Miguel Luís Jacob: diferenças entre revisões

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==Biografia==
==Biografia==
=== Dados biográficos ===
=== Dados biográficos ===
Miguel Luís Jacob era natural de Lisboa, talvez de ascendência francesa, com data de nascimento desconhecida (por volta de 1710 apenas por suposição).
Miguel Luís Jacob era natural de Lisboa, talvez de ascendência francesa, com data de nascimento desconhecida (por volta de 1710 apenas por suposição)<ref>Verbete baseado em Conceição, Margarida Tavares. [http://eventos.letras.up.pt/ivslbch/comunicacoes/64.pdf "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII."]In: ''Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica'', Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.</ref>.


Formou-se na Academia Militar de Lisboa ao longo de dez anos, entre 1726 e 1736, tendo sido acompanhado pelo engenheiro-mor Manuel de Azevedo Fortes, que o recomendou para o serviço da coroa como sendo um discípulo notável, muito proficiente no desenho.
Formou-se na [[Academia Militar de Lisboa]] ao longo de dez anos, entre 1726 e 1736<ref name=":0">ANTT, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101</ref> <ref>Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. ''História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas''. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol.III, 18-20.</ref>, tendo sido acompanhado pelo engenheiro-mor [[Manuel de Azevedo Fortes]], que o recomendou para o serviço da coroa como sendo um discípulo notável, muito proficiente no desenho.


Casou-se em Almeida, provavelmente depois de 1762, com Josefa Leonor da Fonseca, residente nesta vila. Morreu em 11 de Novembro de 1771, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Almeida.
Casou-se em Almeida, provavelmente depois de 1762, com Josefa Leonor da Fonseca, residente nesta vila. Morreu em 11 de Novembro de 1771, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Almeida<ref>ANTT, Paróquia de Almeida, Registo de Óbitos, [https://digitarq.arquivos.pt/ViewerForm.aspx?id=4797062 PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O]4</ref>.


===Carreira===
===Carreira===
Miguel Luís Jacob iniciou formalmente a carreira com o posto de Ajudante Engenheiro das fortificações do Alentejo, para o qual foi nomeado em 23 Janeiro 1737. O facto de ter sido praticante na Academia Militar de Lisboa durante uma década revela uma formação profissional longa, susceptível de poder ser também entendida como estágio prático.
Miguel Luís Jacob iniciou formalmente a carreira com o posto de ajudante engenheiro das fortificações do Alentejo, para o qual foi nomeado em 23 Janeiro 1737<ref name=":0" />. O facto de ter sido praticante na [[Academia Militar de Lisboa]] durante uma década revela uma formação profissional longa, susceptível de poder ser também entendida como estágio prático. Trabalhou na província militar do Alentejo pelo menos até cerca de 1750, ano em que obteve a patente de capitão de infantaria com exercício de engenheiro na mesma região<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto02vite Vol II], 29.</ref><ref>ANTT, Conselho de Gerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº3</ref>. Durante esse período de cerca de vinte anos procedeu ao levantamento topográfico de significativo número de praças, cujos desenhos se encontram reunidos na colecção ''Vezita Geral às Praças do Alentejo'', realizada por ordem do Sargento-mor de Batalha Manuel Freire de Andrade, em 1755<ref name=":1">Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40</ref>.
Trabalhou na província militar do Alentejo pelo menos até cerca de 1750, ano em que obteve a patente de Capitão de Infantaria com exercício de Engenheiro na mesma região<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto02vite Vol II], 29.</ref>. Durante esse período de cerca de vinte anos procedeu ao levantamento topográfico de significativo número de praças, cujos desenhos se encontram reunidos na colecção ''Vezita Geral às Praças do Alentejo'', realizada por ordem do Sargento-mor de Batalha Manuel Freire de Andrade, em 1755.


Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como Sargento-mor com execício de Engenheiro. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em Quartel de Cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões.
Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com execício de engenheiro<ref>ANTT, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62</ref>. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões<ref name=":2">Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21</ref>.


Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759 encontrava-se já a trabalhar em Almeida, na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras, onde se dá contada intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.
Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759 encontrava-se já a trabalhar em Almeida, na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente<ref name=":3">Conceição, Margarida Tavares. ''Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII)''. Lisboa: Livros Horizonte [1997] 2002, 216-222, 291.</ref>. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras<ref>Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20</ref>, onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.


Como Sargento-mor assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere, tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã.
Como sargento-mor assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere<ref name=":4">Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45</ref>, tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã.


Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764, sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes [[Francisco João Roscio]] e [[Francisco Gomes de Lima]], ambos também formados na Academia de Fortificação de Lisboa. Entre 1764 e 1768 Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontiscípio próprio, aí se incluindo a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.
Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764<ref name=":5">Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2</ref>, sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes [[Francisco João Roscio]] e [[Francisco Gomes de Lima]], ambos também formados na [[Academia Militar de Lisboa.]] Entre 1764 e 1768 Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontiscípio próprio<ref name=":6">Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2</ref><ref name=":7">Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2</ref>, aí se incluindo a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.


A partir de 1767 figurava como seu assistente principal [[Anastácio António de Sousa e Miranda]], que co-assinou os desenhos e que o substituiu como principal engenheiro da praça, depois da sua morte em 1771.
A partir de 1767 figurava como seu assistente principal [[Anastácio António de Sousa e Miranda]], que co-assinou os desenhos e que o substituiu como principal engenheiro da praça, depois da sua morte em 1771.


===Outras informações===
===Outras informações===
Pode deduzir-se com razoável grau probabilidade que Miguel Luís Jacob terá sido lente da aula de fortificação em Almeida, disso constituindo indício a redacção do''Tratado de Fortificação Regular e Irregular'', tradução do tratado de Louis de Cormontaigne, ''Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier''. La Haye: Chez Jean Neaulme et Adrien Moetjens, 1741. Tal indício reflecte a hipótese a continuidade da Aula de Fortificação de Almeida, primeiramente documentada em 1686 com [[Jerónimo Velho de Azevedo]] e tendo como último registo de lente [[António Bernardo da Costa]] em 1791.  
Pode deduzir-se com razoável grau probabilidade que Miguel Luís Jacob terá sido lente da aula de fortificação em Almeida, disso constituindo indício a redacção do''Tratado de Fortificação Regular e Irregular'', tradução do tratado de Louis de Cormontaigne, ''Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier,'' 1741<ref>Cormontaigne, Louis de. ''Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier''. La Haye: Chez Jean Neaulme et Adrien Moetjens, 1741. </ref>. Tal indício reflecte a hipótese a continuidade da [[Aula de Fortificação de Almeida]], primeiramente documentada em 1686 com [[Jerónimo Velho de Azevedo]] e tendo como último registo de lente [[António Bernardo da Costa]] em 1791.  


==Obras==  
==Obras==  
''Vezita Geral às Praças do Alentejo'' ou ''Colecção de plantas das praças do Alentejo'' (Arronches, Campo Maior, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Juromenha, Marvão, Mértola, Monsaraz, Moura, Mourão, Noudar, Olivença, Ouguela, Serpa, Vila Viçosa), 1755-1757 - Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40.
''Vezita Geral às Praças do Alentejo'' ou ''Colecção de plantas das praças do Alentejo'' (Arronches, Campo Maior, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Juromenha, Marvão, Mértola, Monsaraz, Moura, Mourão, Noudar, Olivença, Ouguela, Serpa, Vila Viçosa), 1755-1757<ref name=":1" />


''Planta do quartel de cavaleria que se está edificando no castelo da cidade de Evora''... - Direcção de Infraestruturas do Exército, 1833-1A-15-20, 4274-6-82-117.
''Planta do quartel de cavaleria que se está edificando no castelo da cidade de Evora''... e ''Planta do primeiro pavimento dos quarteis para officiaes e soldados dos Dragoens da cidade de Evora em o sitio do Castello''... <ref name=":2" />


''Planta do primeiro pavimento dos quarteis para officiaes e soldados dos Dragoens da cidade de Evora em o sitio do Castello''... - Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21.
''Planta da trincheira que por ordem de S. Magestade se anda ezecutando no alto do Monte da Senhora da Conceição alem do Rio Zezere, com as obras que de novo se projectarão''....<ref name=":4" />.


''Planta da trincheira que por ordem de S. Magestade se anda ezecutando no alto do Monte da Senhora da Conceição alem do Rio Zezere, com as obras que de novo se projectarão''.... - Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45.
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''Planta das Latrinas e Perfil tomado sobre o cumprimento das Letrinas''...- Direcção de Infraestruturas do Exército, 558 / 559 - 1 - 2 - 2, 560 - 1 - 2 - 2.
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''Relação das obras que se fizerão na Praça de Almeida: depois da redificação de todas as suas muralhas e Quarteis de Infantaria do Regimento da mesma Praça e se referem as que construidas debacho da direcção dos officiaes engenheiros ate o primeiro de Maio de 1771...''<ref name=":7" />


''Relação das obras que se fizerão na Praça de Almeida: depois da redificação de todas as suas muralhas e Quarteis de Infantaria do Regimento da mesma Praça e se referem as que construidas debacho da direcção dos officiaes engenheiros ate o primeiro de Maio de 177''1- Direcção de Infraestruturas do Exército,551/II-1-2-2.
''Tratado de Fortificação Regular e Irregular. Livro I da Fortificação Regular, Livro II da Fortificação Irregular, Livro III da Fortificação Effetiva, Composto pelo Capitão de Infantaria com Exercício de Engenheiro Miguel Luís Jacob,'' [anterior 1762]<ref name=":3" /> - Biblioteca Pública Municipal do Porto, Manuscrito 1199.
 
''Tratado de Fortificação Regular e Irregular. Livro I da Fortificação Regular, Livro II da Fortificação Irregular, Livro III da Fortificação Effetiva, Composto pelo Capitão de Infantaria com Exercício de Engenheiro Miguel Luís Jacob,'' [anterior 1762] - Biblioteca Pública Municipal do Porto, Manuscrito 1199.


==Referências bibliográficas==<!--Ou seja, a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação-->
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*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº 3
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº 3
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 92, fl. 58 v.
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 92, fl. 58 v.
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 102, fl. 207
*Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 102, fl. 207

Revisão das 21h10min de 13 de setembro de 2019


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Miguel Luís Jacob
Nascimento
Lisboa, Portugal
Morte 11 de novembro de 1771
Almeida, Portugal
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Biografia

Dados biográficos

Miguel Luís Jacob era natural de Lisboa, talvez de ascendência francesa, com data de nascimento desconhecida (por volta de 1710 apenas por suposição)[1].

Formou-se na Academia Militar de Lisboa ao longo de dez anos, entre 1726 e 1736[2] [3], tendo sido acompanhado pelo engenheiro-mor Manuel de Azevedo Fortes, que o recomendou para o serviço da coroa como sendo um discípulo notável, muito proficiente no desenho.

Casou-se em Almeida, provavelmente depois de 1762, com Josefa Leonor da Fonseca, residente nesta vila. Morreu em 11 de Novembro de 1771, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Almeida[4].

Carreira

Miguel Luís Jacob iniciou formalmente a carreira com o posto de ajudante engenheiro das fortificações do Alentejo, para o qual foi nomeado em 23 Janeiro 1737[2]. O facto de ter sido praticante na Academia Militar de Lisboa durante uma década revela uma formação profissional longa, susceptível de poder ser também entendida como estágio prático. Trabalhou na província militar do Alentejo pelo menos até cerca de 1750, ano em que obteve a patente de capitão de infantaria com exercício de engenheiro na mesma região[5][6]. Durante esse período de cerca de vinte anos procedeu ao levantamento topográfico de significativo número de praças, cujos desenhos se encontram reunidos na colecção Vezita Geral às Praças do Alentejo, realizada por ordem do Sargento-mor de Batalha Manuel Freire de Andrade, em 1755[7].

Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com execício de engenheiro[8]. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões[9].

Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759 encontrava-se já a trabalhar em Almeida, na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente[10]. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras[11], onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.

Como sargento-mor assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere[12], tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã.

Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764[13], sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes Francisco João Roscio e Francisco Gomes de Lima, ambos também formados na Academia Militar de Lisboa. Entre 1764 e 1768 Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontiscípio próprio[14][15], aí se incluindo a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.

A partir de 1767 figurava como seu assistente principal Anastácio António de Sousa e Miranda, que co-assinou os desenhos e que o substituiu como principal engenheiro da praça, depois da sua morte em 1771.

Outras informações

Pode deduzir-se com razoável grau probabilidade que Miguel Luís Jacob terá sido lente da aula de fortificação em Almeida, disso constituindo indício a redacção doTratado de Fortificação Regular e Irregular, tradução do tratado de Louis de Cormontaigne, Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier, 1741[16]. Tal indício reflecte a hipótese a continuidade da Aula de Fortificação de Almeida, primeiramente documentada em 1686 com Jerónimo Velho de Azevedo e tendo como último registo de lente António Bernardo da Costa em 1791.

Obras

Vezita Geral às Praças do Alentejo ou Colecção de plantas das praças do Alentejo (Arronches, Campo Maior, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Juromenha, Marvão, Mértola, Monsaraz, Moura, Mourão, Noudar, Olivença, Ouguela, Serpa, Vila Viçosa), 1755-1757[7]

Planta do quartel de cavaleria que se está edificando no castelo da cidade de Evora... e Planta do primeiro pavimento dos quarteis para officiaes e soldados dos Dragoens da cidade de Evora em o sitio do Castello... [9]

Planta da trincheira que por ordem de S. Magestade se anda ezecutando no alto do Monte da Senhora da Conceição alem do Rio Zezere, com as obras que de novo se projectarão....[12].

Planta da Praça de Almeida e Seus Attaques...[13]

Planta das Latrinas e Perfil tomado sobre o cumprimento das Letrinas...[17]

Plantas, perfiz, alçados & espacatos das obras que por ordem de S. Mag.de Fidelissima se fizerão em a Praça de Almeida desde o anno de 1766 te 1768...[14]

Relação das obras que se fizerão na Praça de Almeida: depois da redificação de todas as suas muralhas e Quarteis de Infantaria do Regimento da mesma Praça e se referem as que construidas debacho da direcção dos officiaes engenheiros ate o primeiro de Maio de 1771...[15]

Tratado de Fortificação Regular e Irregular. Livro I da Fortificação Regular, Livro II da Fortificação Irregular, Livro III da Fortificação Effetiva, Composto pelo Capitão de Infantaria com Exercício de Engenheiro Miguel Luís Jacob, [anterior 1762][10] - Biblioteca Pública Municipal do Porto, Manuscrito 1199.

Referências bibliográficas

  1. Verbete baseado em Conceição, Margarida Tavares. "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII."In: Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.
  2. 2,0 2,1 ANTT, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101
  3. Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol.III, 18-20.
  4. ANTT, Paróquia de Almeida, Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4
  5. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II, 29.
  6. ANTT, Conselho de Gerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº3
  7. 7,0 7,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40
  8. ANTT, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62
  9. 9,0 9,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21
  10. 10,0 10,1 Conceição, Margarida Tavares. Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII). Lisboa: Livros Horizonte [1997] 2002, 216-222, 291.
  11. Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20
  12. 12,0 12,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45
  13. 13,0 13,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2
  14. 14,0 14,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2
  15. 15,0 15,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2
  16. Cormontaigne, Louis de. Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier. La Haye: Chez Jean Neaulme et Adrien Moetjens, 1741. 
  17. Direcção de Infraestruturas do Exército, 558 / 559 - 1 - 2 - 2, 560 - 1 - 2 - 2

Bibliografia e Fontes

  • Conceição, Margarida Tavares. Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII). Lisboa: Livros Horizonte [1997] 2002.
  • Conceição, Margarida Tavares. "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII." In: Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.
  • Moreira, Rafael. "Do Rigor Teórico à Urgência Prática: A Arquitectura Militar". In: História da Arte em Portugal, O Limiar do Barroco, dir. Carlos Moura, 67-86. Lisboa: Publicações Alfa, 1986.
  • Santos, Horácio Madureira dos. Catálogo dos Decretos do Extinto Conselho da Guerra. Lisboa: Gráfico Santelmo, 1959, vol. II, 301; 1961, vol. III, 91.
  • Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol.III, 18-20.
  • Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.
  • Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20
  • Arquivo Nacional Torre do Tombo, Paróquia de Almeida, Livro de Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4
  • Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº 3
  • Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62
  • Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101
  • Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 92, fl. 58 v.
  • Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 102, fl. 207
  • Biblioteca Digital do Exército, Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40, 1833-1A-15-20, 4274-6-82-117

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Margarida Tavares da Conceição

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017.

Instituto de História da Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, através do projeto estratégico financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., ref. UID/PAM/00417/2019.

DOI

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