Academia Militar de Goa: diferenças entre revisões

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O primeiro director da Academia foi [[Francisco Monteiro Cabral|Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda]], que já dirigia as Aulas de Fortificação juntamente com [[João Baptista Porto|João Baptista Alves Porto]]. Oficiais de engenharia do reino, ambos tinham ido para Goa na monção de 1807 com o objectivo especifico de montar a [[Aula de Fortificação de Goa|Aula de Fortificação]]<ref>João de Melo Sampaio chama-lhe mesmo " aula de matemática aplicada á architectura militar" ou simplesmente aula de arquitectura militar. Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 115 </ref>, idêntica à que funcionava em Lisboa. A Academia tinha um total de 8 professores, 6 efectivos e 2 substitutos. Para além dos já referidos, Francisco Barbuda e João Alves Porto, também [[Joaquim Pereira Marinho]] tinha ido para Goa com a tarefa especifica de ensinar na Academia. As aulas apoiavam-se em oficiais militares que se encontravam ao serviço na Índia como [[Julião da Silva Vieira|Julião José da Silva Vieira]] e [[Lourenço Caetano Pinto]],  assim como em alguns luso-descendentes, antigos alunos das Aulas que a antecederam, como [[Lourenço de Noronha|D. Lourenço de Noronha]] e [[Maurício Costa Campos]].
O primeiro director da Academia foi [[Francisco Monteiro Cabral|Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda]], que já dirigia as Aulas de Fortificação juntamente com [[João Baptista Porto|João Baptista Alves Porto]]. Oficiais de engenharia do reino, ambos tinham ido para Goa na monção de 1807 com o objectivo especifico de montar a [[Aula de Fortificação de Goa|Aula de Fortificação]]<ref>João de Melo Sampaio chama-lhe mesmo " aula de matemática aplicada á architectura militar" ou simplesmente aula de arquitectura militar. Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 115 </ref>, idêntica à que funcionava em Lisboa. A Academia tinha um total de 8 professores, 6 efectivos e 2 substitutos. Para além dos já referidos, Francisco Barbuda e João Alves Porto, também [[Joaquim Pereira Marinho]] tinha ido para Goa com a tarefa especifica de ensinar na Academia. As aulas apoiavam-se em oficiais militares que se encontravam ao serviço na Índia como [[Julião da Silva Vieira|Julião José da Silva Vieira]] e [[Lourenço Caetano Pinto]],  assim como em alguns luso-descendentes, antigos alunos das Aulas que a antecederam, como [[Lourenço de Noronha|D. Lourenço de Noronha]] e [[Maurício Costa Campos]].


A organização da Academia manteve-se até D. Manuel de Portugal e Castro (1826-1835) ter introduzido algumas alterações, entre elas a autonomia e obrigatoriedade da Aula de Desenho que ficou sobre a responsabilidade de [[Cândido Garcez Palha|Cândido José Mourão Garcez Palha]].
A organização da Academia manteve-se até D. Manuel de Portugal e Castro (1826-1835) ter introduzido algumas alterações, entre elas a autonomia e obrigatoriedade da Aula de Desenho que era da responsabilidade de [[Cândido Garcez Palha|Cândido José Mourão Garcez Palha]].


Em 1838, o governador Barão do Sabroso (1837-1838), reorganizou o corpo docente uma vez que a maioria dos professores inicialmente designados já não estava a exercer funções e as cadeiras eram leccionadas por lentes interinos. Os professores nomeados eram oito, na sua maioria luso-descendentes e todos já formados na Academia Militar de Goa. Eles eram [[José António de Lemos]], [[Diogo de Mello Sampaio]], [[José Joaquim Soares da Veiga]], [[José António Paulo Gomes]], [[José da Costa Campos]], [[Cândido Garcez Palha]], [[José de Sousa Sepúlveda]] e [[Manuel Godinho Fernandes]].
Em 1838, o governador Barão do Sabroso (1837-1838), reorganizou o corpo docente uma vez que a maioria dos professores inicialmente designados já não estava a exercer funções e as cadeiras eram leccionadas por lentes interinos. Os professores nomeados eram oito, na sua maioria luso-descendentes e todos já formados na Academia Militar de Goa. Eles eram [[José António de Lemos]], [[Diogo de Mello Sampaio]], [[José Joaquim Soares da Veiga]], [[José António Paulo Gomes]], [[José da Costa Campos]], [[Cândido Garcez Palha]], [[José de Sousa Sepúlveda]] e [[Manuel Godinho Fernandes]].
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==Curricula ==
==Curricula ==
{| class="wikitable"
{| class="wikitable"
| colspan="5" |'''1817-1818'''
| colspan="3" |'''1817-18'''
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|'''Ano'''
|Ano
|'''Nome da Cadeira'''
|"Curso de Besout"
|'''Matérias'''
|'''Livros'''
|'''Professores'''
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|'''1ºAno'''
|
|Aritmética, geometria, trigonometria rectilínea, e esférica, etc... trabalho prático no campo


“Curso de Bésout"
Aritmética, geometria, trigonometria rectilínea, e esférica, etc... trabalho prático no campo
|Bésout
|D. Lourenço de Noronha
|[[Lourenço de Noronha|D. Lourenço de Noronha]]


(Professor efectivo)
Lente efectivo
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|'''2ºAno'''
|2º Ano
|Álgebra
|Algebra
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|Julião José da Silva Vieira
|
|[[Julião da Silva Vieira|Julião José da Silva Vieira]]


(Professor efectivo)
Lente efectivo.
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|'''3ºAno'''
|3º Ano
|Mecânica
|Mecânica.
|Hydrostatica e hidráulica
 
|Bésout
Hidrostática e hidráulica de Besout
|[[Lourenço Caetano Pinto]]
|Lourenço Caetano Pinto


(Professor efectivo)
Lente efectivo.
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|'''4ºAno'''
|4º Ano
|Artilharia
|Aula de Artilharia
|Artilharia, Minas, Trabalho de campo.
|Tratado de João Muller


Minas - Compêndio do General José António da Roza
Tratado de João Muller,  Minas pelo compêndio do General José António da Roza. Trabalho de campo
|[[Joaquim Pereira Marinho]]
|Joaquim Pereira Marinho
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|4º Ano
|Marinha
|Aula de Marinha  
|Trignometria esférica; navegação; desenhos ou riscos das naus, fragatas, ...etc.
 
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Trigonometria esférica; navegação; desenhos ou riscos das naus, fragatas, ...etc.
|[[Maurício Costa Campos]]
|Maurício Costa Campos


(Professor substituto)
Lente substituto
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|5º ano
| rowspan="2" |Arquitectura militar pelo comendador D. António, tanto regular como irregular. Parte prática. 
|Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda
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|'''5ºAno'''
|Arquitectura militar
|Arquitectura militar pelo comendador D. António, tanto regular como irregular. Parte prática.
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|[[Francisco Monteiro Cabral|Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda]]
|João Baptista Alves Porto
 
[[João Baptista Porto|João Baptista Alves Porto]]


(Professor extranumerário)
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'''1820''' - É adicionada uma cadeira de desenho militar<ref name=":1">Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 114</ref>
'''1820''' - É adicionada uma cadeira de desenho militar<ref name=":1">Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 114</ref>
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==Notas==
==Notas==
<!--Ou seja, Notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. A wiki lista a partir das -->
<!--Ou seja, Notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. A wiki lista a partir das -->
<references />Muller, João (Duque de Gloucester). Tratado de Artilharia. Lisboa: officina de joão Antonio Silva. Traduzido do Inglez para uso da Real Academia Militar, e do Corpo da Artilheria, e Dedicado ao Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Luiz Pinto de Souza Coutinho, Ministro, e Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros, e da Guerra. Livro existente na Biblioteca da Escola do Exército Lisboa. (traduzido do inglês por António Teixeira Rebelo)
<references />


==Fontes==
==Fontes==

Revisão das 19h11min de 23 de setembro de 2020


Academia Militar de Goa
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 26 de julho de 1817
Data de extinção agosto de 1841
Localização
Localização Goa, Índia
Início: 26 de julho de 1817

Localização Quartel de Artilharia, Pangim,-Fim: agosto de 1841
Antecessora Aula de Navegação de Goa, Aula de Artilharia de Goa, Aula de Fortificação de Goa

Sucessora Escola Matemática e Militar de Goa


História

Criada pelo Vice-rei Conde do Rio Pardo, a Academia Militar organizava as aulas já existentes em Goa - navegação e artilharia - instituindo três cursos: Artilharia, Marinha e Engenharia. A sua criação e os seus estatutos foram publicados por portaria de 26 de Julho de 1817, que previa o início das aulas para 1 de Setembro de 1817. Porém, estas só iniciaram o seu funcionamento em Janeiro de 1818 e só foram aprovadas regiamente a 1 de Junho de 1818 [1].

O primeiro director da Academia foi Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda, que já dirigia as Aulas de Fortificação juntamente com João Baptista Alves Porto. Oficiais de engenharia do reino, ambos tinham ido para Goa na monção de 1807 com o objectivo especifico de montar a Aula de Fortificação[2], idêntica à que funcionava em Lisboa. A Academia tinha um total de 8 professores, 6 efectivos e 2 substitutos. Para além dos já referidos, Francisco Barbuda e João Alves Porto, também Joaquim Pereira Marinho tinha ido para Goa com a tarefa especifica de ensinar na Academia. As aulas apoiavam-se em oficiais militares que se encontravam ao serviço na Índia como Julião José da Silva Vieira e Lourenço Caetano Pinto, assim como em alguns luso-descendentes, antigos alunos das Aulas que a antecederam, como D. Lourenço de Noronha e Maurício Costa Campos.

A organização da Academia manteve-se até D. Manuel de Portugal e Castro (1826-1835) ter introduzido algumas alterações, entre elas a autonomia e obrigatoriedade da Aula de Desenho que era da responsabilidade de Cândido José Mourão Garcez Palha.

Em 1838, o governador Barão do Sabroso (1837-1838), reorganizou o corpo docente uma vez que a maioria dos professores inicialmente designados já não estava a exercer funções e as cadeiras eram leccionadas por lentes interinos. Os professores nomeados eram oito, na sua maioria luso-descendentes e todos já formados na Academia Militar de Goa. Eles eram José António de Lemos, Diogo de Mello Sampaio, José Joaquim Soares da Veiga, José António Paulo Gomes, José da Costa Campos, Cândido Garcez Palha, José de Sousa Sepúlveda e Manuel Godinho Fernandes.

Pouco tempo depois, no governo do Barão do Candal (1839-1840), grandes alterações começaram a ser introduzidas mas acabaram por ser implementadas durante o governo interino de Joaquim Lopes de Lima (1840-1842). As modificações abrangiam não só a Academia Militar mas também a organização da administração incluindo o Exército e as Obras Publicas.  O texto legislativo que reformou o exército considerou urgente fazer também uma reforma na Academia Militar. Assim em Agosto de 1841 foi aprovada a sua extinção, sendo criada no seu lugar a Escola Matemática e Militar.

Outras informações

Professores

Curricula

1817-18
1º Ano "Curso de Besout"

Aritmética, geometria, trigonometria rectilínea, e esférica, etc... trabalho prático no campo

D. Lourenço de Noronha

Lente efectivo. 

2º Ano Algebra Julião José da Silva Vieira

Lente efectivo.

3º Ano Mecânica.

Hidrostática e hidráulica de Besout

Lourenço Caetano Pinto

Lente efectivo.

4º Ano Aula de Artilharia

Tratado de João Muller, Minas pelo compêndio do General José António da Roza. Trabalho de campo

Joaquim Pereira Marinho
4º Ano Aula de Marinha

Trigonometria esférica; navegação; desenhos ou riscos das naus, fragatas, ...etc.

Maurício Costa Campos

Lente substituto

5º ano Arquitectura militar pelo comendador D. António, tanto regular como irregular. Parte prática.  Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda
João Baptista Alves Porto

Lente extranumerário.

1820 - É adicionada uma cadeira de desenho militar[3]

1838

(Reorganização do corpo docente (BGEI, nº44, 1 de set 1838) pp. 241-242)

1º Ano Obrigações titulo 1 art. 7 dos estatutos José António de Lemos

Lente proprietário

2º Ano Diogo de Mello Sampaio

Lente proprietário

3º Ano José Joaquim Soares da Veiga

Lente proprietário

4º Ano Marinha José António Paulo Gomes

Lente proprietário

4º Ano Artilharia (sem lente proprietário a ser leccionada por um extranumerário)
5º Ano Fortificação José da Costa Campos

Lente proprietário

Aulas de Desenho Cândido José Mourão Garcez Palha

Lente proprietário

José de Souza Sepúlveda

Lente Extranumerário

Manuel Godinho Fernandes

Lente Extranumerário

Notas

  1. Abreu, Miguel Vicente de. O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo do Estado da Índia Portugueza desde 1816 a 1821.Nova Goa: Imprensa Nacional, 1869, 129-134.
  2. João de Melo Sampaio chama-lhe mesmo " aula de matemática aplicada á architectura militar" ou simplesmente aula de arquitectura militar. Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 115 
  3. Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 114

Fontes

Bibliografia

Abreu, Miguel Vicente de. O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo do Estado da Índia Portugueza desde 1816 a 1821. Nova Goa: Imprensa Nacional, 1869, 129-134.

Soares, José Celestino. Bosquejo das possessões Portuguezas no Oriente, ou : Resumo de algumas derrotas da India e da China. Lisboa : Imprensa Nacional, 1851 [1]

Ligações Internas

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Categoria:Academia Militar de Goa

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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