, Giovanni Paolo Lembo (1570-1618), que introduz o conhecimento sobre os telescópios sendo um dos subscritores que confirmou às autoridades eclesiásticas a justeza das observações de Galileu, ou Chrysostomus Gall (1586-1643) a par dos mais destacados mestres portugueses como João Delgado (1553-1662)[15], do qual nos chega o manuscrito Astrologia Pratica, ou iudiciaria (1607), e Francisco da Costa (1567-1604), o qual substitui Delgado na cátedra de matemática e elabora um Tratado de Geografia (1595).

De 1630 a 1636, ensina na Aula de Santo Antão o inglês Inácio Stafford (1599-1642) que elabora o Tratado da naturesa e uso das paralaxes (1633), os Elementos matemáticos (1634) em castelhano, que se supõem serem textos da sua lição; a par de Los usos del Pantometra (c.1638) e Varias obras Mathematicas (1638)[16]. Também do curso do padre Simon Fallon (c.1604-1642)[17] conhecem-se duas sebentas, sendo que a primeira, Matérias matemáticas nas quais se contem astronometria, astrologia e outrometria (c. 1638)[18], relativa às lições de astronomia e agrimensura, se inicia com uma breve digressão pelos princípios gerais da geometria euclidiana.

De Stafford é de referir as suas incursões à Optica euclidiana onde, dada a relação umbilical com os princípios geradores da perspectiva, explora princípios de proporcionalidade dos elementos no espaço e aborda as bases da teoria emissiva em que os raios visuais divergem dos olhos. Como tal, para lá da obra de D. Francisco de Melo (1490-1536)[19], detecta-se o rastro da introdução da ótica euclidiana em Portugal em Varias obras mathematicas (1638)[20], da qual se destaca a exposição da Dimension de Figuras Planas, y Solidas e os capítulos referentes à Optica ao Tratado da Milicia e à La Architectura Militar, evidenciando conteúdos em circulação em Santo Antão[21] que, após a restauração, se repercutem na Aula da Fortificação.

A restauração da independência portuguesa em 1640 implicou uma adaptação dos programas da Aula[22], em função das necessidades militares da guerra com Espanha, pelo que os matemáticos jesuítas acumularam funções com a superintendência de fortificações, dada a carência de quadros técnicos qualificados para responder às necessidades da guerra. Assim, em meados do século XVII, a Aula da Esfera compreendia disciplinas que iam da cosmografia, astronomia à geometria baseada no estudo de Euclides (Elementos) à Aritmética, Álgebra, Trigonometria plana e esférica, Náutica e temas vários aplicados à navegação, Hidrografia e Cartografia, Ótica, Perspectiva e Cenografia, Gnomónica, construção de instrumentos científicos e máquinas, Estática e Hidrostática, Arquitetura e Engenharia Militar e assuntos afins (pirotecnia, balística, etc.). Porém, assiste-se a um assinalável declínio do ensino das matemáticas na segunda metade do século XVII o que “(…) comprometeu a implantação da disciplina e a manutenção do seu estatuto epistemológico.[23]. Nesta linha, Ugo Baldini refere que a educação jesuítica, anterior a 1700, peca por alguns atalhos excluindo níveis avançados de reflexão e especulação científica[24].

É na sequência da fundação da Aula de Fortificação de Lisboa em 1647, que a "Aula da Esfera" se adapta às novas circunstâncias institucionais, preparando os alunos ao ingresso nas carreiras de arte da guerra, da fortificação e navegação[25]. Matérias como a Aritmética e a Geometria, e, em finais do século XVII, também a Álgebra, passam a fazer parte dos programas fornecendo bases às lições de arquitetura - incluídas nesta instituição por ordem régia -, e à formação de arquitetos militares, que serviriam à reorganização defensiva do território metropolitano e ultramarino. Cobrem-se ainda lacunas na formação de técnicos especializados para a realização de expedições cartográficas permitindo o registo de limites territoriais assegurando a soberania da coroa portuguesa.

Porém, à época, o corpo docente não atingira a desejada estabilidade já que os jesuítas eram raros entre os estudantes da Aula, não dando continuidade ao desenvolvimento das matérias no interior do colégio, como, simultaneamente, faltaria uma biblioteca matemática consistente[26] e equipamento técnico adequado. O ensino na Aula é, frequentemente, apontado como meramente didático, ou, quando relativamente avançado, não lidava com pura matemática. Este desvio das ciências puras leva a que o Geral previna “(…) para que não se deixe que os alunos que iniciaram estes estudos se desviem do caminho iniciado, dedicando-se a assuntos menores ou aplicados, como a óptica, as maquinarias, a relojoaria ou outras artes mecânicas semelhantes[27]. Contudo, dos livros e manuscritos de Santo Antão encontram-se obras que exploram estes conteúdos variando a sua aplicação entre a arte de navegar e a produção de instrumentos. Nesse âmbito referira-se o manuscrito anónimo do Tratado da Esfera (1695)[28], ou o manuscrito de Luís Caetano Lima (1671-1757), Gnomonica Universal ou Arte para fazer todas castas de Relogios por D. Luis Caetano de Lima, C.R. (1704)[29], um pequeno tratado de gnomónica onde se representam modelos de relógios de sol e se explana os métodos de construção.

Colmatando esta situação as reformas dos gerais da ordem, Tirso Gonzales e Michelangelo Tamburini, na transição dos séculos XVII para XVIII, incluem o ensino regular das matemáticas nos curricula de filosofia, robustecendo-se assim a formação de um corpo de matemáticos da companhia.

Figura de relevo neste contexto de transição de séculos é o Padre Luís Gonzaga (1666-1747), que ensinava humanidades na Universidade de Évora transferindo-se para Santo Antão onde passa a ministrar matemática[30]. Redigiu as lições de cosmografia, astrologia e matemática que integram o seu curso, chegando até hoje sebentas, em parte autografas. Da sua obra, destaca-se o tratado da Esfera astronómica (1700/1)[31], e o Tratado de astrologia (1702)[31], no qual Albuquerque detectou nos fólios 139-142v.. "fragmentos de geometria prática" com problemas tradicionais de agrimensura e de medidas, a par de tabelas de equivalência de medidas e desenhos de figuras geométricas[32].

De Luís Gonzaga destaca-se ainda o documento o manuscrito do tratado de Architectura (1704)[33], o qual resulta de um conjunto de exposições incluídas nas suas lições[34]. Um conteúdo, consequente da decisão de D. Pedro II em preparar arquitetos patente, em nota do tratado onde se afirma que “(…) o «curso de architectura» fora «mandado ditar por ordem do Aug. Sr. D. Pedro 2º em ho Collº de Stº Antam» e «ao depois mandado ensinar (…) a seos filhos pollo Padre Luiz Gonzaga»”[35]. A obra é organizada em Disputas, subdivididas em fundamentos e provas, em que a primeira define o âmbito da obra, Das preminencias da Architectura militar, aprofundando a partir daí temas como a aptidão de terrenos, termos, ângulos e balística[36].

Do acervo em depósito na Biblioteca Nacional podem-se ainda referir três manuscritos, todos do início do século XVIII, onde se incluem de modo explícito os conhecimentos em matérias euclidianas. São eles: Elementos de geometria[37], de autor anónimo e sem data precisa. Trata-se de um manual de geometria, muito abreviado, com referência aos Elementos de Euclides, constituído por seis definições e dezoito proposições com teoria e demonstração, e ilustrados por 29 figuras; Tratado trigonometrico de geometria plana e corporia 2.o 3o e 4o: 1.o L[ivro] de Euclides e de longemetrica  (1715)[38] de João Tomás Correia (1667-?), que contém uma segunda parte relativa a elementos da geometria prática com noções de Trigonometrica, Planimetrica, Steriomet[r]iça e Longimetrica, pelo que o autor associa os elementos euclidianos à prática de levantamento e à qual estariam certamente implícitos conhecimentos da ótica euclidiana; e O Elementos de Euclides (1739)[39] de José Sanches (1688-?) onde se expõem os seis primeiros livros correspondentes à geometria plana[40]. Do mesmo José Sanches, encontra-se na Torre do Tombo a sua tese apresentada ao Colégio de Santo Antão, Perspectiva matemática assombrada aos raios do mais brilhante astro (1716)[41], a par dos manuscritos do Tratado matemático de trigonometria (c.1719)[42], e Curso matemático (?)[43].

A Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão conhece um período de florescimento no início do século XVIII, sistematizando, atualizando e aprofundando conteúdos, nomeadamente através de autores como os padres Inácio Vieira (1678-1739) e Manuel de Campos (1681-1758). Simultaneamente, o ambiente aí vivido leva a que a Aula passe a receber, além dos estudantes que integrarão o corpo técnico científico do império, arquitetos civis, pintores ou preparadores de cena interessados em aprofundar os seus conhecimentos em matemática e ótica que, abordadas desde Euclides aos autores mais modernos, e que tinham aplicação direta na sua prática profissional.

Este florescimento é coincidente com o reinado de D. João V, a partir do qual se assiste a uma profunda alteração do panorama científico em Portugal. Uma renovação assente no fomento de viagens e intercâmbio científico onde o círculo da Companhia de Jesus fortalece as relações e presença na corte beneficiando do patronato régio[44]. Simultaneamente, assiste-se aos primeiros passos das academias[45], criando novas plataformas de discussão e intercâmbio científico, e ao financiamento régio de infraestruturas de ensino e investigação (universidades, bibliotecas e observatórios).

O monarca recorria ao corpo docente do Colégio de Santo Antão para recrutar técnicos para campanhas cartográficas, tendo alguns sido promovidos a matemáticos e astrónomos régios. De entre estes, Domingos Capacci (1694-1736) e João Batista Carbone (1694-1750)[46], jesuítas de origem italiana que desempenham um papel de relevo na corte e cuja influência extravasa a atividade científica, tocando matérias políticas e diplomáticas. Por exemplo, na década de 20 do século XVIII, sob o patronato do rei e responsabilidade destes jesuítas italianos, é promovida a construção do observatório astronómico do Paço da Ribeira, e de um outro observatório, para uso exclusivo dos jesuítas, no Colégio de Santo Antão.

Contudo, no reinado de D. José I a atividade da Aula da Esfera é interrompida com a expulsão dos jesuítas após promulgação da “Lei dada para a proscrição, desnaturalização e expulsão dos regulares da Companhia de Jesus, nestes reinos e seus domínios”, de 3 de setembro de 1759.

Notas

  1. Albuquerque, A "Aula de Esfera" do Colégio de Santo Antão, 8.
  2. Leitão, A Ciência na Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão, 30.
  3. Esta relação com a coroa, surge no encalce da reforma cultural promovida por D. João III, a qual se estende da Aula do Paço à Universidade (transferida definitivamente para Coimbra em 1537), e à criação de estudos introdutórios como o Colégio das Artes (1547), e abertura do Colégio de Jesus de Coimbra (1542) e posterior tutela do Colégio das Artes pelos Jesuítas (1555).
  4. Para Henrique Leitão é determinante resgatar o papel do cardeal D. Henrique na fundação da Aula da Esfera já que a historiografia tendeu, até muito recentemente, a vincular a origem da “Aula da Esfera” apenas ao Rei D. Sebastião. Leitão, A Ciência na Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão, 94-95.
  5. Leitão, A Ciência na Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão, 32.
  6. Lucas Branco, “A igreja do colégio de Santo Antão‑o‑Novo", 18.
  7. Conforme detecta Rui Pedro Lobo. Lobo, “O colégio jesuíta de santo Antão-o-Novo".
  8. Leitão, A Ciência na Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão.
  9. A importância desta «Aula» está patente no facto de ter sido frequentada por um enorme número de alunos não jesuítas, o que lhe permite maior interferência no tecido social português. (…) A ‘Aula de Esfera’ marca, portanto, o momento em que a Província portuguesa da Companhia de Jesus se adaptou institucionalmente para o ensino da matemática, que legitimou e colocou ao dispor da sociedade laica”. Mota, "O estatuto da matemática em Portugal", 205. A regra sobre a qual os colégios deveriam funcionar exclusivamente como lares de escolásticos-estudantes foi sancionada por bula fundacional regimini militantis ecclesiae de 27 de setembro de 1540. Porém, a conduta dos alunos externos à ordem é também regulada pelo Ratio, no qual se refere que a companhia os deveria sempre orientar no amor de Deus e todas as virtudes aperfeiçoando-os nas ars liberalis como aponta Allan Farrell. Farrel, "The Jesuit Ratio Studiorum of 1599", 101. Estes encontravam-se obrigados a uma confissão semanal, à frequência de instrução na doutrina cristã e, no ponto 14 do documento, era recomendada a não frequência de espetáculos públicos, comédias e execuções públicas de criminosos não devendo participar em representações teatrais fora da escola sem autorização dos seus professores ou perfeito de estudos. As representações teatrais desenvolvidas pelos jesuítas constituem uma área complementar da pedagogia Inaciana, pretendendo incutir os conhecimentos e valores requeridos aos seus alunos. Segundo Margarida Tavares Conceição conservam-se relatos que atestam o recurso a este tipo de eventos já aquando da educação de D. Sebastião. Conceição, "Da cidade e fortificação em textos portugueses", 324.
  10. A ausência geral de uma tradição teórica nas ciências matemáticas a nível universitário é um traço essencial do fundo cultural prevalecente encontrado pelos jesuítas, levando um notável estudioso português a alegar que a universidade não desempenhou nenhum exemplo (...)” com isto o autor não rejeita o carácter pioneiro das obras de Pedro Nunes, mas a sua importância não chegou para criar uma tradição e manutenção desse nível de qualidade e exigência. Leitão, “Jesuit Mathematical Practice in Portugal", 229-247.
  11. Baldini, “The teaching of Mathematics in the Jesuit Colleges of Portugal", 343.
  12. Da atualização dos curricula ministrados, o caso mais conhecido é o da introdução das observações por telescópio de Galileu (1610-11). Já, em 1615-16, estas observações eram ensinadas por Giovan Paolo Lembo na Aula da Sphera, que discute as descobertas nas suas aulas foram sendo levadas a cabo observações deste género em Lisboa. Por outro lado, Cristoforo Borri publica em 1631, em Lisboa o seu Collecta Astronomica com informação detalhada sobre as descobertas de Galileu. Da actualidade dos curricula podemos referir o reconhecimento da obra de Simon Stevin por via do ensino matemático na Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão. Conceição, "Da cidade e fortificação em textos portugueses", 215.
  13. A ligação entre a Academia de Matemática e Santo Antão não se restringe a uma cooperação a nível de recursos humanos mas assenta também numa especial ligação institucional. Uma vez que os missionários jesuítas só podiam alcançar a Ásia viajando em barcos portugueses, era permitido a estudantes vindo de Roma, enquanto esperavam pelo embarque, terminar o seu curso de teologia em Coimbra ou o seu curso de Matemática em Lisboa". Mota, "O estatuto da matemática em Portugal nos séculos XVI e XVII", 204.
  14. Um dos mais reputados matemáticos da Europa que haveria de suceder a Cristóvão Clávio na chefia da Academia de Matemática do Collegio Romano.
  15. João Delgado deu início formal ao curso de matemática da “Aula da Esfera” e, enquanto arquiteto, dirige as obras do Colégio das Artes em Coimbra a par das de Santo-Antão-o-Novo e do Noviciado da Cotovia em Lisboa.
  16. Deste texto, cujos conteúdos tratariam da geometria euclidiana, Francisco Rodrigues dá notícia de uma tradução manuscrita realizada por Brás de Almeida. Rodrigues, História da Companhia de Jesus.
  17. O jesuíta Simon Fallon, ou Simão Falónio, deu aulas de matemática em Coimbra (1630-1633) e de matemática e astronomia na Aula da Sphera (1638-1640), tendo ainda desempenhado funções técnicas no âmbito da fortificação da península de Setúbal (Setúbal, Arrábida e Sesimbra).
  18. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 2127. Simon Fallon, Matérias matemáticas nas quais se contem astronometria, astrologia e outrometria. 1628 (1638).
  19. Perspectivae Euclidis, cum Francisci de Mello Commetariis (1514 e 1517), é caracterizado por um conjunto de comentários originais a textos de Euclides que vertem, todos eles, sobre a ótica e a perspetiva. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 2262. Francisco de Melo, Perspectivae Euclidis, cum Francisci de Mello Commetariis. 1514; 1517.
  20. A obra Varias obras mathematicas compuestas por el. P. Ignacio Stafford mestre de Mathematica en el Colegio de S. Anton de la Compañia de Iesus y no acavadas por cauza de la muerte del dicho Padre organiza-se nas seguintes partes: Arithmetica practica geometrica logarithmica (1-277); Dimension de figuras planas, y solidas (279-319); La Optica (321-348); Tratado da naturesa, e uso dos paralaxes (351-393; ilustrações (399-404); Apologia contra certo autor tocante a los rumbos nauticos (405-432); Compendio de problemas astronomicos, geographicos y hydrographicos (435-452); La Architectura militar (505-642). Biblioteca Nacional de Portugal, PBA. 240. Ignace Stafford, Varias obras mathematicas compuestas por el. P. Ignacio Stafford mestre de Mathematica en el Colegio de S. Anton de la Compañia de Iesus y no acavadas por cauza de la muerte del dicho Padre. Do mesmo autor podemos ainda referir de Los Usos de la regla ordinária, o escala que acompaña el pantometra Inglês. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 4323. Ignace Stafford, Los Usos de la regla ordinária, o escala que acompaña el pantometra Inglês.
  21. Da mesma época pode-se apontar outro manuscrito, em depósito na Biblioteca nacional, que versa sobre a óptica. O Apendice ao Compendio matema[tico] em Sete rios 24 de fevereiro de 640, um apêndice a um compêndio de matemática, com referências a Plutarco, Aristóteles e Platão, contendo matérias da ótica a partir do f. 110. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 6651//3. Apendice ao Compendio matema[tico] em Sete rios 24 de fevereiro de 640. 1640.
  22. Até então, os cursos eram essencialmente de cosmografia, navegação e geografia, incluindo todos os aspectos práticos na construção e operação de instrumentos náuticos e astronómicos. Leitão, “Jesuit Mathematical Practice in Portugal”, 229-247.
  23. Mota, O estatuto da matemática em Portugal, 271. De acordo com o autor “Os catálogos não assinalam qualquer professor nos anos 46/8, 49/51, 52/54, 63/64, 65/68. Desse ano em diante, o ensino da disciplina foi assegurado por Jorge Gelarte até 1700, mas este docente possuía, ao que parece, competência matemática insuficiente.”
  24. Dos textos produzidos entre 1640/92, Ugo Baldini evidencia as seguintes matérias: a esfera (astronomia elementar) 4; ciência náutica 3; geografia 1; estatística 1; gnomónica 1; trigonometria 1; uso do pantómetro 1; astrologia 1 (apesar da proibição interna na Companhia relativa ao seu ensino). Do elenco anterior verifica-se uma total ausência de geometria avançada (que de facto parece confinada à Aula de Fortificação), álgebra e geometria analítica (que encontramos igualmente, no seu âmbito mais prático, na Aula de Fortificação).
  25. Albuquerque, A "Aula de Esfera" do Colégio de Santo Antão, 22.
  26. Segundo Ugo Baldini (Baldini, “The teaching of Mathematics in the Jesuit Colleges of Portugal", 345) a dispersão do espólio bibliográfico dos colégios Jesuítas, consequente à expulsão da Companhia em 1759, não permite avaliar o acesso aos textos estrangeiros e a sua atualização. Contudo, destaca-se o trabalho levado a cabo por Henrique Leitão em Sphaera mundi: a ciência na aula da esfera: manuscritos científicos do Colégio de Santo Antão nas colecções da BNP, onde se inventaria e estuda o espólio atualmente identificado. Leitão, Sphaera mundi: a ciência na aula da esfera.
  27. Leitão, A Ciência na Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão, 27.
  28. Contém tábuas de declinações e instruções para construção de relógios astronómicos, e tabelas para latitudes. Associado ao documento encontra-se "Modo de descrever os relogios quadrantinos figurados supra" (f. 140); "Outro modo de delinear este relogio segundo Horonci Finae, Explicação dos relogios de marfim feytos em Diépa, Do relogio lunar, Achar a hora pella clarid[ad]e da lua por meyo do relogio azymuthal" (f. 154/158). Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 2062. Tratado da Esfera. (1695).
  29. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 1931. Luís Caetano de Lima, Gnomonica Universal ou Arte para fazer todas castas de Relogios por D. Luis Caetano de Lima, C.R.. (1704).
  30. D. Pedro II chama-o a ensinar matemática ao infante, futuro D. João V, bem como aos infantes seus irmãos entre os anos de 1700 e 1725.
  31. 31,0 31,1 Biblioteca da Ajuda, Ms. 46 VIII.
  32. O manuscrito inclui problemas clássicos como a sua proposição 1ª, Medir huma linha a qual se pode chgar so por hum ponto, e a proposição 2ª, Medir huma linha a que se não pode chegar por nenhum dos extremos. Apesar da interrupção da 1ª parte do documento este inclui ainda outras duas partes versando sobre noções de conversão das medidas usadas na Europa, Scala mensoria, e de aritmética, Scala Aritmethica.
  33. Biblioteca da Ajuda, 46-VIII-21. Biblioteca da Ajuda, Ms. 46 VIII.
  34. Gomes, Igrejas de planta centralizada em Portugal, 213.
  35. Albuquerque, A "Aula de Esfera" do Colégio de Santo Antão, 21.
  36. Conforme análise do índice em, Albuquerque, A "Aula de Esfera" do Colégio de Santo Antão, 44.
  37. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 5365. Elementos de Geometria L.9o, ou 12. Neste livro, q[ue] corresponde nos solidos ao 6.o dos planos trata Euclides par[cial]m[ent]e das piramides assim rectelinias como conicas dos Celindros, e das esferas examina todas as suas medidas e porporções razão porq[ue] he m[ui]to familiar aos geometras praticos. Dos mais corpos poliedros trata no L[ivr]o Seg[uint] e nos tanto dos deste como dos [...] trataremos nos Selectos de Arquimedes em hua e outra Geometria.
  38. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 5175//1. Tratado trigonometrico de geometria plana e corporia 2.o 3o e 4o: 1.o L[ivro] de Euclides e de longemetrica. (1715).
  39. Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 5194//2. José Sanches, Elementos de Euclides ou tractado de geometria elementar ditado por Joze Sanches da S[ilv]a Sarg[en]to mor de Infantaria e lente na Aula Regia das Fortificaçoens desta cid[ad]e de l[i]x[bo]a 1739.
  40. São os seguintes: “Tractado dos elementos de Euclides” (339); “Livro.1.o Dos elementos de Euclides” (340-424); “Livro 2. Dos Elementos de Euclides” (425-452); “Livro 3. Dos Elementos de Euclides” (453-503); "Livro 4. Dos Elementos de Euclides” (504-520); “Livro 5. Dos Elementos de Euclides” (521-549); “Livro 6.o Dos Elementos de Euclides” (550-583); “Livro 11 Dos Elementos de Euclides” (584-618); “Livro 12 Dos Elementos de Euclides” (619-637). Tem junto: "Elementos das Mathematicas ou Tractado da grandeza em geral" (1-335). Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 5194//2. José Sanches, Elementos de Euclides ou tractado de geometria elementar ditado por Joze Sanches da S[ilv]a Sarg[en]to mor de Infantaria e lente na Aula Regia das Fortificaçoens desta cid[ad]e de l[i]x[bo]a 1739.
  41. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, s. preta, 3578 (38) c.f.. José Sanches, Perspectiva matemática assombrada aos raios do mais brilhante astro. (1716).
  42. A obra contém o "Tractado da trigonometria esférica", o "Tractado da geometria prática", “He a geometria pratica conforme a etimologia do nome hua sciencia, q trata da medida da terra; porq este nome geometria he grego, q se compõem de duas lições a saber geo, q significa a terra, e metria, q qr dizer medida." (fol. 410), e o "Tractado mathematico dos probl. Geométricos". Arquivo Nacional da Torre do Tombo, PT/TT/MSLIV/2016. José Sanches, Tratado matemático de trigonometria. (c.1719).
  43. A obra seria organizada em 14 tomos: o 1º seria o da arithmetica; 2º elementos de Euclides; 3º de trigonomteria + geomteria plana, esférica e prática; 4º de arquitectura militar; 5º dos alojam(en)tos dos exércitos, ofença, e defença das Praças; 6º da Artelharia fogos e bombas; 7º da ??çoes & tatica; 8º da geografia; 9º da hydrografia; 10º da astronomia; 11º da astrologia e calendário; 12º da óptica; 13º da catóptrica e dióptrica; 14º da perspectiva e arquitectura civil, e nelles varias curiozid(ad)es. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, PT/TT/MSLIV/2188. José Sanches, Curso matemático.
  44. A educação do monarca, de cariz clássico, fora também ela entregue aos padres Jesuítas Francisco da Cruz, João seco e Luís Gonzaga, o que poderá determinar a hegemonia da Casa professa junto do monarca e no domínio da ciência e ensino em Portugal à época.
  45. Mesmo no que se refere às academias algumas encontravam-se sob a tutela da Companhia como a Academia dos Escolhidos que terá tido sessões em Santo Antão e da qual se publicaram documentos, de que é exemplo, Fundação Calouste Gulbenkian, LT 432-Reservados. Oraçaõ academica, com que se deu fim em dezanove de Outubro de 1742 ao segundo dia do certame, que a Academia dos Escolhidos celebrou na Aula da Mathematica do Real Collegio de Santo Antaõ da Companhia de Jesu, pela melhoria do augustissimo Rey D. Joaõ V Nosso Senhor. Relaçam verdadeira do certame, que no Real Collegio das Artes de S. Antam, celebrou a Academia dos Escolhidos desta Corte à melhoria do nosso monarca D. Joam V: com a noticia dos engenhos, que nelle foraõ premiados. Lisboa: Officina dos Herdeiros de António Pedrozo Galram, 1745.
  46. No caso de Carbone é relevante o facto de este publicar regularmente na Acta eruditorum e na Philosophical transactions, o que atesta o valor e consistência da sua investigação e produção científica.

Fontes

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, PT/TT/MSLIV/2016. José Sanches, Tratado matemático de trigonometria. (c.1719).

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, PT/TT/MSLIV/2188. José Sanches, Curso matemático.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, s. preta, 3578 (38) c.f.. José Sanches, Perspectiva matemática assombrada aos raios do mais brilhante astro. (1716).

Biblioteca da Ajuda, 46 VIII 21.

Biblioteca da Ajuda, Ms. 46 VIII.

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Biblioteca Nacional de Portugal, Cod. 5365. Elementos de Geometria L.9o, ou 12. Neste livro, q[ue] corresponde nos solidos ao 6.o dos planos trata Euclides par[cial]m[ent]e das piramides assim rectelinias como conicas dos Celindros, e das esferas examina todas as suas medidas e porporções razão porq[ue] he m[ui]to familiar aos geometras praticos. Dos mais corpos poliedros trata no L[ivr]o Seg[uint] e nos tanto dos deste como dos [...] trataremos nos Selectos de Arquimedes em hua e outra Geometria.

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Ligações Internas

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Categoria:Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão

Ligações Externas

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Almeida, Bruno, Romeiras, Francisco e Henrique Leitão. Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão. F.C.U.L. 2012.

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Autor(es) do artigo

João Cabeleira

Lab2PT - Universidade do Minho

http://orcid.org/0000-0002-6800-8557

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/x9sh-8v3v

Citar este artigo

Cabeleira, João. "Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 13/07/2023). Consultado a 30 de abril de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Aula_da_Esfera_do_Col%C3%A9gio_de_Santo_Ant%C3%A3o. DOI: https://doi.org/10.34619/x9sh-8v3v