Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro: diferenças entre revisões

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Esta aula ,"formada de novo", surge na sequência da anterior [[Aula de Fortificação do Rio de Janeiro]] que vinha funcionando, talvez com algumas interrrupções,  desde o final do século XVII. O papel de Alpoim é, como vimos, central na constituição da Aula do Terço, reforçando o interesse nas matérias específicas de artilharia. Mas, tal como na aula precedente,  também se ditavam seguramente matérias relativas à fortificação. Assim o garantia a formação de Alpoim feita no reino, inicialmente na [[Academia de Fortificação de Viana]], junto a  seu tio, [[Manuel Pinto de Vilalobos]], e continuada na [[Aula de Fortificação e Arquitectura Militar]] de Lisboa, com [[Manuel de Azevedo Fortes]]. Também a sua própria experiência como mestre, pois terá sido lente substituto ainda na [[Aula de Fortificação de Viana]] e depois na [[Aula de Fortificação de Almeida]], instituída pelo decreto régio de D. João V de 24 de Dezembro de 1732, juntamente com a Aula de Fortificação de Elvas. 


Com efeito, a própria criação da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro, não pode ser desvinculada deste mesmo contexto em que é patente um investimento acrescido na formação militar, que ocorre quase em simultâneo quer no desdobramento dos locais de formação no reino, quer nos territórios do império. Para tal foi de fundamental importância o papel desempenhado por [[Manuel de Azevedo Fortes]]<ref>Araujo, Renata Malcher. “Manoel de Azevedo Fortes e o estatuto dos engenheiros portugueses.” In ''Manoel de Azevedo Fortes (1660-1749). Cartografia, Cultura e Urbanismo,'' 15-34. Porto: GEDES, 2006. </ref>.  
Com efeito, a própria criação da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro, não pode ser desvinculada deste mesmo contexto em que é patente um investimento acrescido na formação militar, que ocorre quase em simultâneo quer no desdobramento dos locais de formação no reino, quer nos territórios do império. Para tal foi de fundamental importância o papel desempenhado por [[Manuel de Azevedo Fortes]]<ref>Araujo, Renata Malcher. “Manoel de Azevedo Fortes e o estatuto dos engenheiros portugueses.” In ''Manoel de Azevedo Fortes (1660-1749). Cartografia, Cultura e Urbanismo,'' 15-34. Porto: GEDES, 2006. </ref>.  
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Em 1792 a Aula do Terço de Artilharia, também conhecida por Aula do Regimento de Artilharia, foi reformada passando a chamar-se [[Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho]], continuando a ser dirigida por [[António Joaquim de Oliveira]].   
Em 1792 a Aula do Terço de Artilharia, também conhecida por Aula do Regimento de Artilharia, foi reformada passando a chamar-se [[Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho]], continuando a ser dirigida por [[António Joaquim de Oliveira]].   
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Revisão das 16h16min de 26 de novembro de 2021


Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro
(valor desconhecido)
Outras denominações Aula do Regimento de Artilharia do Rio de Janeiro
Tipo de Instituição Ensino Militar
Data de fundação 13 agosto 1738
Data de extinção 1792
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Início: 13 de agosto de 1738
Fim: 1792
Antecessora Aula de Fortificação do Rio de Janeiro

Sucessora Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho

História

Em 13 de agosto de 1738 foi criada por carta régia a Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro e em 19 de agosto de 1738 José Fernandes Pinto Alpoim foi nomeado lente da aula, tendo ali servido praticamente até a sua morte, em 1765. O documento em que se comunica ao governador a decisão régia esclarece os objetivos e o modo de funcionamento da Aula.

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Esta aula ,"formada de novo", surge na sequência da anterior Aula de Fortificação do Rio de Janeiro que vinha funcionando, talvez com algumas interrrupções, desde o final do século XVII. O papel de Alpoim é, como vimos, central na constituição da Aula do Terço, reforçando o interesse nas matérias específicas de artilharia. Mas, tal como na aula precedente, também se ditavam seguramente matérias relativas à fortificação. Assim o garantia a formação de Alpoim feita no reino, inicialmente na Academia de Fortificação de Viana, junto a seu tio, Manuel Pinto de Vilalobos, e continuada na Aula de Fortificação e Arquitectura Militar de Lisboa, com Manuel de Azevedo Fortes. Também a sua própria experiência como mestre, pois terá sido lente substituto ainda na Aula de Fortificação de Viana e depois na Aula de Fortificação de Almeida, instituída pelo decreto régio de D. João V de 24 de Dezembro de 1732, juntamente com a Aula de Fortificação de Elvas.

Com efeito, a própria criação da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro, não pode ser desvinculada deste mesmo contexto em que é patente um investimento acrescido na formação militar, que ocorre quase em simultâneo quer no desdobramento dos locais de formação no reino, quer nos territórios do império. Para tal foi de fundamental importância o papel desempenhado por Manuel de Azevedo Fortes[1].

Em 1744 Alpoim publicou Exame de Artilheiros (Lisboa: Oficina de José Antonio Plates) e em 1748 Exame de Bombeiros (Madrid: Oficina de Francisco Martinez Abad), tratados que sintetizam as matérias ensinadas na Aula. Mesmo durante o período em que esteve em campanha com Gomes Freire de Andrade, nas demarcações de limites (1752-1759) e na guerra guaranítica (1753-1756), há relatos de que Alpoim continuava a ensinar nos próprios acampamentos. No poema o Uraguai, de Basílio da Gama, que foi um dos seus discípulos, há uma estrofe em que se louva o seu papel pedagógico. Este aspecto é significativo, na medida em que reafirma quer a estrutura metodológica das aulas, fundada sobre aplicação prática dos conhecimentos, quer a sua função pragmática e eminentemente multiplicadora.

Em 1748 André Ribeiro Coutinho, autor do tratado Capitão de Infantaria, era mestre de campo do batalhão de artilharia e, junto a Alpoim, lente da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro[2]. Depois da morte de Alpoim, em 1765, o sargento-mor Eusébio António de Ribeiros foi o lente da Aula, entre 1768 e 1774 [3]. Foi substituído neste ano pelo Tenente coronel António Joaquim de Oliveira que vinha com a função de "lente da Aula do Regimento de Artilharia desta capital e com a obrigação de ensinar igualmente a Arquitetura Militar a seis aulistas praticantes", escolhidos pelo vice-rei[3]. António Joaquim de Oliveira foi lente entre 1774 e 1795 e teve como ajudantes o cadete Caetano Pimentel e o sargento-mor José Pereira Pinto[4]. Trouxe do reino vários instrumentos para serem usados no curso, como bússulas, pranchetas, quadrantes e livros, entre os quais quatorze jogos do Noveau Curs Mathematique e um volume do La Science des Ingénieurs, de Bernard Forest de Bélidor[5]. Ainda no ano de 1774 se acrescentou à Aula do Terço de Artilharia a disciplina de arquitetura militar[4]. Em 1790, José Lane, autor de um tratado sobre Arquitetura Militar, tradução da obra de Antoni, lecionava na aula[2]. Entre os alunos que passaram pela Aula do Terço pode citar-se Alexandre Eloy Portelli.

Em 1792 a Aula do Terço de Artilharia, também conhecida por Aula do Regimento de Artilharia, foi reformada passando a chamar-se Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, continuando a ser dirigida por António Joaquim de Oliveira.


Outras informações

Professores

José Fernandes Pinto Alpoim (1738-1765); André Ribeiro Coutinho (1748); Eusébio António de Ribeiros (1768); António Joaquim de Oliveira (1774-1795);

Curricula 

Notas

  1. Araujo, Renata Malcher. “Manoel de Azevedo Fortes e o estatuto dos engenheiros portugueses.” In Manoel de Azevedo Fortes (1660-1749). Cartografia, Cultura e Urbanismo, 15-34. Porto: GEDES, 2006.
  2. 2,0 2,1 Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011, p. 211.
  3. 3,0 3,1 Cavalcanti, Nireu Oliveira. Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798. Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007, p. 45.
  4. 4,0 4,1 Piva, Teresa. “A Evolução Da Engenharia Militar No Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil, 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.
  5. Pardal, Paulo. Brasil 1792: Início do Ensino da Engenharia Civil e da Escola de Engenharia da UFRJ. [Salvador]: Odebrecht, 1985.

Fontes

Bibliografia

Araujo, Renata Malcher. “Manoel de Azevedo Fortes e o estatuto dos engenheiros portugueses.” In Manoel de Azevedo Fortes (1660-1749). Cartografia, Cultura e Urbanismo, 15-34. Porto: GEDES, 2006.

Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011.

Cavalcanti, Nireu Oliveira. Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798. Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007.

Pardal, Paulo. “Nota Biografica e Análise Crítica.” In Exame de Artilheiros de José Fernandes Pinto Alpoim 1744 (Reprodução Fac-Similar), 13–72. Rio de Janeiro: Xerox do Brasil, 1987.

Pardal, Paulo. Brasil 1792: Início do Ensino da Engenharia Civil e da Escola de Engenharia da UFRJ. [Salvador]: Odebrecht, 1985.

Piva, Teresa. “A Evolução Da Engenharia Militar No Rio de Janeiro de 1765 a 1810.” In História Da Ciência Luso-Brasileira. Coimbra Entre Portugal e o Brasil, 145–56. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.

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Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Renata Araujo

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

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