Real Colégio Militar: diferenças entre revisões

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==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
==História==<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que justifica o que está na infobox e outra complementar, subdividida em períodos, se necessário-->
O Real Colégio Militar, ou apenas Colégio Militar, foi uma instituição de ensino militar criada em 1814. Sucedeu ao Colégio Regimental da Artilharia da Corte, ou Colégio da Feitoria, estabelecido em 2 de Março de 1803. Este antecedente institucional, "''germen ou antes preparatório para o futuro Colégio Militar''"<ref>Ribeiro, 3:115.</ref>, fora criada por António Teixeira Rebelo, comandante daquele regimento, no sítio da Feitoria, na Torre de São Julião da Barra, com o fim de "''dar a instrução aos filhos dos oficiais do regimento de artilharia da corte''"<ref>Ribeiro, 3:113.</ref>.  
O Real Colégio Militar, ou apenas Colégio Militar, foi uma instituição de ensino militar criada em 1814 para educação dos oficiais do Exército português, que se mantém actualmente.


O Colégio Militar adoptava o mesmo propósito, habilitando os filhos dos oficiais do Exército e da Marinha para o estudo da carreira militar, em particular, os filhos daqueles "''que não tivessem meio de os mandar educar, e que, por serviços militares houvessem merecido aprovação e louvor da parte de seus superiores''"<ref name=":4">Ribeiro, 3:147.</ref>.
Sucedeu ao Colégio Regimental da Artilharia da Corte, ou Colégio da Feitoria, estabelecido possivelmente em 2 de Março de 1803, segundo Silvestre Ribeiro, ainda que possa ter sido criado em data anterior<ref>Policarpo, "O Real Colégio Militar", 85; 87.</ref>. Este antecedente institucional, "''germen ou antes preparatório para o futuro Colégio Militar''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:115.</ref>, resultou do desenvolvimento dado à [[Aula de Artilharia de São Julião da Barra|Aula Militar do Regimento da Corte]] existente desde 1762, sendo dirigido por António Teixeira Rebelo, comandante daquele regimento, no sítio da Feitoria, na Torre de São Julião da Barra. O Colégio da Feitoria era destinado aos "''cadetes-meninos''", designação em que se incluíam tanto os filhos dos oficiais daquele regimento<ref>Ribeiro, 3:113.</ref> como os "''cadetes de todos os outros regimentos e até a civis''"<ref>Policarpo, "O Real Colégio Militar", 84.</ref>, sendo dada prioridade aos cadetes das armas de artilharia e engenharia<ref>Policarpo, 88.</ref>. Tendo por objectivo a instrução dos futuros oficiais do Exército, à semelhança das experiências europeias da época, deveria prepará-los para o funcionamento dos "''exércitos modernos, portadores de armamento sofisticado e executores de tácticas inovadoras, cientificamente concebidas, onde imperava o binómio fogo/movimento''"<ref>Policarpo, 83.</ref>.


Os primeiros Estatutos do Colégio Militar datam de 7 de Janeiro de 1814, tendo sido prontamente reformulados dois anos depois<ref>Ribeiro, 3:147.</ref>. Este último documento procurava "''dar àquele estabelecimento maiores proporções, alargando a esfera de sua ação e benefícios - admitindo maior número de colegiais''"<ref>Ribeiro, 3:148.</ref>, regulando também questões de natureza disciplinar e de administração económica.  
Face à crescente adesão ao ensino do Colégio da Feitoria, a partir de 1813 foi ponderada a transformação do mesmo em unidade autónoma ao Regimento de Artilharia da Corte. Por portaria de 2 de Janeiro de 1814, data que se assume como de fundação, foram atribuídos estatutos provisórios ao Real Colégio Militar, que adoptava esta designação e ficava na superintendência do Ministério da Guerra<ref>Policarpo, 94.</ref>. A instituição adoptou o mesmo propósito da sua antecessora e habilitava os filhos dos oficiais do Exército e da Marinha para o estudo da carreira militar, em particular, os filhos daqueles "''que não tivessem meio de os mandar educar, e que, por serviços militares houvessem merecido aprovação e louvor da parte de seus superiores''"<ref name=":4">Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:147.</ref>. Os Estatutos provisórios foram confirmados por alvará régio de 18 de Maio de 1816, que, segundo Silvestre Ribeiro, determinaram "''dar àquele estabelecimento maiores proporções, alargando a esfera de sua ação e benefícios - admitindo maior número de colegiais''"<ref>Ribeiro, 3:148.</ref>, regulando também questões de natureza disciplinar e de administração económica.


A organização do plano de estudos do Colégio foi alterada entre 1826 e 1828, sendo desconhecida a data precisa. José Silvestre Ribeiro apenas indica ter sido seu autor Cândido José Xavier, que ocupava o cargo de diretor à altura<ref name=":2">Ribeiro, 5:239.</ref>. Em 1835, foi decretada nova organização do plano de estudos e do regulamento<ref>Ribeiro, 6:342.</ref>.
Entre 1816 e 1910, o plano de estudo do Real Colégio Militar foi alterado múltiplas vezes, como abaixo descrito, adaptando-se às reformulações quer do ensino superior militar nas décadas de 30, quer, posteriormente, do ensino liceal. A primeira reforma republicana aplicada à instituição data de 8 de Outubro de 1917<ref>Costa Matos, ''História do Colégio Militar'', 1:172.</ref>, o que se considera como baliza cronológica final desta síntese.


Entre 1836 e 1837 alteram-se algumas disposições da orgânica do Real Colégio Militar com o objetivo de reduzir a despesa pública, nomeadamente, suprimiram-se os lugares de diretor e subdiretor, e reduz-se o quadro de cadeiras<ref>Ribeiro, 6:345.</ref>.
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
A organização do Real Colégio obedecia à hierarquização militar adaptada à natureza de instituição de ensino - "''um comando/direcção, um corpo de instrução e treino, um corpo de alunos e órgãos de apoio de gestão e de serviços''". As normas disciplinares vigentes resultavam, assim, da "''simbiose de algumas regras de disciplina militar, com outras, incorporadas de instituições congéneres europeias e dos colégios jesuítas''"<ref>Policarpo, "O Real Colégio Militar", 98.</ref>. Tinha como responsável máximo a figura do director<ref>Pode ser consultada uma relação dos directores do Real Colégio em Costa Matos, ''História do Colégio Militar'', 1:389; bem como apontamentos biográficos sobre os mesmos em Costa Matos, ''História do Colégio Militar'', 1:393-565.</ref>, cujo detentor era igualmente o comandante da unidade. O lugar de director era coadjuvado por um sub-director<ref>Policarpo, "O Real Colégio Militar", 98; 100.</ref>.


Em 1846, constitui-se uma comissão "''de inquérito e de reforma para o Colégio Militar''" e alterou-se, de imediato, o quadro de cadeiras<ref>Ribeiro, 6:348.</ref>. Um novo plano de estudos somente seria apresentado em 1849, o qual asseverando a utilidade da instituição, reconhecia a sua decadência resultante da "''deficiência dos regulamentos, pelo grande acréscimo de alunos, pela má distribuição de disciplinas, pelo ruim método de ensino, e talvez pela falta de escrúpulo no regimen''"<ref>Ribeiro, 6:351.</ref>. À semelhança das disposições de 1846, o intuito do novo plano era a integração do plano de estudos do Colégio Militar com o ensino técnico e o ensino científico militar, de forma que entre aquela primeira e a Escola do Exército, ou a Escola Politécnica, "''houvesse uma estreita correlação''"<ref>Ribeiro, 6:360.</ref>. Reforçava-se a natureza preparatória da instituição, na qualidade de "''liceu militar''", e, em consequência, suprimiram-se as cadeiras consideras desnecessárias<ref>Ribeiro, 6:352.</ref>.  
A admissão ao Colégio Militar era permitida, por conta do estado, a indivíduos com idades entre os nove e os 11 anos e na condição de filhos legítimos. Os matriculados porcionistas teriam de ter idade compreendida entre os sete e os 11 anos, serem de limpo nascimento e pagarem uma pensão mensal<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:147.</ref><ref>Policarpo, "O Real Colégio Militar", 109-110.</ref>. A partir de 1835 era exigido tanto aos matriculados pensionistas como porcionistas terem entre os nove e os 11 anos de idade e os exames de ler, escrever e contar<ref>Policarpo, 111.</ref>. Em 1837, para efeitos de matrícula era requerido exame de ler, escrever e contar, sendo admitidos alunos entre os nove e 11 anos para o curso preparatório, e entre os 13 anos e 15 anos para o curso militar. A partir desse ano, estabelecia-se os 10 anos como idade mínima e os 12 anos de idade máxima para ambos os cursos<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:345.</ref>. O corpo de alunos era organizado em brigadas em 1813 e em companhias a partir do ano seguinte<ref>Policarpo, "O Real Colégio Militar", 104; 106.</ref>.  


De igual forma, o pensamento em que se basearam as disposições adotadas no plano de estudo de 1851, asseverava o objetivo de dotar os alunos "''de todos os preparatórios necessários para o curso das armas de cavalaria e infantaria, ou para os estudos nas escolas superiores, levando já um ensino e educação apropriados ao seu desenvolvimento''". Compreenda-se assim que a supressão de cadeiras, a que se procedeu entre 1849 e 1851, deveria corresponder à diminuição do tempo necessário à conclusão dos estudos preparatórios<ref>Ribeiro, 6:354.</ref>. O decreto regulamentar datado de 11 de Dezembro de 1851 resultou dos trabalhos de uma comissão nomeada em Junho desse ano e composta pelo "''barão de Sarmento'' (...) ''visconde de Carreira, brigadeiro reformado'' (...) ''coronel de infantaria Augusto Xavier Palmeirim; do dr. Filipe Folque, coronel graduado de engenharia'' (...) ''e de José Tavares de Macedo, oficial ordinário da secretaria da marinha''"<ref>Ribeiro, 6:355.</ref>.
Em 1816, verificou-se o aumento de 50 para 100 alunos pensionistas suportados pelo Estado, num total de 200 alunos, sendo os restantes suportados pelos pais ou tutores<ref name=":4" />. Em 1835, ainda no rescaldo da Guerra Civil (1832-1834) o número de alunos pensionistas foi aumentado para 150, "''dos quais pertenceriam 134 lugares a filhos de oficiais do exército, e 16 aos filhos de oficiais da armada, e brigada de marinha''", atendendo-se, no parecer de José Silvestre Ribeiro, "''mui particularmente aos filhos dos oficiais de voluntários, ou de milicias, que, ou serviram a causa da liberdade, ou por ela padeceram''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 5:342.</ref>. Pela reforma de 1849, o número de matrículas admitidas era reduzido, uma vez que o número de alunos era considerado excessivo dificultando o cumprimento do regulamento disciplinar e não se coadunando, por excesso, com as necessidades do exército português à altura<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:352.</ref>.  


Em 1854, por carta de lei de 20 de Julho, eram definidas disposições regulamentares relativas às "''matérias e métodos em estudo''", o acesso ao magistério e condições de matrículas, bem como disposições disciplinares<ref>Ribeiro, 11:112.</ref>. Nesse ano procedeu-se à reformulação do plano de estudos no que concernia à distribuição das disciplinas<ref>Ribeiro, 11:113.</ref>. Em 1859, regulamentam-se disposições relativas à ''"frequência das aulas, exercícios literários, exames finais, e especialidades relativas a exames''" e era requerido ao diretor a apresentação de "''um projeto definitivo de reorganização do mencionado colégio, e regulamento respetivo''"<ref>Ribeiro, 11:116.</ref>.
Por decreto de 1 de Setembro de 1824 os alunos do Colégio Militar poderiam matricular-se no segundo ano da [[Academia Real de Marinha de Lisboa]], sob a condição de terem frequentado com aprovação o primeiro ano matemático do plano de estudos do Colégio. Essa faculdade foi estendida às matrículas na [[Academia Real de Marinha e Comércio do Porto|Academia de Marinha e Comércio do Porto]] sob as mesmas condições por decreto de 3 de Novembro de 1825<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:151-152.</ref>.


Atente-se que em 1861, se publicava um escrito, por autor não identificado por José Silvestre Ribeiro, em que se propunha a abolição do Colégio Militar "''sem detença, por desnecessário e injustificável''". O argumento apresentado recaía fortemente na incompatibilidade da instituição e do privilégio que representava para a classe militar portuguesa com o regime liberal<ref>Ribeiro, 11:119-120.</ref>.  
Encontravam-se anexos ao Colégio Militar depósitos de "''armas e armamentos; o de instrumentos geodésicos e matemáticos; a biblioteca''<ref>Pode ser consultada uma descrição aprofundada sobre a evolução histórica da biblioteca do Real Colégio em Costa Matos, ''História do Colégio Militar'', 1:187-203.</ref> ''e a secretaria da inspeção dos estudos''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 3:154.</ref>''.''


Em 1875, por decreto de 1875, aprovava-se novo plano de estudos com nova distribuição disciplinar<ref>Ribeiro, 11:120.</ref>. Em 1886 adotava-se novo regulamento para tornar o curso ministrado no Colégio Militar consentâneo com a reforma dos estudos secundários<ref>Ribeiro, 17:317.</ref>.
A primeira localização do Colégio Militar foi no Forte de São Julião, junto da [[Aula de Artilharia de São Julião da Barra]], em Oeiras. Foi transferido para o edifício do Hospital Real de Nossa Senhora dos Prazeres na Luz em 7 de Janeiro de 1814<ref>Ribeiro, 3:147.</ref>, razão pela qual também é referido como Colégio Militar da Luz. Em 1848, encontrava-se instalado no "''edifício da extinta Congregação dos Missionários, denominados de Rilhafoles''", sendo nesse ano transferido para o "''edifício real de Mafra"''<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:350.</ref>. Não obstante, em 1853, era nomeada uma comissão para reavaliar o edifício militar da Luz e "''propor um projeto do que conviria fazer no mesmo edifício no intuito de o apropriar adequadamente à acomodação do Colégio Militar''"<ref>Ribeiro, 6:357.</ref>.


A primeira localização do Colégio Militar foi no Forte de São Julião, junto da [[Aula de Artilharia de São Julião da Barra]], em Oeiras. Foi transferido para o edifício do Hospital Real de Nossa Senhora dos Prazeres na Luz em 7 de Janeiro de 1814<ref>Ribeiro, 3:147.</ref>, razão pela qual também é referido como Colégio Militar da Luz. Em 1848, encontrava-se instalado no "''edifício da extinta Congregação dos Missionários, denominados de Rilhafoles''", sendo nesse ano transferido para o "''edifício real de Mafra"''<ref>Ribeiro, 6:350.</ref>. Não obstante, em 1853, era nomeada uma comissão para reavaliar o edifício militar da Luz e "''propor um projeto do que conviria fazer no esmo edifício no intuito de o apropriar adequadamente à acomodação do Colégio Militar''"<ref>Ribeiro, 6:357.</ref>.
== Professores ==
A obra ''História do Colégio Militar,'' da autoria de José Alberto da Costa Matos, apresenta uma relação completa dos professores que leccionaram no Real Colégio Militar<ref>Para o período em síntese neste verbete (1814-1910), pode ser consultada uma relação dos professores em Costa Matos, "História do Colégio Militar", 2:647-651.</ref>. Entre esses professores apresentam-se os que pertenceram à arma de Engenharia e de Estado Maior e ao [[Real Corpo de Engenheiros]] (RCE) com indicação do período em que leccionaram: Luís António de Melo, 2.º tenente de engenharia (1803); [[Joaquim das Neves Franco]], aluno (1809); [[Hugo de la Clair|Hugo de Fournier Leclier]], capitão do RCE (1813-1820); [[José de Almeida Matos|José António de Almeida Matos]], 2.º tenente do RCE (1816); [[João Crisóstomo do Couto e Melo]], capitão do RCE (1817); [[Vicente Pires da Gama]], 2.º tenente de engenharia (1818-1838); [[João de Lemos Caldeira]], capitão do RCE (1820-1821); [[José Joaquim de Castro]], tenente de engenharia (1853-1854); Carlos Augusto Morais de Almeida, tenente de engenharia (1873); Roberto Correia Pinto, capitão de engenharia (1898-1910); Luís Augusto Leitão, tenente de engenharia (1896-?); [[Luís Cabral e Sousa Teixeira de Morais]], tenente de engenharia (regente de estudos em 1901); Manuel Maria de Oliveira Ramos, capitão de Estado-Maior (1901-1912).  


===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->
A admissão ao Colégio Militar era permitida, por conta do estado, a indivíduos com idades entre os nove e os 11 anos e na condição de filhos legítimos. Os matriculados porcionistas teriam de ter idade compreendida entre os sete e os 11 anos, serem de limpo nascimento e pagarem uma pensão mensal<ref>Ribeiro, 3:147.</ref>. Em 1837, para efeitos de matrícula era requerido exame de ler, escrever e contar, sendo admitidos alunos entre os nove e 11 anos para o curso preparatório, e entre os 13 anos e 15 anos para o curso militar. A partir de 1837, estabelecia-se os 10 anos como idade mínima e os 12 anos de idade máxima para ambos os cursos<ref>Ribeiro, 6:345.</ref>.
Em 1816 verificou-se o aumento de 50 para 100 alunos pensionistas suportados pelo Estado, num total de 200, sendo os restantes suportados pelos pais ou tutores<ref name=":4" />. Em 1835, ainda no rescaldo da Guerra Civil (1832-1834) o número de alunos pensionistas foi aumentado para 150, "''dos quais pertenceriam 134 lugares a filhos de oficiais do exército, e 16 aos filhos de oficiais da armada, e brigada de marinha''"<ref name=":5">Ribeiro, 5:342.</ref>, atendendo-se, no parecer de José Silvestre Ribeiro, "''mui particularmente aos filhos dos oficiais de voluntários, ou de milicias, que, ou serviram a causa da liberdade, ou por ela padeceram''"<ref name=":5" />. Pela reforma de 1849, o número de matrículas admitidas era reduzido, uma vez que o número de alunos era considerado excessivo dificultando o cumprimento do regulamento disciplinar e não se coadunando, por excesso, com as necessidades do exército português à altura<ref>Ribeiro, 6:352.</ref>.
Por decreto de 1 de Setembro de 1824 os alunos do Colégio Militar poderiam matricular-se no segundo ano da [[Academia Real de Marinha de Lisboa]], sob a condição de terem frequentado com aprovação o primeiro ano matemático do plano de estudos do Colégio. Essa faculdade foi estendida às matrículas na [[Academia Real de Marinha e Comércio do Porto|Academia de Marinha e Comércio do Porto]] por decreto de 3 de Novembro de 1825 com a mesma condição<ref>Ribeiro, 3:151-152.</ref>.
A direção do Colégio Militar estava incumbida a um diretor<ref>José Silvestre Ribeiro apresenta vários apontamentos biográficos relativos aos diretores do Colégio Militar, bem como indicações bibliográficas relativas à instituição. Vide, Ribeiro, 6:358-367.</ref>. António Teixeira Rebelo, marechal de campo, ocupou o lugar de primeiro diretor entre 1814 e 1825<ref>Ribeiro, 3:114.</ref>. Entre 1826 e 1828 sucedeu-lhe no cargo o coronel Candido José Xavier<ref>Ribeiro, 5:238.</ref>. Entre 1829 e 1833, ocupou o lugar o tenente coronel Pedro José de Santa Bárbara<ref>Ribeiro, 6:363.</ref>. Em 1834 era nomeado o brigadeiro João José da Cunha Fidié, sucedido no ano seguinte por Agostinho José Freire, assassinado em 1836. Nesse ano o lugar de diretor foi extinto devido à necessidade de reduzir a despesa pública com o Colégio<ref>Ribeiro, 6:345.</ref>, mas foi restituído prontamente. Entre 1837 e 1848, foi nomeado, novamente, o brigadeiro João José da Cunha Fidié. Sucedeu-lhe no lugar o coronel [[Evaristo José Ferreira]], entre 1849 e 1851<ref>Ribeiro, 6:365.</ref>. General Augusto Xavier Palmeirim<ref>Ribeiro, 6:367.</ref>.
Encontravam-se anexos ao Colégio Militar depósitos de "''armas e armamentos; o de instrumentos geodésicos e matemáticos; a biblioteca e a secretaria da inspeção dos estudos''"<ref>Ribeiro, 3:154.</ref>''.''
==Professores==
<!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino-->
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente-->
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente-->
O plano de estudos do Colégio Militar, estabelecido pelos Estatutos de 1816, tinha a duração de seis anos e compunha-se por 14 aulas<ref>A distribuição das cadeiras pelos respectivos anos pode ser consultada em Ribeiro, 3:150.</ref>. José Silvestre Ribeiro refere a supressão do segundo ano matemático em 1824, sendo substituído pelo ensino "''de história militar, desenho topográfico, e reconhecimentos militares''"<ref>Ribeiro, 3:151.</ref>.
O primeiro plano de estudos do Real Colégio foi apresentado por António Teixeira Rebelo em 1812. Após alterações por parte do Conselho Escolar e da Congregação Literária do Real Colégio, foi aprovado em 1813 "''com um claro reforço da componente teórica, em detrimento da componente prática, tanto nas Matemáticas, como nas disciplinas militares''". Era estabelecido um curso de seis anos pelos quais eram distribuídas 18 disciplinas divididas em duas classes "''Aulas Menores''" e "''Aulas Maiores''"<ref>Policarpo, "O Real Colégio Militar", 157-158.</ref><ref>Pode ser consultada uma relação dos manuais e compêndios utilizados no ensino do Real Colégio em Policarpo, "O Real Colégio Militar", 230-231.</ref>. Este plano transitou para 1814, com a alterações menores, sendo aprovado juntamente com os Estatutos provisórios do Real Colégio. De igual forma, os Estatutos definitivos de 1816 observaram o mesmo plano de estudos com poucas alterações às disciplinas<ref>Policarpo, 159.</ref>. Até 1910, o plano de estudos do Real Colégio foi objecto de múltiplas alterações, algumas procedendo à sua reconfiguração total com a supressão ou acréscimo de cadeiras, ou à alteração do número de cursos e a sua duração.  
 
O novo plano de estudos adotado entre 1826 e 1828 dividia os seis anos, de que se compunha o curso anterior, em dois cursos distintos. Os três primeiros anos respeitavam ao curso preparatório, compondo os remanescentes o curso militar em que se versavam as disciplinas de matemática, história, geografia e as propriamente militares<ref name=":2" />. A disciplina de desenho era tanto na sua parte teórica como prática distribuída por todos os anos de ambos os cursos<ref>A distribuição das cadeiras pelos respectivos anos do curso preparatório e do curso militar pode ser consultada em Ribeiro, 5:239.</ref>.
 
A partir de 1834, o governo empregava ao serviço do Colégio um corpo auxiliar composto por um ajudante instrutor, "''subalterno de bons costumes provados, e instrutor hábil''" escolhido de entre os corpos de infantaria ou caçadores, e um diretor, sargento nas mesmas condições do corpo de artilharia. Este corpo era incumbido de ministrar aos alunos "''o conhecimento e prática do manejo, e serviço de infantaria e artilharia''" e assim desenvolver a instrução militar daqueles nas suas armas<ref>Ribeiro, 5:240.</ref>. No mesmo ano, por decreto de 2 de Agosto, era estabelecida uma "''aula de música, equitação e ginástica''"<ref name=":6">Ribeiro, 6:26.</ref>.
 
A reforma do plano de estudos de 1835 manteve a estrutura anterior ampliando a duração de ambos os cursos em um ano, para quatro<ref>Ribeiro, 6:342.</ref>. À designação de curso militar acrescia a de "''matemático''". O restante ensino, a saber, "''escola prática de artilharia, e da ordenança de infantaria e caçadores, as escolas de ginástica, esgrima, dança, equitação, e música''" alternaria em dias de feriado. O "''ensino da doutrina cristã e moralidade''" era ministrado em todos os feriados<ref>Ribeiro, 6:345.</ref>.
 
Já em 1837 eram suprimidas as cadeiras de história natural, física e química<ref>Ribeiro, 6:345.</ref>. Novamente, em 1846, procedeu-se à supressão de cadeiras por serem equivalentes às cadeiras leccionadas no primeiro ano da [[Escola Politécnica de Lisboa]] e a [[Escola do Exército]]. Nomeadamente, as cadeiras relativas ao quinto e sexto anos, que, no entanto, não constam do plano de estudos referido por Silvestre Ribeiro em 1837<ref>Ribeiro, 6:348.</ref>. No mesmo sentido, em 1849, as cadeiras de matemática, arte militar, eloquência e literatura eram suprimidas<ref>Ribeiro, 6:352.</ref>.
 
Como referido, as supressões mencionadas deveriam reduzir o período de instrução preparatória para que os alunos pudessem seguir os cursos técnicos ou superiores. Em consequência, o plano de 1851 suprimiu os dois cursos existentes, que totalizavam oito anos de instrução preparatória. Para sua substituição estabeleceu-se um único curso com a duração de seis anos no qual se leccionariam as seguintes disciplinas, sem que Silvestre Ribeiro apresente a sua distribuição nas respectivas cadeiras: "''Gramática portuguesa e latina. Francês e inglês. Latinidade. Eloquência e literatura. Filosofia racional e moral. Noções de cosmografia, de cronologia, história e matemática. Introdução às ciências naturais; física e química, elementos. Direito e administração militar. Desenho, equitação, dança, natação, exercícios'' [sic] ''gimnásticos''"<ref>Ribeiro, 6:354.</ref>. Entre estas consideravam-se a língua portuguesa e latina, eloquência, literatura, filosofia, aritmética prática, o desenho linear e as disciplinas constantes do quinto e sexto ano "''do curso geral''" como "''disciplinas de habilitação''". Uma distinção que terminaria em 1854<ref>Ribeiro, 6:355.</ref>.
 
A par da redistribuição das disciplinas, o plano de estudo de 1854 estabelecia a frequência da cadeira de desenho em quatro secções distribuídas pelos seis anos do curso ministrado no Colégio<ref>Ribeiro, 11:113-114.</ref>.
 
Em 1875 adota-se novo plano de estudos correspondendo a nova distribuição disciplinar, desenvolvida abaixo<ref>Ribeiro, 11:120.</ref>.
 
{| class="wikitable"
| colspan="5" |Plano de estudos de 1816
|-
|'''Ano'''
|'''Nome da Aula<ref>Ribeiro, 3:150.</ref>'''
|'''Matérias'''
|'''Livros'''
|'''Professores'''
|-
|
|Primeiras letras
|
|"''Alfabeto de Monteiro, e Arte de Ventura''"'''<ref name=":0">Ribeiro, 3:150.</ref>'''.
|Professor proprietário em 1820: Eustochio Leandro Xavier Pinto<ref>''Almanach para o anno de M.DCCC.XX.'', 809.</ref>.
O lugar de professor substituto achava-se vago em 1820.
|-
|
|Desenho de figura
|
|"''Princípios de Lairese''"<ref name=":1">Ribeiro, 3:151.</ref>.
|Professor proprietário em 1820: Carlos Raimundo Xavier Dinis Vilas Boas (Primeiro Tenente de Artilharia)<ref name=":9">''Almanach para o anno de M.DCCC.XX.'', 810.</ref>.
Professor substituto em 1820: Vicente Pires da Gama<ref name=":9" />.
|-
|
|Gramática portuguesa
|
|"''Arte de Lobato; Vida de D. João de Castro, por Jacinto Freire de Andrade; Arte da guerra, tradução de Pedegache''"'''<ref name=":0" />'''.
|Professor proprietário em 1820: Padre Cristóvão Maria Lobo<ref name=":9" />.
O lugar de professor substituto achava-se vago em 1820.
|-
|
|Gramática francesa
|
|"''O Novo Mestre, 4.ª edição; Les Commentaires de César; Les Aventures de Télémaque''"'''<ref name=":0" />'''.
|
|-
|
|Gramática inglesa
|
|"''Arte de Siret, The economy of human life; The history of the reign of the Emperor Charles 5.th''"'''<ref name=":0" />'''.
|
|-
|
|Gramática latina
|
|"''Arte de Pereira; Eutropio; Phedro''"'''<ref name=":0" />'''.
|Professor proprietário em 1820: Padre Cristóvão Maria Lobo<ref name=":9" />.
O lugar de professor substituto achava-se vago em 1820.
|-
|
|Princípios de latinidade
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|
|-
|
|Filosofia racional e moral
|
|"''Lógica e Metafísica: Genuense, tradução de Cardoso. Ética: Genuense; Heinecio, tradução de Farinha''"'''<ref name=":0" />'''.
|Professor proprietário em 1820: António Leite Ribeiro<ref name=":9" />.
O lugar de professor substituto achava-se vago em 1820.
|-
|
|Língua portuguesa
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|-
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|Língua francesa
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|
|Professor proprietário em 1820: Hugo de Fournier (Capitão Engenheiro)<ref name=":9" />.
Professor interino em 1820: António Joaquim de Torres Mangas<ref name=":9" />.
O lugar de professor substituto achava-se vago em 1820.
|-
|
|Língua inglesa
|
|
|Professor proprietário em 1820: Jorge Guilherme Brisac<ref name=":9" />.
O lugar de professor substituto achava-se vago em 1820.
|-
|
|Aritmética
|
|"''Matemática e Estudos Militares: Curso completo de Wolf, tradução em francês por um benedictino da congregação de S. Mauro; e Elementos d'Azedo; tratado composto por B. Vicente Ferraz, em quanto à Tática Elementar, Castrametação''"<ref name=":1" />.
|
|-
|
|Álgebra
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|-
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|Geometria
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|Trigonometria
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|Desenho de arquitetura
|
|"''Regras de Moreira''"<ref name=":1" />.
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|-
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|Princípios e noções gerais de mecânica, hidrodinâmica, ótica e perspectiva.
|
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|-
|
|Geografia e História
|
|"''Geografia: Montelle. História universal: Millot. História de Portugal: Tradução do inglês por Moraes''"<ref name=":1" />.
|Professor proprietário em 1820: António Leite Ribeiro<ref name=":9" />.
O lugar de professor substituto achava-se vago em 1820.
|-
|
|Princípios e noções gerais de tática elementar, castrametação, fortificação de campanha, ataque e defesa de praças em geral, e de postos fortificados;
|
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|-
| colspan="5" |Professor proprietário do "''1.º ano de Matemática''" em 1820: Manuel Caetano Soares de Sousa Brissos<ref name=":10">''Almanach para o anno de M.DCCC.XX.'', 809.</ref>.
Professor proprietário do "''Dito do II''" em 1820: José de Sousa Moreira<ref name=":10" />.
 
Professor proprietário do "''Dito do III''" em 1820: João Crisóstomo do Couto e Melo<ref name=":10" />.
 
Professor substituto dos anos de matemáticos: João de Lemos Caldeira (Capitão do [[Real Corpo de Engenheiros]])<ref name=":10" />.
 
Mestre de dança em 1820: Pedro António Cardoso<ref name=":9" />.
 
Mestre de esgrima em 1820: Francisco José Tavares<ref name=":9" />.
|}
{| class="wikitable"
| colspan="5" |Plano de estudos de 1826-1828
|-
|'''Ano'''
|'''Nome da Aula'''
|'''Matérias'''
|'''Livros'''
|'''Professores'''
|-
|
|Primeiras letras
|
|"''Alfabeto de Monteiro, e Arte de Ventura''"'''<ref name=":0">Ribeiro, 3:150.</ref>'''.
|
|-
|
|"''Ler, escrever e contar''"<ref name=":3">Ribeiro, 5:239.</ref>.
|
|
|
|-
|
|Desenho de figura
|
|"''Princípios de Lairese''"<ref name=":1">Ribeiro, 3:151.</ref>.
|
|-
|
|Gramática portuguesa
|
|"''Arte de Lobato; Vida de D. João de Castro, por Jacinto Freire de Andrade; Arte da guerra, tradução de Pedegache''"'''<ref name=":0" />'''.
|
|-
|
|Gramática francesa
|
|"''O Novo Mestre, 4.ª edição; Les Commentaires de César; Les Aventures de Télémaque''"'''<ref name=":0" />'''.
|
|-
|
|Gramática inglesa
|
|"''Arte de Siret, The economy of human life; The history of the reign of the Emperor Charles 5.th''"'''<ref name=":0" />'''.
|
|-
|
|Gramática latina
|
|"''Arte de Pereira; Eutropio; Phedro''"'''<ref name=":0" />'''.
|
|-
|
|Filosofia racional e moral
|
|"''Lógica e Metafísica: Genuense, tradução de Cardoso. Ética: Genuense; Heinecio, tradução de Farinha''"'''<ref name=":0" />'''.
|
|-
|
|Aritmética
|
|"''Matemática e Estudos Militares: Curso completo de Wolf, tradução em francês por um benedictino da congregação de S. Mauro; e Elementos d'Azedo; tratado composto por B. Vicente Ferraz, em quanto à Tática Elementar, Castrametação''"<ref name=":1" />.
|
|-
|
|"''Álgebra até às equações do 2.º grau''"<ref name=":3" />.
|
|
|
|-
|
|Geometria
|
|
|
|-
|
|"''Trigonometria plana, e seu uso prático''"<ref name=":3" />.
|
|
|
|-
|
|Desenho de arquitetura
|
|"''Regras de Moreira''"<ref name=":1" />.
|
|-
|
|"''Princípios e noções gerais de mecânica, hidrodinâmica, ótica e perspectiva''"<ref name=":3" />.
|
|
|
|-
|
|"''Geografia, cronologia e história''"<ref name=":3" />.
|
|"''Geografia: Montelle. História universal: Millot. História de Portugal: Tradução do inglês por Moraes''"<ref name=":1" />.
|
|-
|
|"''Princípios gerais de tática das diferentes armas, castrametação, serviço das tropas ligeiras, modo de fortificar, atacar e defender os postos''"<ref name=":3" />.
|
|
|
|-
|
|"''Estratégia, serviço do estado maior, geodesia, história militar''"<ref name=":3" />.
|
|
|
|-
|
|Desenho
|
|
|Professor substituto, em 1827: Vicente Pires da Gama (Segundo tenente adido ao Real Corpo de Engenheiros)<ref>Ribeiro, 5:241.</ref>.
|-
|
|"''Música, equitação e ginástica''" (1834)<ref name=":6" />.
|
|
|
|}
 
{| class="wikitable"
| colspan="5" |Plano de estudos em 1835: Curso preparatório
|-
|'''Ano'''
|'''Nome da Aula'''
|'''Matérias'''
|'''Livros'''
|'''Professores'''
|-
| rowspan="3" |1.º ano
|Primeira aula
|"''Gramática portuguesa e latina, devendo observar-se desde logo as diferenças mais palpáveis que há entre elas, e o diferente génio de cada uma. Em todos os dias''"<ref name=":7">Ribeiro, 6:343.</ref>.
|
|Professor proprietário em 1840: João Lineu Jordão<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref>.
|-
|Segunda aula
|"''Gramática, e língua francesa. Em todos os dias''"<ref name=":7" />''.''
|
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: Timóteo Álvares da Silva<ref name=":14">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref><ref name=":15">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
Professor substituto em 1846: Daniel da Cunha<ref name=":16">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
|-
|Terceira aula
|"''Desenho linear, letra redonda, letra angulosa ou alemã, sem ornatos. Em todos os dias''"<ref name=":7" />.
|
|Professor proprietário de desenho entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref><ref name=":18">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
Professor substituto de desenho, em 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref><ref name=":20">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 118.</ref>.
|-
| rowspan="3" |2.º ano
|Primeira aula
|"''Latinidade. Em todos os dias''"<ref name=":7" />.
|
|Professor proprietário em 1840: Luís António Ribeiro de Mesquita<ref name=":21">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref>.
Professor substituto em 1840: João Lourenço Ursulo Machado<ref name=":22">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref>.
|-
|Segunda aula
|"''Leitura e análise gramatical de alguns clássicos portugueses, tanto em prosa como em verso. Ortografia, e exercícios práticos por escrito. Em todos os dias''"<ref>Ribeiro, 6:343-344.</ref>.
|
|
|-
|Terceira aula
|"''Desenho linear, e língua francesa. Em dias alternados''"<ref name=":8">Ribeiro, 6:344-345.</ref>.
|
|Professor proprietário de desenho entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17" /><ref name=":18" />.
Professor substituto de desenho, em 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19" /><ref name=":20" />.
Professor proprietário de língua francesa entre 1840 e 1846: Timóteo Álvares da Silva<ref name=":14" /><ref name=":15" />.
|-
| rowspan="3" |3.º ano
|Primeira aula
|"''Continuação da latinidade, teoria do raciocínio e da linguagem, isto é, ideologia, gramática geral, lógica, e retórica. Em todos os dias''"<ref name=":8" />''.''
|
|Professor proprietário em 1840: Luís António Ribeiro de Mesquita<ref name=":21" />.
Professor substituto em 1840: João Lourenço Ursulo Machado<ref name=":22" />.
|-
|Segunda aula
|"''Desenho de figura, gramática, e língua inglesa. Em dias alternados''"<ref name=":8" />''.''
|
|Professor proprietário de desenho entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17" /><ref name=":18" />.
Professor substituto de desenho, em 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19" /><ref name=":20" />.
Professor proprietário de língua inglesa entre 1840 e 1846: Carlos Milton Graveley<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref><ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.


Professor substituto de língua inglesa em 1846: Daniel da Cunha<ref name=":16" />.
A reforma curricular de 1824 resultou de uma inspecção aprofundada ao funcionamento do Real Colégio conduzida pelo subdirector Cândido José Xavier<ref>Policarpo, 164-168.</ref>. O novo plano veio reforçar os estudos militares através da criação de um segundo ano com o objectivo de habilitar os cadetes das armas de Infantaria e Cavalaria a prosseguirem os estudos superiores nas escolas superiores militares existentes. De igual forma, o primeiro ano matemático passou a ser equiparado ao da [[Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho|Academia Real de Fortificação]] e da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]]<ref>Policarpo, 165; 168.</ref>. Nesse sentido, o ensino ministrado no Real Colégio passou a corresponder tanto à educação média como superior<ref>Policarpo, 173.</ref>: "''nos quatro primeiros anos, adminsitrava-se um conjunto de conteúdos-base, diversificados, com vista a preparar o aluno para seguir qualquer área de estudos'' (...) ''Os 5º e 6º anos'' (...) ''à semelhança das outras Academias eram constituídos, essencialmente, por módulos de conteúdos relacionados com as várias Ciências Militares e artes específicas das Armas''"<ref>Policarpo, 168-169.</ref>. O plano de 1824 viria a ser objecto de reformulações menores no ano seguinte a partir da análise crítica conduzida pela Congregação Literária do Colégio<ref>Policarpo, 170-171.</ref>. A divisão dos estudos preconizada em 1824 veio a tonar-se definitiva no plano de estudos de 1826. Neste último, apresentavam-se dois cursos, um de preparatórios e um militar, que correspondiam à dupla vocação civil e militar que o ensino no Real Colégio, então, adquiria<ref>Policarpo, 172.</ref>. Em 1834, registou-se o acréscimo de algumas disciplinas<ref>Policarpo, 174.</ref>.
|-
|Terceira aula
|"''Princípios de aritmética, álgebra e geometria, limitando-se às partes destas ciências que são essenciais nos usos ordinários da vida. Elementos de geografia, e cronologia, e história de Portugal em compêndio. Em todos os dias''"<ref name=":8" />.
|
|Professor proprietário geografia, cronologia, e história entre 1840 e 1846: António Eduardo Pacheco<ref name=":23">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref><ref name=":24">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
Professor substituto de filosofia, geografia, cronologia, e história em 1846: João Lourenço Ursulo Machado<ref name=":25">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
|-
| rowspan="3" |4.º ano
|Primeira aula
|"''Teoria da eloquência, e da poética, análise de alguns lugares dos melhores clássicos portugueses e latinos, tanto em prosa como em verso, moral universal, e direito natural do homem e das nações. Em todos os dias''"<ref name=":8" />.
|
|Professor proprietário de eloquência e direito natural em 1840: João Carlos da Silva<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref>.
Professor proprietário de eloquência e poética em 1846: João Carlos da Silva<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
|-
|Segunda aula
|"''Língua inglesa, desenho de figura. Em dias alternados''"<ref name=":8" />.
|
|Professor proprietário de desenho entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17" /><ref name=":18" />.
Professor substituto de desenho, em 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19" /><ref name=":20" />.
|-
|Terceira aula
|"''Primeiros elmentos de história natural, física, química, e astronomia. Em todos os dias''"<ref name=":8" />.
|
|
|-
| colspan="5" |Professor de matemática em 1840, adido à Escola Politécnica de Lisboa: João António Tibério Furtado Silva (Major)<ref name=":26">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref>.
Encarregado de explicar os princípios matemáticos em 1840: Jacinto Carlos Mourão (Major)<ref name=":27">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref>.
Professor de caligrafia em 1840 e 1846: Joaquim Rogério<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 229.</ref><ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 118.</ref>.


Professor coadjuvante em 1840: Estevão José Corsino<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 229.</ref>.
No ano seguinte, o plano de estudos era reformulado com o alargamento do quadro de disciplinas que passava a considerar as de Física, Química, Astronomia, Geometria descritiva, Cálculo diferencial e integral e a Estatística, que haviam estado omissas nos planos anteriores. De igual forma, a duração dos dois cursos era alargada para quatro anos cada um<ref name=":0" />. O curso militar passou a designar-se curso matemático militar<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 6:345.</ref>. Era também reforçada "''a dimensão de Escola Superior de Infantaria e Cavalaria, que RCM vinha assumindo desde 1826''", sendo poucas as diferenças entre o plano de estudos aí ministrado e nas restantes academias militares<ref name=":0">Policarpo, "O Real Colégio Militar", 175.</ref>.  


Professor de equitação em 1840: João Círiaco Coelho (Tenente)<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 229.</ref>.
A reforma curricular de 1837 aplicou uma reforma "''economicista''", procedendo à supressão de cadeiras e à redução do curso de oito anos para seis, ficando o curso matemático militar adstrito unicamente aos últimos dois anos. Esta última alteração explica-se igualmente em razão de ter sido criada, nesse ano, a [[Escola do Exército]]. Tendo esta instituição de ensino superior a formação dos oficiais portugueses como seu propósito, a existência de um curso militar de índole superior para formação dos oficiais, em particular das armas de Infantaria e Cavalaria, no plano de estudos do Real Colégio deixou de se justificar. O novo plano de estudos procurava por isso "''devolver ao Colégio a sua vocação de Escola de Estudos Menores e Médios''"<ref name=":1">Policarpo, "O Real Colégio Militar", 176.</ref>. Era mantida a componente de instrução militar numa perspectiva preparatória, bem como duas cadeiras  equivalentes às existentes no primeiro ano leccionado na Escola do Exército e na [[Escola Politécnica de Lisboa]]<ref name=":1" />. No ano de 1837, o plano de estudos seria ainda objecto de duas alterações<ref>Policarpo, 228-229.</ref>.  


Professor de música em 1840: João Nepomuceno de Mendonça<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 229.</ref>.
A partir de 1849, observa-se novo reforço da índole secundária do ensino ministrado através da supressão das cadeiras equivalentes às leccionadas no primeiro ano da [[Escola Politécnica de Lisboa]] e da [[Escola do Exército]], nomeadamente as de Matemática e de Arte Militar. Consequentemente, o curso foi reduzido de seis para quatro anos. Em função daquelas supressões, os alunos do Real Colégio ficaram obrigados à frequência do primeiro ano daquelas duas escolas para obterem acesso às armas de Infantaria e Cavalaria<ref>Costa Matos, ''História do Colégio Militar'', 1:163-164.</ref>. Esta reforma conheceu pouca aplicabilidade, sendo substituída, em 1851, inicialmente por um curso de transição e depois por um novo plano de estudos. Este último plano restituiu a duração de seis anos do curso de forma a garantir a adequada preparação dos cadetes a prosseguirem os estudos nas escolas militares superiores. Nele deixavam de constar quaisquer disciplinas relativas ao ensino das Ciências Militares<ref>Costa Matos, 1:164-166.</ref>. Este plano foi alterado em 1852, em 1854, em 1862 e em 1863 com o acréscimo e a supressão pontual de cadeiras e a redistribuição de disciplinas pelos anos do curso<ref>Costa Matos, 1:166-167.</ref>.  


Mestre de esgrima em 1840 e 1846: Francisco José Tavares<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 229.</ref><ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
A reforma curricular de 1867 retomou algumas matérias de matemática ao plano de estudos de forma a preparar os alunos para a realização dos preparatórios exigidos na matrícula da Escola do Exército. Considerando que, em 1869 e 1870, se procedeu a duas tentativas inconsequentes de reforma do Real Colégio, o plano de estudos apenas seria reformulado em 1875 com o objectivo de "''harmonizar quanto possível os programas das disciplinas colegiais com os das disciplinas análogas ministradas nos liceus nacionais''"<ref>Costa Matos, 1:169.</ref>. Entre 1886 e 1888, procedeu-se a duas reformulações com objectivo idêntico à reforma anterior, o de tornar consentâneos os estudos no Real Colégio com a lei de instrução secundária, sendo, em função disso, alterada a distribuição das disciplinas pelos anos do curso<ref>Costa Matos, 1:169-170.</ref><ref>Pode ser consultada uma relação dos manuais empregues no ensino do Real Colégio em 1886 em Costa Matos, ''História do Colégio Militar'', 1:183-184.</ref>.  


Mestre de dança em 1840 e 1846: José Ramos<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 229.</ref><ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.Professor por comissão temporária de filosofia racional e moral em 1861: Eugénio Avelino de Matos<ref>Ribeiro, 11:118.</ref>.
Em 1891 e 1893, foi dada permissão a que se procedesse a alterações pontuais ao plano de estudos de 1888, nomeadamente a criação de um curso auxiliar de matemática no terceiro ano, de forma a habilitar os alunos a cursarem a disciplina no ano seguinte, e a redistribuição de algumas cadeiras<ref>Costa Matos, 1:171.</ref>. Em 1895, o plano de estudos foi reformulado de acordo com a reforma do ensino liceal e a duração do curso aumentada de seis para sete anos. De igual forma, em 1905<ref>Pode ser consultada uma relação dos manuais empregues no ensino do Real Colégio em 1905 em Costa Matos, ''História do Colégio Militar'', 1:185-186.</ref>, o curso ministrado no Real Colégio era adaptado ao curso leccionado nos liceus nacionais e dividia-se entre a classe geral, nos cinco primeiros anos, e a classe complementar de ciências nos últimos dois anos<ref>Costa Matos, 1:171-173.</ref>.
|}
 
{| class="wikitable"
| colspan="5" |Plano de estudos em 1835: Curso Militar Matemático.
|-
|'''Ano'''
|'''Nome da Aula'''
|'''Matérias'''
|'''Livros'''
|'''Professores'''
|-
| rowspan="3" |1.º ano
|Primeira aula
|"''1.º Ano de matemática, como na Academia de Marinha, e demais a geometria descritiva, e noções mais amplas de astronomia. Em todos os dias"''<ref name=":11">Ribeiro, 6:344.</ref>''.''
|
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: Manuel Álvares da Silva (Capitão)<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 228.</ref><ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
|-
|Segunda aula
|"''Desenho de figura. Em todos os dias''"<ref name=":11" />''.''
|
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17" /><ref name=":18" />.
Professor substituto de desenho entre 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19" /><ref name=":20" />.
|-
|Terceira aula
|"''História natural. Em todos os dias''"<ref name=":11" />. (Suprimida em 1837<ref name=":13">Ribeiro, 6:345.</ref>.)
|
|
|-
| rowspan="3" |2.º ano
|Primeira aula
|"2''.° Ano de matemática, como na dita academia. Em todos os dias''"<ref name=":11" />.
|
|
|-
|Segunda aula
|"''Desenho de arquitetura civil. Em todos os dias''"<ref name=":11" />.
|
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17" /><ref name=":18" />.
Professor substituto de desenho, em 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19" /><ref name=":20" />.
|-
|Terceira aula
|"''Física. Em todos os dias''"<ref name=":11" />. (Suprimida em 1837<ref name=":13" />.)
|
|
|-
| rowspan="3" |3.º ano
|Primeira aula
|"''1.º Ano militar, como na academia de fortificação artilheria e desenho, e demais a pequena guerra. Em todos os dias''"<ref name=":11" />''.''
|
|Professor substituto das cadeiras militares em 1846: Jacinto Carlos Mourão<ref name=":28">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
|-
|Segunda aula
|"''Desenho de paisagem plana, e de perspetiva. Em todos os dias''"<ref name=":11" />''.''
|
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17" /><ref name=":18" />.
Professor substituto de desenho entre 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19" /><ref name=":20" />.
|-
|Terceira aula
|"G''eografia, cronologia, e história universal. Em todos os dias''"<ref name=":12">Ribeiro, 6:345.</ref>.
|
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: António Eduardo Pacheco<ref name=":23" /><ref name=":24" />.
Professor substituto em 1846: João Lourenço Ursulo Machado<ref name=":25" />.
|-
| rowspan="3" |4.º ano
|Primeira aula
|"''2.º Ano militar, como na dita academia, e demais princípios de geodésia, e suas aplicações. Em todos os dias''"<ref name=":12" />.
|
|Professor substituto das cadeiras militares em 1846: Jacinto Carlos Mourão<ref name=":28" />.
|-
|Segunda aula
|"''Química. Em dias alternados''"<ref name=":12" />. (Suprimida em 1837<ref name=":13" />.)
|
|
|-
|Terceira aula
|"''Desenho de fortificação, sinais de convenção e topografia. Em todos os dias''"<ref name=":12" />.
|
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: Teodoro António de Lima<ref name=":17" /><ref name=":18" />.
Professor substituto de desenho entre 1840 e 1846: Joaquim da Costa Cascais (Primeiro tenente)<ref name=":19" /><ref name=":20" />.
|-
| colspan="5" |Professor de matemática em 1840, adido à Escola Politécnica de Lisboa: João António Tibério Furtado Silva (Major)<ref name=":26" />.
Encarregado de explicar os princípios matemáticos em 1840: Jacinto Carlos Mourão (Major)<ref name=":27" />.
Professor de fortificação em 1846: João António Tibério Furtado e Silva<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 117.</ref>.
|}
 
 
{| class="wikitable"
| colspan="5" |Plano de estudos em 1875
|-
|'''Ano'''
|'''Nome da Aula'''<ref>Ribeiro, 11:120-121.</ref>
|'''Matérias'''
|'''Livros'''
|'''Professores'''
|-
| rowspan="4" |1.º ano
|Rudimentos de gramática portuguesa
|
|
|
|-
|Princípios de Geografia e História
|
|
|
|-
|Aritmética e sistema métrico
|
|
|
|-
|Desenho linear
|
|
|
|-
| rowspan="4" |2.º ano
|Português
|
|
|
|-
|Francês
|
|
|
|-
|"''Cálculo mental e as quatro operações (1.ª parte de matemática)''"
|
|
|
|-
|Caligrafia e desenho
|
|
|
|-
| rowspan="5" |3.º ano
|Português
|
|
|
|-
|Francês
|
|
|
|-
|"''Latim (1.ª parte)''"
|
|
|
|-
|"''Aritmética prática (1.ª parte de matemática)''"
|
|
|
|-
|"''Desenho (1.ª parte)''"
|
|
|
|-
| rowspan="5" |4.º ano
|"''Português (oratória, poética e literatura)''"
|
|
|
|-
|"''Latim (1.ª parte)''"
|
|
|
|-
|Inglês
|
|
|
|-
|"''Matemática (1.ª parte)''"
|
|
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''Almanach para o anno de M.DCCC.XX..'' Lisboa: Oficina de J. F. M. de Campos, 1820.
Costa Matos, José Alberto da. ''História do Colégio Militar.'' 2 vols.. Lisboa: Estado Maior do Exército, 2003.
''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840''. Lisboa: Impressão Morandiana, 1839.
 
''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846''. Lisboa: Typographia do Gratis, [s.d.].
 
 
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia''. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873.
 
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876.
 
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876.
 
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 11. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1883.


Policarpo, Fernando. "O Real Colégio Militar: Contributos para o estudo do seu modelo de ensino e formação". Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa, 2006.


Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia''. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .]


==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography-->
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .]
Botelho, José Justino Teixeira, ''Novos subsídios para a História da Artilharia Portuguesa''. Vol. I. Lisboa: Comissão de História Militar, 1944.
 
https://www.colegiomilitar.pt/quem-somos/sintese-historica/


Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .]
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João de Almeida Barata
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Real Colégio Militar
(valor desconhecido)
Outras denominações Colégio Militar, Colégio Militar da Luz, Colégio Regimental da Artilharia da Corte, Colégio da Feitoria
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 2 janeiro 1814
Data de extinção 8 outubro 1917
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Forte da Feitoria, Oeiras, Lisboa,-
Início: 1813
Fim: 07 de janeiro de 1814

Localização Hospital de Nossa Senhora dos Prazeres, Lisboa,-
Início: 07 de janeiro de 1814

Localização Convento de Mafra, Mafra,-
Início: 1848

Localização Hospital de Nossa Senhora dos Prazeres, Lisboa,-
Antecessora Colégio Regimental da Artilharia da Corte

Sucessora valor desconhecido


História

O Real Colégio Militar, ou apenas Colégio Militar, foi uma instituição de ensino militar criada em 1814 para educação dos oficiais do Exército português, que se mantém actualmente.

Sucedeu ao Colégio Regimental da Artilharia da Corte, ou Colégio da Feitoria, estabelecido possivelmente em 2 de Março de 1803, segundo Silvestre Ribeiro, ainda que possa ter sido criado em data anterior[1]. Este antecedente institucional, "germen ou antes preparatório para o futuro Colégio Militar"[2], resultou do desenvolvimento dado à Aula Militar do Regimento da Corte existente desde 1762, sendo dirigido por António Teixeira Rebelo, comandante daquele regimento, no sítio da Feitoria, na Torre de São Julião da Barra. O Colégio da Feitoria era destinado aos "cadetes-meninos", designação em que se incluíam tanto os filhos dos oficiais daquele regimento[3] como os "cadetes de todos os outros regimentos e até a civis"[4], sendo dada prioridade aos cadetes das armas de artilharia e engenharia[5]. Tendo por objectivo a instrução dos futuros oficiais do Exército, à semelhança das experiências europeias da época, deveria prepará-los para o funcionamento dos "exércitos modernos, portadores de armamento sofisticado e executores de tácticas inovadoras, cientificamente concebidas, onde imperava o binómio fogo/movimento"[6].

Face à crescente adesão ao ensino do Colégio da Feitoria, a partir de 1813 foi ponderada a transformação do mesmo em unidade autónoma ao Regimento de Artilharia da Corte. Por portaria de 2 de Janeiro de 1814, data que se assume como de fundação, foram atribuídos estatutos provisórios ao Real Colégio Militar, que adoptava esta designação e ficava na superintendência do Ministério da Guerra[7]. A instituição adoptou o mesmo propósito da sua antecessora e habilitava os filhos dos oficiais do Exército e da Marinha para o estudo da carreira militar, em particular, os filhos daqueles "que não tivessem meio de os mandar educar, e que, por serviços militares houvessem merecido aprovação e louvor da parte de seus superiores"[8]. Os Estatutos provisórios foram confirmados por alvará régio de 18 de Maio de 1816, que, segundo Silvestre Ribeiro, determinaram "dar àquele estabelecimento maiores proporções, alargando a esfera de sua ação e benefícios - admitindo maior número de colegiais"[9], regulando também questões de natureza disciplinar e de administração económica.

Entre 1816 e 1910, o plano de estudo do Real Colégio Militar foi alterado múltiplas vezes, como abaixo descrito, adaptando-se às reformulações quer do ensino superior militar nas décadas de 30, quer, posteriormente, do ensino liceal. A primeira reforma republicana aplicada à instituição data de 8 de Outubro de 1917[10], o que se considera como baliza cronológica final desta síntese.

Outras informações

A organização do Real Colégio obedecia à hierarquização militar adaptada à natureza de instituição de ensino - "um comando/direcção, um corpo de instrução e treino, um corpo de alunos e órgãos de apoio de gestão e de serviços". As normas disciplinares vigentes resultavam, assim, da "simbiose de algumas regras de disciplina militar, com outras, incorporadas de instituições congéneres europeias e dos colégios jesuítas"[11]. Tinha como responsável máximo a figura do director[12], cujo detentor era igualmente o comandante da unidade. O lugar de director era coadjuvado por um sub-director[13].

A admissão ao Colégio Militar era permitida, por conta do estado, a indivíduos com idades entre os nove e os 11 anos e na condição de filhos legítimos. Os matriculados porcionistas teriam de ter idade compreendida entre os sete e os 11 anos, serem de limpo nascimento e pagarem uma pensão mensal[14][15]. A partir de 1835 era exigido tanto aos matriculados pensionistas como porcionistas terem entre os nove e os 11 anos de idade e os exames de ler, escrever e contar[16]. Em 1837, para efeitos de matrícula era requerido exame de ler, escrever e contar, sendo admitidos alunos entre os nove e 11 anos para o curso preparatório, e entre os 13 anos e 15 anos para o curso militar. A partir desse ano, estabelecia-se os 10 anos como idade mínima e os 12 anos de idade máxima para ambos os cursos[17]. O corpo de alunos era organizado em brigadas em 1813 e em companhias a partir do ano seguinte[18].

Em 1816, verificou-se o aumento de 50 para 100 alunos pensionistas suportados pelo Estado, num total de 200 alunos, sendo os restantes suportados pelos pais ou tutores[8]. Em 1835, ainda no rescaldo da Guerra Civil (1832-1834) o número de alunos pensionistas foi aumentado para 150, "dos quais pertenceriam 134 lugares a filhos de oficiais do exército, e 16 aos filhos de oficiais da armada, e brigada de marinha", atendendo-se, no parecer de José Silvestre Ribeiro, "mui particularmente aos filhos dos oficiais de voluntários, ou de milicias, que, ou serviram a causa da liberdade, ou por ela padeceram"[19]. Pela reforma de 1849, o número de matrículas admitidas era reduzido, uma vez que o número de alunos era considerado excessivo dificultando o cumprimento do regulamento disciplinar e não se coadunando, por excesso, com as necessidades do exército português à altura[20].

Por decreto de 1 de Setembro de 1824 os alunos do Colégio Militar poderiam matricular-se no segundo ano da Academia Real de Marinha de Lisboa, sob a condição de terem frequentado com aprovação o primeiro ano matemático do plano de estudos do Colégio. Essa faculdade foi estendida às matrículas na Academia de Marinha e Comércio do Porto sob as mesmas condições por decreto de 3 de Novembro de 1825[21].

Encontravam-se anexos ao Colégio Militar depósitos de "armas e armamentos; o de instrumentos geodésicos e matemáticos; a biblioteca[22] e a secretaria da inspeção dos estudos"[23].

A primeira localização do Colégio Militar foi no Forte de São Julião, junto da Aula de Artilharia de São Julião da Barra, em Oeiras. Foi transferido para o edifício do Hospital Real de Nossa Senhora dos Prazeres na Luz em 7 de Janeiro de 1814[24], razão pela qual também é referido como Colégio Militar da Luz. Em 1848, encontrava-se instalado no "edifício da extinta Congregação dos Missionários, denominados de Rilhafoles", sendo nesse ano transferido para o "edifício real de Mafra"[25]. Não obstante, em 1853, era nomeada uma comissão para reavaliar o edifício militar da Luz e "propor um projeto do que conviria fazer no mesmo edifício no intuito de o apropriar adequadamente à acomodação do Colégio Militar"[26].

Professores

A obra História do Colégio Militar, da autoria de José Alberto da Costa Matos, apresenta uma relação completa dos professores que leccionaram no Real Colégio Militar[27]. Entre esses professores apresentam-se os que pertenceram à arma de Engenharia e de Estado Maior e ao Real Corpo de Engenheiros (RCE) com indicação do período em que leccionaram: Luís António de Melo, 2.º tenente de engenharia (1803); Joaquim das Neves Franco, aluno (1809); Hugo de Fournier Leclier, capitão do RCE (1813-1820); José António de Almeida Matos, 2.º tenente do RCE (1816); João Crisóstomo do Couto e Melo, capitão do RCE (1817); Vicente Pires da Gama, 2.º tenente de engenharia (1818-1838); João de Lemos Caldeira, capitão do RCE (1820-1821); José Joaquim de Castro, tenente de engenharia (1853-1854); Carlos Augusto Morais de Almeida, tenente de engenharia (1873); Roberto Correia Pinto, capitão de engenharia (1898-1910); Luís Augusto Leitão, tenente de engenharia (1896-?); Luís Cabral e Sousa Teixeira de Morais, tenente de engenharia (regente de estudos em 1901); Manuel Maria de Oliveira Ramos, capitão de Estado-Maior (1901-1912).

Curricula

O primeiro plano de estudos do Real Colégio foi apresentado por António Teixeira Rebelo em 1812. Após alterações por parte do Conselho Escolar e da Congregação Literária do Real Colégio, foi aprovado em 1813 "com um claro reforço da componente teórica, em detrimento da componente prática, tanto nas Matemáticas, como nas disciplinas militares". Era estabelecido um curso de seis anos pelos quais eram distribuídas 18 disciplinas divididas em duas classes "Aulas Menores" e "Aulas Maiores"[28][29]. Este plano transitou para 1814, com a alterações menores, sendo aprovado juntamente com os Estatutos provisórios do Real Colégio. De igual forma, os Estatutos definitivos de 1816 observaram o mesmo plano de estudos com poucas alterações às disciplinas[30]. Até 1910, o plano de estudos do Real Colégio foi objecto de múltiplas alterações, algumas procedendo à sua reconfiguração total com a supressão ou acréscimo de cadeiras, ou à alteração do número de cursos e a sua duração.

A reforma curricular de 1824 resultou de uma inspecção aprofundada ao funcionamento do Real Colégio conduzida pelo subdirector Cândido José Xavier[31]. O novo plano veio reforçar os estudos militares através da criação de um segundo ano com o objectivo de habilitar os cadetes das armas de Infantaria e Cavalaria a prosseguirem os estudos superiores nas escolas superiores militares existentes. De igual forma, o primeiro ano matemático passou a ser equiparado ao da Academia Real de Fortificação e da Academia Real de Marinha[32]. Nesse sentido, o ensino ministrado no Real Colégio passou a corresponder tanto à educação média como superior[33]: "nos quatro primeiros anos, adminsitrava-se um conjunto de conteúdos-base, diversificados, com vista a preparar o aluno para seguir qualquer área de estudos (...) Os 5º e 6º anos (...) à semelhança das outras Academias eram constituídos, essencialmente, por módulos de conteúdos relacionados com as várias Ciências Militares e artes específicas das Armas"[34]. O plano de 1824 viria a ser objecto de reformulações menores no ano seguinte a partir da análise crítica conduzida pela Congregação Literária do Colégio[35]. A divisão dos estudos preconizada em 1824 veio a tonar-se definitiva no plano de estudos de 1826. Neste último, apresentavam-se dois cursos, um de preparatórios e um militar, que correspondiam à dupla vocação civil e militar que o ensino no Real Colégio, então, adquiria[36]. Em 1834, registou-se o acréscimo de algumas disciplinas[37].

No ano seguinte, o plano de estudos era reformulado com o alargamento do quadro de disciplinas que passava a considerar as de Física, Química, Astronomia, Geometria descritiva, Cálculo diferencial e integral e a Estatística, que haviam estado omissas nos planos anteriores. De igual forma, a duração dos dois cursos era alargada para quatro anos cada um[38]. O curso militar passou a designar-se curso matemático militar[39]. Era também reforçada "a dimensão de Escola Superior de Infantaria e Cavalaria, que RCM vinha assumindo desde 1826", sendo poucas as diferenças entre o plano de estudos aí ministrado e nas restantes academias militares[38].

A reforma curricular de 1837 aplicou uma reforma "economicista", procedendo à supressão de cadeiras e à redução do curso de oito anos para seis, ficando o curso matemático militar adstrito unicamente aos últimos dois anos. Esta última alteração explica-se igualmente em razão de ter sido criada, nesse ano, a Escola do Exército. Tendo esta instituição de ensino superior a formação dos oficiais portugueses como seu propósito, a existência de um curso militar de índole superior para formação dos oficiais, em particular das armas de Infantaria e Cavalaria, no plano de estudos do Real Colégio deixou de se justificar. O novo plano de estudos procurava por isso "devolver ao Colégio a sua vocação de Escola de Estudos Menores e Médios"[40]. Era mantida a componente de instrução militar numa perspectiva preparatória, bem como duas cadeiras equivalentes às existentes no primeiro ano leccionado na Escola do Exército e na Escola Politécnica de Lisboa[40]. No ano de 1837, o plano de estudos seria ainda objecto de duas alterações[41].

A partir de 1849, observa-se novo reforço da índole secundária do ensino ministrado através da supressão das cadeiras equivalentes às leccionadas no primeiro ano da Escola Politécnica de Lisboa e da Escola do Exército, nomeadamente as de Matemática e de Arte Militar. Consequentemente, o curso foi reduzido de seis para quatro anos. Em função daquelas supressões, os alunos do Real Colégio ficaram obrigados à frequência do primeiro ano daquelas duas escolas para obterem acesso às armas de Infantaria e Cavalaria[42]. Esta reforma conheceu pouca aplicabilidade, sendo substituída, em 1851, inicialmente por um curso de transição e depois por um novo plano de estudos. Este último plano restituiu a duração de seis anos do curso de forma a garantir a adequada preparação dos cadetes a prosseguirem os estudos nas escolas militares superiores. Nele deixavam de constar quaisquer disciplinas relativas ao ensino das Ciências Militares[43]. Este plano foi alterado em 1852, em 1854, em 1862 e em 1863 com o acréscimo e a supressão pontual de cadeiras e a redistribuição de disciplinas pelos anos do curso[44].

A reforma curricular de 1867 retomou algumas matérias de matemática ao plano de estudos de forma a preparar os alunos para a realização dos preparatórios exigidos na matrícula da Escola do Exército. Considerando que, em 1869 e 1870, se procedeu a duas tentativas inconsequentes de reforma do Real Colégio, o plano de estudos apenas seria reformulado em 1875 com o objectivo de "harmonizar quanto possível os programas das disciplinas colegiais com os das disciplinas análogas ministradas nos liceus nacionais"[45]. Entre 1886 e 1888, procedeu-se a duas reformulações com objectivo idêntico à reforma anterior, o de tornar consentâneos os estudos no Real Colégio com a lei de instrução secundária, sendo, em função disso, alterada a distribuição das disciplinas pelos anos do curso[46][47].

Em 1891 e 1893, foi dada permissão a que se procedesse a alterações pontuais ao plano de estudos de 1888, nomeadamente a criação de um curso auxiliar de matemática no terceiro ano, de forma a habilitar os alunos a cursarem a disciplina no ano seguinte, e a redistribuição de algumas cadeiras[48]. Em 1895, o plano de estudos foi reformulado de acordo com a reforma do ensino liceal e a duração do curso aumentada de seis para sete anos. De igual forma, em 1905[49], o curso ministrado no Real Colégio era adaptado ao curso leccionado nos liceus nacionais e dividia-se entre a classe geral, nos cinco primeiros anos, e a classe complementar de ciências nos últimos dois anos[50].

Notas

  1. Policarpo, "O Real Colégio Militar", 85; 87.
  2. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:115.
  3. Ribeiro, 3:113.
  4. Policarpo, "O Real Colégio Militar", 84.
  5. Policarpo, 88.
  6. Policarpo, 83.
  7. Policarpo, 94.
  8. 8,0 8,1 Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:147.
  9. Ribeiro, 3:148.
  10. Costa Matos, História do Colégio Militar, 1:172.
  11. Policarpo, "O Real Colégio Militar", 98.
  12. Pode ser consultada uma relação dos directores do Real Colégio em Costa Matos, História do Colégio Militar, 1:389; bem como apontamentos biográficos sobre os mesmos em Costa Matos, História do Colégio Militar, 1:393-565.
  13. Policarpo, "O Real Colégio Militar", 98; 100.
  14. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:147.
  15. Policarpo, "O Real Colégio Militar", 109-110.
  16. Policarpo, 111.
  17. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:345.
  18. Policarpo, "O Real Colégio Militar", 104; 106.
  19. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 5:342.
  20. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:352.
  21. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:151-152.
  22. Pode ser consultada uma descrição aprofundada sobre a evolução histórica da biblioteca do Real Colégio em Costa Matos, História do Colégio Militar, 1:187-203.
  23. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 3:154.
  24. Ribeiro, 3:147.
  25. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:350.
  26. Ribeiro, 6:357.
  27. Para o período em síntese neste verbete (1814-1910), pode ser consultada uma relação dos professores em Costa Matos, "História do Colégio Militar", 2:647-651.
  28. Policarpo, "O Real Colégio Militar", 157-158.
  29. Pode ser consultada uma relação dos manuais e compêndios utilizados no ensino do Real Colégio em Policarpo, "O Real Colégio Militar", 230-231.
  30. Policarpo, 159.
  31. Policarpo, 164-168.
  32. Policarpo, 165; 168.
  33. Policarpo, 173.
  34. Policarpo, 168-169.
  35. Policarpo, 170-171.
  36. Policarpo, 172.
  37. Policarpo, 174.
  38. 38,0 38,1 Policarpo, "O Real Colégio Militar", 175.
  39. Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 6:345.
  40. 40,0 40,1 Policarpo, "O Real Colégio Militar", 176.
  41. Policarpo, 228-229.
  42. Costa Matos, História do Colégio Militar, 1:163-164.
  43. Costa Matos, 1:164-166.
  44. Costa Matos, 1:166-167.
  45. Costa Matos, 1:169.
  46. Costa Matos, 1:169-170.
  47. Pode ser consultada uma relação dos manuais empregues no ensino do Real Colégio em 1886 em Costa Matos, História do Colégio Militar, 1:183-184.
  48. Costa Matos, 1:171.
  49. Pode ser consultada uma relação dos manuais empregues no ensino do Real Colégio em 1905 em Costa Matos, História do Colégio Militar, 1:185-186.
  50. Costa Matos, 1:171-173.

Bibliografia

Costa Matos, José Alberto da. História do Colégio Militar. 2 vols.. Lisboa: Estado Maior do Exército, 2003.

Policarpo, Fernando. "O Real Colégio Militar: Contributos para o estudo do seu modelo de ensino e formação". Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa, 2006.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia. Vol. 3. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1873.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 5. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876.

Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 6. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1876.

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Categoria: Real Colégio Militar

Ligações Externas

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Autor(es) do artigo

João de Almeida Barata

https://orcid.org/0000-0001-9048-0447

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)

DOI

https://doi.org/10.34619/gerd-b8st

Citar este artigo

Almeida Barata, João de. "Real Colégio Militar", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 16/02/2024). Consultado a 11 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Real_Col%C3%A9gio_Militar. DOI: https://doi.org/10.34619/gerd-b8st