José de Anchieta Mesquita: diferenças entre revisões

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==Biografia==
==Biografia==
=== Dados biográficos === <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
=== Dados biográficos === <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
José de Anchieta de Mesquita era natural de Salvador, filho Manuel Rodrigues de Mesquita. Nasceu em 1746. Aos quatorze anos passou a servir como soldado e foi progredindo na carreira entre a companhia de infantaria e a companhia de granadeiros do regimento da então capital do Brasil. Ainda enquanto furiel da companhia de granadeiros foi escolhido, em 1768, pelo governador Marquês do Lavradio, para “ajudar ao ensino delas, ocupando-se em ensinar as recrutas o regimento” <ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_005, Cx. 179, D. 13357. (post. 1780, Abril, 27). </ref>. Pelo seu empenho, passou em 1 de julho de 1770, a partidista da [[Aula Militar da Bahia]], sendo discípulo de [[José António Caldas]]. Manteve-se como partidista até 1780.
José de Anchieta de Mesquita era natural de Salvador, filho Manuel Rodrigues de Mesquita. Nasceu em 1746. Aos quatorze anos passou a servir como soldado e foi progredindo na carreira entre a companhia de infantaria e a companhia de granadeiros do regimento da então capital do Brasil. Ainda enquanto furiel da companhia de granadeiros foi escolhido, em 1768, pelo governador Marquês do Lavradio, para ''“ajudar ao ensino delas, ocupando-se em ensinar as recrutas o regimento”'' <ref name=":0">Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_005, Cx. 179, D. 13357. (post. 1780, Abril, 27). </ref>. Pelo seu empenho, passou em 1 de julho de 1770, a partidista da [[Aula Militar da Bahia]], sendo discípulo de [[José António Caldas]]. Manteve-se como partidista até 1780.


Em 1776 era já casado. Requereu o ofício de avaliador do Conselho e para tal José António Caldas passou-lhe a seguinte certidão: “consta do meu livro de ponto da minha aula (...) que o dito tem tomado os tratados da artitmética e germetria especulativa, trigonometria, álgebra, geometria prática, artilharia, fortificação e castrametação; e sabe muito bem por em prática tudo o que diz respeito as medições e avaliaçõs das obras de alvenaria, cantaria e carpintaria, risca com delicadeza qualquer planta militar e civil e está hábil para qualuer emprego, e o reservava para se empregar no exercício de engenheiro pela sua grande capacidade.”<ref name=":0" />
Em 1776 era já casado. Requereu o ofício de avaliador do Conselho e para tal José António Caldas passou-lhe a seguinte certidão: ''“consta do meu livro de ponto da minha aula (...) que o dito tem tomado os tratados da artitmética e germetria especulativa, trigonometria, álgebra, geometria prática, artilharia, fortificação e castrametação; e sabe muito bem por em prática tudo o que diz respeito as medições e avaliaçõs das obras de alvenaria, cantaria e carpintaria, risca com delicadeza qualquer planta militar e civil e está hábil para qualuer emprego, e o reservava para se empregar no exercício de engenheiro pela sua grande capacidade.”''<ref name=":0" />


Em 1778, depois de ter participado em trabalhos na fortificação da cidade em contexto de guerra, ficou gravemente doente. Nestas circunstâncias, quando o governador Manuel da Cunha Meneses (1774-1779) “proveu os partidistas da Aula Militar em oficiais do regimento de artilharia, se achava o suplicante neste miserável estado sem poder fazer ao menos uma marcha lenta, pelo que não foi acomodado como os seus companheiros, ficando com o limitado soldo de cinquenta reis por dia para suprir a grave e prolongada moléstia”<ref name=":0" />.  
Em 1778, depois de ter participado em trabalhos na fortificação da cidade em contexto de guerra, ficou gravemente doente. Nestas circunstâncias, quando o governador Manuel da Cunha Meneses (1774-1779) ''“proveu os partidistas da Aula Militar em oficiais do regimento de artilharia, se achava o suplicante neste miserável estado sem poder fazer ao menos uma marcha lenta, pelo que não foi acomodado como os seus companheiros, ficando com o limitado soldo de cinquenta reis por dia para suprir a grave e prolongada moléstia”''<ref name=":0" />.  


Em 1780 pediu pediu o posto de ajudante engenheiro que se achava vago por [[José Ramos de Sousa]] ter passado para capitão do regimento de artilharia. Em 1783 aparece identificado numa planta como ajudante de infantaria com exercício de engenheiro<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto02vite Vol II], 171.</ref>.  
Em 1780 pediu pediu o posto de ajudante engenheiro que se achava vago por [[José Ramos de Sousa]] ter passado para capitão do regimento de artilharia. Em 1783 aparece identificado numa planta como ajudante de infantaria com exercício de engenheiro<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto02vite Vol II], 171.</ref>.  


===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->  
===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->  
Sentou praça de soldado voluntariamente na companhia de que foi capitão Alexandre Alberto de Faria, uma das primeiras no regimento de infantaria de Salvador, em 19 de julho de 1760, com quatorze anos. Serviu nesta companhia até 18 de outubro de 1762. Em 19 de outubro, mantendo-se no posto de soldado, passou integrar a companhia de granadeiros do mesmo regimento. Serviu até 8 de junho de 1766 quando passou a cabo de esquadra da mesma companhia. Em 4 de Julho do mesmo ano de 1766 passou a sargento da companhia de granadeiros e em 1769 a furiel da mesma companhia onde serviu até 1 de julho de 1770, quando se lhe deu baixa “para que seriamente se empregasse no partido da aula militar”<ref name=":0" />. No mesmo dia “se lhe deu baixa de furriel e se lhe sentou a praça de discípulo da aula militar, admitido a um dos partidos dela, com obrigação de servir em todas as ocasiões que se oferecerem e posto em que se achar nesta capitania e Reino de Angola, no dito dia primeiro de julho de 1770 com cinquenta reis de soldo por dia”<ref name=":0" />.  
Sentou praça de soldado voluntariamente na companhia de que foi capitão Alexandre Alberto de Faria, uma das primeiras no regimento de infantaria de Salvador, em 19 de julho de 1760, com quatorze anos. Serviu nesta companhia até 18 de outubro de 1762. Em 19 de outubro, mantendo-se no posto de soldado, passou integrar a companhia de granadeiros do mesmo regimento. Serviu até 8 de junho de 1766 quando passou a cabo de esquadra da mesma companhia. Em 4 de Julho do mesmo ano de 1766 passou a sargento da companhia de granadeiros e em 1769 a furiel da mesma companhia onde serviu até 1 de julho de 1770, quando se lhe deu baixa ''“para que seriamente se empregasse no partido da aula militar”''<ref name=":0" />. No mesmo dia ''“se lhe deu baixa de furriel e se lhe sentou a praça de discípulo da aula militar, admitido a um dos partidos dela, com obrigação de servir em todas as ocasiões que se oferecerem e posto em que se achar nesta capitania e Reino de Angola, no dito dia primeiro de julho de 1770 com cinquenta reis de soldo por dia”''<ref name=":0" />.  


Continuou como partidista da aula, mesmo depois de cumpridos os anos inciais de formação.  
Continuou como partidista da aula, mesmo depois de cumpridos os anos inciais de formação.  


“E por outra portaria do dito Exmo. Conde de Povolide mandou que continuasse com vencimento de partidista do número da Aula Militar enquanto mostrasse por certidão do sargento mor engenheiro Lente da Aula, a sua frequencia nela, graduação e adiantamento, não obstante terem acabado os três anos do estudo dela, porque percebia o partido que Sua Majestade manda dar e com intervenção do dito vedor geral se averbou em seu assento no dia 20 de julho de 1773, por virtude do que ficou continuando no dito partido e percebendo o referido soldo menos nos meses de maio, junho, julho e agosto do ano passado de 1778 por não apresentar certidão do referido sargento-mor engenheiro lente da aula e somente do cirurgião porque constou estar doente”<ref name=":0" />.  
''“E por outra portaria do dito Exmo. Conde de Povolide mandou que continuasse com vencimento de partidista do número da Aula Militar enquanto mostrasse por certidão do sargento mor engenheiro Lente da Aula, a sua frequencia nela, graduação e adiantamento, não obstante terem acabado os três anos do estudo dela, porque percebia o partido que Sua Majestade manda dar e com intervenção do dito vedor geral se averbou em seu assento no dia 20 de julho de 1773, por virtude do que ficou continuando no dito partido e percebendo o referido soldo menos nos meses de maio, junho, julho e agosto do ano passado de 1778 por não apresentar certidão do referido sargento-mor engenheiro lente da aula e somente do cirurgião porque constou estar doente”''<ref name=":0" />.  


Em 1778, em contexto de guerra, na área “desde o forte de São Francisco até a boca do Carmo, que vai para os coqueiros”, “trabalhou na construção das estacadas que se fizeram nas aberturas que vão ter a marinha e nos acessos ou comunicação das ladeiras para cidade alta em toda esta extensão” <ref name=":0" />.  
Em 1778, em contexto de guerra, na área “desde o forte de São Francisco até a boca do Carmo, que vai para os coqueiros”, ''“trabalhou na construção das estacadas que se fizeram nas aberturas que vão ter a marinha e nos acessos ou comunicação das ladeiras para cidade alta em toda esta extensão”'' <ref name=":0" />.  


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==Autor(es) do artigo==
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Renata Araujo
Renata Araujo
CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve


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Revisão das 20h17min de 6 de dezembro de 2022


José de Anchieta Mesquita
Outras Grafias EQUAL

Biografia

Dados biográficos

José de Anchieta de Mesquita era natural de Salvador, filho Manuel Rodrigues de Mesquita. Nasceu em 1746. Aos quatorze anos passou a servir como soldado e foi progredindo na carreira entre a companhia de infantaria e a companhia de granadeiros do regimento da então capital do Brasil. Ainda enquanto furiel da companhia de granadeiros foi escolhido, em 1768, pelo governador Marquês do Lavradio, para “ajudar ao ensino delas, ocupando-se em ensinar as recrutas o regimento” [1]. Pelo seu empenho, passou em 1 de julho de 1770, a partidista da Aula Militar da Bahia, sendo discípulo de José António Caldas. Manteve-se como partidista até 1780.

Em 1776 era já casado. Requereu o ofício de avaliador do Conselho e para tal José António Caldas passou-lhe a seguinte certidão: “consta do meu livro de ponto da minha aula (...) que o dito tem tomado os tratados da artitmética e germetria especulativa, trigonometria, álgebra, geometria prática, artilharia, fortificação e castrametação; e sabe muito bem por em prática tudo o que diz respeito as medições e avaliaçõs das obras de alvenaria, cantaria e carpintaria, risca com delicadeza qualquer planta militar e civil e está hábil para qualuer emprego, e o reservava para se empregar no exercício de engenheiro pela sua grande capacidade.”[1]

Em 1778, depois de ter participado em trabalhos na fortificação da cidade em contexto de guerra, ficou gravemente doente. Nestas circunstâncias, quando o governador Manuel da Cunha Meneses (1774-1779) “proveu os partidistas da Aula Militar em oficiais do regimento de artilharia, se achava o suplicante neste miserável estado sem poder fazer ao menos uma marcha lenta, pelo que não foi acomodado como os seus companheiros, ficando com o limitado soldo de cinquenta reis por dia para suprir a grave e prolongada moléstia”[1].

Em 1780 pediu pediu o posto de ajudante engenheiro que se achava vago por José Ramos de Sousa ter passado para capitão do regimento de artilharia. Em 1783 aparece identificado numa planta como ajudante de infantaria com exercício de engenheiro[2].

Carreira

Sentou praça de soldado voluntariamente na companhia de que foi capitão Alexandre Alberto de Faria, uma das primeiras no regimento de infantaria de Salvador, em 19 de julho de 1760, com quatorze anos. Serviu nesta companhia até 18 de outubro de 1762. Em 19 de outubro, mantendo-se no posto de soldado, passou integrar a companhia de granadeiros do mesmo regimento. Serviu até 8 de junho de 1766 quando passou a cabo de esquadra da mesma companhia. Em 4 de Julho do mesmo ano de 1766 passou a sargento da companhia de granadeiros e em 1769 a furiel da mesma companhia onde serviu até 1 de julho de 1770, quando se lhe deu baixa “para que seriamente se empregasse no partido da aula militar”[1]. No mesmo dia “se lhe deu baixa de furriel e se lhe sentou a praça de discípulo da aula militar, admitido a um dos partidos dela, com obrigação de servir em todas as ocasiões que se oferecerem e posto em que se achar nesta capitania e Reino de Angola, no dito dia primeiro de julho de 1770 com cinquenta reis de soldo por dia”[1].

Continuou como partidista da aula, mesmo depois de cumpridos os anos inciais de formação.

“E por outra portaria do dito Exmo. Conde de Povolide mandou que continuasse com vencimento de partidista do número da Aula Militar enquanto mostrasse por certidão do sargento mor engenheiro Lente da Aula, a sua frequencia nela, graduação e adiantamento, não obstante terem acabado os três anos do estudo dela, porque percebia o partido que Sua Majestade manda dar e com intervenção do dito vedor geral se averbou em seu assento no dia 20 de julho de 1773, por virtude do que ficou continuando no dito partido e percebendo o referido soldo menos nos meses de maio, junho, julho e agosto do ano passado de 1778 por não apresentar certidão do referido sargento-mor engenheiro lente da aula e somente do cirurgião porque constou estar doente”[1].

Em 1778, em contexto de guerra, na área “desde o forte de São Francisco até a boca do Carmo, que vai para os coqueiros”, “trabalhou na construção das estacadas que se fizeram nas aberturas que vão ter a marinha e nos acessos ou comunicação das ladeiras para cidade alta em toda esta extensão” [1].

Outras informações

Obras

No Arquivo Histórico do Exército no Rio de Janeiro encontra-se o seguinte trabalho:


Planta Mapa Topografico do Lugar (do rio Mamucabo) em que foi axada a massa de cobre nativo, dezenhado em ponto grande, para nelle se poderem ver distinctamente todas as suas partes retratadas fielm., e medidas com exacção: feito p. ordem do Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Marquez de Valensa Governador e Cap. General da Capitania da Bahia José de Anxieta Mesquita Ajudante de Infantaria com Exercicio de Engenheiro, o fez na Bahia no anno de 1783 (original a aguarela). (AHE 02.02.242)

Referências bibliográficas

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_005, Cx. 179, D. 13357. (post. 1780, Abril, 27).
  2. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II, 171.

Bibliografia e Fontes

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_005, Cx. 179, D. 13357. (post. 1780, Abril, 27). Requerimento de José de Anchieta de Mesquita, partidista do número da Aula Militar da Bahia, à rainha D. Maria I solicitando o posto de ajudante de engenheiro ou outro nas tropas da praça da referida cidade.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Renata Araujo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078.

DOI

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