Aula de Fortificação de São Luís: diferenças entre revisões

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Os dados acerca do estabelecimento de uma Aula de Fortificação em São Luís são ainda pouco claros. Foi seguramente enviada ao então Governador do Maranhão, António Albuquerque Coelho de Carvalho (1690-1701), a carta régia datada de 15 de Janeiro de 1699, que determinava que havendo engenheiro no Estado do Maranhão, este deveria ensinar a fortificação.   
Os dados acerca do estabelecimento de uma Aula de Fortificação em São Luís são ainda pouco claros. Foi seguramente enviada ao então Governador do Maranhão, António Albuquerque Coelho de Carvalho (1690-1701), a carta régia datada de 15 de Janeiro de 1699, que determinava que havendo engenheiro no Estado do Maranhão, este deveria ensinar a fortificação.   


''"Governador e Capitão General do Estado do Maranhão. Por ser conveniente ao meu serviço: Hei por bem que nessa Capitania em que há engenheiro, haja aula em que se possa ensinar fortificação havendo nela três discípulos de partido, os quais serão pessoas que tenham a capacidade necessária para poderem aprender, e para se aceitarem: terão ao menos dezoito anos de idade. Os quais, sendo soldados, se lhes dará além do seu soldo meio tostão por dia; e não o sendo vencerão só o dito meio tostão. E todos os anos serão examinados para se ver se se adiantam nos estudos e se tem genio para eles, porque quando não aproveitem pela incapacidade serão logo excluídos, e quando não seja pela pouca aplicação, se lhes assinala tempo para se ver o que se melhoram: e quando se não aproveitem nele serão também despedidos. E quando haja pessoas que voluntariamente queiram aprender sem partido, serão admitidas e ensinadas para que assim possa nesta conquista haver engenheiros, e se evitarem as despesas que se fazem com os que vão deste Reino, e as faltas que fazem ao meu serviço enquanto chegam os que se mandam depois dos outros serem mortos. De que me pareceu avisar-vos, para que tenhais entendido a resolução que fui servido tomar neste particular. Esta ordem mandareis registar nas partes necessárias, e fareis com que se faça publicar para que venha a notícia de todos. Escrita em Lisboa a 15 de janeiro de 1699. Rei"''<ref>AHU_ACL_CU_013, Cx. 34, D. 3160. Cartas Régias (treslados) de 1669 até 1752, existentes na Secretaria do Governo do Pará. </ref>.  
''"Governador e Capitão General do Estado do Maranhão. Por ser conveniente ao meu serviço: Hei por bem que nessa Capitania em que há engenheiro, haja aula em que se possa ensinar fortificação havendo nela três discípulos de partido, os quais serão pessoas que tenham a capacidade necessária para poderem aprender, e para se aceitarem: terão ao menos dezoito anos de idade. Os quais, sendo soldados, se lhes dará além do seu soldo meio tostão por dia; e não o sendo vencerão só o dito meio tostão. E todos os anos serão examinados para se ver se se adiantam nos estudos e se tem genio para eles, porque quando não aproveitem pela incapacidade serão logo excluídos, e quando não seja pela pouca aplicação, se lhes assinala tempo para se ver o que se melhoram: e quando se não aproveitem nele serão também despedidos. E quando haja pessoas que voluntariamente queiram aprender sem partido, serão admitidas e ensinadas para que assim possa nesta conquista haver engenheiros, e se evitarem as despesas que se fazem com os que vão deste Reino, e as faltas que fazem ao meu serviço enquanto chegam os que se mandam depois dos outros serem mortos. De que me pareceu avisar-vos, para que tenhais entendido a resolução que fui servido tomar neste particular. Esta ordem mandareis registar nas partes necessárias, e fareis com que se faça publicar para que venha a notícia de todos. Escrita em Lisboa a 15 de janeiro de 1699. Rei"''<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, Cx. 34, D. 3160. Cartas Régias (treslados) de 1669 até 1752, existentes na Secretaria do Governo do Pará. </ref>.  


O conteúdo da carta é o mesmo das que também foram enviadas no Brasil para o Rio de Janeiro ([[Aula de Fortificação do Rio de Janeiro]]), para a Bahia ([[Aula Militar da Bahia]]) e para Pernambuco ([[Aula Militar do Recife]]), que em todos os casos redundaram em iniciativas, embora com diferentes níveis de continuidade. Cartas similares foram enviadas para os governadores de Angola, Cabo Verde e Goa ([[Aula de Fortificação de Goa]]). Estas cartas confirmam o empenho de D. Pedro II na criação de uma rede alargada de núcleos de formação no Império que se juntam às aulas criadas na metrópole inicialmente em Lisboa ([[Aula de Fortificação e Arquitectura Militar|Aula de Fortificação e Arquitetura Militar]]) e depois em Elvas, Viana e Almeida ([[Aula de Fortificação de Viana]], [[Aula de Fortificação de Almeida]]).  
O conteúdo da carta é o mesmo das que também foram enviadas no Brasil para o Rio de Janeiro ([[Aula de Fortificação do Rio de Janeiro]]), para a Bahia ([[Aula Militar da Bahia]]) e para Pernambuco ([[Aula Militar do Recife]]), que em todos os casos redundaram em iniciativas, embora com diferentes níveis de continuidade. Cartas similares foram enviadas para os governadores de Angola, Cabo Verde e Goa ([[Aula de Fortificação de Goa]]). Estas cartas confirmam o empenho de D. Pedro II na criação de uma rede alargada de núcleos de formação no Império que se juntam às aulas criadas na metrópole inicialmente em Lisboa ([[Aula de Fortificação e Arquitectura Militar|Aula de Fortificação e Arquitetura Militar]]) e depois em Elvas, Viana e Almeida ([[Aula de Fortificação de Viana]], [[Aula de Fortificação de Almeida]]).  
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Tal como na Bahia, ou mesmo no Rio de Janeiro, também no caso do Estado do Maranhão e Grão Pará, pode-se identificar alguns antecedentes e diligências no sentido de estabelecer processos de formação e transmissão de conhecimentos de engenharia. É significativo neste sentido o papel desempenhado por [[Pedro de Azevedo Carneiro]] que foi nomeado em 1685 engenheiro do Maranhão e Grão Pará, tendo permanecido no Estado até 1692. São várias as referências na sua correspondência de que era necessário enviar mais engenheiros para o Estado. Em mais de uma ocasião sugere e recomenda que se criem aulas para ensinar engenharia e artilharia propondo-se para ambas as funções e afirmando igualmente que já ensinava o seu filho e sobrinho que tinham ido consigo para o Maranhão.   
Tal como na Bahia, ou mesmo no Rio de Janeiro, também no caso do Estado do Maranhão e Grão Pará, pode-se identificar alguns antecedentes e diligências no sentido de estabelecer processos de formação e transmissão de conhecimentos de engenharia. É significativo neste sentido o papel desempenhado por [[Pedro de Azevedo Carneiro]] que foi nomeado em 1685 engenheiro do Maranhão e Grão Pará, tendo permanecido no Estado até 1692. São várias as referências na sua correspondência de que era necessário enviar mais engenheiros para o Estado. Em mais de uma ocasião sugere e recomenda que se criem aulas para ensinar engenharia e artilharia propondo-se para ambas as funções e afirmando igualmente que já ensinava o seu filho e sobrinho que tinham ido consigo para o Maranhão.   


Não se tem informação segura se, além do seu filho e sobrinho, Pedro de Azevedo Carneiro terá ensinado mais alguém. Em carta régia datada de 23 de Março de 1688 o governador do Maranhão foi instado a informar “''quais os discípulos que ele tinha ensinado”'' e a sustar o processo<ref>AHU códice 268, f. 61. </ref>.  
Não se tem informação segura se, além do seu filho e sobrinho, Pedro de Azevedo Carneiro terá ensinado mais alguém. Em carta régia datada de 23 de Março de 1688 o governador do Maranhão foi instado a informar “''quais os discípulos que ele tinha ensinado”'' e a sustar o processo<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU códice 268, f. 61. </ref>.  


De todos os modos, em 1695, ainda antes do decreto régio, Azevedo Carneiro, já de volta à Lisboa, voltará a sugerir que se instale, desta feita no Pará, ''“uma casa de tenência onde esteja o trem de artilharia, e onde se leia lição, ao menos duas vezes na semana, e quando se queira encarregar o sargento mor engenheiro José Velho de Azevedo me parece capaz de poder ensinar artilheiros, e mais oficiais na lição assim de suas obrigações”''<ref>Relatório de Pedro de Azevedo Carneiro, datado de 30 de Dezembro de 1695, publicado in Reis, Arthur Cézar Ferreira. As Fortificações da Amazônia no Período Colonial. ''Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro'' 344 (jul/set. 1984): 217-227.</ref>. Importa ter em conta que [[José Velho de Azevedo]]  tinha feito a sua formação com seu pai [[Jerónimo Velho de Azevedo]] na [[Aula de Fortificação de Almeida]].
De todos os modos, em 1695, ainda antes do decreto régio, Azevedo Carneiro, já de volta à Lisboa, voltará a sugerir que se instale, desta feita no Pará, ''“uma casa de tenência onde esteja o trem de artilharia, e onde se leia lição, ao menos duas vezes na semana, e quando se queira encarregar o sargento mor engenheiro José Velho de Azevedo me parece capaz de poder ensinar artilheiros, e mais oficiais na lição assim de suas obrigações”''<ref>Relatório de Pedro de Azevedo Carneiro, datado de 30 de Dezembro de 1695, publicado in Reis, Arthur Cézar Ferreira. As Fortificações da Amazônia no Período Colonial. ''Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro'' 344 (jul/set. 1984): 217-227.</ref>. Importa ter em conta que [[José Velho de Azevedo]]  tinha feito a sua formação com seu pai [[Jerónimo Velho de Azevedo]] na [[Aula de Fortificação de Almeida]].


Mas também sobre estas eventuais lições não se tem informações seguras. Importa no entanto referir que o mesmo [[José Velho de Azevedo]] foi nomeado em 27 de dezembro de 1698, sargento-mor da capitania do Rio de Janeiro, com ''“declaração que será obrigado a ensinar aos artilheiros”<ref>Viterbo, Francisco Marques de Sousa. ''Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ...'' Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 3, p. 174.</ref>. Embora José Velho de Azevedo não tenha saído do Pará para ir ao Rio de Janeiro, esta determinação de que deveria ensinar aos artilheiros é invocada, nos mesmos termos, em carta régia de 13 de Março de 1696, dirigida ao governador do Maranhão dizendo que deveria obrigar o engenheiro José Velho de Azevedo “que ensinasse aos artilheiros por esta ser uma das condições com que passou ao dito Estado”''<ref>AHU_ACL_009, Cx. 9, D.950.</ref>.  
Mas também sobre estas eventuais lições não se tem informações seguras. Importa no entanto referir que o mesmo [[José Velho de Azevedo]] foi nomeado em 27 de dezembro de 1698, sargento-mor da capitania do Rio de Janeiro, com ''“declaração que será obrigado a ensinar aos artilheiros”<ref>Viterbo, Francisco Marques de Sousa. ''Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ...'' Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 3, p. 174.</ref>. Embora José Velho de Azevedo não tenha saído do Pará para ir ao Rio de Janeiro, esta determinação de que deveria ensinar aos artilheiros é invocada, nos mesmos termos, em carta régia de 13 de Março de 1696, dirigida ao governador do Maranhão dizendo que deveria obrigar o engenheiro José Velho de Azevedo “que ensinasse aos artilheiros por esta ser uma das condições com que passou ao dito Estado”''<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_009, Cx. 9, D.950.</ref>.  


Alem disso, [[Custódio Pereira]], que tinha sido nomeado engenheiro do Estado em 1961, em substituição de Pedro de Azevedo Carneiro,  foi relembrado da sua obrigação de mestre, quando em 1705 foi alçado a sargento-mor do Maranhão e a sua carta patente dizia ''“que será obrigado a ensinar as pessoas que quiserem aprender a engenheiros sem por isso levar salário algum por ser em utilidade daquele Estado”''<ref>Viterbo, Francisco Marques de Sousa. ''Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ...'' Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 2, p. 245.</ref>.
Alem disso, [[Custódio Pereira]], que tinha sido nomeado engenheiro do Estado em 1961, em substituição de Pedro de Azevedo Carneiro,  foi relembrado da sua obrigação de mestre, quando em 1705 foi alçado a sargento-mor do Maranhão e a sua carta patente dizia ''“que será obrigado a ensinar as pessoas que quiserem aprender a engenheiros sem por isso levar salário algum por ser em utilidade daquele Estado”''<ref>Viterbo, Francisco Marques de Sousa. ''Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ...'' Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 2, p. 245.</ref>.

Revisão das 18h58min de 6 de dezembro de 2022


Aula de Fortificação de São Luís
(valor desconhecido)
Outras denominações valor desconhecido
Tipo de Instituição Ensino Militar
Data de fundação 1699
Data de extinção valor desconhecido
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização São Luís, Maranhão, Brasil
Início: 1699
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Aula de Fortificação de Belém

História

Os dados acerca do estabelecimento de uma Aula de Fortificação em São Luís são ainda pouco claros. Foi seguramente enviada ao então Governador do Maranhão, António Albuquerque Coelho de Carvalho (1690-1701), a carta régia datada de 15 de Janeiro de 1699, que determinava que havendo engenheiro no Estado do Maranhão, este deveria ensinar a fortificação.

"Governador e Capitão General do Estado do Maranhão. Por ser conveniente ao meu serviço: Hei por bem que nessa Capitania em que há engenheiro, haja aula em que se possa ensinar fortificação havendo nela três discípulos de partido, os quais serão pessoas que tenham a capacidade necessária para poderem aprender, e para se aceitarem: terão ao menos dezoito anos de idade. Os quais, sendo soldados, se lhes dará além do seu soldo meio tostão por dia; e não o sendo vencerão só o dito meio tostão. E todos os anos serão examinados para se ver se se adiantam nos estudos e se tem genio para eles, porque quando não aproveitem pela incapacidade serão logo excluídos, e quando não seja pela pouca aplicação, se lhes assinala tempo para se ver o que se melhoram: e quando se não aproveitem nele serão também despedidos. E quando haja pessoas que voluntariamente queiram aprender sem partido, serão admitidas e ensinadas para que assim possa nesta conquista haver engenheiros, e se evitarem as despesas que se fazem com os que vão deste Reino, e as faltas que fazem ao meu serviço enquanto chegam os que se mandam depois dos outros serem mortos. De que me pareceu avisar-vos, para que tenhais entendido a resolução que fui servido tomar neste particular. Esta ordem mandareis registar nas partes necessárias, e fareis com que se faça publicar para que venha a notícia de todos. Escrita em Lisboa a 15 de janeiro de 1699. Rei"[1].

O conteúdo da carta é o mesmo das que também foram enviadas no Brasil para o Rio de Janeiro (Aula de Fortificação do Rio de Janeiro), para a Bahia (Aula Militar da Bahia) e para Pernambuco (Aula Militar do Recife), que em todos os casos redundaram em iniciativas, embora com diferentes níveis de continuidade. Cartas similares foram enviadas para os governadores de Angola, Cabo Verde e Goa (Aula de Fortificação de Goa). Estas cartas confirmam o empenho de D. Pedro II na criação de uma rede alargada de núcleos de formação no Império que se juntam às aulas criadas na metrópole inicialmente em Lisboa (Aula de Fortificação e Arquitetura Militar) e depois em Elvas, Viana e Almeida (Aula de Fortificação de Viana, Aula de Fortificação de Almeida).

Tal como na Bahia, ou mesmo no Rio de Janeiro, também no caso do Estado do Maranhão e Grão Pará, pode-se identificar alguns antecedentes e diligências no sentido de estabelecer processos de formação e transmissão de conhecimentos de engenharia. É significativo neste sentido o papel desempenhado por Pedro de Azevedo Carneiro que foi nomeado em 1685 engenheiro do Maranhão e Grão Pará, tendo permanecido no Estado até 1692. São várias as referências na sua correspondência de que era necessário enviar mais engenheiros para o Estado. Em mais de uma ocasião sugere e recomenda que se criem aulas para ensinar engenharia e artilharia propondo-se para ambas as funções e afirmando igualmente que já ensinava o seu filho e sobrinho que tinham ido consigo para o Maranhão.

Não se tem informação segura se, além do seu filho e sobrinho, Pedro de Azevedo Carneiro terá ensinado mais alguém. Em carta régia datada de 23 de Março de 1688 o governador do Maranhão foi instado a informar “quais os discípulos que ele tinha ensinado” e a sustar o processo[2].

De todos os modos, em 1695, ainda antes do decreto régio, Azevedo Carneiro, já de volta à Lisboa, voltará a sugerir que se instale, desta feita no Pará, “uma casa de tenência onde esteja o trem de artilharia, e onde se leia lição, ao menos duas vezes na semana, e quando se queira encarregar o sargento mor engenheiro José Velho de Azevedo me parece capaz de poder ensinar artilheiros, e mais oficiais na lição assim de suas obrigações”[3]. Importa ter em conta que José Velho de Azevedo  tinha feito a sua formação com seu pai Jerónimo Velho de Azevedo na Aula de Fortificação de Almeida.

Mas também sobre estas eventuais lições não se tem informações seguras. Importa no entanto referir que o mesmo José Velho de Azevedo foi nomeado em 27 de dezembro de 1698, sargento-mor da capitania do Rio de Janeiro, com “declaração que será obrigado a ensinar aos artilheiros”[4]. Embora José Velho de Azevedo não tenha saído do Pará para ir ao Rio de Janeiro, esta determinação de que deveria ensinar aos artilheiros é invocada, nos mesmos termos, em carta régia de 13 de Março de 1696, dirigida ao governador do Maranhão dizendo que deveria obrigar o engenheiro José Velho de Azevedo “que ensinasse aos artilheiros por esta ser uma das condições com que passou ao dito Estado”[5].

Alem disso, Custódio Pereira, que tinha sido nomeado engenheiro do Estado em 1961, em substituição de Pedro de Azevedo Carneiro,  foi relembrado da sua obrigação de mestre, quando em 1705 foi alçado a sargento-mor do Maranhão e a sua carta patente dizia “que será obrigado a ensinar as pessoas que quiserem aprender a engenheiros sem por isso levar salário algum por ser em utilidade daquele Estado”[6].

Em síntese, o que se sabe é que, mesmo com eventuais resistências em algumas circunstâncias, existiu intenção de estabelecer o ensino de fortificação e artilharia no Estado do Maranhão e Grão Pará, ainda no século XVII. Não se tem dados concretos que confirmem a existência oficial de uma aula, mas os engenheiros enviados para o Estado terão provavelmente dado lições, a nível particular (como Pedro de Azevedo Carneiro o fez, pelo menos ao seu filho e sobrinho), ou mais abertas, como pode ter ocorrido com José Velho de Azevedo e Custódio Pereira.

Ao longo da primeira metade do século XVIII não há outras referências documentais relativas a aulas ministradas no Estado. Em 1757, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado vai estabelecer oficialmente uma aula em Belém, ministrada por Manuel Álvares Calheiros. Ver Aula de Fortificação de Belém.

Outras informações

Professores

Curricula

Notas

  1. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, Cx. 34, D. 3160. Cartas Régias (treslados) de 1669 até 1752, existentes na Secretaria do Governo do Pará.
  2. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU códice 268, f. 61.
  3. Relatório de Pedro de Azevedo Carneiro, datado de 30 de Dezembro de 1695, publicado in Reis, Arthur Cézar Ferreira. As Fortificações da Amazônia no Período Colonial. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 344 (jul/set. 1984): 217-227.
  4. Viterbo, Francisco Marques de Sousa. Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ... Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 3, p. 174.
  5. Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_009, Cx. 9, D.950.
  6. Viterbo, Francisco Marques de Sousa. Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ... Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 2, p. 245.

Fontes

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, Cx. 3, D. 267. 1687, setembro, 19. Carta do Governador e capitão General do Estado do Maranhão e Grão Pará, Artur de Sá e Meneses, para o rei sobre a construção de fortalezas no Cabo do Norte. Anexo: 5 cartas.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_009, Cx. 9, D.950. 1697, Novembro, 18, Lisboa. Consulta do Conselho Ultramarino ao rei D. Pedro II, sobre vários assuntos: apontamentos do capitão engenheiros Pedro de Azevedo Carneiro acerca das fortalezas do Maranhão; sobre a obrigatoriedade do engenheiro José Velho de Azevedo ensinar os artilheiros e ainda sobre a ida de soldados da ilha da Madeira para o Maranhão.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU_ACL_CU_013, Cx. 34, D. 3160. Cartas Régias (treslados) de 1669 até 1752, existentes na Secretaria do Governo do Pará.

Arquivo Histórico Ultramarino. AHU códice 268, f. 61.

Bibliografia

Araujo, Renata. As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão. Porto: Faup Edições, 1998.

Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: O Brasil dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011.

Reis, Arthur Cézar Ferreira. As Fortificações da Amazônia no Período Colonial. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 344 (jul/set. 1984): 217-227.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, 3 vols.. Lisboa: Tipografia da Academia Real das Ciências, 1899.

Ligações Internas

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Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Renata Araújo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078.

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/8mpb-hmw1

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