Academia Militar do Alentejo

Fonte: eViterbo
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Academia Militar do Alentejo
(valor desconhecido)
Outras denominações Academia Militar de Estremoz, Aula de Fortificação de Estremoz, Academia Militar da Província do Alentejo
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 1736
Data de extinção valor desconhecido
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Estremoz, Évora, Portugal
Início: 1736
Antecessora valor desconhecido

Sucessora valor desconhecido


História

Deve-se começar por esclarecer que uma Aula de Fortificação de Estremoz não terá funcionado no século XVII. Na verdade, se em 1666 existe referência ao facto de ter sido ordenado a Luís Serrão Pimentel que ensinasse fortificação em Estremoz, encontrando-se até prevista uma casa destinada para esse fim, sabemos pelas próprias palavras do engenheiro que essa ordem não teve efeito devido à desmobilização militar de 1668[1][2][3]. É de notar que funcionaria ainda por esses anos a Aula de Fortificação de Elvas, no colégio jesuíta da cidade, que terá terminado precisamente nessa conjuntura.

Sabemos que mais tarde, a carta régia de 21 de Julho de 1701 decretou a criação de aulas de fortificação em várias províncias do reino, indicando Manuel Mexia da Silva como engenheiro que ficaria responsável pela aula de fortificação da província do Alentejo, enquanto nomeava também Manuel Pinto de Vilalobos e Jerónimo Velho de Azevedo para outras províncias, por serem considerados muito capazes de dar doutrina proveitosa a soldados ou outros que tivessem capacidade para o estudo de fortificações[4][5]. De momento, não são conhecidos dados que nos permitam afirmar que Manuel Mexia o fez de facto e se tal ocorreu em Elvas, Estremoz ou noutra praça.

Quando depois, em 1720, Manuel de Azevedo Fortes apresentou ao rei a sua proposta para a reforma da organização dos engenheiros, ao referir-se aos efeitos do anterior decreto de 1701, afirmou que a criação de novas academias só teve efeito em Viana, o que tem levado a considerar que não houve sequência relativamente às aulas, tanto na Beira como no Alentejo[6]. O mesmo problema pode ser identificado relativamente ao posterior decreto de 1732, que deu continuidade à Aula de Fortificação de Viana e que determinou o estabelecimento de mais duas academias militares, uma em Almeida e outra em Elvas[7][8][9].

No entanto, o engenheiro Dionísio de Castro, formado pela Aula de Fortificação de Lisboa entre 1708 e 1716, tendo sido aprovado com distinção no seu exame e já com larga experiência prática, foi nomeado em 1736 lente da Academia Militar do Alentejo, “[...] porque assim na profissão de engenheiro, como na ciência da artilharia é tão profundo que por esta razão foi eleito para Mestre."[10][11]. Sublinha-se a referência que, em 1748, Dionísio de Castro "[...] está sendo mestre na Aula de Estremoz mostrando-se pelo progresso dos discípulos a capacidade do Mestre. [...] ditando em doze anos todas as matérias instrutivas para criar Engenheiros e oficiais de Artilharia, como bem se tem mostrado e [...] havendo na dita Academia outros Discípulos capazes do exercício de Engenheiro, ensinando-os a desenhar plantas tanto militares como civis, e Máquinas, para cujo emprego ocupou Vossa Majestade na Corte ao Tenente-Coronel Mr. Chermont, para desenho das plantas militares, ao Sargento-mor Carlos Andreis para as civis, o Sargento-mor La Pomoré para as Máquinas, e o Sargento-mor José Sanches da Silva Lente da Artilharia, suprindo a todos o suplicante na sua Academia."[10][11].

Eram referidos como antigos discípulos desta academia, em 1748, os engenheiros Manuel Garcia Pereira e António Cardoso Piçarra[10][11]. Por seu turno, Manuel Álvares Calheiros e Luís Afonso Cabral, atendendo à aplicação com que se tinham distinguido nos estudos das Academia militares da corte e do Alentejo, foram nomeados como ajudantes de infantaria com exercício de engenheiro, em 16 de Maio de 1751[12][13]. Um outro discípulo, João António Infante, assinava vários desenhos em 1758 como "Praticante de Número da Academia Militar da Província do Alentejo e Praça de Estremoz"[14]. Alguns anos depois, também João Pedro Estrael aparece também identificado como "Discípulo do número da Academia Militar do Alentejo", tendo solicitado à coroa em 1757 para ser examinado na corte a fim de obter o cargo de ajudante engenheiro[15].

Outras informações

Podemos associar o percurso de Manuel Cardoso de Saldanha, natural de Estremoz e com carreira militar no Alentejo antes de rumar ao Brasil, em 1749, onde leccionou na Aula da Bahia, à forte possibilidade da sua formação ter decorrido na Aula de Estremoz. José António Caldas, também regente da aula da Bahia, reivindicava em 1771 um salário correspondente a esse exercício, usando como termo de comparação as aulas da metrópole, “o mesmo soldo que de mais se dá pelo exercício de ler ao lente da academia de Estremoz, ou ao lente que dita artilharia na torre de São Julião da Barra"[16].

Professores

1736 Dionísio de Castro

Curricula

1736-1748, Desenho de plantas civis e militares, e de máquinas

1736-1748, Artilharia

Notas

  1. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 36, Consulta de 13 Abril de 1666, sobre o requerimento de Luís Serrão Pimentel para publicar o Método Lusitânico.
  2. Soromenho, "Manuel Pinto de Vilalobos", 48.
  3. Ferreira, "Luís Serrão Pimentel", 159.
  4. Arquivo Histórico Militar, fundo 3, série 5.3, caixa 6, nº 12, cópia do Decreto de 20 de Julho de 1701.
  5. Sepúlveda, História Orgânica e Política, vol. V: 105-106.
  6. Fortes, Representação a Sua Magestade sobre a forma e direcção que devem ter os Engenheiros...
  7. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, maço 91, nº 28.
  8. Arquivo Arquivo Histórico Militar, fundo 3, série 5.3, caixa 6, peça 1, cópia do Decreto de 24 de Dezembro de 1732.
  9. Chaby, Synopse dos Decretos, vol. IV: 286.
  10. 10,0 10,1 10,2 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, Maço 107 H, Consulta de 4 de Novembro de 1748.
  11. 11,0 11,1 11,2 Ribeiro, "A formação dos engenheiros militares, 103-104.
  12. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, maço 110, nº 52.
  13. Viterbo, Diccionario Histórico e Documental, vol. I: 149; 59-160.
  14. João António Infante, plantas das praças Monsaraz, Juromenha, Noudar, etc. e Quartel dos Dragões em Évora, Direcção de Infraestruturas do Exército, Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar, cotas: 2056-2-18-263073-2-21-30, 2056-2-18-26, 1812-1A-15-20, entres outros exemplares.
  15. Arquivo Histórico Militar, fundo 3, série 5.3, caixa 6, peça 9, Consulta da Junta dos Três Estados sobre pedido de exame de João Pedro Estrael para ser examinado, 20 de Abril de 1762.
  16. Arquivo Histórico Ultramarino, AHU_CU_Brasil_Bahia (Catálogo Castro e Almeida), Doc. 8529-8537, ofício do governador, conde Povolide, no qual informa favoravelmente acerca de vários requerimentos de José António Caldas, 6 de Agosto de 1771.

Fontes

Arquivo Histórico Militar, fundo 3, série 5.3, caixa 6, peça 9, Consulta da Junta dos Três Estados sobre pedido de exame de João Pedro Estrael para ser examinado, 20 de Abril de 1762.

Arquivo Histórico Militar, fundo 3, série 5.3, caixa 6, peça 12, cópia do Decreto de 20 de Julho de 1701.

Arquivo Histórico Ultramarino, AHU_CU_Brasil_Bahia (Catálogo Castro e Almeida), Doc. 8529-8537, ofício do governador, conde Povolide, no qual informa favoravelmente acerca de vários requerimentos de José António Caldas, 6 de Agosto de 1771.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 36, Consulta de 13 Abril de 1666 sobre requerimento de Luís Serrão Pimentel.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Consultas, maço 107 H, Consulta de 4 de Novembro de 1748.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 91, nº 28.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Conselho de Guerra, Decretos, maço 110, nº 52.

Fortes, Manuel de Azevedo, Representação a Sua Magestade sobre a forma e direcção que devem ter os Engenheiros para melhor servirem ao dito Senhor neste Reyno, e nas suas conquistas. Lisboa: Oficina de Matias Pereira da Silva, 1720.

Bibliografia

Chaby, Cláudio de. Synopse dos Decretos Remettidos ao Extincto Conselho da Guerra, vol. IV. Lisboa: Imprensa Nacional, 1869.

Ferreira, Nuno Alexandre Martins. "Luís Serrão Pimentel (1613-1679): Cosmógrafo Mor e Engenheiro Mor de Portugal." Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa, 2009.

Ribeiro, Dulcyene Maria. "A formação dos engenheiros militares: Azevedo Fortes, Matemática e ensino da engenharia militar no século XVIII em Portugal e no Brasil". Tese Doutoramento, Universidade de São Paulo, 2009.

Sepúlveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Orgânica e Política do Exército Portuguez, Provas, vol. V. Lisboa: Imprensa Nacional, 1910.

Soromenho, Miguel. "Manuel Pinto de Vilalobos, da Engenharia Militar à Arquitectura". Tese de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 1991.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Histórico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal, Vol I. Lisboa: Imprensa Nacional, 1899.

Ligações Internas

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Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Margarida Tavares da Conceição

IHA - Instituto de História da Arte, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa / IN2PAST — Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território

https://orcid.org/0000-0003-3041-9235.

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

Fortes, Manuel de Azevedo, Representação a Sua Magestade sobre a forma e direcção que devem ter os Engenheiros para melhor servirem ao dito Senhor neste Reyno, e nas suas conquistas. Lisboa: Oficina de Matias Pereira da Silva, 1720

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