Escola Politécnica de Lisboa: diferenças entre revisões
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A Escola Politécnica de Lisboa (EPL) foi uma instituição de ensino técnico e científico criada por decreto de 11 de Janeiro de 1837, sob a tutela do Ministério da Guerra liderado pelo visconde de Sá da Bandeira<ref>José Silvestre Ribeiro apresenta um relação de documentos, relativos à história da Escola Politécnica de Lisboa, consultável em Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:293-294.</ref>. À semelhança do que ocorreu, nesse ano, com a criação da [[Academia Politécnica do Porto]], a fundação respeitou à institucionalização definitiva da instrução preparatória científica em Lisboa no período inicial do constitucionalismo monárquico. | |||
A instituição da EPL sucedeu a uma primeira tentativa de estabelecer os estudos preparatórios em Lisboa levada a cabo, em 1835, por Rodrigo da Fonseca Magalhães, então Ministro do Reino, com a criação do Instituto de Ciências Físicas e Matemáticas. Justificava-a "''a incapacidade de auto-reforma e de renovação curricular e a total inércia da instituição universitária''" em compatibilizar o seu ensino com as necessidades de instrução colocadas pelas novas elites do regime liberal com fim de liberalizar e modernizar a sociedade e o espaço económico português<ref>Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 44-45.</ref>. Contudo, a existência do Instituto conheceu uma duração efémera de menos de um mês, o que se explica em função quer do afastamento do seu autor do governo, quer pela influência da Universidade de Coimbra no Ministério do Reino, movida com o objectivo de conservar o monopólio que detinha sobre o ensino científico de grau superior<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 395.</ref><ref>Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 46-47.</ref>. | |||
A criação da EPL foi influenciada pelo ensino politécnico francês fundado com a criação da École Polytechnique de Paris, em 1794, de forma independente das estruturas universitárias existentes<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 391-392; Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 35.</ref><ref>Luís Carolino apresenta uma comparação entre a École Polytechnique e a Escola Politécnica de Lisboa com base nos requisitos de admissão, a preparação dos alunos, nomeadamente nos princípios matemáticos, e no currículo leccionado. O autor conclui que apesar de a primeira ter influenciado a constituição da última, tal não significou a institucionalização exacta desse modelo em Portugal, sendo necessário atender aos factores locais que influenciaram a criação da Escola Politécnica de Lisboa. Carolino, "The making of an academic tradition", 396-397.</ref>. As características base do ensino politécnico, "''estandardização, racionalização, precisão e objectividade''", permitiram a transferência e adaptabilidade desse modelo às realidades locais de outras nações europeias. A implementação do ensino politécnico no espaço europeu ocorreu em simultâneo com a emergência e construção dos Estados modernos e liberais, sendo processos "''indissociáveis''" na medida em que a construção dos últimos dependeu da existência daquele ensino<ref>Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 33; 35; 37-38.</ref>. O sistema de formação politécnica, no qual "''quer o currículo, quer os métodos de ensino espelham a especialização dos conhecimentos técnicos e a centralidade da sua dimensão científica e teórica''"<ref>Macedo, 35.</ref>, veio responder à necessidade dos Estados em incorporarem novas elites científicas e quadros técnicos, em particular os engenheiros, que lhes permitissem efectivar uma gestão moderna do território com base científica e técnica. Nesse sentido, a constituição da EPL e a formação de novos quadros possibilitou ao Estado português oitocentista a “''construção de infra-estruturas, de sistemas racionais de administração do território e de formas de explorar economicamente os espaços nacionais''”<ref name=":5">Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 2:783.</ref>. | |||
À semelhança das restantes experiências politécnicas europeias<ref>Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 38.</ref>, a EPL foi herdeira da tradição portuguesa de educação superior militar setecentista, potenciada, entre outros, pela transferência de professores das antigas Academias para a nova Escola<ref>Macedo, 65.</ref>. Essa tradição corporizava-se em instituições como a [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real da Marinha de Lisboa]], a [[Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho]] ou a [[Academia Real Militar do Rio de Janeiro]]. Considerando, em particular, as duas primeiras, estas instituições compuseram um sistema de ensino dividido entre o ensino preparatório e o ensino de especialização militar, respectivamente, que veio a ser recuperado com a criação da EPL e, enquanto escolas de aplicação especial, ainda que apenas de natureza militar, da [[Escola do Exército]]<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 399-400.</ref> e da Escola Naval, sucessora da [[Academia Real de Marinha de Lisboa]]. | |||
A natureza militar de que a EPL foi dotada pela iniciativa do visconde de Sá da Bandeira, e a recusa de um modelo puramente civil de transmissão do conhecimento científico e tecnológico em Lisboa, compôs uma estratégia que permitiu a sua criação e conservação a longo prazo. Ao acatar o modelo militar, a instituição justificava a sua existência na íntima relação que estabelecia com a Escola do Exército. Nessa medida, a EPL compôs e contribuiu para o processo de "''militarização da ciência''" ocorrido ao longo de oitocentos<ref>Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 51; 53.</ref>. Ao adoptar uma natureza essencialmente militar, a EPL protegia-se tanto contra a hegemonia da Universidade de Coimbra, que o regime liberal não conseguiu diminuir como desejava, como perante uma inevitável recusa das elites militares em permitirem que os futuros instruendos militares recebessem uma preparação civil e não militar - que, de resto se confirmaria com a recusa inicial de permitir à Academia Politécnica do Porto que leccionasse os cursos preparatórios dos futuros instruendos militares<ref>Macedo, 50; 58.</ref>. | |||
Sendo igualmente sucedâneo do [[Colégio Real dos Nobres]]<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 406.</ref>, o ensino politécnico de Lisboa adquiriu tanto uma dimensão preparatória militar como civil: "''Um instituto de ciências físicas e aplicadas, destinado não só aos preparatórios dos engenheiros militares, engenheiros civis, oficiais e construtores de marinha, oficiais de artilharia, e estado maior, mas também a ministrar os conhecimentos auxiliares e indispensáveis ao estudo da medicina, da farmácia, do comércio, e o que mais importante é, da agricultura e da indústria''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:122.</ref>. Contudo, a hegemonia militar condicionou decisivamente a evolução do modelo politécnico português ao longo do século XIX. Ao contrário da experiência francesa, não se conheceu a criação de escolas de especialização, de natureza civil, que dessem continuidade aos estudos obtidos na EPL. O ensino de engenharia é exemplar desse condicionamento. Tendo sido mantido exclusivamente na esfera da influência militar, a Escola do Exército foi "''a única escola de formação superior para engenheiros durante todo o século XIX''"<ref>Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 53.</ref>. No geral, esta configurou "''o centro de recrutamento da grande maioria dos agentes técnicos portugueses''"<ref>Macedo, 57.</ref>. | |||
Apesar da estratégia adoptada, a existência da EPL não deixaria de ser questionada e posta em causa. Justamente, um projecto de lei apresentado pelo deputado José Manuel Botelho, em 1840, à Câmara dos Deputados propunha a restituição das antigas Academias militares e do Colégio dos Nobres e a consequente extinção da EPL. Apesar de ter sido apreciada negativamente pela Comissão de Instrução, a questão subsistiria na imprensa. Do debate resultou a redação do opúsculo ''Da Eschola Polytechnica e do Collegio dos Nobres,'' da autoria de Alexandre Herculano em defesa da conservação da EPL<ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 20-22.</ref>. | |||
Em 1851, era nomeada uma comissão encarregue de apresentar um plano de reorganização da EPL com o fim de dar desenvolvimento aos seus estudos<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:139.</ref>, e do qual resultaria a criação de duas novas cadeiras. Ao longo do ano de 1857, foram propostas reformas do quadro disciplinar da EPL para que fossem incluídas as disciplinas de "''geometria descritiva''" e "''química orgânica''", e se desse "''maior desenvolvimento ao ensino, na escola, das ciências administrativas, da economia política, e da estatística, atenta a grande importância que no regimen dos estados têm assumido as indicadas ciências''". Propunha-se igualmente a transferência do Museu Nacional para a EPL e a criação de um laboratório para investigações químicas<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:165-166.</ref>. | |||
Uma vez garantida a conservação da EPL, esta transitou para a tutela do Ministério do Reino em 1859<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 398.</ref>. Tendo adquirido uma natureza civil, ainda assim, seria "''impossível destacá-la da Escola do Exército, durante as décadas seguintes''", verificando-se que a maioria dos alunos que completaram os seus cursos eram destinados às escolas militares<ref>Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 55.</ref>. | |||
Após a Implantação da República, os poderes republicanos procederam à reorganização do sistema de ensino superior com a criação de novas universidades em Lisboa e no Porto, terminando com o monopólio científico da Universidade de Coimbra. Em Lisboa, no processo de criação da Faculdade de Ciências, dotada de estatutos em 15 de Maio de 1911, foram transferidos os professores, alunos e estabelecimentos da extinta EPL. A herança transmitida entre as duas instituições estabelecia, portanto, “''uma filiação directa da Faculdade de Ciências numa tradição secular de ensino superior existente em Lisboa, corroborando a percepção dos professores da Politécnica de que havia uma continuidade entre as duas instituições''”<ref>Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 2:782-783.</ref>. | |||
===Outras informações===<!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores--> | |||
A EPL era dirigida por um diretor, "''que seja oficial general, ou oficial superior de qualquer das armas científicas do exército''"<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:124.</ref>. A primeira nomeação no lugar de diretor recaiu no coronel de engenharia, [[José da Silva Costa|José Feliciano da Silva Costa]]<ref>Ribeiro, 7:127.</ref>, que permaneceu no lugar pelo menos até 1846<ref>''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 213.</ref>. Com a transferência para a tutela do Ministério do Reino em 1859, o director da EPL passou a poder ser de categoria civil<ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 33.</ref>. Em 1862, José Silvestre Ribeiro indica os nomes do visconde de Vila Maior, Júlio Máximo de Oliveira Pimentel<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:286.</ref>, e de José Rodrigues Coelho do Amaral, coronel de engenharia e professor da Escola do Exército, na qualidade de diretores<ref>Ribeiro, 12:152. </ref>. No período inicial de funcionamento da Escola e com fim à sua organização, o diretor foi coadjuvado por uma comissão composta por professores das extintas Academias de [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Marinha]] e de [[Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho|Fortificação, Artilharia e Desenho]], José Cordeiro Feio e [[Fortunato José Barreiros]], respectivamente; Guilherme José António Dias Pegado, professor do [[Real Colégio Militar]]; e António Cabral de Sá Nogueira, provedor da Casa da Moeda<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:128.</ref>. | |||
A direção científica da EPL era assegurada por conselho composto pelos professores de ambas as classes<ref name=":2">Ribeiro, 7:124.</ref>. Acresciam um conselho para a gestão financeira e um conselho de aperfeiçoamento "''encarregado de promover o melhoramento do ensino''", sendo composto pelo diretor, dois lentes da escola, um lente da Escola do Exército, um lente da Escola Naval, e dois membros eleitos pelo governo<ref>Ribeiro, 7:126.</ref>. | |||
Os estabelecimentos auxiliares anexos à EPL aquando da sua fundação compunham-se de uma biblioteca, do Observatório Astronómico<ref>Podem ser consultadas informações sobre o Observatório astronómico na dependência da Escola Politécnica de Lisboa em Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 14:286-187; 16:437.</ref>, precedente da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]], do gabinete de física, do laboratório de química, do gabinete de história natural e de um jardim botânico<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:123-124.</ref>. Este último, localizado na Ajuda, foi anexado à EPL em 1839<ref name=":13" />. O Museu de História Natural, que anteriormente funcionava na dependência da [[Academia Real das Ciências de Lisboa]], foi transferido para a EPL em 1858<ref>Ribeiro, 12:167.</ref>. A partir de 1861, juntamente com as coleções e herbários do Jardim Botânico da Ajuda, as colecções mineralógicas e zoológicas do Museu de História Natural compuseram o Museu Nacional de Lisboa que, em 1878, veio a constituir a secção botânica da EPL<ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 10; 50.</ref>. | |||
Em 1857, José Silvestre Ribeiro dá conta do bom funcionamento do Observatório Meteorológico Infante D. Luís<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:266.</ref><ref>Podem ser consultadas informações sobre o Observatório meteorológico Infante D. Luís em Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 14:289-305; 16:109; 130.</ref>, o qual seria instalado em novo edifício inaugurado em 24 de Outubro de 1863. Em 1862, encontrava-se igualmente instalado um gabinete de mineralogia e um gabinete de manipulações fotográficas<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:286.</ref>. | |||
A EPL ocupou o edifício do Colégio Real dos Nobres e conservou o recheio daquela instituição. Em 1843, esse mesmo edifício sofreu um violento incêndio, obrigando à deslocação da EPL e da Escola do Exército, que, até então, partilharam o mesmo espaço demonstrando a afinidade entre as duas<ref>Macedo, "Engenheiros e capital", 55-56.</ref>. A partir de 1854, a EPL encontrava-se instalada no edifício da [[Academia Real das Ciências de Lisboa]], no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos,'' 10:46-47.</ref>. Após longa discussão e moroso processo de alocação de fundos públicos, em 1857, foi aprovado o plano de construção do novo edifício da EPL concluído na década de 70<ref>Sobre a construção do novo edifício da EPL vide Macedo, "Engenheiros e capital", 58-62.</ref>. Entre 1860 e 1870, a EPL ocupou o "''antigo edifício do Monte Olivete''", já sem a Escola do Exército, instalada no Palácio da Bemposta a partir de 1850<ref>Macedo, "Engenheiros e capital", 57.</ref>. | |||
==Professores== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino--> | |||
No período inicial de funcionamento da EPL, o corpo docente compunha-se de 10 professores proprietários, de nomeação vitalícia, e oito professores substitutos, acrescendo o professor proprietário de Desenho e um professor substituto<ref name=":3">Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 8.</ref>. Entre estes transitaram da [[Academia Real de Marinha de Lisboa|Academia Real de Marinha]] os professores proprietários José Cordeiro Feio, José de Freitas Teixeira Spinola Castelo Branco, Albino de Figueiredo e Almeida, [[Filipe Folque]] e João Gonçalo de Miranda Robalo Pelejão, e o professor substituto João Ferreira Campos<ref>Cunha, 8-9.</ref>. | |||
A composição do corpo docente evoluiu com o acréscimo e supressão de cadeiras realizados nas décadas seguintes. Em 1853, foi criado o lugar de professor substituto da sexta cadeira<ref>Ribeiro, 7:141.</ref>. Em 1869, o corpo docente foi reduzido com a supressão de três lugares de professor substituto - um substituto das cadeiras de Matemática, e dois substitutos da cadeira de Química e de Geometria descritiva) à semelhança do que ocorreu nos quadros docentes de outras instituições, como o [[Instituto Industrial de Lisboa]] ou o Instituto Geral de Agricultura, em resposta à crise financeira internacional e a necessidade de reduzir a despesa pública com o ensino público<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:291.</ref><ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 38-39.</ref>. | |||
A composição do corpo docente da EPL até 1890 demonstra uma relação próxima com a [[Academia Real das Ciências de Lisboa|Academia Real das Ciências]], sendo que 24 dos 31 professores foram sócios daquela agremiação científica<ref>Podem ser consultadas mais informações sobre o processo de admissão dos professores da EPL em Macedo, ''Projectar e Construir a Nação'', 65-66.</ref>. | |||
==Curricula== <!--Apagar caso a instituição não seja de ensino--> | |||
<!--Nota: no caso de instituições que não sejam de ensino, a criação de novos campos tem que ser debatida previamente--> | |||
O plano de estudos da EPL era composto por 11 disciplinas e apresentava uma forte presença das matérias matemáticas, à semelhança da matriz curricular dos estudos militares setecentistas. Essa predominância justificava-se por os estudos matemáticos serem considerados a base instrumental necessária para o estudo e aplicação das restantes disciplinas do plano<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 401-402.</ref>. Às matérias matemáticas, alocadas, principalmente, à primeira e segunda cadeiras, sucedia-se o estudo da Mecânica (terceira cadeira), da Astronomia e Geodésia (quarta cadeira), da Física (quinta cadeira), da Química (sexta cadeira) e das ciências naturais, como Mineralogia, Geologia (sétima cadeira), Anatomia, Zoologia (oitava cadeira) ou Botânica (nona cadeira). A estas acresciam os estudos económicos e de direito (décima cadeira) e a disciplina de desenho<ref>O programa e regulamento do curso de desenho em 1857 pode ser consultado em Ribeiro, Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:161-164.</ref><ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 7.</ref>. | |||
No período inicial do funcionamento da EPL foi ministrada, até 1845, a cadeira de navegação pertencente ao terceiro ano da extinta [[Academia Real de Marinha de Lisboa]], uma vez que ainda não se encontrava constituída a Escola Naval, sucedânea desta última<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:126.</ref>; e a aula de Introdução à História natural dos três reinos que funcionou até 1854, quando passou a ser leccionada na Academia Real das Ciências<ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 7-8.</ref>. | |||
A presença curricular de disciplinas como a Astronomia no plano de estudos explica-se segundo a utilidade que teriam no processo de construção do Estado oitocentista, do reforço da sua soberania e capacidade de gestão do território. No caso particular da Astronomia, com ênfase para a área disciplinar da Astronomia esférica (que permitia determinar as coordenadas geográficas da terra), esta teria aplicação prática à cartografia e náutica<ref>Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 2:787.</ref>. No sentido oposto, e contrário ao desenvolvimento de aplicação prática dado à matemática, por exemplo, através da astronomia, o ensino de disciplinas como a química teve um menor desenvolvimento na EPL. Com um ensino de pendor mais teórico, a “''escassa dimensão laboratorial''” justificava-se pela falta de um sector industrial nacional que aproveitasse e igualmente criasse a necessidade da aplicação prática desses conhecimentos<ref>Simões et al., 2:787-788.</ref>. Observa-se que a capacidade de investigação da EPL foi sempre condicionada pela falta de programas definidos de investigação e a sua orientação para a resolução de problemas científicos práticos que o Estado pretendeu ver solucionados<ref>Simões et al., 2:790.</ref>. | |||
Em 31 de Dezembro de 1852, foi criada a cadeira especial de Montanística e Docimasia<ref name=":6">Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 38.</ref>, sendo de frequência obrigatória para os alunos do curso de engenheiros militares<ref name=":11">Ribeiro, 7:140.</ref>. Esta cadeira foi reformulada, em 1856, para abranger a disciplina de Metalurgia, que transitava da sétima cadeira. Nesta última permaneciam apenas as disciplinas de Mineralogia e Geologia'''<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 12:258.</ref>''', tendo sido suprimida em consequência da redução de despesa pública realizada nos estabelecimentos de instrução em 1869<ref>Ribeiro, 12:292.</ref>. | |||
Por lei de 7 de Junho de 1859, e de acordo com a proposta de reforma apresentada pelo Conselho Escolar, o quadro disciplinar foi alargado com a criação de duas novas cadeiras, Geometria descritiva e Química orgânica<ref name=":6" />. Já, em 1898, a quinta cadeira seria desdobrada em duas unidades<ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 39.</ref>. | |||
A oferta da EPL compunha-se de cinco cursos: o curso geral e os cursos preparatórios obrigatórios para a frequência nos cursos de ciências militares ministrados na [[Escola do Exército]] e na Escola Naval. A saber: o primeiro curso preparatório para formação de oficiais do estado maior e de engenharia militar, e engenheiros civis; o segundo curso preparatório para oficiais de artilharia; o terceiro curso preparatório para oficiais da marinha, reorganizado e reduzido em 1864<ref name=":7">Cunha, 56.</ref>; e o quarto curso preparatório para engenheiros construtores navais<ref name=":13">Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 10.</ref>, reorganizado em em 1880<ref name=":8">Cunha, 54.</ref>. Era determinado que as disciplinas de primeiro ano, comuns aos cinco cursos, fossem frequentadas enquanto preparatório para oficiais de infantaria e cavalaria; sendo a primeira cadeira de matemática o preparatório para piloto<ref>Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'', 7:124.</ref>. Os estudantes destinados às escolas medico-cirúrgicas e de farmácia, e também aos estudos de veterinária, realizavam os seus estudos preparatórios na EPL<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 399.</ref><ref name=":7" />. | |||
A distribuição de cadeiras pelos cursos foi reorganizada em 1857, uma vez que, por alteração efetuada em 1854, o primeiro ano se compunha da primeira cadeira e do primeiro ano de desenho originando a sobrecarga dos restantes dois anos<ref>A reorganização disciplinar pelas cadeiras existentes pode ser consultada em Ribeiro, ''Historia dos estabelecimentos scientificos'',12:260.</ref>. De forma a serem adaptados às alterações realizadas no quadro de cadeiras nas décadas anteriores, os cursos da EPL foram novamente reorganizados em 1860'''<ref>A distribuição das cadeiras pelos cursos pode ser consultada em Ribeiro, 12:277-278.</ref>'''. Em função, os critérios de admissão à Escola do Exército e Escola Naval foram alterados demonstrando a vinculação entre estas e a EPL. Pela mesma reforma, foi instituído um sexto curso preparatório para oficiais de cavalaria e infantaria<ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 52-53. Nas mesmas páginas pode ser consultada a distribuição das disciplinas pelos cursos.</ref>. Em 1862, foi instituído um curso de engenheiros hidrógrafos composto pelo curso existente de oficiais de marinha e dois anos de curso especial. Em função da constituição do Corpo de Engenheiros Hidrográfos o curso foi reorganizado em 1869<ref>Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 53-54.</ref>. | |||
Em 1894, o primeiro e segundo cursos preparatórios foram reorganizados e passaram a constituir um único curso preparatório para os oficiais das diferentes armas do Exército e para os engenheiros civis. Este curso era igual ao existente na Academia Politécnica do Porto e na Universidade de Coimbra<ref name=":8" />. Dois anos depois, a reforma da Escola do Exército reorganizou os critérios de admissão para oficiais de infantaria e cavalaria resultando na redução do curso preparatório e na obrigatoriedade de frequência da cadeira de Química orgânica para os oficiais destinados às armas de engenharia e artilharia<ref>Cunha, 55.</ref>. | |||
A partir de 1894, a oferta civil de cursos da EPL foi alargada com a criação do curso de habilitação para professor de liceu nas disciplina de Matemática, Ciências Físico-Químicas, Ciências Histórico-Naturais e Desenho<ref>Cunha, 55-56.</ref>. | |||
A EPL foi herdeira e cultivadora de uma “''cultura de precisão e de objectividade''” traduzida na organização e “''estabilização''” do currículo das cadeiras, na normalização dos processos de avaliação e na uniformização dos métodos de ensino praticados na instituição<ref>Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 786.</ref>. Neste contexto de homogeneização do conhecimento, destaca-se a iniciativa dos professores na redação de manuais escolares, que serviam de base às aulas leccionadas e vieram permitir um acesso gradualmente mais alargado aos conhecimentos transmitidos. Esta prática foi “''uma constante ao longo de toda a história da Escola Politécnica, sendo uma das funções mais duradoras dos seus professores''”. Demonstrativa da sua importância e extensão na cultura da instituição, na segunda metade do século XIX, seria criada uma litografia própria da EPL, da qual foi responsável o professor de Astronomia e Geodésia, Filipe Folque<ref>Simões et al., 786-787.</ref>. | |||
{| class="wikitable" | |||
| colspan="5" |'''Plano de estudos de 1837-1911''' | |||
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|'''Ano''' | |||
|'''Nome da Cadeira''' | |||
|'''Matérias''' | |||
|'''Livros''' | |||
|'''Professores''' | |||
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|Primeira cadeira | |||
|Aritmética, Álgebra elementar, Geometria sintética elementar, plana, sólida e descritiva; introdução à Geometria algébrica, e Trigonometria retilínea e esférica. | |||
| | |||
|Professor proprietário entre 1837 e 1840: José Cordeiro Feio<ref name=":3" /><ref name=":0">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 98.</ref>. | |||
Professor proprietário em 1846: João Ferreira Campos<ref name=":4" />. | |||
Professor substituto entre 1837 e 1840: João Ferreira Campos<ref name=":12" /><ref name=":9">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840'', 99.</ref>. | |||
Professor | Professor substituto em 1846: Gregório Nazianzeno do Rego<ref name=":14">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 244.</ref>. | ||
Professor substituto em 1846: José Joaquim de Abreu Rego<ref name=":14" />. | |||
|- | |||
| | |||
|Segunda cadeira | |||
|Álgebra transcendente, Geometria analítica plana e a três dimensões; cálculo diferencial e integral, e princípios dos cálculos das diferenças, variações e probabilidades. | |||
| | |||
|Professor proprietário entre 1837 e 1846: José de Freitas Teixeira Spínola de Castelo Branco<ref name=":3" /><ref name=":4">''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846'', 243.</ref>. | |||
Professor substituto entre 1837 e 1840: João Ferreira Campos<ref name=":12" /><ref name=":9" />. | |||
Professor substituto em 1846: Gregório Nazianzeno do Rego<ref name=":14" />. | |||
Professor substituto em 1846: José Joaquim de Abreu Rego<ref name=":14" />. | |||
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|Terceira cadeira | |||
|Mecânica e suas principais aplicações às máquinas, com especialidade às de vapor. | |||
| | |||
|Professor proprietário entre 1837 e 1846: Albino Francisco de Figueiredo e Almeida<ref name=":3" /><ref name=":4" />. | |||
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|Quarta cadeira | |||
|Astronomia e Geodésia. | |||
|Folque, Filipe. ''Elementos d’Astronomia coordenados para uso dos alumnos da Eschola Polytechnica''. Lisboa: Litografia da Escola Politécnica, 1840<ref>Carolino, "The making of an academic tradition", 408.</ref>. | |||
|Professor proprietário entre 1837 e 1846: [[Filipe Folque]]<ref name=":3" /><ref name=":4" />. | |||
|- | |||
| | |||
|Quinta cadeira | |||
|Física experimental e matemática. (Dividida em duas unidades em 1898). | |||
| | |||
|Professor proprietário entre 1837 e 1846: Guilherme José António Dias Pegado<ref name=":3" /><ref name=":4" />. | |||
Professor proprietário em 1861: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira<ref name=":4" />. | |||
Professor substituto em 1846: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira<ref name=":4" />. | |||
|- | |||
| | |||
|Sexta cadeira | |||
|Química geral e noções das suas principais aplicações às artes. | |||
| | |||
|Professor proprietário entre 1840 e 1846: Júlio Máximo Pimentel<ref name=":0" /><ref name=":4" />. | |||
Professor substituto em 1846: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira<ref name=":4" />. | |||
|- | |||
| | |||
|Sétima cadeira | |||
|Mineralogia, Geologia, e princípios de Metalurgia. | |||
(A partir de 1856, a matéria de Metalurgia deixa de constar nesta cadeira e transita para a cadeira de Montanística e Docimasia). | |||
| | |||
|Professor proprietário em 1840: Francisco António Pereira da Costa<ref name=":4" />. | |||
Professor substituto entre 13 de Maio de 1844 e 1846: José Maria Latino Coelho <ref name=":14" /><ref>Arquivo Histórico Militar. Processo de José Maria Latino Coelho, cx. 982.</ref>. | |||
|- | |||
| | |||
|Oitava cadeira | |||
|Anatomia, e Fisiologia comparadas, e Zoologia. | |||
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|Professor proprietário em 1840: Francisco Xavier de Almeida<ref name=":0" />. | |||
Professor proprietário em 1846: José Maria Grande<ref name=":14" />. | |||
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|Nona cadeira | |||
|Botânica, e princípios de agricultura. | |||
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|Professor substituto em 1846: João de Andrade Corvo<ref name=":14" />. | |||
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|Décima cadeira | |||
|Economia política e princípios de Direito administrativo e comercial. | |||
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|Professor substituto em 1846: Luís de Almeida Albuquerque<ref name=":14" />. | |||
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|Cadeira de desenho | |||
|Desenho linear, convenientemente desenvolvido, e os princípios gerais de desenho de figura, de plantas, de animais, e de outros produtos da natureza, e o da representação de instrumentos, máquinas e aparelhos. | |||
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|Professor proprietário em 1846: D. Luís Muriel<ref name=":14" />. | |||
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|Cadeira de Navegação | |||
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|Professor proprietário em 1837: João Gonçalo de Miranda Robalo Pelejão<ref name=":12">Cunha, ''A Escola Politécnica de Lisboa'', 9.</ref>. | |||
Professor substituto em 1840: Joaquim Cordeiro Feio<ref name=":9" />. | |||
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|Cadeira especial de Montanística e Docimasia (1852-1869). | |||
|(A partir de 1856, integrou a disciplina de Metalurgia). | |||
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|Cadeira de Geometria Descritiva (1859). | |||
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|Cadeira de Química Orgânica (1859). | |||
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| colspan="5" |Professor substituto "''das ditas cadeiras''" em 1840: Gregoriano Nazianzeno do Rego<ref name=":9" />. | |||
|} | |||
==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. Atenção: Chicago full note with bibliography--> | |||
<references /> | |||
==Fontes==<!-- Ou seja, as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography--> | |||
Arquivo Histórico Militar. Processo de José Maria Latino Coelho, cx. 982. | |||
''Almanak Estatistico de Lisboa em 1840.'' Lisboa: Impressão Morandiana, 1839. | |||
''Almanak Estatistico de Lisboa em 1846''. Lisboa: Typographia do Gratis, [s.d.]. | |||
==Bibliografia == <!-- Ou seja, a bibliografia, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: Chicago bibliography--> | |||
Carolino, Luís Miguel. "The making of an academic tradition: the foundation of the Lisbon Polytechnic School and the development of higher technical education in Portugal (1779–1837)". ''Paedagogica Historica: International Journal of the History of Education'' 48, no. 3: 391-410[https://doi.org/10.1080/00309230.2011.628322 .] | |||
Cunha, Pedro José da. ''A Escola Politécnica de Lisboa. Breve Notícia Histórica.'' Lisboa: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 1937. | |||
Macedo, Marta. "Engenheiros e capital: ciência e crédito na Escola Politécnica e na Escola do Exército". Em ''Capital Científica: Práticas da Ciência em Lisboa e a História Contemporânea de Portugal'', coord. por Tiago Saraiva e Marta Macedo, 45-138. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2019. | |||
Macedo, Marta. ''Projectar e Construir a Nação. Engenheiros, ciência e território em Portugal no século XIX''. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2012. | |||
Simões et al.. "A Escola Politécnica de Lisboa. Filiações, ensino e práticas científicas". Em ''A Universidade de Lisboa nos séculos XIX e XX'', dir. por Jorge Ramos do Ó, 2:782-792. Lisboa: Tinta-da-China, 2013. | |||
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 7. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1878[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .] | |||
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 10. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1882[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .] | |||
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 12. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1884[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .] | |||
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 14. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1885[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .] | |||
Ribeiro, José Silvestre. ''Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia''. Vol. 16. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1889[https://permalinkbnd.bnportugal.gov.pt/records/item/70034-redirection .] | |||
==Ligações Internas== | ==Ligações Internas== | ||
Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link: | Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link: | ||
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==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia --> | ==Ligações Externas== <!--Ligações externas a sítios de internet, etc. que não foram utilizadas concretamente na construção da biografia --> | ||
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes --> | <!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->Marques, Daniel Brito Candeiras Gamito. "O ensino e a investigação em Zoologia e em Botânica na Escola Politécnica de Lisboa (1837-1911)". Tese de doutoramento, Universidade Nova de Lisboa, 2015[https://run.unl.pt/handle/10362/14779 .] | ||
Peres, Isabel Marília, Sérgio Paulo Rodrigues, e Maria do Carmo Elvas. "Júlio Máximo de Oliveira Pimentel e o início do Ensino da Química na Escola Politécnica de Lisboa - Um estudo de Cultura Material". Em ''3º Congresso Internacional de História da Ciência no Ensino'', 27:231-248, 2023[https://doi.org/10.23925/2178-2911.2023v27espp231-248 .] | |||
==Autor(es) do artigo== | ==Autor(es) do artigo== | ||
João de Almeida Barata | João de Almeida Barata | ||
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==Financiamento== | ==Financiamento== | ||
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017 | Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017 | ||
Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC) | |||
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Edição atual desde as 19h56min de 15 de março de 2024
Escola Politécnica de Lisboa | |
---|---|
(EPL) | |
Outras denominações | Escola Polytechnica de Lisboa |
Tipo de Instituição | Ensino civil |
Data de fundação | 11 janeiro 1837 |
Data de extinção | 15 maio 1911 |
Paralisação | Início: valor desconhecido Fim: valor desconhecido |
Localização | |
Localização | Colégio Real dos Nobres, Lisboa,- Início: 11 de janeiro de 1837 Fim: 1843 |
Início: 1854 | |
Localização | Rua da Escola Politécnica Início: 1870 Fim: 1911 |
Antecessora | Academia Real de Marinha de Lisboa, Colégio Real dos Nobres, Academia Real Militar do Rio de Janeiro |
Sucessora | Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa |
História
A Escola Politécnica de Lisboa (EPL) foi uma instituição de ensino técnico e científico criada por decreto de 11 de Janeiro de 1837, sob a tutela do Ministério da Guerra liderado pelo visconde de Sá da Bandeira[1]. À semelhança do que ocorreu, nesse ano, com a criação da Academia Politécnica do Porto, a fundação respeitou à institucionalização definitiva da instrução preparatória científica em Lisboa no período inicial do constitucionalismo monárquico.
A instituição da EPL sucedeu a uma primeira tentativa de estabelecer os estudos preparatórios em Lisboa levada a cabo, em 1835, por Rodrigo da Fonseca Magalhães, então Ministro do Reino, com a criação do Instituto de Ciências Físicas e Matemáticas. Justificava-a "a incapacidade de auto-reforma e de renovação curricular e a total inércia da instituição universitária" em compatibilizar o seu ensino com as necessidades de instrução colocadas pelas novas elites do regime liberal com fim de liberalizar e modernizar a sociedade e o espaço económico português[2]. Contudo, a existência do Instituto conheceu uma duração efémera de menos de um mês, o que se explica em função quer do afastamento do seu autor do governo, quer pela influência da Universidade de Coimbra no Ministério do Reino, movida com o objectivo de conservar o monopólio que detinha sobre o ensino científico de grau superior[3][4].
A criação da EPL foi influenciada pelo ensino politécnico francês fundado com a criação da École Polytechnique de Paris, em 1794, de forma independente das estruturas universitárias existentes[5][6]. As características base do ensino politécnico, "estandardização, racionalização, precisão e objectividade", permitiram a transferência e adaptabilidade desse modelo às realidades locais de outras nações europeias. A implementação do ensino politécnico no espaço europeu ocorreu em simultâneo com a emergência e construção dos Estados modernos e liberais, sendo processos "indissociáveis" na medida em que a construção dos últimos dependeu da existência daquele ensino[7]. O sistema de formação politécnica, no qual "quer o currículo, quer os métodos de ensino espelham a especialização dos conhecimentos técnicos e a centralidade da sua dimensão científica e teórica"[8], veio responder à necessidade dos Estados em incorporarem novas elites científicas e quadros técnicos, em particular os engenheiros, que lhes permitissem efectivar uma gestão moderna do território com base científica e técnica. Nesse sentido, a constituição da EPL e a formação de novos quadros possibilitou ao Estado português oitocentista a “construção de infra-estruturas, de sistemas racionais de administração do território e de formas de explorar economicamente os espaços nacionais”[9].
À semelhança das restantes experiências politécnicas europeias[10], a EPL foi herdeira da tradição portuguesa de educação superior militar setecentista, potenciada, entre outros, pela transferência de professores das antigas Academias para a nova Escola[11]. Essa tradição corporizava-se em instituições como a Academia Real da Marinha de Lisboa, a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho ou a Academia Real Militar do Rio de Janeiro. Considerando, em particular, as duas primeiras, estas instituições compuseram um sistema de ensino dividido entre o ensino preparatório e o ensino de especialização militar, respectivamente, que veio a ser recuperado com a criação da EPL e, enquanto escolas de aplicação especial, ainda que apenas de natureza militar, da Escola do Exército[12] e da Escola Naval, sucessora da Academia Real de Marinha de Lisboa.
A natureza militar de que a EPL foi dotada pela iniciativa do visconde de Sá da Bandeira, e a recusa de um modelo puramente civil de transmissão do conhecimento científico e tecnológico em Lisboa, compôs uma estratégia que permitiu a sua criação e conservação a longo prazo. Ao acatar o modelo militar, a instituição justificava a sua existência na íntima relação que estabelecia com a Escola do Exército. Nessa medida, a EPL compôs e contribuiu para o processo de "militarização da ciência" ocorrido ao longo de oitocentos[13]. Ao adoptar uma natureza essencialmente militar, a EPL protegia-se tanto contra a hegemonia da Universidade de Coimbra, que o regime liberal não conseguiu diminuir como desejava, como perante uma inevitável recusa das elites militares em permitirem que os futuros instruendos militares recebessem uma preparação civil e não militar - que, de resto se confirmaria com a recusa inicial de permitir à Academia Politécnica do Porto que leccionasse os cursos preparatórios dos futuros instruendos militares[14].
Sendo igualmente sucedâneo do Colégio Real dos Nobres[15], o ensino politécnico de Lisboa adquiriu tanto uma dimensão preparatória militar como civil: "Um instituto de ciências físicas e aplicadas, destinado não só aos preparatórios dos engenheiros militares, engenheiros civis, oficiais e construtores de marinha, oficiais de artilharia, e estado maior, mas também a ministrar os conhecimentos auxiliares e indispensáveis ao estudo da medicina, da farmácia, do comércio, e o que mais importante é, da agricultura e da indústria"[16]. Contudo, a hegemonia militar condicionou decisivamente a evolução do modelo politécnico português ao longo do século XIX. Ao contrário da experiência francesa, não se conheceu a criação de escolas de especialização, de natureza civil, que dessem continuidade aos estudos obtidos na EPL. O ensino de engenharia é exemplar desse condicionamento. Tendo sido mantido exclusivamente na esfera da influência militar, a Escola do Exército foi "a única escola de formação superior para engenheiros durante todo o século XIX"[17]. No geral, esta configurou "o centro de recrutamento da grande maioria dos agentes técnicos portugueses"[18].
Apesar da estratégia adoptada, a existência da EPL não deixaria de ser questionada e posta em causa. Justamente, um projecto de lei apresentado pelo deputado José Manuel Botelho, em 1840, à Câmara dos Deputados propunha a restituição das antigas Academias militares e do Colégio dos Nobres e a consequente extinção da EPL. Apesar de ter sido apreciada negativamente pela Comissão de Instrução, a questão subsistiria na imprensa. Do debate resultou a redação do opúsculo Da Eschola Polytechnica e do Collegio dos Nobres, da autoria de Alexandre Herculano em defesa da conservação da EPL[19].
Em 1851, era nomeada uma comissão encarregue de apresentar um plano de reorganização da EPL com o fim de dar desenvolvimento aos seus estudos[20], e do qual resultaria a criação de duas novas cadeiras. Ao longo do ano de 1857, foram propostas reformas do quadro disciplinar da EPL para que fossem incluídas as disciplinas de "geometria descritiva" e "química orgânica", e se desse "maior desenvolvimento ao ensino, na escola, das ciências administrativas, da economia política, e da estatística, atenta a grande importância que no regimen dos estados têm assumido as indicadas ciências". Propunha-se igualmente a transferência do Museu Nacional para a EPL e a criação de um laboratório para investigações químicas[21].
Uma vez garantida a conservação da EPL, esta transitou para a tutela do Ministério do Reino em 1859[22]. Tendo adquirido uma natureza civil, ainda assim, seria "impossível destacá-la da Escola do Exército, durante as décadas seguintes", verificando-se que a maioria dos alunos que completaram os seus cursos eram destinados às escolas militares[23].
Após a Implantação da República, os poderes republicanos procederam à reorganização do sistema de ensino superior com a criação de novas universidades em Lisboa e no Porto, terminando com o monopólio científico da Universidade de Coimbra. Em Lisboa, no processo de criação da Faculdade de Ciências, dotada de estatutos em 15 de Maio de 1911, foram transferidos os professores, alunos e estabelecimentos da extinta EPL. A herança transmitida entre as duas instituições estabelecia, portanto, “uma filiação directa da Faculdade de Ciências numa tradição secular de ensino superior existente em Lisboa, corroborando a percepção dos professores da Politécnica de que havia uma continuidade entre as duas instituições”[24].
Outras informações
A EPL era dirigida por um diretor, "que seja oficial general, ou oficial superior de qualquer das armas científicas do exército"[25]. A primeira nomeação no lugar de diretor recaiu no coronel de engenharia, José Feliciano da Silva Costa[26], que permaneceu no lugar pelo menos até 1846[27]. Com a transferência para a tutela do Ministério do Reino em 1859, o director da EPL passou a poder ser de categoria civil[28]. Em 1862, José Silvestre Ribeiro indica os nomes do visconde de Vila Maior, Júlio Máximo de Oliveira Pimentel[29], e de José Rodrigues Coelho do Amaral, coronel de engenharia e professor da Escola do Exército, na qualidade de diretores[30]. No período inicial de funcionamento da Escola e com fim à sua organização, o diretor foi coadjuvado por uma comissão composta por professores das extintas Academias de Marinha e de Fortificação, Artilharia e Desenho, José Cordeiro Feio e Fortunato José Barreiros, respectivamente; Guilherme José António Dias Pegado, professor do Real Colégio Militar; e António Cabral de Sá Nogueira, provedor da Casa da Moeda[31].
A direção científica da EPL era assegurada por conselho composto pelos professores de ambas as classes[32]. Acresciam um conselho para a gestão financeira e um conselho de aperfeiçoamento "encarregado de promover o melhoramento do ensino", sendo composto pelo diretor, dois lentes da escola, um lente da Escola do Exército, um lente da Escola Naval, e dois membros eleitos pelo governo[33].
Os estabelecimentos auxiliares anexos à EPL aquando da sua fundação compunham-se de uma biblioteca, do Observatório Astronómico[34], precedente da Academia Real de Marinha, do gabinete de física, do laboratório de química, do gabinete de história natural e de um jardim botânico[35]. Este último, localizado na Ajuda, foi anexado à EPL em 1839[36]. O Museu de História Natural, que anteriormente funcionava na dependência da Academia Real das Ciências de Lisboa, foi transferido para a EPL em 1858[37]. A partir de 1861, juntamente com as coleções e herbários do Jardim Botânico da Ajuda, as colecções mineralógicas e zoológicas do Museu de História Natural compuseram o Museu Nacional de Lisboa que, em 1878, veio a constituir a secção botânica da EPL[38].
Em 1857, José Silvestre Ribeiro dá conta do bom funcionamento do Observatório Meteorológico Infante D. Luís[39][40], o qual seria instalado em novo edifício inaugurado em 24 de Outubro de 1863. Em 1862, encontrava-se igualmente instalado um gabinete de mineralogia e um gabinete de manipulações fotográficas[41].
A EPL ocupou o edifício do Colégio Real dos Nobres e conservou o recheio daquela instituição. Em 1843, esse mesmo edifício sofreu um violento incêndio, obrigando à deslocação da EPL e da Escola do Exército, que, até então, partilharam o mesmo espaço demonstrando a afinidade entre as duas[42]. A partir de 1854, a EPL encontrava-se instalada no edifício da Academia Real das Ciências de Lisboa, no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco[43]. Após longa discussão e moroso processo de alocação de fundos públicos, em 1857, foi aprovado o plano de construção do novo edifício da EPL concluído na década de 70[44]. Entre 1860 e 1870, a EPL ocupou o "antigo edifício do Monte Olivete", já sem a Escola do Exército, instalada no Palácio da Bemposta a partir de 1850[45].
Professores
No período inicial de funcionamento da EPL, o corpo docente compunha-se de 10 professores proprietários, de nomeação vitalícia, e oito professores substitutos, acrescendo o professor proprietário de Desenho e um professor substituto[46]. Entre estes transitaram da Academia Real de Marinha os professores proprietários José Cordeiro Feio, José de Freitas Teixeira Spinola Castelo Branco, Albino de Figueiredo e Almeida, Filipe Folque e João Gonçalo de Miranda Robalo Pelejão, e o professor substituto João Ferreira Campos[47].
A composição do corpo docente evoluiu com o acréscimo e supressão de cadeiras realizados nas décadas seguintes. Em 1853, foi criado o lugar de professor substituto da sexta cadeira[48]. Em 1869, o corpo docente foi reduzido com a supressão de três lugares de professor substituto - um substituto das cadeiras de Matemática, e dois substitutos da cadeira de Química e de Geometria descritiva) à semelhança do que ocorreu nos quadros docentes de outras instituições, como o Instituto Industrial de Lisboa ou o Instituto Geral de Agricultura, em resposta à crise financeira internacional e a necessidade de reduzir a despesa pública com o ensino público[49][50].
A composição do corpo docente da EPL até 1890 demonstra uma relação próxima com a Academia Real das Ciências, sendo que 24 dos 31 professores foram sócios daquela agremiação científica[51].
Curricula
O plano de estudos da EPL era composto por 11 disciplinas e apresentava uma forte presença das matérias matemáticas, à semelhança da matriz curricular dos estudos militares setecentistas. Essa predominância justificava-se por os estudos matemáticos serem considerados a base instrumental necessária para o estudo e aplicação das restantes disciplinas do plano[52]. Às matérias matemáticas, alocadas, principalmente, à primeira e segunda cadeiras, sucedia-se o estudo da Mecânica (terceira cadeira), da Astronomia e Geodésia (quarta cadeira), da Física (quinta cadeira), da Química (sexta cadeira) e das ciências naturais, como Mineralogia, Geologia (sétima cadeira), Anatomia, Zoologia (oitava cadeira) ou Botânica (nona cadeira). A estas acresciam os estudos económicos e de direito (décima cadeira) e a disciplina de desenho[53][54].
No período inicial do funcionamento da EPL foi ministrada, até 1845, a cadeira de navegação pertencente ao terceiro ano da extinta Academia Real de Marinha de Lisboa, uma vez que ainda não se encontrava constituída a Escola Naval, sucedânea desta última[55]; e a aula de Introdução à História natural dos três reinos que funcionou até 1854, quando passou a ser leccionada na Academia Real das Ciências[56].
A presença curricular de disciplinas como a Astronomia no plano de estudos explica-se segundo a utilidade que teriam no processo de construção do Estado oitocentista, do reforço da sua soberania e capacidade de gestão do território. No caso particular da Astronomia, com ênfase para a área disciplinar da Astronomia esférica (que permitia determinar as coordenadas geográficas da terra), esta teria aplicação prática à cartografia e náutica[57]. No sentido oposto, e contrário ao desenvolvimento de aplicação prática dado à matemática, por exemplo, através da astronomia, o ensino de disciplinas como a química teve um menor desenvolvimento na EPL. Com um ensino de pendor mais teórico, a “escassa dimensão laboratorial” justificava-se pela falta de um sector industrial nacional que aproveitasse e igualmente criasse a necessidade da aplicação prática desses conhecimentos[58]. Observa-se que a capacidade de investigação da EPL foi sempre condicionada pela falta de programas definidos de investigação e a sua orientação para a resolução de problemas científicos práticos que o Estado pretendeu ver solucionados[59].
Em 31 de Dezembro de 1852, foi criada a cadeira especial de Montanística e Docimasia[60], sendo de frequência obrigatória para os alunos do curso de engenheiros militares[61]. Esta cadeira foi reformulada, em 1856, para abranger a disciplina de Metalurgia, que transitava da sétima cadeira. Nesta última permaneciam apenas as disciplinas de Mineralogia e Geologia[62], tendo sido suprimida em consequência da redução de despesa pública realizada nos estabelecimentos de instrução em 1869[63].
Por lei de 7 de Junho de 1859, e de acordo com a proposta de reforma apresentada pelo Conselho Escolar, o quadro disciplinar foi alargado com a criação de duas novas cadeiras, Geometria descritiva e Química orgânica[60]. Já, em 1898, a quinta cadeira seria desdobrada em duas unidades[64].
A oferta da EPL compunha-se de cinco cursos: o curso geral e os cursos preparatórios obrigatórios para a frequência nos cursos de ciências militares ministrados na Escola do Exército e na Escola Naval. A saber: o primeiro curso preparatório para formação de oficiais do estado maior e de engenharia militar, e engenheiros civis; o segundo curso preparatório para oficiais de artilharia; o terceiro curso preparatório para oficiais da marinha, reorganizado e reduzido em 1864[65]; e o quarto curso preparatório para engenheiros construtores navais[36], reorganizado em em 1880[66]. Era determinado que as disciplinas de primeiro ano, comuns aos cinco cursos, fossem frequentadas enquanto preparatório para oficiais de infantaria e cavalaria; sendo a primeira cadeira de matemática o preparatório para piloto[67]. Os estudantes destinados às escolas medico-cirúrgicas e de farmácia, e também aos estudos de veterinária, realizavam os seus estudos preparatórios na EPL[68][65].
A distribuição de cadeiras pelos cursos foi reorganizada em 1857, uma vez que, por alteração efetuada em 1854, o primeiro ano se compunha da primeira cadeira e do primeiro ano de desenho originando a sobrecarga dos restantes dois anos[69]. De forma a serem adaptados às alterações realizadas no quadro de cadeiras nas décadas anteriores, os cursos da EPL foram novamente reorganizados em 1860[70]. Em função, os critérios de admissão à Escola do Exército e Escola Naval foram alterados demonstrando a vinculação entre estas e a EPL. Pela mesma reforma, foi instituído um sexto curso preparatório para oficiais de cavalaria e infantaria[71]. Em 1862, foi instituído um curso de engenheiros hidrógrafos composto pelo curso existente de oficiais de marinha e dois anos de curso especial. Em função da constituição do Corpo de Engenheiros Hidrográfos o curso foi reorganizado em 1869[72].
Em 1894, o primeiro e segundo cursos preparatórios foram reorganizados e passaram a constituir um único curso preparatório para os oficiais das diferentes armas do Exército e para os engenheiros civis. Este curso era igual ao existente na Academia Politécnica do Porto e na Universidade de Coimbra[66]. Dois anos depois, a reforma da Escola do Exército reorganizou os critérios de admissão para oficiais de infantaria e cavalaria resultando na redução do curso preparatório e na obrigatoriedade de frequência da cadeira de Química orgânica para os oficiais destinados às armas de engenharia e artilharia[73].
A partir de 1894, a oferta civil de cursos da EPL foi alargada com a criação do curso de habilitação para professor de liceu nas disciplina de Matemática, Ciências Físico-Químicas, Ciências Histórico-Naturais e Desenho[74].
A EPL foi herdeira e cultivadora de uma “cultura de precisão e de objectividade” traduzida na organização e “estabilização” do currículo das cadeiras, na normalização dos processos de avaliação e na uniformização dos métodos de ensino praticados na instituição[75]. Neste contexto de homogeneização do conhecimento, destaca-se a iniciativa dos professores na redação de manuais escolares, que serviam de base às aulas leccionadas e vieram permitir um acesso gradualmente mais alargado aos conhecimentos transmitidos. Esta prática foi “uma constante ao longo de toda a história da Escola Politécnica, sendo uma das funções mais duradoras dos seus professores”. Demonstrativa da sua importância e extensão na cultura da instituição, na segunda metade do século XIX, seria criada uma litografia própria da EPL, da qual foi responsável o professor de Astronomia e Geodésia, Filipe Folque[76].
Plano de estudos de 1837-1911 | ||||
Ano | Nome da Cadeira | Matérias | Livros | Professores |
Primeira cadeira | Aritmética, Álgebra elementar, Geometria sintética elementar, plana, sólida e descritiva; introdução à Geometria algébrica, e Trigonometria retilínea e esférica. | Professor proprietário entre 1837 e 1840: José Cordeiro Feio[46][77].
Professor proprietário em 1846: João Ferreira Campos[78]. Professor substituto entre 1837 e 1840: João Ferreira Campos[79][80]. Professor substituto em 1846: Gregório Nazianzeno do Rego[81]. Professor substituto em 1846: José Joaquim de Abreu Rego[81]. | ||
Segunda cadeira | Álgebra transcendente, Geometria analítica plana e a três dimensões; cálculo diferencial e integral, e princípios dos cálculos das diferenças, variações e probabilidades. | Professor proprietário entre 1837 e 1846: José de Freitas Teixeira Spínola de Castelo Branco[46][78].
Professor substituto entre 1837 e 1840: João Ferreira Campos[79][80]. Professor substituto em 1846: Gregório Nazianzeno do Rego[81]. Professor substituto em 1846: José Joaquim de Abreu Rego[81]. | ||
Terceira cadeira | Mecânica e suas principais aplicações às máquinas, com especialidade às de vapor. | Professor proprietário entre 1837 e 1846: Albino Francisco de Figueiredo e Almeida[46][78]. | ||
Quarta cadeira | Astronomia e Geodésia. | Folque, Filipe. Elementos d’Astronomia coordenados para uso dos alumnos da Eschola Polytechnica. Lisboa: Litografia da Escola Politécnica, 1840[82]. | Professor proprietário entre 1837 e 1846: Filipe Folque[46][78]. | |
Quinta cadeira | Física experimental e matemática. (Dividida em duas unidades em 1898). | Professor proprietário entre 1837 e 1846: Guilherme José António Dias Pegado[46][78].
Professor proprietário em 1861: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira[78]. Professor substituto em 1846: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira[78]. | ||
Sexta cadeira | Química geral e noções das suas principais aplicações às artes. | Professor proprietário entre 1840 e 1846: Júlio Máximo Pimentel[77][78].
Professor substituto em 1846: Joaquim Henriques Fradesso da Silveira[78]. | ||
Sétima cadeira | Mineralogia, Geologia, e princípios de Metalurgia.
(A partir de 1856, a matéria de Metalurgia deixa de constar nesta cadeira e transita para a cadeira de Montanística e Docimasia). |
Professor proprietário em 1840: Francisco António Pereira da Costa[78].
Professor substituto entre 13 de Maio de 1844 e 1846: José Maria Latino Coelho [81][83]. | ||
Oitava cadeira | Anatomia, e Fisiologia comparadas, e Zoologia. | Professor proprietário em 1840: Francisco Xavier de Almeida[77].
Professor proprietário em 1846: José Maria Grande[81]. | ||
Nona cadeira | Botânica, e princípios de agricultura. | Professor substituto em 1846: João de Andrade Corvo[81]. | ||
Décima cadeira | Economia política e princípios de Direito administrativo e comercial. | Professor substituto em 1846: Luís de Almeida Albuquerque[81]. | ||
Cadeira de desenho | Desenho linear, convenientemente desenvolvido, e os princípios gerais de desenho de figura, de plantas, de animais, e de outros produtos da natureza, e o da representação de instrumentos, máquinas e aparelhos. | Professor proprietário em 1846: D. Luís Muriel[81]. | ||
Cadeira de Navegação | Professor proprietário em 1837: João Gonçalo de Miranda Robalo Pelejão[79].
Professor substituto em 1840: Joaquim Cordeiro Feio[80]. | |||
Cadeira especial de Montanística e Docimasia (1852-1869). | (A partir de 1856, integrou a disciplina de Metalurgia). | |||
Cadeira de Geometria Descritiva (1859). | ||||
Cadeira de Química Orgânica (1859). | ||||
Professor substituto "das ditas cadeiras" em 1840: Gregoriano Nazianzeno do Rego[80]. |
Notas
- ↑ José Silvestre Ribeiro apresenta um relação de documentos, relativos à história da Escola Politécnica de Lisboa, consultável em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:293-294.
- ↑ Macedo, Projectar e Construir a Nação, 44-45.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 395.
- ↑ Macedo, Projectar e Construir a Nação, 46-47.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 391-392; Macedo, Projectar e Construir a Nação, 35.
- ↑ Luís Carolino apresenta uma comparação entre a École Polytechnique e a Escola Politécnica de Lisboa com base nos requisitos de admissão, a preparação dos alunos, nomeadamente nos princípios matemáticos, e no currículo leccionado. O autor conclui que apesar de a primeira ter influenciado a constituição da última, tal não significou a institucionalização exacta desse modelo em Portugal, sendo necessário atender aos factores locais que influenciaram a criação da Escola Politécnica de Lisboa. Carolino, "The making of an academic tradition", 396-397.
- ↑ Macedo, Projectar e Construir a Nação, 33; 35; 37-38.
- ↑ Macedo, 35.
- ↑ Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 2:783.
- ↑ Macedo, Projectar e Construir a Nação, 38.
- ↑ Macedo, 65.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 399-400.
- ↑ Macedo, Projectar e Construir a Nação, 51; 53.
- ↑ Macedo, 50; 58.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 406.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:122.
- ↑ Macedo, Projectar e Construir a Nação, 53.
- ↑ Macedo, 57.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 20-22.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:139.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:165-166.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 398.
- ↑ Macedo, Projectar e Construir a Nação, 55.
- ↑ Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 2:782-783.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:124.
- ↑ Ribeiro, 7:127.
- ↑ Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 213.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 33.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:286.
- ↑ Ribeiro, 12:152.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:128.
- ↑ Ribeiro, 7:124.
- ↑ Ribeiro, 7:126.
- ↑ Podem ser consultadas informações sobre o Observatório astronómico na dependência da Escola Politécnica de Lisboa em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 14:286-187; 16:437.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:123-124.
- ↑ 36,0 36,1 Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 10.
- ↑ Ribeiro, 12:167.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 10; 50.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:266.
- ↑ Podem ser consultadas informações sobre o Observatório meteorológico Infante D. Luís em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 14:289-305; 16:109; 130.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:286.
- ↑ Macedo, "Engenheiros e capital", 55-56.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 10:46-47.
- ↑ Sobre a construção do novo edifício da EPL vide Macedo, "Engenheiros e capital", 58-62.
- ↑ Macedo, "Engenheiros e capital", 57.
- ↑ 46,0 46,1 46,2 46,3 46,4 46,5 Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 8.
- ↑ Cunha, 8-9.
- ↑ Ribeiro, 7:141.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:291.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 38-39.
- ↑ Podem ser consultadas mais informações sobre o processo de admissão dos professores da EPL em Macedo, Projectar e Construir a Nação, 65-66.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 401-402.
- ↑ O programa e regulamento do curso de desenho em 1857 pode ser consultado em Ribeiro, Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:161-164.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 7.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:126.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 7-8.
- ↑ Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 2:787.
- ↑ Simões et al., 2:787-788.
- ↑ Simões et al., 2:790.
- ↑ 60,0 60,1 Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 38.
- ↑ Ribeiro, 7:140.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 12:258.
- ↑ Ribeiro, 12:292.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 39.
- ↑ 65,0 65,1 Cunha, 56.
- ↑ 66,0 66,1 Cunha, 54.
- ↑ Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos, 7:124.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 399.
- ↑ A reorganização disciplinar pelas cadeiras existentes pode ser consultada em Ribeiro, Historia dos estabelecimentos scientificos,12:260.
- ↑ A distribuição das cadeiras pelos cursos pode ser consultada em Ribeiro, 12:277-278.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 52-53. Nas mesmas páginas pode ser consultada a distribuição das disciplinas pelos cursos.
- ↑ Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 53-54.
- ↑ Cunha, 55.
- ↑ Cunha, 55-56.
- ↑ Simões et al., "A Escola Politécnica de Lisboa", 786.
- ↑ Simões et al., 786-787.
- ↑ 77,0 77,1 77,2 Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 98.
- ↑ 78,0 78,1 78,2 78,3 78,4 78,5 78,6 78,7 78,8 78,9 Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 243.
- ↑ 79,0 79,1 79,2 Cunha, A Escola Politécnica de Lisboa, 9.
- ↑ 80,0 80,1 80,2 80,3 Almanak Estatistico de Lisboa em 1840, 99.
- ↑ 81,0 81,1 81,2 81,3 81,4 81,5 81,6 81,7 81,8 Almanak Estatistico de Lisboa em 1846, 244.
- ↑ Carolino, "The making of an academic tradition", 408.
- ↑ Arquivo Histórico Militar. Processo de José Maria Latino Coelho, cx. 982.
Fontes
Arquivo Histórico Militar. Processo de José Maria Latino Coelho, cx. 982.
Almanak Estatistico de Lisboa em 1840. Lisboa: Impressão Morandiana, 1839.
Almanak Estatistico de Lisboa em 1846. Lisboa: Typographia do Gratis, [s.d.].
Bibliografia
Carolino, Luís Miguel. "The making of an academic tradition: the foundation of the Lisbon Polytechnic School and the development of higher technical education in Portugal (1779–1837)". Paedagogica Historica: International Journal of the History of Education 48, no. 3: 391-410.
Cunha, Pedro José da. A Escola Politécnica de Lisboa. Breve Notícia Histórica. Lisboa: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 1937.
Macedo, Marta. "Engenheiros e capital: ciência e crédito na Escola Politécnica e na Escola do Exército". Em Capital Científica: Práticas da Ciência em Lisboa e a História Contemporânea de Portugal, coord. por Tiago Saraiva e Marta Macedo, 45-138. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2019.
Macedo, Marta. Projectar e Construir a Nação. Engenheiros, ciência e território em Portugal no século XIX. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2012.
Simões et al.. "A Escola Politécnica de Lisboa. Filiações, ensino e práticas científicas". Em A Universidade de Lisboa nos séculos XIX e XX, dir. por Jorge Ramos do Ó, 2:782-792. Lisboa: Tinta-da-China, 2013.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 7. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1878.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 10. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1882.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 12. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1884.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 14. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1885.
Ribeiro, José Silvestre. Historia dos estabelecimentos scientificos litterarios e artisticos de Portugal nos sucessivos reinados da Monarquia. Vol. 16. Lisboa: Typografia Real da Academia de Sciencias, 1889.
Ligações Internas
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Categoria:Escola Politécnica de Lisboa
Ligações Externas
Marques, Daniel Brito Candeiras Gamito. "O ensino e a investigação em Zoologia e em Botânica na Escola Politécnica de Lisboa (1837-1911)". Tese de doutoramento, Universidade Nova de Lisboa, 2015.
Peres, Isabel Marília, Sérgio Paulo Rodrigues, e Maria do Carmo Elvas. "Júlio Máximo de Oliveira Pimentel e o início do Ensino da Química na Escola Politécnica de Lisboa - Um estudo de Cultura Material". Em 3º Congresso Internacional de História da Ciência no Ensino, 27:231-248, 2023.
Autor(es) do artigo
João de Almeida Barata
https://orcid.org/0000-0001-9048-0447
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
Apoio especial “Verão com Ciência 2022” da UID 4666 – CHAM — Centro de Humanidades, financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC)
DOI
https://doi.org/10.34619/w6pc-yu51
Citar este artigo
Almeida Barata, João de. "Escola Politécnica de Lisboa", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, {{{year}}} 2022. Consultado a 28 de setembro de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Escola_Polit%C3%A9cnica_de_Lisboa. DOI: https://doi.org/10.34619/w6pc-yu51