Miguel Luís Jacob: diferenças entre revisões

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Em Janeiro de 1756, há registo de ter ido a Montemor por causa de uma casa que as freiras queriam encostar à muralha<ref name=":9" />. Sabemos que, em 1761, foi a Elvas por ordem do governador João de Lencastre, para "(...) ''delinear a obra da igreja de São João de Deus do convento da dita Cidade e assistir à rematação da mesma''", e que no ano seguinte voltou a Elvas para "''tirar a planta e fazer orçamento da reedificação''" do mesmo convento<ref name=":10">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, Certidão da Vedoria de Artilharia, Estremoz, 29 de Outubro 1762.</ref>.
Em Janeiro de 1756, há registo de ter ido a Montemor por causa de uma casa que as freiras queriam encostar à muralha<ref name=":9" />. Sabemos que, em 1761, foi a Elvas por ordem do governador João de Lencastre, para "(...) ''delinear a obra da igreja de São João de Deus do convento da dita Cidade e assistir à rematação da mesma''", e que no ano seguinte voltou a Elvas para "''tirar a planta e fazer orçamento da reedificação''" do mesmo convento<ref name=":10">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, Certidão da Vedoria de Artilharia, Estremoz, 29 de Outubro 1762.</ref>.


Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com exercício de engenheiro<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62</ref>. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões<ref name=":9" /><ref name=":2">Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21</ref>, processo que todavia terá sido iniciado uns anos antes.
Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com exercício de engenheiro<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62</ref>. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões<ref name=":9" /><ref name=":2">Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21</ref>, processo que, todavia, terá sido iniciado uns anos antes.


Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759, encontrava-se a trabalhar em Almeida, na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente<ref name=":3">Conceição, ''Da Vila Cercada à Praça de Guerra'', 216-222; 291.</ref>. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras<ref>Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20</ref>, onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.
Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759, encontrava-se a trabalhar em Almeida - na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte -, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente<ref name=":3">Conceição, ''Da Vila Cercada à Praça de Guerra'', 216-222; 291.</ref>. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras<ref>Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20</ref>, onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.


Com efeito, como sargento-mor assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere<ref name=":4">Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45.</ref>, tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã. Porém, há menção à sua presença no quartel de Punhete, província da Estremadura, em Outubro de 1762, pelo que o projecto da trincheira deverá ter sido feito nessa ocasião<ref name=":10" />.
Com efeito, como sargento-mor, assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere<ref name=":4">Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45.</ref>, tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã. Porém, há menção à sua presença no quartel de Punhete, província da Estremadura, em Outubro de 1762, pelo que o projecto da trincheira deverá ter sido feito nessa ocasião<ref name=":10" />.


Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764<ref name=":5">Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2.</ref>, sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes [[Francisco João Roscio]] e Francisco Gomes de Lima, ambos também formados na [[Aula de Fortificação de Lisboa|Academia Militar de Lisboa]]. Entre 1764 e 1768 Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontispício próprio<ref name=":6">Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2.</ref><ref name=":7">Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2.</ref>, aí se incluindo a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.
Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764<ref name=":5">Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2.</ref>, sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes [[Francisco João Roscio]] e Francisco Gomes de Lima, ambos também formados na [[Aula de Fortificação de Lisboa|Academia Militar de Lisboa]]. Entre 1764 e 1768, Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontispício próprio<ref name=":6">Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2.</ref><ref name=":7">Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2.</ref>. Nestas constam também a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.


A partir de 1767, figurava como seu assistente principal [[Anastácio Sousa Miranda|Anastácio António de Sousa e Miranda]], que co-assinou os desenhos e que o substituiu como principal engenheiro da praça, depois da sua morte em 1771.
A partir de 1767, [[Anastácio Sousa Miranda|Anastácio António de Sousa e Miranda]] figurou como seu assistente principal, que co-assinou os desenhos e o substituiu como principal engenheiro da praça depois da sua morte em 1771.


===Outras informações=== <!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
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Assinou, em 1739, uma tradução manuscrita do tratado de gnomónica de Thomas Haye, ''Règle horaire universelle pour tracer des cadrans solaires sur toutes sortes de plans réguliers.''.., publicado em Paris por Jacques Vincent em 1716, com reedições em 1726 e 1731<ref name=":8" />.  
Assinou, em 1739, uma tradução manuscrita do tratado de gnomónica de Thomas Haye, ''Règle horaire universelle pour tracer des cadrans solaires sur toutes sortes de plans réguliers.''.., publicado em Paris por Jacques Vincent em 1716, com reedições em 1726 e 1731<ref name=":8" />.  


Pode deduzir-se com razoável grau probabilidade que Miguel Luís Jacob terá sido lente da aula de fortificação em Almeida, disso constituindo indício a redacção do ''Tratado de Fortificação Regular e Irregular'', tradução do tratado de Louis de Cormontaigne, ''Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier,'' 1741<ref>Cormontaigne, Louis de. ''Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier''. La Haye: Chez Jean Neaulme et Adrien Moetjens, 1741. </ref>. Tal indício reflecte a hipótese da continuidade da [[Aula de Fortificação de Almeida]], primeiramente documentada em 1686 com [[Jerónimo Velho de Azevedo]] e tendo como último registo de lente [[António Bernardo da Costa]] em 1791.  
Pode deduzir-se, com razoável grau probabilidade, que Miguel Luís Jacob terá sido lente da aula de fortificação em Almeida, disso constituindo indício a redacção do ''Tratado de Fortificação Regular e Irregular'', tradução do tratado de Louis de Cormontaigne, ''Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier,'' 1741<ref>Cormontaigne, Louis de. ''Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier''. La Haye: Chez Jean Neaulme et Adrien Moetjens, 1741. </ref>. Tal indício reflecte a hipótese da continuidade da [[Aula de Fortificação de Almeida]], primeiramente documentada em 1686 com [[Jerónimo Velho de Azevedo]], e tendo como último registo de lente [[António Bernardo da Costa]] em 1791.  


==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->
==Obras== <!-- Incluí projectos não realizados mas sobre os quais tenhamos informação. Pode incluir informação que não sendo segura, pode ser atribuída; por exemplo: uma determinada obra sobre a qual haja informação de que deve ser atribuída a x pessoa, não deve ser acrescentada na info-box, mas deve constar aqui-->

Revisão das 16h17min de 29 de maio de 2023


Miguel Luís Jacob
Nome completo Miguel Luís Jacob
Outras Grafias Miguel Luiz Jacob
Pai José Jacob
Mãe valor desconhecido
Cônjuge Teresa Inácia de Brito, Josefa Leonor da Fonseca
Filho(s) Maria Constança de Brito, Francisco de Paula Jacob, Ana Maria Jacob
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 1711
Lisboa, Lisboa, Portugal
Morte 11 novembro 1771
Almeida, Guarda, Portugal
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Início: 1726
Fim: 1736

Residência Évora, Évora, Portugal
Data Início: 1737
Fim: 1762

Residência Almeida, Guarda, Portugal
Data Início: 1762
Fim: 1771
Formação
Formação Engenharia Militar
Data Início: 1726
Fim: 1736
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Ajudante
Data Início: 23 de janeiro de 1737
Fim: 21 de agosto de 1750

Posto Capitão Engenheiro
Data Início: 21 de agosto de 1750
Fim: 10 de março de 1762
Arma Infantaria

Posto Sargento-mor
Data Início: 10 de março de 1762
Cargos
Cargo Engenheiro
Actividade
Actividade Desenho cartográfico
Data Início: 1755
Fim: 1757
Local de Actividade Alentejo, Portugal

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1762
Local de Actividade Évora, Évora, Portugal

Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1762
Local de Actividade Estremadura, Portugal

Actividade valor desconhecido
Data Início: 1764
Fim: 1768
Local de Actividade Almeida, Guarda, Portugal

Actividade Autoria de texto
Data Início: 1739
Fim: 1739


Biografia

Dados biográficos

Miguel Luís Jacob nasceu em Lisboa em 1711, e era de provável ascendência francesa, referindo-se a seu pai como José Jacob[1].

Formou-se na Academia Militar da Corte em Lisboa ao longo de dez anos, entre 1726 e 1736[2][3], tendo sido acompanhado pelo engenheiro-mor Manuel de Azevedo Fortes, que o recomendou para o serviço da coroa como sendo um discípulo notável, muito proficiente no desenho.

Sabemos que mais tarde, quando vivia em Évora, era casado com Teresa Inácia de Brito, de quem teve uma filha chamada Maria Constança Inácia de Brito, já falecida em 1793[4][5][6]. Casou-se pela segunda vez depois de 1764, com Josefa Leonor da Fonseca, residente na vila de Almeida e deste matrimónio nasceram Francisco de Paula Jacob, que seguiu a carreira militar, e Ana Maria Vitória Jacob[7].

Morreu em 11 de Novembro de 1771, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Almeida[8]. A sua viúva obteve, em 1789, oitenta mil réis de tença no rendimento da obra pia[6].

Carreira

Miguel Luís Jacob iniciou, formalmente, a carreira com o posto de ajudante engenheiro das fortificações do Alentejo, para o qual foi nomeado em 23 Janeiro 1737[2]. Assinou, em 1739, a tradução do tratado de gnomónica de Thomas Haye[9]. O facto de ter sido praticante na Academia Militar de Lisboa durante uma década revela uma formação profissional longa, susceptível de poder ser também entendida como estágio prático.

Trabalhou na província militar do Alentejo pelo menos até cerca de 1750, ano em que obteve a patente de capitão de infantaria com exercício de engenheiro na mesma região[10][11].

Durante esse período de cerca de vinte anos procedeu a numerosas diligências, entre as quais o levantamento topográfico de significativo número de praças, cujos desenhos se encontram reunidos na colecção Vezita Geral às Praças do Alentejo, realizada por ordem do Sargento-mor de Batalha Manuel Freire de Andrade, em 1755[12]. A Visita Geral constituiu um missão que consistiu em "(...) visitar e a examinar com toda a miudeza e exacção todas as fortificações, corpos de guarda, quartéis, armazéns, hospitais reais, e mais casas pertencentes às Vedorias, a todas as praças, e terras da mesma província, na forma do Cap. 2 do novo Regimento das Fortificações, descrever e autuar as ruínas que achou e os reparos de que necessitavam para se conservarem, medindo e orçando a despesa que se poderia fazer no seu reparo, e tirar as plantas, e configurações de todas as referidas Praças (...)."[13].

Em Janeiro de 1756, há registo de ter ido a Montemor por causa de uma casa que as freiras queriam encostar à muralha[13]. Sabemos que, em 1761, foi a Elvas por ordem do governador João de Lencastre, para "(...) delinear a obra da igreja de São João de Deus do convento da dita Cidade e assistir à rematação da mesma", e que no ano seguinte voltou a Elvas para "tirar a planta e fazer orçamento da reedificação" do mesmo convento[14].

Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com exercício de engenheiro[15]. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões[13][16], processo que, todavia, terá sido iniciado uns anos antes.

Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759, encontrava-se a trabalhar em Almeida - na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte -, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente[17]. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras[18], onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.

Com efeito, como sargento-mor, assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere[19], tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã. Porém, há menção à sua presença no quartel de Punhete, província da Estremadura, em Outubro de 1762, pelo que o projecto da trincheira deverá ter sido feito nessa ocasião[14].

Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764[20], sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes Francisco João Roscio e Francisco Gomes de Lima, ambos também formados na Academia Militar de Lisboa. Entre 1764 e 1768, Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontispício próprio[21][22]. Nestas constam também a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.

A partir de 1767, Anastácio António de Sousa e Miranda figurou como seu assistente principal, que co-assinou os desenhos e o substituiu como principal engenheiro da praça depois da sua morte em 1771.

Outras informações

Assinou, em 1739, uma tradução manuscrita do tratado de gnomónica de Thomas Haye, Règle horaire universelle pour tracer des cadrans solaires sur toutes sortes de plans réguliers..., publicado em Paris por Jacques Vincent em 1716, com reedições em 1726 e 1731[9].

Pode deduzir-se, com razoável grau probabilidade, que Miguel Luís Jacob terá sido lente da aula de fortificação em Almeida, disso constituindo indício a redacção do Tratado de Fortificação Regular e Irregular, tradução do tratado de Louis de Cormontaigne, Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier, 1741[23]. Tal indício reflecte a hipótese da continuidade da Aula de Fortificação de Almeida, primeiramente documentada em 1686 com Jerónimo Velho de Azevedo, e tendo como último registo de lente António Bernardo da Costa em 1791.

Obras

Tratado de Gnomónica para descrever os Relógios Solares sobre toda a sorte de planos regulares assim Declinantes como Inclinados, com hum breve compendio da Esphera para a Inteligencia dos Circolos Meridianos de que he composta. Composto pelo Engenheiro Mr. de la Haye e traduzido da lingoa franceza pelo Ajudante Engenheiro Miguel Luís Jacob no Anno de 1739. Biblioteca Pública de Évora, Fundo Documental Manizola, Códice 295.

Vezita Geral às Praças do Alentejo ou Colecção de plantas das praças do Alentejo (Arronches, Campo Maior, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Juromenha, Marvão, Mértola, Monsaraz, Moura, Mourão, Noudar, Olivença, Ouguela, Serpa, Vila Viçosa), 1755-1757[12].

Planta do quartel de cavaleria que se está edificando no castelo da cidade de Evora... e Planta do primeiro pavimento dos quarteis para officiaes e soldados dos Dragoens da cidade de Evora em o sitio do Castello..., [1762][16].

Planta da trincheira que por ordem de S. Magestade se anda ezecutando no alto do Monte da Senhora da Conceição alem do Rio Zezere, com as obras que de novo se projectarão...[19].

Planta da Praça de Almeida e Seus Attaques...[20].

Planta das Latrinas e Perfil tomado sobre o cumprimento das Letrinas...[24].

Plantas, perfiz, alçados & espacatos das obras que por ordem de S. Mag.de Fidelissima se fizerão em a Praça de Almeida desde o anno de 1766 te 1768...[21].

Relação das obras que se fizerão na Praça de Almeida: depois da redificação de todas as suas muralhas e Quarteis de Infantaria do Regimento da mesma Praça e se referem as que construidas debacho da direcção dos officiaes engenheiros ate o primeiro de Maio de 1771...[22].

Tratado de Fortificação Regular e Irregular. Livro I da Fortificação Regular, Livro II da Fortificação Irregular, Livro III da Fortificação Effetiva, Composto pelo Capitão de Infantaria com Exercício de Engenheiro Miguel Luís Jacob, [anterior 1762][17]. Biblioteca Pública Municipal do Porto, Manuscrito 1199.

Notas

  1. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, maço 881, processo 12, certidão do Registo das Mercês, Lisboa, 19 de Janeiro 1764.
  2. 2,0 2,1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101
  3. Sepúlveda, História Orgânica e Política do Exército Portuguez, 3:18-20.
  4. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, requerimento de Miguel Luís Jacob solicitando uma tença de trezentos mil réis, 1764.
  5. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Maria I, Lv. 20, fl. 46, alvará de tença na obra pia a Maria Constança Inácia de Brito, filha de Miguel Luís Jacob,18 de Maio de 1786.
  6. 6,0 6,1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 741, processo 55, requerimento de Francisco de Paula Jacob, alferes do Regimento de Cavalaria da praça de Almeida, solicitando a mercê do hábito da Ordem de Avis como remuneração dos serviços do seu pai, Miguel Luís Jacob, sargento-mor engenheiro, 26 de Abril de 1793.  
  7. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho da Fazenda, Justificações do Reino, Letra F, maço 18, n.º 45, Autos de justificação de Francisco de Paula Jacob e sua irmã Ana Maria Vitória Jacob, filhos de Miguel Luís Jacob e de Josefa Leonor da Fonseca, 24 de Novembro de 1802.
  8. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Paróquia de Almeida, Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4
  9. 9,0 9,1 Tratado de Gnomónica para descrever os Relógios Solares ... 1739.  Biblioteca Pública de Évora, Fundo Documental Manizola Códice 295.
  10. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, 2:29.
  11. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº3
  12. 12,0 12,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40
  13. 13,0 13,1 13,2 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, certidão da Vedoria da Província do Alentejo, 6 de Setembro de 1756.
  14. 14,0 14,1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, Certidão da Vedoria de Artilharia, Estremoz, 29 de Outubro 1762.
  15. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62
  16. 16,0 16,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21
  17. 17,0 17,1 Conceição, Da Vila Cercada à Praça de Guerra, 216-222; 291.
  18. Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20
  19. 19,0 19,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45.
  20. 20,0 20,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2.
  21. 21,0 21,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2.
  22. 22,0 22,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2.
  23. Cormontaigne, Louis de. Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier. La Haye: Chez Jean Neaulme et Adrien Moetjens, 1741.
  24. Direcção de Infraestruturas do Exército, 558 / 559 - 1 - 2 - 2, 560 - 1 - 2 - 2

Fontes

Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Paróquia de Almeida, Livro de Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho da Fazenda, Justificações do Reino, Letra F, maço 18, nº 45, 24 de Novembro de 1802. 

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº 3.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, maço 881, processo 12, 1764.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, maço 741.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Maria I, Lv. 20, fl. 46.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 92, fl. 58 v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 102, fl. 207.

Biblioteca Digital do Exército, Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40, 1833-1A-15-20, 4274-6-82-117.

Bibliografia

Conceição, Margarida Tavares. Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII). Lisboa: Livros Horizonte, [1997] 2002.

Conceição, Margarida Tavares. "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII." Em Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.

Moreira, Rafael. "Do Rigor Teórico à Urgência Prática: A Arquitectura Militar." Em História da Arte em Portugal, O Limiar do Barroco, dir. Carlos Moura, 67-86. Lisboa: Publicações Alfa, 1986.

Santos, Horácio Madureira dos. Catálogo dos Decretos do Extinto Conselho da Guerra. Vol. 2. Lisboa: Gráfico Santelmo, 1959, 301.

Santos, Horácio Madureira dos. Catálogo dos Decretos do Extinto Conselho da Guerra. Vol. 3. Lisboa: Gráfico Santelmo, 1961, 91.

Sepúlveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas. Vol. 3. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, 18-20.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol. 2. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Ligações Externas

Página online sobre Miguel Luís Jacob em Fortalezas.org.

Autor(es) do artigo

Margarida Tavares da Conceição

IHA - Instituto de História da Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa / IN2PAST — Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território

https://orcid.org/0000-0003-3041-9235

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Instituto de História da Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, através do projeto estratégico financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., ref. UID/PAM/00417/2019.

DOI

https://doi.org/10.34619/cfqx-b192

Citar este artigo

Conceição, Margarida Tavares da. "Miguel Luís Jacob", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 29/05/2023). Consultado a 26 de abril de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Miguel_Lu%C3%ADs_Jacob. DOI: https://doi.org/10.34619/cfqx-b192