Miguel Luís Jacob: diferenças entre revisões

Fonte: eViterbo
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa
mSem resumo de edição
mSem resumo de edição
Linha 134: Linha 134:
===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->
===Dados biográficos=== <!--Nome pelo qual é conhecido. Local de nascimento. Data. Filiação (pai/mãe). Casamento(s). Filhos(s). Formação escolar e académica. Sítios onde estudou. Outros dados biográficos que sejam interessantes/relevantes-->


Miguel Luís Jacob era natural de Lisboa, talvez de ascendência francesa, com data de nascimento desconhecida (por volta de 1710 apenas por suposição)<ref>Verbete baseado em Conceição, Margarida Tavares. "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII."In: ''Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica'', Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.</ref>.
Miguel Luís Jacob era natural de Lisboa, provavelmente de ascendência francesa, com data de nascimento desconhecida, mas talvez por volta de 1708, ano tomado como data de referência<ref>Verbete baseado em Conceição, Margarida Tavares. "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII."In: ''Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica'', Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.</ref>.


Formou-se na [[Aula de Fortificação de Lisboa|Academia Militar da Corte]] em Lisboa ao longo de dez anos, entre 1726 e 1736<ref name=":0">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101</ref><ref>Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. ''História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas''. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol.III, 18-20.</ref>, tendo sido acompanhado pelo engenheiro-mor [[Manuel de Azevedo Fortes]], que o recomendou para o serviço da coroa como sendo um discípulo notável, muito proficiente no desenho.  
Formou-se na [[Aula de Fortificação de Lisboa|Academia Militar da Corte]] em Lisboa ao longo de dez anos, entre 1726 e 1736<ref name=":0">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101</ref><ref>Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. ''História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas''. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol.III, 18-20.</ref>, tendo sido acompanhado pelo engenheiro-mor [[Manuel de Azevedo Fortes]], que o recomendou para o serviço da coroa como sendo um discípulo notável, muito proficiente no desenho.  


Sabemos que, quando vivia em Évora, era casado com Teresa Inácia de Brito, de quem teve uma filha chamada Maria Constança Inácia de Brito<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, requerimento de Miguel Luís Jacob solicitando uma tença de trezentos mil réis, 1764.</ref><ref>Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Maria I, Lv. 20, fl. 46, alvará de tença na obra pia a Maria Constança Inácia de Brito, filha de Miguel Luís Jacob,18 de Maio de 1786.</ref>. Casou-se pela segunda vez em Almeida, já depois de 1764, com Josefa Leonor da Fonseca, residente nesta vila. Deste matrimónio nasceram Francisco de Paula Jacob e Ana Maria Vitória Jacob.   
Sabemos que, quando vivia em Évora, era casado com Teresa Inácia de Brito, de quem teve uma filha chamada Maria Constança Inácia de Brito<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, requerimento de Miguel Luís Jacob solicitando uma tença de trezentos mil réis, 1764.</ref><ref>Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Maria I, Lv. 20, fl. 46, alvará de tença na obra pia a Maria Constança Inácia de Brito, filha de Miguel Luís Jacob,18 de Maio de 1786.</ref>. Casou-se pela segunda vez em Almeida, já depois de 1764, com Josefa Leonor da Fonseca, residente nesta vila. Foi talvez deste matrimónio que nasceram Francisco de Paula Jacob e Ana Maria Vitória Jacob. Morreu em 11 de Novembro de 1771, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Almeida<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Paróquia de Almeida, Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4</ref>.   


Morreu em 11 de Novembro de 1771, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Almeida<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Paróquia de Almeida, Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4</ref>.  
===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
Miguel Luís Jacob iniciou formalmente a carreira com o posto de ajudante engenheiro das fortificações do Alentejo, para o qual foi nomeado em 23 Janeiro 1737<ref name=":0" />. Assinou em 1739 a tradução do tratado de gnomónica de Thomas Haye<ref name=":8">''Tratado de Gnomónica para descrever os Relógios Solares ... 1739.''  Biblioteca Pública de Évora, Fundo Documental Manizola Códice 295.</ref>. O facto de ter sido praticante na [[Aula de Fortificação de Lisboa|Academia Militar de Lisboa]] durante uma década revela uma formação profissional longa, susceptível de poder ser também entendida como estágio prático.  


===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->
Trabalhou na província militar do Alentejo pelo menos até cerca de 1750, ano em que obteve a patente de capitão de infantaria com exercício de engenheiro na mesma região<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, Vol II, 29.</ref><ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº3</ref>.
Miguel Luís Jacob iniciou formalmente a carreira com o posto de ajudante engenheiro das fortificações do Alentejo, para o qual foi nomeado em 23 Janeiro 1737<ref name=":0" />. Assinou em 1739 a tradução do tratado de gnomónica de Thomas Haye<ref name=":8">''Tratado de Gnomónica para descrever os Relógios Solares ... 1739.''  Biblioteca Pública de Évora, Fundo Documental Manizola Códice 295.</ref>. O facto de ter sido praticante na [[Academia Militar da Corte|Academia Militar de Lisboa]] durante uma década revela uma formação profissional longa, susceptível de poder ser também entendida como estágio prático.  
 
Durante esse período de cerca de vinte anos procedeu a numerosas diligências, entre as quais o levantamento topográfico de significativo número de praças, cujos desenhos se encontram reunidos na colecção ''Vezita Geral às Praças do Alentejo'', realizada por ordem do Sargento-mor de Batalha Manuel Freire de Andrade, em 1755<ref name=":1">Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40</ref>. A Visita Geral constituiu um missão que consistiu em "[...] visitar e a examinar com toda a miudeza e exacção todas as fortificações, corpos de guarda, quartéis, armazéns, hospitais reais, e mais casas pertencentes às Vedorias, a todas as praças, e terras da mesma província, na forma do Cap. 2 do novo Regimento das Fortificações, descrever e autuar as ruínas que achou e os reparos de que necessitavam para se conservarem, medindo e orçando a despesa que se poderia fazer no seu reparo, e tirar as plantas, e configurações de todas as referidas Praças [...]."<ref name=":9">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, certidão da Vedoria da Província do Alentejo, 6 de Setembro de 1756.</ref>.  


Trabalhou na província militar do Alentejo pelo menos até cerca de 1750, ano em que obteve a patente de capitão de infantaria com exercício de engenheiro na mesma região<ref>Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, Vol II, 29.</ref><ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº3</ref>. Durante esse período de cerca de vinte anos procedeu ao levantamento topográfico de significativo número de praças, cujos desenhos se encontram reunidos na colecção ''Vezita Geral às Praças do Alentejo'', realizada por ordem do Sargento-mor de Batalha Manuel Freire de Andrade, em 1755<ref name=":1">Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40</ref>.
Em Janeiro de 1756 há registo de ter ido a Montemor por causa de uma casa que as freiras queriam encostar à muralha<ref name=":9" />. Sabemos que em 1761 foi a Elvas, por ordem do governador João de Lencastre, para "[...] delinear a obra da igreja de São João de Deus do convento da dita Cidade e assistir à rematação da mesma", e que no ano seguinte voltou a Elvas para "tirar a planta e fazer orçamento da reedificação" do mesmo convento<ref name=":10">Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, Certidão da Vedoria de Artilharia, Estremoz, 29 de Outubro 1762.</ref>.


Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com exercício de engenheiro<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62</ref>. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões<ref name=":2">Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21</ref>.
Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com exercício de engenheiro<ref>Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62</ref>. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões<ref name=":9" /><ref name=":2">Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21</ref>, processo que todavia terá sido iniciado uns anos antes.


Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759 encontrava-se a trabalhar em Almeida, na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente<ref name=":3">Conceição, Margarida Tavares. ''Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII)''. Lisboa: Livros Horizonte [1997] 2002, 216-222, 291.</ref>. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras<ref>Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20</ref>, onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.
Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759 encontrava-se a trabalhar em Almeida, na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente<ref name=":3">Conceição, Margarida Tavares. ''Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII)''. Lisboa: Livros Horizonte [1997] 2002, 216-222, 291.</ref>. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras<ref>Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20</ref>, onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.


Como sargento-mor assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere<ref name=":4">Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45</ref>, tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã.
Com efeito, como sargento-mor assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere<ref name=":4">Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45</ref>, tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã. Porém, há menção à sua presença no quartel de Punhete, província da Estremadura, em Outubro de 1762<ref name=":10" />.


Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764<ref name=":5">Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2</ref>, sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes [[Francisco João Roscio]] e [[Francisco Gomes Lima|Francisco Gomes de Lima]], ambos também formados na [[Academia Militar da Corte|Academia Militar de Lisboa.]] Entre 1764 e 1768 Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontispício próprio<ref name=":6">Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2</ref><ref name=":7">Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2</ref>, aí se incluindo a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.
Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764<ref name=":5">Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2</ref>, sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes [[Francisco João Roscio]] e [[Francisco Gomes Lima|Francisco Gomes de Lima]], ambos também formados na [[Aula de Fortificação de Lisboa|Academia Militar de Lisboa]]. Entre 1764 e 1768 Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontispício próprio<ref name=":6">Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2</ref><ref name=":7">Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2</ref>, aí se incluindo a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.


A partir de 1767 figurava como seu assistente principal [[Anastácio Sousa Miranda|Anastácio António de Sousa e Miranda]], que co-assinou os desenhos e que o substituiu como principal engenheiro da praça, depois da sua morte em 1771.
A partir de 1767 figurava como seu assistente principal [[Anastácio Sousa Miranda|Anastácio António de Sousa e Miranda]], que co-assinou os desenhos e que o substituiu como principal engenheiro da praça, depois da sua morte em 1771.

Revisão das 23h08min de 21 de dezembro de 2022


Miguel Luís Jacob
Nome completo Miguel Luís Jacob
Outras Grafias Miguel Luiz Jacob
Pai José Jacob
Mãe valor desconhecido
Cônjuge Teresa Inácia de Brito, Josefa Leonor da Fonseca
Filho(s) Maria Constança de Brito, Francisco de Paula Jacob, Ana Maria Jacob
Irmão(s) valor desconhecido
Nascimento 1711
Lisboa, Lisboa, Portugal
Morte 11 novembro 1771
Almeida, Guarda, Portugal
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido
Residência
Residência Lisboa, Lisboa, Portugal
Data Início: 1726
Fim: 1736

Residência Évora, Évora, Portugal
Data Início: 1737
Fim: 1762

Residência Almeida, Guarda, Portugal
Data Início: 1762
Fim: 1771
Formação
Formação Engenharia Militar
Data Início: 1726
Fim: 1736
Local de Formação Lisboa, Lisboa, Portugal
Postos
Posto Ajudante
Data Início: 23 de janeiro de 1737
Fim: 21 de agosto de 1750

Posto Capitão Engenheiro
Data Início: 21 de agosto de 1750
Fim: 10 de março de 1762
Arma Infantaria

Posto Sargento-mor
Data Início: 10 de março de 1762
Cargos
Cargo Engenheiro
Actividade
Actividade Desenho cartográfico
Data Início: 1755
Fim: 1757
Local de Actividade Alentejo, Portugal

Actividade Desenho de arquitectura
Data Início: 1762
Local de Actividade Évora, Évora, Portugal

Actividade Desenho de fortificação
Data Início: 1762
Local de Actividade Estremadura, Portugal

Actividade valor desconhecido
Data Início: 1764
Fim: 1768
Local de Actividade Almeida, Guarda, Portugal

Actividade Autoria de texto
Data Início: 1739
Fim: 1739


Biografia

Dados biográficos

Miguel Luís Jacob era natural de Lisboa, provavelmente de ascendência francesa, com data de nascimento desconhecida, mas talvez por volta de 1708, ano tomado como data de referência[1].

Formou-se na Academia Militar da Corte em Lisboa ao longo de dez anos, entre 1726 e 1736[2][3], tendo sido acompanhado pelo engenheiro-mor Manuel de Azevedo Fortes, que o recomendou para o serviço da coroa como sendo um discípulo notável, muito proficiente no desenho.

Sabemos que, quando vivia em Évora, era casado com Teresa Inácia de Brito, de quem teve uma filha chamada Maria Constança Inácia de Brito[4][5]. Casou-se pela segunda vez em Almeida, já depois de 1764, com Josefa Leonor da Fonseca, residente nesta vila. Foi talvez deste matrimónio que nasceram Francisco de Paula Jacob e Ana Maria Vitória Jacob. Morreu em 11 de Novembro de 1771, tendo sido sepultado na Igreja Matriz de Almeida[6].

Carreira

Miguel Luís Jacob iniciou formalmente a carreira com o posto de ajudante engenheiro das fortificações do Alentejo, para o qual foi nomeado em 23 Janeiro 1737[2]. Assinou em 1739 a tradução do tratado de gnomónica de Thomas Haye[7]. O facto de ter sido praticante na Academia Militar de Lisboa durante uma década revela uma formação profissional longa, susceptível de poder ser também entendida como estágio prático.

Trabalhou na província militar do Alentejo pelo menos até cerca de 1750, ano em que obteve a patente de capitão de infantaria com exercício de engenheiro na mesma região[8][9].

Durante esse período de cerca de vinte anos procedeu a numerosas diligências, entre as quais o levantamento topográfico de significativo número de praças, cujos desenhos se encontram reunidos na colecção Vezita Geral às Praças do Alentejo, realizada por ordem do Sargento-mor de Batalha Manuel Freire de Andrade, em 1755[10]. A Visita Geral constituiu um missão que consistiu em "[...] visitar e a examinar com toda a miudeza e exacção todas as fortificações, corpos de guarda, quartéis, armazéns, hospitais reais, e mais casas pertencentes às Vedorias, a todas as praças, e terras da mesma província, na forma do Cap. 2 do novo Regimento das Fortificações, descrever e autuar as ruínas que achou e os reparos de que necessitavam para se conservarem, medindo e orçando a despesa que se poderia fazer no seu reparo, e tirar as plantas, e configurações de todas as referidas Praças [...]."[11].

Em Janeiro de 1756 há registo de ter ido a Montemor por causa de uma casa que as freiras queriam encostar à muralha[11]. Sabemos que em 1761 foi a Elvas, por ordem do governador João de Lencastre, para "[...] delinear a obra da igreja de São João de Deus do convento da dita Cidade e assistir à rematação da mesma", e que no ano seguinte voltou a Elvas para "tirar a planta e fazer orçamento da reedificação" do mesmo convento[12].

Pouco depois, por decreto de 10 de Março de 1762, foi nomeado como sargento-mor com exercício de engenheiro[13]. Nessa qualidade e enquanto director da obra assina o projecto de transformação do Castelo Novo de Évora em quartel de cavalaria, também conhecido como Quartel dos Dragões[11][14], processo que todavia terá sido iniciado uns anos antes.

Contudo, desconhece-se em maior detalhe a sua actividade no Alentejo. Em 1759 encontrava-se a trabalhar em Almeida, na fronteira da Beira, onde terá permanecido até à sua morte, desempenho esse conhecido um pouco mais pormenorizadamente[15]. O facto de ter assinado alguns desenhos em Évora já na qualidade de sargento-mor, mas haver registo de uma carta datada de 5 de Maio de 1759 em Almeida, por si dirigida a Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras[16], onde se dá conta da intenção de construir uma escada para o Quartel das Companhias do Regimento, leva-nos a pensar numa fase de transição com trabalhos em ambas as províncias.

Com efeito, como sargento-mor assinou também o reconhecimento militar e o projecto de uma trincheira na zona do rio Zêzere[17], tratando-se do único trabalho conhecido, ainda que não datado, fora do contexto alentejano ou da praça beirã. Porém, há menção à sua presença no quartel de Punhete, província da Estremadura, em Outubro de 1762[12].

Na sequência dos estragos provocados pelo cerco de 1762 em Almeida, Miguel Luís Jacob foi encarregado de proceder ao levantamento da praça, datado de 1764[18], sob as ordens do Marechal de Campo Francisco MacLean, tendo como ajudantes Francisco João Roscio e Francisco Gomes de Lima, ambos também formados na Academia Militar de Lisboa. Entre 1764 e 1768 Jacob foi o responsável pela reconstrução e reconversão da maior parte dos edifícios militares da praça de Almeida, cujos desenhos se encontram reunidos em duas colecções com frontispício próprio[19][20], aí se incluindo a adaptação da Vedoria a Casa do Governo, do Hospital Real a Quartel do Regimento de Penamacor, Quartel de Cavalaria no Baluarte de Santa Bárbara, Quartel de Artilharia no Baluarte de Santo António, Fábrica de Pão de Munição, adaptação do convento das religiosas a Hospital Real.

A partir de 1767 figurava como seu assistente principal Anastácio António de Sousa e Miranda, que co-assinou os desenhos e que o substituiu como principal engenheiro da praça, depois da sua morte em 1771.

Outras informações

Assinou em 1739 uma tradução manuscrita do tratado de gnomónica de Thomas Haye, Règle horaire universelle pour tracer des cadrans solaires sur toutes sortes de plans réguliers..., publicado em Paris por Jacques Vincent em 1716, com reedições em 1726 e 1731[7].

Pode deduzir-se com razoável grau probabilidade que Miguel Luís Jacob terá sido lente da aula de fortificação em Almeida, disso constituindo indício a redacção doTratado de Fortificação Regular e Irregular, tradução do tratado de Louis de Cormontaigne, Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier, 1741[21]. Tal indício reflecte a hipótese a continuidade da Aula de Fortificação de Almeida, primeiramente documentada em 1686 com Jerónimo Velho de Azevedo e tendo como último registo de lente António Bernardo da Costa em 1791.

Obras

Tratado de Gnomónica para descrever os Relógios Solares sobre toda a sorte de planos regulares assim Declinantes como Inclinados, com hum breve compendio da Esphera para a Inteligencia dos Circolos Meridianos de que he composta. Composto pelo Engenheiro Mr. de la Haye e traduzido da lingoa franceza pelo Ajudante Engenheiro Miguel Luís Jacob no Anno de 1739. Biblioteca Pública de Évora, Fundo Documental Manizola, Códice 295.

Vezita Geral às Praças do Alentejo ou Colecção de plantas das praças do Alentejo (Arronches, Campo Maior, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Juromenha, Marvão, Mértola, Monsaraz, Moura, Mourão, Noudar, Olivença, Ouguela, Serpa, Vila Viçosa), 1755-1757[10].

Planta do quartel de cavaleria que se está edificando no castelo da cidade de Evora... e Planta do primeiro pavimento dos quarteis para officiaes e soldados dos Dragoens da cidade de Evora em o sitio do Castello... [1762] [14].

Planta da trincheira que por ordem de S. Magestade se anda ezecutando no alto do Monte da Senhora da Conceição alem do Rio Zezere, com as obras que de novo se projectarão....[17].

Planta da Praça de Almeida e Seus Attaques...[18].

Planta das Latrinas e Perfil tomado sobre o cumprimento das Letrinas...[22].

Plantas, perfiz, alçados & espacatos das obras que por ordem de S. Mag.de Fidelissima se fizerão em a Praça de Almeida desde o anno de 1766 te 1768...[19].

Relação das obras que se fizerão na Praça de Almeida: depois da redificação de todas as suas muralhas e Quarteis de Infantaria do Regimento da mesma Praça e se referem as que construidas debacho da direcção dos officiaes engenheiros ate o primeiro de Maio de 1771...[20].

Tratado de Fortificação Regular e Irregular. Livro I da Fortificação Regular, Livro II da Fortificação Irregular, Livro III da Fortificação Effetiva, Composto pelo Capitão de Infantaria com Exercício de Engenheiro Miguel Luís Jacob, [anterior 1762][15]. Biblioteca Pública Municipal do Porto, Manuscrito 1199.

Notas

  1. Verbete baseado em Conceição, Margarida Tavares. "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII."In: Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.
  2. 2,0 2,1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101
  3. Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol.III, 18-20.
  4. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, requerimento de Miguel Luís Jacob solicitando uma tença de trezentos mil réis, 1764.
  5. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Maria I, Lv. 20, fl. 46, alvará de tença na obra pia a Maria Constança Inácia de Brito, filha de Miguel Luís Jacob,18 de Maio de 1786.
  6. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Paróquia de Almeida, Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4
  7. 7,0 7,1 Tratado de Gnomónica para descrever os Relógios Solares ... 1739.  Biblioteca Pública de Évora, Fundo Documental Manizola Códice 295.
  8. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II, 29.
  9. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº3
  10. 10,0 10,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40
  11. 11,0 11,1 11,2 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, certidão da Vedoria da Província do Alentejo, 6 de Setembro de 1756.
  12. 12,0 12,1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, Certidão da Vedoria de Artilharia, Estremoz, 29 de Outubro 1762.
  13. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Gerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62
  14. 14,0 14,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,1833-1A-15-20, 4274-6-82-117, 1832-1A-15A-21
  15. 15,0 15,1 Conceição, Margarida Tavares. Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII). Lisboa: Livros Horizonte [1997] 2002, 216-222, 291.
  16. Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20
  17. 17,0 17,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,4027/I-3-33-45
  18. 18,0 18,1 Direcção de Infraestruturas do Exército,14-1-2-2
  19. 19,0 19,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 550-1-2-2
  20. 20,0 20,1 Direcção de Infraestruturas do Exército, 551/II-1-2-2
  21. Cormontaigne, Louis de. Architecture Militaire ou l'Art de Fortifier. La Haye: Chez Jean Neaulme et Adrien Moetjens, 1741.
  22. Direcção de Infraestruturas do Exército, 558 / 559 - 1 - 2 - 2, 560 - 1 - 2 - 2

Fontes

Arquivo Histórico Militar, 1ª Divisão, 6ª secção, cx.10, nº 20

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Paróquia de Almeida, Livro de Registo de Óbitos, PT-ADLSB-PRQ-PALD03-003-O4.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 110, 21 Agosto 1750, nº 3.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 121, 10 Março 1762, nº 62.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério do Reino, Expediente Geral, Requerimentos, Maço 881, processo 12, 1764.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Maria I, Lv. 20, fl. 46.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 80, fl. 101.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 92, fl. 58 v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Registo da Secretaria da Guerra, Lº 102, fl. 207.

Biblioteca Digital do Exército, Direcção de Infraestruturas do Exército, 1390-3-40-livro e 1400-3-40, 1833-1A-15-20, 4274-6-82-117.

Bibliografia

Conceição, Margarida Tavares. Da Vila Cercada à Praça de Guerra, Formação do Espaço Urbano em Almeida (séculos XVI - XVIII). Lisboa: Livros Horizonte [1997] 2002.

Conceição, Margarida Tavares. "Os desenhos do engenheiro militar Miguel Luís Jacob e a cartografia das praças de guerra no século XVIII." In: Anais do IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, Porto, 9 a 12 de novembro de 2011.

Moreira, Rafael. "Do Rigor Teórico à Urgência Prática: A Arquitectura Militar". In: História da Arte em Portugal, O Limiar do Barroco, dir. Carlos Moura, 67-86. Lisboa: Publicações Alfa, 1986.

Santos, Horácio Madureira dos. Catálogo dos Decretos do Extinto Conselho da Guerra. Lisboa: Gráfico Santelmo, 1959, vol. II, 301; 1961, vol. III, 91.

Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez. Provas. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919, vol.III, 18-20.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1904.

Ligações Externas

Miguel Luís Jacob In Fortalezas.org.

Autor(es) do artigo

Margarida Tavares da Conceição

IHA - Instituto de História da Arte, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa

https://orcid.org/0000-0003-3041-9235.

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Instituto de História da Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, através do projeto estratégico financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., ref. UID/PAM/00417/2019.

DOI

Citar este artigo