José Paes Esteves: diferenças entre revisões

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===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->  
===Carreira===<!-- Fazer copy/paste do que escreveram em Excel (caixas de notas). Incluí prémios e condecorações/homenagens/ títulos honoríficos. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na info-box. subdividida em períodos se necessário-->  
Na carta-patente que o nomeia capitão de infantaria ''ad honorem'' como engenheiro da capitania de Pernanbuco, diz-se que José Paes Esteves serviu em Estremoz por tempo de “cinco anos, quatro meses e vinte um dias”. Como a carta foi passada em 3 de Dezembro de 1686, deduz-se que ele ali estava desde 13 de julho de 1681. No dia 24 de novembro de 1682 foi promovido ao posto de ajudante engenheiro por Dinis de Melo e Castro (1624-1709), 1º Conde das Galveias (1691), então governador de armas do Alentejo.  
Na carta-patente que o nomeia capitão de infantaria ''ad honorem'' como engenheiro da capitania de Pernanbuco, diz-se que José Paes Esteves serviu em Estremoz por tempo de ''“cinco anos, quatro meses e vinte um dias”''. Como a carta foi passada em 3 de Dezembro de 1686, deduz-se que ele ali estava desde 13 de julho de 1681. No dia 24 de novembro de 1682 foi promovido ao posto de ajudante engenheiro por Dinis de Melo e Castro (1624-1709), 1º Conde das Galveias (1691), então governador de armas do Alentejo.  


A carta-patende diz que era “sujeito de muitas partes, grande escrivão e contador, e na sua profissão grande riscador de plantas e desenhos, prometendo sua muita suficiência e bom procedimento ser um perfeito engenheiro” e que teria o soldo de 25.000 reis por mês, pagos por inteiro nas rendas reais da capitania de Pernambuco<ref name=":0">Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto01vite Vol I], 305-306.</ref>.
A carta-patende diz que era ''“sujeito de muitas partes, grande escrivão e contador, e na sua profissão grande riscador de plantas e desenhos, prometendo sua muita suficiência e bom procedimento ser um perfeito engenheiro”'' e que teria o soldo de 25.000 reis por mês, pagos por inteiro nas rendas reais da capitania de Pernambuco<ref name=":0">Viterbo, <i>Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal</i>, [https://archive.org/details/diccionariohisto01vite Vol I], 305-306.</ref>.


Logo a seguir à nomeação, em 5 de dezembro de 1686, José Paes Estevens faz um requerimento ao rei pedindo que os seus soldos se vencessem a partir do dia em que embarcasse para a capitania de Pernambuco, alegando que o mesmo já se tinha concedido a [[João Coutinho]], seu antecessor no posto<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, Cx. 14, D. 1393. </ref>. Invocando novamente o exemplo de João Coutinho pede, em 28 de fevereiro de 1687, que lhe fosse concedida ajuda de custo de oitenta mil reis. O parecer do conselho é favorável, tendo em conta não apenas o exemplo do antecessor, mas chamando ainda a atenção real para “a boa opinião da suficiência que se tem deste sujeito e o muito que poderá ser de préstimo a Sua pessoa na capitania de Pernambuco”. A provisão régia foi passada em 11 de Maio de 1687<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, cx. 14, D. 1403</ref>.  
Logo a seguir à nomeação, em 5 de dezembro de 1686, José Paes Estevens faz um requerimento ao rei pedindo que os seus soldos se vencessem a partir do dia em que embarcasse para a capitania de Pernambuco, alegando que o mesmo já se tinha concedido a [[João Coutinho]], seu antecessor no posto<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, Cx. 14, D. 1393. </ref>. Invocando novamente o exemplo de João Coutinho pede, em 28 de fevereiro de 1687, que lhe fosse concedida ajuda de custo de oitenta mil reis. O parecer do conselho é favorável, tendo em conta não apenas o exemplo do antecessor, mas chamando ainda a atenção real para ''“a boa opinião da suficiência que se tem deste sujeito e o muito que poderá ser de préstimo a Sua pessoa na capitania de Pernambuco”''. A provisão régia foi passada em 11 de Maio de 1687<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, cx. 14, D. 1403</ref>.  


Trabalhou nas fortificações de Pernambuco e da região. Em 1689 esteve envolvido na obra da fortaleza de Cabedelo, na Paraíba<ref name=":1">Oliveira, Mário Mendonça. ''As Fortificações portuguesas de Salvador quando cabeça do Brasil.'' Salvador-Bahia: Fundação Gregório de Mattos, 2004.</ref>.   
Trabalhou nas fortificações de Pernambuco e da região. Em 1689 esteve envolvido na obra da fortaleza de Cabedelo, na Paraíba<ref name=":1">Oliveira, Mário Mendonça. ''As Fortificações portuguesas de Salvador quando cabeça do Brasil.'' Salvador-Bahia: Fundação Gregório de Mattos, 2004.</ref>.   
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Em  1 de abril de 1692, uma portaria determinou a sua transferência para a capitania da Bahia. Recomendava-se que o engenheiro deixasse instruções relativas às fortificações de Pernanbuco que deveriam ser seguidas até a chegada no novo engenheiro que o substituiria, que viria ser [[Pedro Correia Rebelo]]<ref name=":1" />.  
Em  1 de abril de 1692, uma portaria determinou a sua transferência para a capitania da Bahia. Recomendava-se que o engenheiro deixasse instruções relativas às fortificações de Pernanbuco que deveriam ser seguidas até a chegada no novo engenheiro que o substituiria, que viria ser [[Pedro Correia Rebelo]]<ref name=":1" />.  


Em 1696 o governador geral do Brasil, D. João de Lencastre, determinou que o capitão engenheiro deveria ir "todos os dias à tarde, à casa que tenho destinada junto ao corpo da guarda ensinar aos oficiais e aos soldados e mais pessoas que quiserem aprender, e dar lição da castramentação e da fortificação", estabelecendo assim o início da [[Aula Militar da Bahia]] <ref name=":1" />. A 4 de dezembro deste mesmo ano de 1696 foi nomeado sargento-mor da Bahia, com soldo de 26.000 reis por mês. A carta-patente confirmava  e  mantinha a obriação de ensinar: “Faço saber aos que minha carta patente virem que tendo respeito a José Paes Esteves me estar servindo na praça da Bahia  de capitão engenheiro com zelo e assistência as fortificações e mais obras de que foi encarregado e atualmente estar lendo e ensinando a sua profissão na Aula que se instituiu da fortificação naquela cidade, e a boa informação que houve do seu procedimento (....) hey por bem e me paz de o nomear, como por esta nomeio, por sargento-mor para que com este posto e exercício de engenheiro na praça da Bahia vença vintee seis mil reis de soldo por mês, com declaração que será obrigado a ensinar a sua profissão na aula, como presentemente está fazendo”<ref name=":0" />.  
Em 1696 o governador geral do Brasil, D. João de Lencastre, determinou que o capitão engenheiro deveria ir ''"todos os dias à tarde, à casa que tenho destinada junto ao corpo da guarda ensinar aos oficiais e aos soldados e mais pessoas que quiserem aprender, e dar lição da castramentação e da fortificação"'', estabelecendo assim o início da [[Aula Militar da Bahia]] <ref name=":1" />. A 4 de dezembro deste mesmo ano de 1696 foi nomeado sargento-mor da Bahia, com soldo de 26.000 reis por mês. A carta-patente confirmava  e  mantinha a obriação de ensinar: ''“Faço saber aos que minha carta patente virem que tendo respeito a José Paes Esteves me estar servindo na praça da Bahia  de capitão engenheiro com zelo e assistência as fortificações e mais obras de que foi encarregado e atualmente estar lendo e ensinando a sua profissão na Aula que se instituiu da fortificação naquela cidade, e a boa informação que houve do seu procedimento (....) hey por bem e me paz de o nomear, como por esta nomeio, por sargento-mor para que com este posto e exercício de engenheiro na praça da Bahia vença vintee seis mil reis de soldo por mês, com declaração que será obrigado a ensinar a sua profissão na aula, como presentemente está fazendo”''<ref name=":0" />.  


Em 1699 mesmo governador iria mandar prender a José Paes Esteves. Em causa estavam questões relativas a problemas em fortificações já construídas anteriomente, mas que se tinham arruinado e que levantavam suspeitas de que tivesse havido danos à fazenda real. Contudo, em 24 de janeiro de 1700 é o próprio rei quem determina que o engenheiro “sem embargo de estar preso, passe logo ao Rio de Janeiro e Santos para escolher os sítios e fazer os desenhos das fortificações que forem necessárias e depois de feitos se há de restituir outra vez a esta praça da Bahia”<ref name=":1" />.
Em 1699 mesmo governador iria mandar prender a José Paes Esteves. Em causa estavam questões relativas a problemas em fortificações já construídas anteriomente, mas que se tinham arruinado e que levantavam suspeitas de que tivesse havido danos à fazenda real. Contudo, em 24 de janeiro de 1700 é o próprio rei quem determina que o engenheiro ''“sem embargo de estar preso, passe logo ao Rio de Janeiro e Santos para escolher os sítios e fazer os desenhos das fortificações que forem necessárias e depois de feitos se há de restituir outra vez a esta praça da Bahia”''<ref name=":1" />.


Paes Esteves não mais regressou a Bahia. Os últimos dez anos da sua vida passou-os na capitania do Rio de Janeiro, atendendo aos trabalhos necessários na região e sendo o responsável pela artilharia na capitania.
Paes Esteves não mais regressou a Bahia. Os últimos dez anos da sua vida passou-os na capitania do Rio de Janeiro, atendendo aos trabalhos necessários na região e sendo o responsável pela artilharia na capitania.
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Em 1703 era ainda sargento-mor e sabe-se que estavam com ele no Rio de Janeiro o capitão [[Diogo da Silveira Veloso]] que viera provido para Montevidéo, mas que seria logo mandado para Pernambuco, onde parecia mais necessário, e o capitão Manuel de Melo e Castro, recém nomeado para capitania.  
Em 1703 era ainda sargento-mor e sabe-se que estavam com ele no Rio de Janeiro o capitão [[Diogo da Silveira Veloso]] que viera provido para Montevidéo, mas que seria logo mandado para Pernambuco, onde parecia mais necessário, e o capitão Manuel de Melo e Castro, recém nomeado para capitania.  


Em 1709 já estava bastante adoentado. Com efeito, em consulta do Conselho Ultramarino relativa à urgente necessidade de nomear-se engenheiro para a capitania do Rio de Janeiro diz-se que “presentemente se acham dois na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, um por nome Manuel de Melo de Castro, e outro chamando José Paes Estevens, como o primeiro saiu da aula sem nenhum uso da fortificação, mas só com a doutrina das postilas, e o segundo ainda que com grande oposição se mostre ter aproveitado a sua ciência o que tem feito naquela praça, como seja notório que pelo achaque da gota está impossibilitado para cumprir com o desempenho das suas obrigações, nem possa sair para ir assistir ao que pedem ao do seu posto, e ir a maiores distâncias a desenhar o que for necessário nas praças subordinadas aquele governo o que se entender for útil para sua conservação.”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Doc. 3207. </ref>.
Em 1709 já estava bastante adoentado. Com efeito, em consulta do Conselho Ultramarino relativa à urgente necessidade de nomear-se engenheiro para a capitania do Rio de Janeiro diz-se que ''“presentemente se acham dois na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, um por nome Manuel de Melo de Castro, e outro chamando José Paes Estevens, como o primeiro saiu da aula sem nenhum uso da fortificação, mas só com a doutrina das postilas, e o segundo ainda que com grande oposição se mostre ter aproveitado a sua ciência o que tem feito naquela praça, como seja notório que pelo achaque da gota está impossibilitado para cumprir com o desempenho das suas obrigações, nem possa sair para ir assistir ao que pedem ao do seu posto, e ir a maiores distâncias a desenhar o que for necessário nas praças subordinadas aquele governo o que se entender for útil para sua conservação.”''<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Doc. 3207. </ref>.


Em 1710, um documento relativo ao engenheiro entratanto nomeado para o Rio de Janeiro, [[José Vieira|José Vieira Soares]], confirma que José Paes Esteves tinha falecido<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Doc. 3265. </ref>.  
Em 1710, um documento relativo ao engenheiro entratanto nomeado para o Rio de Janeiro, [[José Vieira|José Vieira Soares]], confirma que José Paes Esteves tinha falecido<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Doc. 3265. </ref>.  

Revisão das 20h24min de 6 de dezembro de 2022


José Paes Esteves
Nome completo José Paes Estevens
Outras Grafias José Pais Estevens, Joseph Paes Estevens
Nascimento 1650
Morte 1750
Postos
Posto Ajudante engenheiro
Data Início: 24 de novembro de 1682
Fim: 3 de dezembro de 1686

Posto Capitão engenheiro
Data Início: 3 de dezembro de 1686
Arma Infantaria

Posto Sargento-mor engenheiro
Data Início: 4 de dezembro de 1696
Cargos
Cargo Professor
Data Início: 1696
Instituição [[Aula Militar da Bahia]]
Actividade
Data Início: 2 de agosto de 1681
Local de Actividade [[Praça-Forte de Estremoz, Évora,-]]

Data Início: 3 de dezembro de 1686
Local de Actividade [[Capitania de Pernambuco]]

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 1689
Local de Actividade [[Forte de Santa Catarina do Cabedelo, Paraíba,-]]

Data Início: 1692
Local de Actividade [[Praça-Forte da Bahia, Salvador,-]]

Actividade Acompanhamento de obra
Data Início: 21 de janeiro de 1700
Local de Actividade [[Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, Brasil]]


Biografia

Dados biográficos

Não se tem conhecimento do local e data de nascimento de José Paes Esteves. O seu nome, grafado normalmente como Joseph Paes Estevens, pode indicar origem ou ascendência estrangeira. As primeiras informações que se tem dele colocam-no em Estremoz desde pelo menos 1681. É possível que possa ter feito a sua formação na própria praça de Estremoz, onde pode ter funcionado uma aula desde 1666, ministrada incialmente por Luís Serrão Pimentel. Em 1687 José Paes Esteves vai para o Brasil como capitão engenheiro da capitania de Pernambuco. Ali reside por cerca de cinco anos. Em 1692 passa à Bahia, onde em 1696 será o primeiro lente da Aula Militar da Bahia. Em 1700 vai para Rio de Janeiro, onde permanecerá até a sua morte, em 1710.

Carreira

Na carta-patente que o nomeia capitão de infantaria ad honorem como engenheiro da capitania de Pernanbuco, diz-se que José Paes Esteves serviu em Estremoz por tempo de “cinco anos, quatro meses e vinte um dias”. Como a carta foi passada em 3 de Dezembro de 1686, deduz-se que ele ali estava desde 13 de julho de 1681. No dia 24 de novembro de 1682 foi promovido ao posto de ajudante engenheiro por Dinis de Melo e Castro (1624-1709), 1º Conde das Galveias (1691), então governador de armas do Alentejo.

A carta-patende diz que era “sujeito de muitas partes, grande escrivão e contador, e na sua profissão grande riscador de plantas e desenhos, prometendo sua muita suficiência e bom procedimento ser um perfeito engenheiro” e que teria o soldo de 25.000 reis por mês, pagos por inteiro nas rendas reais da capitania de Pernambuco[1].

Logo a seguir à nomeação, em 5 de dezembro de 1686, José Paes Estevens faz um requerimento ao rei pedindo que os seus soldos se vencessem a partir do dia em que embarcasse para a capitania de Pernambuco, alegando que o mesmo já se tinha concedido a João Coutinho, seu antecessor no posto[2]. Invocando novamente o exemplo de João Coutinho pede, em 28 de fevereiro de 1687, que lhe fosse concedida ajuda de custo de oitenta mil reis. O parecer do conselho é favorável, tendo em conta não apenas o exemplo do antecessor, mas chamando ainda a atenção real para “a boa opinião da suficiência que se tem deste sujeito e o muito que poderá ser de préstimo a Sua pessoa na capitania de Pernambuco”. A provisão régia foi passada em 11 de Maio de 1687[3].

Trabalhou nas fortificações de Pernambuco e da região. Em 1689 esteve envolvido na obra da fortaleza de Cabedelo, na Paraíba[4].

Em  1 de abril de 1692, uma portaria determinou a sua transferência para a capitania da Bahia. Recomendava-se que o engenheiro deixasse instruções relativas às fortificações de Pernanbuco que deveriam ser seguidas até a chegada no novo engenheiro que o substituiria, que viria ser Pedro Correia Rebelo[4].

Em 1696 o governador geral do Brasil, D. João de Lencastre, determinou que o capitão engenheiro deveria ir "todos os dias à tarde, à casa que tenho destinada junto ao corpo da guarda ensinar aos oficiais e aos soldados e mais pessoas que quiserem aprender, e dar lição da castramentação e da fortificação", estabelecendo assim o início da Aula Militar da Bahia [4]. A 4 de dezembro deste mesmo ano de 1696 foi nomeado sargento-mor da Bahia, com soldo de 26.000 reis por mês. A carta-patente confirmava  e  mantinha a obriação de ensinar: “Faço saber aos que minha carta patente virem que tendo respeito a José Paes Esteves me estar servindo na praça da Bahia  de capitão engenheiro com zelo e assistência as fortificações e mais obras de que foi encarregado e atualmente estar lendo e ensinando a sua profissão na Aula que se instituiu da fortificação naquela cidade, e a boa informação que houve do seu procedimento (....) hey por bem e me paz de o nomear, como por esta nomeio, por sargento-mor para que com este posto e exercício de engenheiro na praça da Bahia vença vintee seis mil reis de soldo por mês, com declaração que será obrigado a ensinar a sua profissão na aula, como presentemente está fazendo”[1].

Em 1699 mesmo governador iria mandar prender a José Paes Esteves. Em causa estavam questões relativas a problemas em fortificações já construídas anteriomente, mas que se tinham arruinado e que levantavam suspeitas de que tivesse havido danos à fazenda real. Contudo, em 24 de janeiro de 1700 é o próprio rei quem determina que o engenheiro “sem embargo de estar preso, passe logo ao Rio de Janeiro e Santos para escolher os sítios e fazer os desenhos das fortificações que forem necessárias e depois de feitos se há de restituir outra vez a esta praça da Bahia”[4].

Paes Esteves não mais regressou a Bahia. Os últimos dez anos da sua vida passou-os na capitania do Rio de Janeiro, atendendo aos trabalhos necessários na região e sendo o responsável pela artilharia na capitania.

Em 1703 era ainda sargento-mor e sabe-se que estavam com ele no Rio de Janeiro o capitão Diogo da Silveira Veloso que viera provido para Montevidéo, mas que seria logo mandado para Pernambuco, onde parecia mais necessário, e o capitão Manuel de Melo e Castro, recém nomeado para capitania.

Em 1709 já estava bastante adoentado. Com efeito, em consulta do Conselho Ultramarino relativa à urgente necessidade de nomear-se engenheiro para a capitania do Rio de Janeiro diz-se que “presentemente se acham dois na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, um por nome Manuel de Melo de Castro, e outro chamando José Paes Estevens, como o primeiro saiu da aula sem nenhum uso da fortificação, mas só com a doutrina das postilas, e o segundo ainda que com grande oposição se mostre ter aproveitado a sua ciência o que tem feito naquela praça, como seja notório que pelo achaque da gota está impossibilitado para cumprir com o desempenho das suas obrigações, nem possa sair para ir assistir ao que pedem ao do seu posto, e ir a maiores distâncias a desenhar o que for necessário nas praças subordinadas aquele governo o que se entender for útil para sua conservação.”[5].

Em 1710, um documento relativo ao engenheiro entratanto nomeado para o Rio de Janeiro, José Vieira Soares, confirma que José Paes Esteves tinha falecido[6].

Outras informações

Obras

Notas

  1. 1,0 1,1 Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol I, 305-306.
  2. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, Cx. 14, D. 1393.
  3. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, cx. 14, D. 1403
  4. 4,0 4,1 4,2 4,3 Oliveira, Mário Mendonça. As Fortificações portuguesas de Salvador quando cabeça do Brasil. Salvador-Bahia: Fundação Gregório de Mattos, 2004.
  5. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Doc. 3207.
  6. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Doc. 3265.

Fontes

Arquivo do Conselho Ultramarino, Officios, liv. 7, fol. 185v Arquivo do Conselho Ultramarino, Provisoes, liv. 2, fol. 426v Arquivo do Conselho Ultramarino, Officios, liv. 9, fol. 280

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, Cx. 14, D. 1393. 1686, Dezembro, 5, Lisboa. Consulta do CU ao rei D. Pedro II, sobre o requerimento do nomeado capitão engenheiro da capitania de Pernambuco José Paes Esteves, pedindo para que seus soldos se vençam a partir do dia qu embarcar para a dita capitania.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_015, cx. 14, D. 1403. 1687, Fevereiro, 28, Lisboa. Consulta do CU ao rei D. Pedro II, sobre o requerimento do capitão engenheiro nomeado para a capitania de Pernambuco José Paes Esteves, pedindo ajuda de custo.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Catálogo Castro e Almeida. Doc. 2777-2781. 1704, Setembro, 9, Lisboa. Consulta do CU, relativa a situação dos três engenheiros que se encontravam no Rio de Janeiro, José Paes Esteves, Diogo Velloso da Silveira e Manuel de Mello e Castro.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Catálogo Castro e Almeida. Doc. 3207-3208. 1709, Abril, 24, Lisboa. Consulta do CU, sobre a nomeação de José Vieira Soares para engenheiro da capitania do Rio de Janeiro.  

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_CU_ Brasil_Rio de Janeiro. Catálogo Castro e Almeida. Doc. 3265-3267. 1710. Requerimento do Tenente do Mestre de Campo General Engenheiro José Vieira Soares.

Bibliografia

Oliveira, Mário Mendonça. As Fortificações portuguesas de Salvador quando cabeça do Brasil. Salvador-Bahia: Fundação Gregório de Mattos, 2004.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol I. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Renata Araújo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078.

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI