Escola Politécnica de Lisboa: diferenças entre revisões
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A Escola Politécnica de Lisboa foi uma instituição de ensino técnico e científico criada por decreto de 11 de Janeiro de 1837<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:122.</ref>, sob dependência do Ministério da Guerra<ref>José Silvestre Ribeiro apresenta um relação de documentos, relativos à história da Escola Politécnica de Lisboa, consultável em Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:293-294.</ref>. À semelhança do que ocorreu, nesse ano, com a criação da [[Academia Politécnica do Porto]], a fundação da Escola Politécnica respeitou à institucionalização definitiva da instrução preparatória científica em Lisboa. A | A Escola Politécnica de Lisboa foi uma instituição de ensino técnico e científico criada por decreto de 11 de Janeiro de 1837<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:122.</ref>, sob dependência do Ministério da Guerra<ref>José Silvestre Ribeiro apresenta um relação de documentos, relativos à história da Escola Politécnica de Lisboa, consultável em Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:293-294.</ref>. À semelhança do que ocorreu, nesse ano, com a criação da [[Academia Politécnica do Porto]], a fundação da Escola Politécnica respeitou à institucionalização definitiva da instrução preparatória científica em Lisboa no período inicial do constitucionalismo monárquico. | ||
A constituição da Escola Politécnica foi influenciada pelo ensino politécnico francês, de natureza técnica e de aplicação, cuja criação ocorreu separadamente das estruturas universitárias existentes, no período napoleónico<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 391-392.</ref><ref>Luís Carolino apresenta uma comparação entre a École Polytechnique e a Escola Politécnica de Lisboa com base nos requisitos de admissão, a preparação dos alunos, nomeadamente nos princípios matemáticos, e no currículo leccionado. O autor conclui que apesar de a primeira ter influenciado a constituição da última, tal não significou a institucionalização exacta desse modelo em Portugal, sendo necessário atender aos factores locais que influenciaram a criação da Escola Politécnica de Lisboa. Carolino, "The making of an academic tradition", 396-397.</ref>. A Escola Politécnica foi igualmente herdeira da tradição de educação superior militar portuguesa implementada nos finais do século XVIII em instituições como a [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real da Marinha de Lisboa]] ou a [[Academia Real Militar do Rio de Janeiro]]. Sendo igualmente sucedânea do [[Colégio Real dos Nobres]]<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 406.</ref> o seu ensino adquiriu tanto uma dimensão militar como civil, que a caracterizou: "''Um instituto de ciências físicas e aplicadas, destinado não só aos preparatórios dos engenheiros militares, engenheiros civis, oficiais e construtores de marinha, oficiais de artilharia, e estado maior, mas também a ministrar os conhecimentos auxiliares e indispensáveis ao estudo da medicina, da farmácia, do comércio, e o que mais importante é, da agricultura e da indústria''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:122.</ref>. | |||
Não obstante, a criação e viabilidade da instituição não deixaram de ser questionadas, sendo apresentado um projeto de lei da autoria do deputado José Manuel Botelho às Câmaras, em 1840<ref>Ribeiro, 7:129.</ref>, em que se defendia a extinção da Escola perante a despesa realizada com a sua fundação e manutenção. A mais, era proposta a sua substituição pelo reestabelecimento da [[Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho|Academia Real de Fortificação]], [[Colégio Real dos Nobres|Real Colégio dos Nobres]] e [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia da Marinha de Lisboa]], instituições de instrução científica criadas em Lisboa, no período que precedeu a instauração do liberalismo monárquico em Portugal, que, governando, as extinguiu ou reformulou. A comparação exarada entre instituições de índoles e com planos de estudo tão diferentes, consequente do desenvolvimento dado a diferentes disciplinas na Escola Politécnica, seria objeto de crítica por parte da comissão encarregada de examinar a proposta de lei. Como tal, essa disparidade fundamentou a rejeição da Comissão, que da seguinte forma, sintética, aplacava e encerrava a questão: "''Que era o Colégio dos Nobres? Um liceu de instrução secundária mais ou menos bem organizado, e com o adorno de quatro disciplinas de luxo, a música, a esgrima, a dança, e a equitação. Que é a Escola Politécnica? Um instituto de ciências físicas e aplicadas''"<ref>Ribeiro, 7:130.</ref>. | Não obstante, a criação e viabilidade da instituição não deixaram de ser questionadas, sendo apresentado um projeto de lei da autoria do deputado José Manuel Botelho às Câmaras, em 1840<ref>Ribeiro, 7:129.</ref>, em que se defendia a extinção da Escola perante a despesa realizada com a sua fundação e manutenção. A mais, era proposta a sua substituição pelo reestabelecimento da [[Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho|Academia Real de Fortificação]], [[Colégio Real dos Nobres|Real Colégio dos Nobres]] e [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia da Marinha de Lisboa]], instituições de instrução científica criadas em Lisboa, no período que precedeu a instauração do liberalismo monárquico em Portugal, que, governando, as extinguiu ou reformulou. A comparação exarada entre instituições de índoles e com planos de estudo tão diferentes, consequente do desenvolvimento dado a diferentes disciplinas na Escola Politécnica, seria objeto de crítica por parte da comissão encarregada de examinar a proposta de lei. Como tal, essa disparidade fundamentou a rejeição da Comissão, que da seguinte forma, sintética, aplacava e encerrava a questão: "''Que era o Colégio dos Nobres? Um liceu de instrução secundária mais ou menos bem organizado, e com o adorno de quatro disciplinas de luxo, a música, a esgrima, a dança, e a equitação. Que é a Escola Politécnica? Um instituto de ciências físicas e aplicadas''"<ref>Ribeiro, 7:130.</ref>. |
Revisão das 16h49min de 4 de março de 2024
Escola Politécnica de Lisboa | |
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(EPL) | |
Outras denominações | Escola Polytechnica de Lisboa |
Tipo de Instituição | Ensino civil |
Data de fundação | 11 janeiro 1837 |
Data de extinção | 15 maio 1911 |
Paralisação | Início: valor desconhecido Fim: valor desconhecido |
Localização | |
Localização | Colégio Real dos Nobres, Lisboa,- Início: 11 de janeiro de 1837 Fim: 1843 |
Início: 1854 | |
Localização | Rua da Escola Politécnica Início: 1870 Fim: 1911 |
Antecessora | Academia Real de Marinha de Lisboa, Colégio Real dos Nobres, Academia Real Militar do Rio de Janeiro |
Sucessora | Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa |
História
A Escola Politécnica de Lisboa foi uma instituição de ensino técnico e científico criada por decreto de 11 de Janeiro de 1837[1], sob dependência do Ministério da Guerra[2]. À semelhança do que ocorreu, nesse ano, com a criação da Academia Politécnica do Porto, a fundação da Escola Politécnica respeitou à institucionalização definitiva da instrução preparatória científica em Lisboa no período inicial do constitucionalismo monárquico.
A constituição da Escola Politécnica foi influenciada pelo ensino politécnico francês, de natureza técnica e de aplicação, cuja criação ocorreu separadamente das estruturas universitárias existentes, no período napoleónico[3][4]. A Escola Politécnica foi igualmente herdeira da tradição de educação superior militar portuguesa implementada nos finais do século XVIII em instituições como a Academia Real da Marinha de Lisboa ou a Academia Real Militar do Rio de Janeiro. Sendo igualmente sucedânea do Colégio Real dos Nobres[5] o seu ensino adquiriu tanto uma dimensão militar como civil, que a caracterizou: "Um instituto de ciências físicas e aplicadas, destinado não só aos preparatórios dos engenheiros militares, engenheiros civis, oficiais e construtores de marinha, oficiais de artilharia, e estado maior, mas também a ministrar os conhecimentos auxiliares e indispensáveis ao estudo da medicina, da farmácia, do comércio, e o que mais importante é, da agricultura e da indústria"[6].
Não obstante, a criação e viabilidade da instituição não deixaram de ser questionadas, sendo apresentado um projeto de lei da autoria do deputado José Manuel Botelho às Câmaras, em 1840[7], em que se defendia a extinção da Escola perante a despesa realizada com a sua fundação e manutenção. A mais, era proposta a sua substituição pelo reestabelecimento da Academia Real de Fortificação, Real Colégio dos Nobres e Academia da Marinha de Lisboa, instituições de instrução científica criadas em Lisboa, no período que precedeu a instauração do liberalismo monárquico em Portugal, que, governando, as extinguiu ou reformulou. A comparação exarada entre instituições de índoles e com planos de estudo tão diferentes, consequente do desenvolvimento dado a diferentes disciplinas na Escola Politécnica, seria objeto de crítica por parte da comissão encarregada de examinar a proposta de lei. Como tal, essa disparidade fundamentou a rejeição da Comissão, que da seguinte forma, sintética, aplacava e encerrava a questão: "Que era o Colégio dos Nobres? Um liceu de instrução secundária mais ou menos bem organizado, e com o adorno de quatro disciplinas de luxo, a música, a esgrima, a dança, e a equitação. Que é a Escola Politécnica? Um instituto de ciências físicas e aplicadas"[8].
A propósito, contrapondo o retrocesso a que o projeto de lei de José Botelho parecia querer condenar a instrução científica, civil e militar, em Lisboa, a comissão teceria igualmente considerações históricas sobre o projeto de criação do referido instituto de ciências físicas na capital, que a Escola Politécnica havia materializado. Assim, "já em 1800 o doutor Ciera propunha uma reforma destes estudos, e que pouco depois os célebres Brotero e abade Correia da Serra foram encarregados de organizar um plano para a organização de um estabelecimento de ciências físicas em Lisboa, e que feito o plano e até nomeados os professores e designado o local não veio a lume a obra (...) Já, pois, desde essa época se via a necessidade de dar unidade ao estudo das ciências físicas"[9]. A sua concretização havia sido projetada para o período imediato ao início das invasões francesas e à partida da Família Real em 1807, e, por tal, necessariamente inconclusa. É de notar que esta consideração histórica afirmava a índole particular do instituto projetado ao evidenciar a conterraneidade entre a ideia da sua constituição e as instituições de ensino científico e militar iluministas existentes, que necessariamente as distinguia. Em consequência aquele instituto, tal como a Escola Politécnica, não era observado como sucedâneo das instituições mencionadas por José Botelho, e como tal, impassível de ser extinto e substituído por estas. As auscultações da sociedade civil sobre a questão da viabilidade da Escola Politécnica de Lisboa permaneceriam patentes ao longo de 1840 com uma publicação de José António David Henriques, que criticava o parecer daquela comissão, e a resposta do historiador e político Alexandre Herculano, na qualidade de vogal daquela comissão, em que defendia a extinção do Colégio Real dos Nobres[10]. Com este último, a Escola Politécnica apenas partilharia o espaço físico que lhe ficava legado aquando da extinção do Colégio.
Resolvida a manutenção da Escola Politécnica, em 1852, João de Andrade Corvo, seu professor, bem como do Instituto Agrícola de Lisboa, sintetizava o propósito e fim daquela instituição: "A escola politécnica de Lisboa tem uma função a preencher; é o ensinar as ciências preparatórias para as escolas especiais que prepara para o serviço do Estado". No caso português, comparado ao modelo francês, apenas faltariam as "escolas especiais" para completarem o trabalho iniciado pela Escola Politécnica[11].
Em 1851, era nomeada uma comissão encarregue de apresentar um plano de reorganização da Escola Politécnica almejando-se o desenvolvimento dos seus estudos[12]. Não obstante, no ano seguinte, apenas se procederia à criação de "uma cadeira especial de montanística [extração e fusão de metais] e docimasia [estudo da proporção do metal no minério]"[13], cuja regência seria assegurada por um professor que houvesse frequentado curso análogo no estrangeiro. Em 1853, foi criado o lugar de professor substituto da sexta cadeira[14].
Ao longo do ano de 1857, foram propostas reformas do quadro disciplinar da Escola para que incluísse as disciplinas de "geometria descritiva" e "química orgânica", e desse "maior desenvolvimento ao ensino, na escola, das ciências administrativas, da economia política, e da estatística, atenta a grande importância que no regimen dos estados têm assumido as indicadas ciências". Outrossim, propunha-se a transferência do Museu Nacional para a Escola e a criação de um laboratório para investigações químicas[15]. .
Em 1859, a Escola Politécnica transitava da superintendência do Ministério da Guerra para o Ministério do Reino[16]. No mesmo ano, os poderes públicos acediam favoravelmente a uma das reformas apresentadas pelo conselho da Escola Politécnica e eram criadas duas novas cadeiras, de geometria descritiva e química orgânica[17]. Em 11 de Outubro, era ordenado àquele conselho que redigisse os programas a observar naquelas cadeiras[18].
Em 1869, o corpo docente da Escola Politécnica era reduzido pela supressão de três lugares de professor substituto à semelhança do que ocorreria em outras escolas, como o Instituto Industrial de Lisboa ou o Instituto Geral de Agricultura, face à crise financeira internacional e a necessidade de reduzir a despesa pública[19].
Outras informações
A Escola Politécnica de Lisboa era dirigida por um diretor, "que seja oficial general, ou oficial superior de qualquer das armas científicas do exército"[20]. A primeira nomeação no lugar de diretor recaiu no coronel de engenharia, José Feliciano da Silva Costa[21], que se permaneceu no lugar pelo menos até 1846[22]. Em 1862, José Silvestre Ribeiro indica os nomes do visconde de Vila Maior, Júlio Máximo de Oliveira Pimentel[23], e de José Rodrigues Coelho do Amaral, Coronel de Engenharia e professor da Escola do Exército, na qualidade de diretores[24]. No período inicial de funcionamento da Escola e com fim à sua organização, o diretor foi coadjuvado por uma comissão composta por professores das extintas Academias de Marinha e de Fortificação, Artilharia e Desenho, a saber, respectivamente, José Cordeiro Feio e Fortunato José Barreiros; Guilherme José António Dias Pegado, professor do Real Colégio Militar; e António Cabral de Sá Nogueira, provedor da Casa da Moeda[25].
A sua direção científica era assegurada por conselho composto pelos professores de ambas as classes[26]. Acresciam um conselho para a gestão financeira e um conselho de aperfeiçoamento "encarregado de promover o melhoramento do ensino", sendo composto pelo diretor, dois lentes da escola, um lente da Escola do Exército, um lente da Escola Naval, e dois membros eleitos pelo governo[27].
Os estabelecimentos auxiliares anexos à Escola Politécnica aquando da sua fundação compunham-se de uma biblioteca, do Observatório Astronómico[28], precedente da Academia Real de Marinha, do gabinete de física, do laboratório de química, do gabinete de história natural e de um jardim botânico[29]. Em 1862, encontrava-se igualmente instalado um gabinete de mineralogia e um gabinete de manipulações fotográficas[30].
Em 1842, o conselho da Escola Politécnica representava ao governo no sentido de colocar à disposição das suas aulas o "Planetário do padre António Pereira de Figueiredo", cujo exemplar estava na posse da Biblioteca de Lisboa[31].
Para o ano de 1857 dá José Silvestre Ribeiro conta do proveitoso funcionamento do Observatório Meteorológico Infante D. Luís[32][33]. O Observatório foi instalado em novo edifício inaugurado em 24 de Outubro de 1863[34].
O Museu de História Natural, que anteriormente funcionava sobre a dependência da Academia Real das Ciências de Lisboa, foi transferido para a Escola Politécnica em 1858[35]. O Jardim Botânico funcionava como estabelecimento anexo à Escola e, em 1878, era objeto de reorganização sendo transferido para a Ajuda e integrado no Museu Nacional de Lisboa, ou Museu de História Natural, compondo aí a secção botânica juntamente com "as colecções e herbários depositados no gabinete da 9.ª cadeira da esma escola"[36]
A afinidade institucional entre o Colégio Real dos Nobres e a Escola Politécnica de Lisboa foi física e material, tendo a última ocupado o edifício do Colégio e conservado o recheio daquela instituição. Em 1843, esse mesmo edifício sofria um violento incêndio, obrigando à deslocação daquela Escola e da Escola do Exército[37]. A partir de 1854, a Escola Politécnica encontrava-se instalada no edifício da Academia Real das Ciências de Lisboa, no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco[38]. Em 1857, iniciou-se a reconstrução do edifício da Escola[39].
Professores
Curricula
O plano de estudos da Escola Politécnica de Lisboa era formado por 14 unidades curriculares. Acrescia "o desenho linear, convenientemente desenvolvido, e os princípios gerais de desenho de figura, de plantas, de animais, e de outros produtos da natureza, e o da representação de instrumentos, máquinas e aparelhos"[40][41]. No período inicial do seu funcionamento, a Escola Politécnica ministrou a cadeira de navegação, do terceiro ano da extinta Academia Real de Marinha de Lisboa, uma vez que ainda não se encontrava constituída a Escola Naval, sucedânea da última[42].
A oferta da Escola Politécnica compunha-se de cinco cursos, distinguindo-se entre o curso geral, "que abrange o estudo de todas as disciplinas" e os cursos preparatórios obrigatórios para a frequência nos cursos de ciências militares ministrados na Escola do Exército, conterrânea daquela primeira e igualmente fundada em 1837, a saber: um primeiro curso preparatório para formação de oficiais do estado maior e de engenharia militar, e engenheiros civis, na parte civil; um segundo curso preparatório para oficiais de artilharia; um terceiro curso preparatório para oficiais da marinha; e um quarto curso preparatório para engenheiros construtores de marinha. Este último curso seria objeto de reorganização em 1880[43]. Era determinado que as disciplinas de primeiro ano, comuns aos cinco cursos, fossem frequentadas enquanto preparatório para oficiais de infantaria e cavalaria; sendo a primeira cadeira de matemática o preparatório para piloto[44].
Em 1854, foi suprimido o curso de introdução à história natural, sendo substituto por curso análogo regido na Academia Real das Ciências[45]. Em 1862, José Silvestre Ribeiro dá conta da existência de um "curso suplementar de estudos dos engenheiros hidrográficos"[46].
A partir de 1852, os alunos do curso de formação de engenheiros militares tinham que frequentar a cadeira especial de montanística e docimasia[13]. Esta mesma cadeira seria reformulada para abranger as matérias de metalurgia em 1856. As matérias transitavam da sétima cadeira, que permanecia apenas com mineralogia e geologia, devendo os alunos do curso de oficial de artilharia frequentá-la na cadeira de montanística e docimasia[47]. A unidade seria suprimida em consequência da redução de despesa pública realizada nos estabelecimentos de instrução em 1869[48].
Procedeu-se a uma reorganização disciplinar no quadro de cadeiras da Escola em 29 de Setembro de 1857, uma vez que, por alteração efetuada em 1854, o primeiro ano se compunha da primeira cadeira e do primeiro ano de desenho originando a sobrecarga dos restantes dois anos[49]. Em 1860, foi aplicada nova redistribuição das cadeiras pelos cursos da Escola Politécnica[50].
A partir de 1868 determinava-se que os cursos que frequentassem a disciplina de astronomia era obrigados a realizar exercícios no Observatório Real da Marinha. realização de exercícios[51].
Plano de estudos de 1837 | ||||
Ano | Nome da Cadeira | Matérias | Livros | Professores |
Primeira cadeira | "Aritmética, álgebra elementar, geometria sintética elementar, plana, sólida e descritiva; introdução à geometria algébrica, trigonometria retilínea e esférica"[52]. | Professor proprietário em 1840: José Cordeiro Feio[53].
Professor proprietário em 1846: João Ferreira Campos[54]. Professor substituto em 1840: João Ferreira Campos[55]. Professor substituto em 1846: Gregório Nazianzeno do Rego[56]. Professor substituto em 1846: José Joaquim de Abreu Rego[56]. | ||
Segunda cadeira | "Álgebra transcendente, geometria analítica plana, e a três dimensões; cálculo diferencial e integral, e princípios dos cálculos das diferenças, variações e probabilidades"[57]. | Professor proprietário entre 1840 e 1846: José de Freitas Teixeira Spínola de Castelo Branco[53][58].
Professor substituto em 1840: João Ferreira Campos[55]. Professor substituto em 1846: Gregório Nazianzeno do Rego[56]. Professor substituto em 1846: José Joaquim de Abreu Rego[56]. | ||
Terceira cadeira | "Mecânica, e suas principais aplicações às máquinas, com especialidade às de vapor"[57]. | Professor proprietário entre 1840 e 1846: Albino Francisco de Figueiredo e Almeida[53][58]. | ||
Quarta cadeira | "Astronomia e geodésia"[57]. | Professor proprietário entre 1840 e 1846: Filipe Folque[53][58]. | ||
Quinta cadeira | "Física experimental, e matemática"[57]. | Professor proprietário entre 1840 e 1846: Guilherme José António Dias Pegado[53][58].
Professor proprietário em 1861: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira[58]. Professor substituto em 1846: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira[58]. | ||
Sexta cadeira | "Química geral, e noções da suas principais aplicações às artes"[57]. | Professor proprietário entre 1840 e 1846: Júlio Máximo Pimentel[53][58].
Professor substituto em 1846: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira[58]. | ||
Sétima cadeira | "Mineralogia, geologia, e princípios de metalurgia"[57].
A partir de 1856, a matéria de metalurgia deixa de constar nesta cadeira e transita para a cadeira de montanística e docimasia[59]. |
Professor proprietário em 1840: Francisco António Pereira da Costa[58].
Professor substituto entre 13 de Maio de 1844 e 1846: José Maria Latino Coelho [60][61]. | ||
Oitava cadeira | "Anatomia, e fisiologia comparadas, e zoologia"[57]. | Professor proprietário em 1840: Francisco Xavier de Almeida[53].
Professor proprietário em 1846: José Maria Grande[62]. | ||
Nona cadeira | "Botânica, e princípios de agricultura"[57]. | Professor substituto em 1846: João de Andrade Corvo[60]. | ||
Décima cadeira | "Economia política, e princípios de direito administrativo e comercial"[57]. | Professor substituto em 1846: Luís de Almeida Albuquerque[60]. | ||
Cadeira de desenho | "o desenho linear, convenientemente desenvolvido, e os princípios gerais de desenho de figura, de plantas, de animais, e de outros produtos da natureza, e o da representação de instrumentos, máquinas e aparelhos"[63]. | Professor proprietário em 1846: D. Luís Muriel[64]. | ||
Cadeira de Navegação | Professor proprietário em 1837: João Gonçalo de Miranda Robalo Pelejão[65].
Professor substituto em 1840: Joaquim Cordeiro Feio[66]. | |||
Cadeira especial de Montanística e Docimasia (1852-1869) [13] | A partir de 1856, integra as matérias de metalurgia[67]. | |||
Cadeira de Geometria Descritiva (1859)[68]. | ||||
Cadeira de Química Orgânica(1859)[68]. | ||||
Professor substituto "das ditas cadeiras" em 1840: Gregoriano Nazianzeno do Rego[69]. |
Notas
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:122.
- ↑ José Silvestre Ribeiro apresenta um relação de documentos, relativos à história da Escola Politécnica de Lisboa, consultável em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:293-294.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 391-392.
- ↑ Luís Carolino apresenta uma comparação entre a École Polytechnique e a Escola Politécnica de Lisboa com base nos requisitos de admissão, a preparação dos alunos, nomeadamente nos princípios matemáticos, e no currículo leccionado. O autor conclui que apesar de a primeira ter influenciado a constituição da última, tal não significou a institucionalização exacta desse modelo em Portugal, sendo necessário atender aos factores locais que influenciaram a criação da Escola Politécnica de Lisboa. Carolino, "The making of an academic tradition", 396-397.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 406.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:122.
- ↑ Ribeiro, 7:129.
- ↑ Ribeiro, 7:130.
- ↑ Ribeiro, 7:131.
- ↑ Ribeiro, 7:131.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:255-256.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:139.
- ↑ 13,0 13,1 13,2 Ribeiro, 7:140.
- ↑ Ribeiro, 7:141.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:165-166.
- ↑ Ribeiro, 12:268.
- ↑ Ribeiro, 12:268.
- ↑ Ribeiro, 12:270.
- ↑ Ribeiro, 12:291.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:124.
- ↑ Ribeiro, 7:127.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 213.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:286.
- ↑ Ribeiro, 12:152.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:128.
- ↑ Ribeiro, 7:124.
- ↑ Ribeiro, 7:126.
- ↑ Podem ser consultadas informações sobre o Observatório astronómico na dependência da Escola Politécnica de Lisboa em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 14:286-187; 16:437.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:123-124.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:286.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:133.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:266.
- ↑ Podem ser consultadas informações sobre o Observatório meteorológico Infante D. Luís em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 14:289-305; 16:109; 130.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:286.
- ↑ Ribeiro, 12:167.
- ↑ Ribeiro, 12:293.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:133.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 10:46-47.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:165.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:123.
- ↑ O programa e regulamento do curso de desenho em 1857 pode ser consultado em Ribeiro, Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:161-164.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:126.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:294-295.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:124.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:257.
- ↑ Ribeiro, 12:283.
- ↑ Ribeiro, 12:258.
- ↑ Ribeiro, 12:292.
- ↑ A reorganização disciplinar pelas cadeiras existentes pode ser consultada em Ribeiro, 12:260.
- ↑ A distribuição das cadeiras pelos cursos pode ser consultada em Ribeiro, 12:277-278.
- ↑ Ribeiro, 12:291.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:123.
- ↑ 53,0 53,1 53,2 53,3 53,4 53,5 53,6 Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 98.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 243.
- ↑ 55,0 55,1 Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 99.
- ↑ 56,0 56,1 56,2 56,3 Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 244.
- ↑ 57,0 57,1 57,2 57,3 57,4 57,5 57,6 57,7 57,8 Ribeiro, 7:123.
- ↑ 58,0 58,1 58,2 58,3 58,4 58,5 58,6 58,7 58,8 Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 243.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:258.
- ↑ 60,0 60,1 60,2 Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 244.
- ↑ Arquivo Histórico Militar. Processo individual de José Maria Latino Coelho. cx. 982.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 244.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:123.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 244.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:128.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 99.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:258.
- ↑ 68,0 68,1 Ribeiro, 12:268.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 99.
Fontes
Arquivo Histórico Militar. Processo de José Maria Latino Coelho, caixa. 982.
Almanak Estatistico de Lisboa em 1840. Lisboa: Impressão Morandiana, 1839.
Almanak Estatistico de Lisboa em 1846. Lisboa: Typographia do Gratis, [s.d.].
Bibliografia
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 7. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1878.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 10. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1882.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 12. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1884.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 14. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1885.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 16. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1889.
Ligações Internas
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Categoria:Escola Politécnica de Lisboa
Ligações Externas
Peres, Isabel Marília, Sérgio Paulo Rodrigues, e Maria do Carmo Elvas. "Júlio Máximo de Oliveira Pimentel e o início do Ensino da Química na Escola Politécnica de Lisboa - Um estudo de Cultura Material". Em 3º Congresso Internacional de História da Ciência no Ensino, 27:231–48, 2023.
Autor(es) do artigo
João de Almeida Barata
https://orcid.org/0000-0001-9048-0447
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)
DOI
https://doi.org/10.34619/w6pc-yu51
Citar este artigo
Almeida Barata, João de. "Escola Politécnica de Lisboa", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, {{{year}}} 2022. Consultado a 20 de setembro de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Escola_Polit%C3%A9cnica_de_Lisboa. DOI: https://doi.org/10.34619/w6pc-yu51