Jorge Afonso (1)

Fonte: eViterbo
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa


Jorge Afonso (1)
Nome completo Jorge Afonso
Outras Grafias valor desconhecido
Pai valor desconhecido
Mãe valor desconhecido
Cônjuge valor desconhecido
Filho(s) Jerónimo Jorge, Afonso Jorge, Isabel Jorge
Irmão(s) Afonso Gonçalves (1)
Nascimento valor desconhecido
Morte 1540
Sexo Masculino
Religião valor desconhecido


Biografia

Dados biográficos

A 31 de janeiro de 1504, Jorge Afonso emprazou em seis vidas ao convento de S. Domingos umas “casas terreas todas derrubadas e danefycadas e mais hus pardeeyros nas costas das ditas casas que o dito moesteiro ha e mais hῦs chãos junto com o dito moesteiro que todo estaa mjstiquo e estaa defronte de Santa maria da Escada” aforados na condição de que Jorge Afonso pudesse aforar parte dos ditos chãos a quem quisesse pelo preço que quisesse. Jorge Afonso e as duas pessoas que depois dele viessem deveriam pagar de foro, a cada ano, 1700 rs. e um par de capões, ou cem reais por eles, por dia de S. João Baptista. Findas as primeiras três pessoas, as outras três deviam pagar mais um terço (570 rs.) além dos 1700, não podendo vender as casas sem licença do senhorio, a quem pagarão a quarentena do preço por que as venderem.

A 7 de julho de 1514, nas casas de Jorge Afonso, na pousada de Gregório Lopes, pintor, o mosteiro de S. Domingos de Lisboa dava licença a Pedro Álvares e sua mulher para cederem de emprazamento umas casas a Gregório Lopes. É mencionada Isabel Jorge, mulher de Gregório Lopes e filha de Jorge Afonso, assinam os pintores Pero Vaz, Garcia Fernandes e Gaspar Vaz, que lavram na casa de Jorge Afonso;

Em março de 1515 , Jorge Afonso encampava ao mosteiro de S. Domingos um chão junto a Santa Maria da Escada que ele trazia de emprazamento em vida de três pessoas, sendo ele a segunda, por não precisar dele. Fazia a encampação em seu nome e no de sua mulher, Maria Lopes. O chão partia, de uma parte, da banda do mosteiro, com a rua pública, da outra parte com casa e chão dele Jorge Afonso, e da outra com casas novas do mosteiro, que então eram de Gregório Lopes, genro de Jorge Afonso. Uma das pessoas que testemunhou a outorga foi Vasco Fernandes, pintor em Viseu, e Gaspar Vaz, criado de Jorge Afonso, que Viterbo supõe ser o pintor que pintou para S. João de Tarouca e em Viseu, posteriormente.

Supõe-se que terá morrido depois de 16 de abril de 1540 pois a 21 de fevereiro desse ano fez testamento e a 16 de abril aparece como testemunha no processo de Garcia Fernandes para se tornar selador, fiel e pesador da alfândega de Lisboa. Viterbo coloca a hipótese de ele já ter morrido a 23 de Junho do mesmo ano, pois nessa data celebrava-se no convento de S. Domingos uma escritura de declaração, inovação e emprazamento a Rui Dias, pedreiro, e sua mulher, Isabel Pires, de umas moradas de casas situadas acima do dito mosteiro, “quando vão pera os chãos de dona Joana de Crasto” e que confrontavam com “casas que foram de Jorge Afonso, pintor del rey nosso senhor”.

A 18 de dezembro de 1561 fez-se um auto de demarcação e medição das casas que haviam sido de Jorge Afonso, já dado como falecido, por trás da capela-mor de S. Domingos, ao qual eram foreiras. Este exame foi feito a 07 de novembro de 1561. O convento intimou Jerónimo Jorge, que actuava como procurador de seu António Jorge, seu irmão, segunda vida no emprazemento por nomeação de seu pai, mas na Índia havia muitos. Jerónimo Jorge apresentou os títulos de aforamento e uma verba do testamento do seu pai, escrito a 20/02/1540, na qual ele nomeava o seu filho mais velho, António Jorge, para ser a segunda pessoa naquele prazo. Estão todos transcritos no mesmo documento[1].

Carreira

A 9 de agosto de 1508, D. Manuel I nomeou-o como examinador e vedor das suas obras, recebendo 10000 rs. por ano pagos da sua Casa da Mina. Esta nomeação foi confirmada por D. João III a 9 de Dezembro de 1529.

A 2 de dezembro de 1512, é referido numa carta de D. Manuel I para Pero Vaz, vedor das obras, que lhe escrevera a contar sobre as dificuldades surgidas na construção do cadeiral do coro do Convento de Cristo de Tomar por morte de Olivier de Gand, seu autor. O rei indicou-lhe como resolver o pleito, acrescentando que escrevia ao mesmo tempo a Jorge Afonso para que este escolhesse dois oficiais peritos a fim de irem a Tomar avaliar o estado das obras.

Em 1514 foi feito arauto de D. Manuel I e recebeu escudo de prata.

A 2 de agosto de 1518, Bartolomeu Fernandes celebrou um contrato para a pintura do coro da igreja de Santo António, escrito por Jorge Afonso. Jorge Afonso atestou, a 1 de junho de 1519, que a pintura de Santo António encomendada a Bartolomeu Fernandes estava concluída.

A 30 de outubro de 1519, foi celebrado entre Afonso Monteiro e Afonso Gonçalves, carpinteiro de “maçanarria”, um contrato para fazer os “peais” e grade para o retábulo da Conceição que Jorge Afonso havia de pintar. Assina, como testemunha, Jorge Afonso, irmão de Afonso Gonçalves, que assina também a atestar que recebeu a obra, dois anos mais tarde. Daí se conclui que os dois são irmãos. Atesta ter recebido a obra a 30 de outubro de 1519[1].

A 16 de maio de 1521, Jorge Afonso teve de avaliar o douramento que o pintor Pero de Bruges, talvez um dos oficiais que viera com Francisco Henriques, tinha feito nos tirantes do baluarte do Paço da Ribeira[2].

Provavelmente é ele o Jorge Afonso mencionado numa carta de Bartolomeu de Paiva, em 1521, encorajando Frei Gualter, do mosteiro de S. Francisco de Évora, a mandá-lo avaliar o retábulo para a Capela do Salvador[3].

A 18 de maio de 1525, foi com Antão Leitão ao Mosteiro de S. Francisco para avaliarem os dois o retábulo e tábuas do altar do Salvador pintados por Jorge Leal e Gregório Lopes.

A 1 de dezembro de 1552, D. João III dá-o por quite do cargo de receber o azul que se extraía das minas de Aljustrel em relação ao ano de 1521.

Outras informações

Obras

  • 1519-1521 - Pintura do Retábulo da Conceição de Lisboa (feito por Afonso Gonçalves).

Referências bibliográficas

  1. 1,0 1,1 Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II, 8-25.
  2. Documento publicado em Senos, O Paço da Ribeira..., 243.
  3. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol II, 12.

Bibliografia e Fontes

  • Figueiredo, José de. "Jorge Afonso." Lusitânia II. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1924.
  • Moreira, Francisco de Almeida. As influências coloniais na pintura primitiva portuguesa. Porto: Ed. da 1a Exposição Colonial Portuguesa, 1934.
  • Moreira, Rafael. "Vasco Fernandes, Jorge Afonso e o “Mestre da Lourinhã” – Três notas sobre a pintura manuelina." In Actas do Simpósio "Vasco Fernandes e a Pintura Manuelina", coordenação de Alberto Correia. Viseu: Grupo de Amigos do Museu Grão Vasco, 1991.
  • Pereira, Fernando António Baptista. "Retábulo da Igreja de Jesus de Setúbal: O Retábulo de Jesus e a Pintura Portuguesa do Século XVI." Oceanos 2 (Outubro de 1989): 84-91.
  • Reis-Santos, Luís. Jorge Afonso. [Lisboa]: Artis, 1966.
  • Santos, Reinaldo dos. Os primitivos portugueses. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1958.
  • Senos, Nuno. O Paço da Ribeira, 1501-1581. Lisboa: Editorial Noticias, 2002.
  • Silva, Alcina Santos. "As Flores da Pintura da «Anunciação» dos Séculos XVI E XVII. A Simbologia Cristã e a Arte Decorativa." Dissertação de Mestrado, Universidade do Porto, 2011.
  • Viterbo, Francisco de Sousa. Notícia de Alguns Pintores Portuguezes e de outros que sendo estrangeiros exerceram a sua arte em Portugal. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1903.
  • Viterbo, Francisco de Sousa. Notícia de Alguns Pintores Portuguezes e de outros que sendo estrangeiros exerceram a sua arte em Portugal. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1906 (2ª série).
  • Viterbo, Francisco de Sousa. Notícia de Alguns Pintores Portuguezes e de outros que sendo estrangeiros exerceram a sua arte em Portugal. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1911 (3ª série).

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

DOI

Citar este artigo