Academia Militar de Goa: diferenças entre revisões

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<!--Localização-->
==História==
|Localização1 =<!-- adicione a Cidade, Distrito, Região ou semelhante, País com um link escolhendo uma das opções disponíveis que estão georreferenciadas. Caso o local não esteja ainda referenciado na wiki peça através do email do projecto para o local ser adicionado.Ex:[[Lisboa, Lisboa, Portugal]] -->[[Goa, Índia]]
<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na infobox. subdividida em períodos se necessário-->
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Criada pelo Vice-rei Conde do Rio Pardo, a Academia Militar organizava as aulas já existentes em Goa - [[Aula de Marinha de Goa|Marinha]], [[Aula de Artilharia de Goa|Artilharia]] e [[Aula de Fortificação de Goa|Fortificação]] - instituindo três cursos, que tinham como base os pré-existentes: Artilharia, Marinha e Engenharia.  A sua criação e os seus estatutos foram publicados por portaria de 26 de Julho de 1817, que previa o início das aulas para 1 de Setembro de 1817. Porém, estas só iniciaram o seu funcionamento em Janeiro de 1818 e só foram aprovadas regiamente a 1 de Junho de 1818 <ref name=":0">Abreu, ''O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo'', 129-134.
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O primeiro director da Academia foi [[Francisco Monteiro Cabral|Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda]], que já dirigia as Aulas de Fortificação juntamente com [[João Baptista Porto|João Baptista Alves Porto]]. Oficiais de engenharia do reino, ambos tinham ido para Goa na monção de 1807 com o objetivo específico de montar a [[Aula de Fortificação de Goa|Aula de Fortificação]]<ref>João de Melo Sampaio chama-lhe mesmo "aula de matemática aplicada á architectura militar" ou simplesmente "aula de arquitectura militar", Sampaio “Breve Notícia da Origem e Divulgação dos Estudos Superiores em Goa”, 115 </ref>, idêntica à que funcionava em Lisboa.
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A Academia tinha um total de 8 professores, 6 efetivos e 2 substitutos. Para além dos já referidos, Francisco Barbuda e João Alves Porto, também [[Joaquim Pereira Marinho]] tinha ido para Goa com a tarefa especifica de ensinar na Academia. As aulas apoiavam-se em oficiais militares que se encontravam ao serviço na Índia como [[Julião da Silva Vieira|Julião José da Silva Vieira]] e [[Lourenço Caetano Pinto]],  assim como em alguns luso-descendentes, antigos alunos das aulas que a antecederam, como [[Lourenço de Noronha|D. Lourenço de Noronha]] e [[Maurício Costa Campos]]. Todos os professores pertenciam à Junta da direcção da escola que se reunia uma vez por mês e à qual cabia todas as decisões sobre o seu funcionamento<ref name=":0" />.
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Na organização do ensino Artilharia e Marinha tinham a duração de 4 anos e Engenharia de cinco. Os três primeiros anos eram comuns aos três cursos e “''consistiam nas matérias semelhantes ensinadas na universidade de Coimbra''”<ref name=":0" />.  No 4ª ano havia uma subdivisão entre as aulas de Marinha e Artilharia e o 5º ano de curso, onde se ensinava arquitectura militar era só frequentado pelos alunos de Engenharia Foram estabelecidos quatro prémios pecuniários para os melhores alunos. As aulas iam de 1 de Setembro ao fim de Abril, sendo Maio mês de exames ao qual se seguia um período de férias. Tinham a duração de hora e meia, sendo que os estatutos detalham as horas a que deviam começar e a ordem e mesmo o tempo dos intervalos que os professores deviam aproveitar para tirar dúvidas. Eram estabelecidas nos estatutos regras para os exames e outras avaliações. Estabeleceu-se também que não seriam admitidos alunos com menos de quinze anos de idade e que não soubessem ler e escrever. De entre os alunos, que podia ser militares ou não, era dada preferência para passarem a professores, se houvesse vagas, os alunos partidistas do curso de engenharia<ref name=":4" />. Os partidos eram atribuídos em cada ano. Podendo os alunos ter partidos só num ano ou eventualmente em todos os anos. Para além dos tratados e compêndios referidos nos estatutos era mencionado que os professores deveriam fazer sebentas, "''extrair dos melhores auctores resumos dos ultimos descubrimentos, para os transmitirem aos seos disciplos com as explicações das materias que forem tratando''"<ref name=":4" />.
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Em Junho de 1820 foram nomeados os então ainda alunos da escola [[José da Costa Campos]] e [[José António Lemos]] como professores substitutos, podendo substituir qualquer um dos outros professores. Foi também criada uma aula de desenho<ref name=":0" />.
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A organização da Academia manteve-se até D. Manuel de Portugal e Castro (1826-1835) ter introduzido algumas alterações, entre elas a autonomia e obrigatoriedade da Aula de Desenho que ficou sobre a responsabilidade de [[Cândido Garcez Palha|Cândido José Mourão Garcez Palha]]<ref>Abreu, ''O Governo do Vice-Rei Conde do rio Pardo'', 134.</ref>. D. Manuel regulamentou o funcionamento da Academia por Portaria de 1 de Abril de 1834. A organização geral e as materiais não deferiam em muito as da organização anterior (veja-se tabela na secção C''urricula''). Nos três primeiros anos continuava a lecionar-se seguindo o matemático francês Étienne Bézout; no 4º ano a artilharia continuava a seguir o tratado de João Muller<ref>Muller, João (Duque de Gloucester). ''Tratado de Artilharia''. Lisboa: officina de João Antonio Silva. Traduzido do Inglez para uso da Real Academia Militar, e do Corpo da Artilheria, e Dedicado ao Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Luiz Pinto de Souza Coutinho, Ministro, e Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros, e da Guerra. </ref> e em Minas o compendio de José António da Roza (Compendio das Minas) ao qual se juntou “o compendio militar ''Pequena Tactica”'' de Matias José Dias Azedo, que se pensa ser a obra impressa em Lisboa no ano de 1796, ''Compendio militar, escrito segundo a doutrina dos melhores autores para instrusaõ dos discipulos d'Academia Real de Fortificasaõ, Artilherîa, e Dezenho'' (...). Os anos seguintes foram transformados em cadeiras e na 5ª cadeira – Navegação, seguia-se também Étienne Bézout e estudava-se “''aplicação da teoria à prática dos instrumentos náuticos, a teoria das manobras e a pratica de construção, aparelho, etc.''”. A 6ª cadeira era Arquitectura Militar que continuava a seguir “o comendador d. António" (ou d’Antoni), ou seja o livro ''Arquitectura militar de Antoni, traduzida do italiano para se explicar na Academia Real de Fortificação'', de Alessandro Papacino d'Antoni (1714-1786) traduzido em 1790 para português<ref>Encontram-se normalmente referência a duas traduções ambas datadas de 1790 da “Architectura militar de Antoni”. Uma de Pedro Joaquim Xavier e a outra por Matias José Dias Azedo, ambos professores da Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho.
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|<hr>
|antecessora    = <!-- adicione o nome com link para respectiva entrada ex: [[Aula do Rocha]] --> [[Aula de Navegação de Goa]], [[Aula de Artilharia de Goa]]
|<hr>
|sucessora      = <!-- adicione o nome com link para respectiva entrada ex: [[Aula do Rocha]] -->[[Escola Matemática e Militar de Goa]]
}}


==História==
Innocencio Francisco da Silva em ''Diccionario Bibliographico Porrtuguez'', Vol. 6, 160-161, 444-445, refere “Architectura militar de Antoni. 6 tomos com estampas” como sendo da autoria de ''Pedro Joaquim Xavier'' referindo no entanto que “''Creio que nem todas as traduções pretencem a Pedro Joaquim Xavier, e que para ela concorreram Matias José Dias Azedo e outros lentes da Academia por aquele tempo''”. Nas páginas do mesmo volume sobre Matias Azedo refere “''Creio ser também sua a tradução de algum, ou alguns dos tomos de ''Architectura militar de Antoni” , impressa em 1790.” Vol. 6, 160-161, 444-445.
<!--História geral da instituição. Este é o local para colocar toda a informação que não cabe nas info-box, como por exemplo, as justificações das informações que estão na infobox. subdividida em períodos se necessário-->
Criada pelo Vice-rei Conde do Rio Pardo, a Academia Militar organizava as aulas já existentes em Goa - navegação e artilharia - instituindo três cursos: Artilharia, Marinha e Engenharia. A sua criação e os seus estatutos foram publicados por portaria de 26 de Julho de 1817, que previa o início das aulas para 1 de Setembro de 1817. Porém, estas só iniciaram o seu funcionamento em Janeiro de 1818 e só foram aprovadas regiamente a 1 de Junho de 1818 <ref>Abreu, Miguel Vicente de''O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo do Estado da Índia Portugueza desde 1816 a 1821.''Nova Goa: Imprensa Nacional, 1869, 129-134.
</ref>.


Segundo algumas fontes já tinham sido feitas anteriormente tentativas de estabelecer o ensino de engenharia em Goa. Refere Jacintho Miranda: 
Cristovão Aires de Magalhães Sepúlveda nos volumes 8 e 15 da ''História Organiza e Política do Exército Português'' esclarece que Mathias José Dias Azedo terá somente traduzido o primeiro volume de ''Architectura militar de Antoni,'' Tomo 1: Em que se trata da fortificação regular; Pedro Joaquim Xavier terá traduzido o tomo II, o Toomo IV: Que compreende a Fortificação irregular, e o Tomo V: Que comprehende a Fortificação effectiva, e as regras Fizico-Mechanicas pertencendo à mesma. José Lane terá traduzido o Tomo 3 e Cipriano José da Silva o Tomo 6. Embora Sepúlveda acrescente ainda que é duvido que o volume 6 fosse o ultimo da obra de Antoni é possível confirmar hoje em referências bibliográfica internacionais em linha que a obras só tem 6 volumes e por isso deve ter sido integralmente traduzida. Sepúlveda, da ''História Organiza e Política do Exército Português'', Vol 8, 733-734, Vol 15, 181-182, 215-216.</ref>; a 7ª cadeira Desenho geral e civil e desenho militar pelo compedio de A.T. Moreira<ref>Provavelmente será a obra ''Regras de desenho para a delineaçaõ das plantas, perfis e prespectivas [sic] pertencentes á Architectura Militar, e Civil: com a descripçaõ, e pratica dos instrumentos de que mais ordinariamente se servem os officiaes engenheiros assim no bofete, como no terreno: para uso da Real Academia de Fortificação, Artilheria, e Desenho.'' (...) por Antonio Joze Moreira Capitão de Infantaria com exercicio de engenheiro, e lente na mesma academia. Lisboa: na Typografia de Joaõ Antonio da Silva, Impressor de Sua Magestade, 1793.</ref>. Os oficiais de Artilharia formavam-se os quatro primeiros anos; os da Marinha tinham de fazer o 1º, 2º e 3º anos e a 5ª cadeira e os oficiais Engenheiros e para alguns de artilharia os quatro anos a 5ª e a 6ª cadeira. Desenho, a 7ª cadeira era comum em todas as armas e tinha a duração de dois anos, normalmente feita em conjunto com os dois últimos anos<ref>Portaria de 1 de Abril de 1834, segundo Azevedo, “Segunda memória Descriptiva e estatistica das possessões portuguezas na Asia”, 5: 208-209.</ref>.  


"... ''como se deprehende da resposta da data de 28 de dezembro de 1699 á carta régia de 15 de janeiro do mesmo ano, a qual mandando estabelecer uma aula de engenharia, em que se disse lições de fortificação a tres discípulos, a fora os volunturios, respondeu-se-lhe que tal aula era inexequível, á vista de necessárias habilitações que faltavam na pessoa de [[Pedro Nunes Ribeiro]], então único engenheiro em Goa''.
Em 1832 a Academia Militar instalou-se em Pangim, no grande Quartel de Artilharia terminado nesse mesmo ano e iníciado também durante o governo de D. Manuel.  


"... ''resentiam-se as mesmas dificuldades para levar á efeito a provisão do conselho ultramarino de 10 de janeiro de 1733, que mandava executar a disposição de 24 de dezembro antecedente, que criava no reino varias academias militares, organizando uma companhia de engenheiros de profissão em cada regimento ou terço de infantaria''" tendo sido na sequência desta provisão que veio a ser estabelecida a aula de artilharia.  
Em 1838, o governador Simão de Lacerda Sousa Tavares (1837-1838), Barão do Sabroso, reorganizou o corpo docente uma vez que a maioria dos professores inicialmente designados já não estava a exercer funções e as cadeiras eram leccionadas por lentes interinos. Os professores nomeados eram oito, na sua maioria luso-descendentes e todos já formados na Academia Militar de Goa. Eram eles: [[José António de Lemos]], [[Diogo de Mello Sampaio]], [[José Soares da Veiga|José Joaquim Soares da Veiga]], [[José António Paulo Gomes]], [[José da Costa Campos]], [[Cândido Garcez Palha]], [[José de Sousa Sepúlveda]] e [[Manuel Godinho Fernandes]]<ref name=":2">''Boletim do Governo dos Estados da Índia, n.'' 44, 1 de setembro de 1838, 241-242.</ref><ref name=":3">Faria, “O papel dos luso-descendentes na engenharia militar e nas obras publicas em Goa”, I:225–37.</ref>.


O primeiro director da Academia foi [[Francisco Monteiro Cabral|Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda]], que já dirigia as Aulas de Fortificação juntamente com [[João Baptista Porto|João Baptista Alves Porto]]. Oficiais de engenharia do reino, ambos tinham ido para Goa na monção de 1807 com o objectivo especifico de montar a [[Aula de Fortificação de Goa|Aula de Fortificação]]<ref>João de Melo Sampaio chama-lhe mesmo " aula de matemática aplicada á architectura militar" ou simplesmente aula de arquitectura militar. Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 115 </ref>, idêntica à que funcionava em Lisboa. A Academia tinha um total de 8 professores, 6 efectivos e 2 substitutos. Para além dos já referidos, Francisco Barbuda e João Alves Porto, também [[Joaquim Pereira Marinho]] tinha ido para Goa com a tarefa especifica de ensinar na Academia. As aulas apoiavam-se em oficiais militares que se encontravam ao serviço na Índia como [[Julião da Silva Vieira|Julião José da Silva Vieira]] e [[Lourenço Caetano Pinto]],  assim como em alguns luso-descendentes, antigos alunos das Aulas que a antecederam, como D. [[Lourenço de Noronha]] e [[Maurício Costa Campos]].
Pouco tempo depois, no governo do Barão do Candal (1839-1840), grandes alterações começaram a ser introduzidas, mas acabaram por ser implementadas durante o governo interino de Joaquim Lopes de Lima (1840-1842)<ref>“Portaria de 19 de Novembro de 1840”, ''Boletim do Governo do Estado da India'', n. 51, 30 Novembro de 1840, 279-282. “Noticia”. ''Boletim do Governo do Estado da India'', n. 54, 21 de dezembro de 1840, 308-310. Veja-se ainda Soares, ''Bosquejo das Possessões Portuguezas no Oriente,'' I: 87-94; 202-208.</ref>. As modificações abrangiam não só a Academia Militar mas também a organização da administração incluindo o Exército e as Obras Públicas<ref name=":3" />. Entre outras medidas, era definido que para se ser professor na escola era necessário pertencer ao Corpo de Engenheiros e que o seu comandante assumia a direção da Academia.


A organização da Academia manteve-se até D. Manuel de Portugal e Castro (1826-1835) ter introduzido algumas alterações, entre elas a autonomia e obrigatoriedade da Aula de Desenho que era da responsabilidade de [[Cândido Garcez Palha|Cândido José Mourão Garcez Palha]].
O texto legislativo que reformou o exército considerou urgente fazer também uma reforma na Academia Militar. Assim, a 18 de Agosto de 1841 foi aprovada a sua extinção, sendo criada no seu lugar a [[Escola Matemática e Militar de Goa|Escola Matemática e Militar]] <ref>“Da Escola Mathematica e Militrar de Gôa, seu objecto e estudos”. ''Boletim do Governo do Estado da Índia'', n.38, 23 de Agosto 1841, 236-240.</ref>.


Em 1838, o governador Barão do Sabroso (1837-1838), reorganizou o corpo docente uma vez que a maioria dos professores inicialmente designados já não estava a exercer funções e as cadeiras eram leccionadas por lentes interinos. Os professores nomeados eram oito, na sua maioria luso-descendentes e todos já formados na Academia Militar de Goa. Eles eram José António de Lemos, Diogo de Mello Sampaio, José Joaquim Soares da Veiga, José António Paulo Gomes, José da Costa Campos, Cândido Garcez Palha, José de Sousa Sepúlveda e Manuel Godinho Fernandes.
===Outras informações===
No ano letivo de 1839-1840 a Academia tinha matriculados 81 alunos, onde 52 eram militares e 29 civis<ref>Azevedo, “Segunda memória Descriptiva e estatistica das possessões portuguezas na Asia”, ''5:'' 207-210.</ref>. Segundo João de Mello Sampaio entre a criação da Academia em Julho de 1817 até à sua extinção a 18 de Agosto de 1841, formaram-se um total de 120 alunos<ref>Sampaio, "Mappa demonstrativo dos alunos da extinta Academia Militar que obtiveram suas cartas de habilitação (...)" anexo a “Breve notícia da origem e divulgação dos Estudos Superiores em Goa, por methodos Europeus e em língua portugueza”. in ''O Oriente Português'', Vol II, no3, 1905. No título da mapa está indicado “''desde o seu estabelecimento, em 16 de julho de 1817''”, considera-se que o 16 de julho em vez de 26 de Julho data de aprovação dos estatutos foi uma gralha tipográfica, uma vez que o próprio Sampaio na página 112 da ''Breve Noticia'' refere o dia 26 de Julho.</ref>.


Pouco tempo depois, no governo do Barão do Candal (1839-1840), grandes alterações começaram a ser introduzidas mas acabaram por ser implementadas durante o governo interino de Joaquim Lopes de Lima (1840-1842). As modificações abrangiam não só a Academia Militar mas também a organização da administração incluindo o Exército e as Obras Publicas.  O texto legislativo que reformou o exército considerou urgente fazer também uma reforma na Academia Militar. Assim em Agosto de 1841 foi aprovada a sua extinção, sendo criada no seu lugar a [[Escola Matemática e Militar (Goa)|Escola Matemática e Militar]].
No início do ano de 1828 foi feito por Goa um pedido de alguns materiais para serem enviados por Lisboa para a Academia Militar. Pela troca de correspondência percebe-se que o envio era feito de forma lenta e que os pedidos que chegavam da Índia constantes. Entre os materiais solicitados estavam: pranchetas de desenhos, níveis, teodolitos, sextantes, “''lentes e respectivos espelhos para câmara escura''”, papel, tinta e pinceis<ref>Arquivo Histórico Militar. Administração - 1ª fase do Regime Liberal. 2ªDivisão. 5ªsecção. India. PT/AHM/Div/2/05/03/02/063. ''Varios objectos mandados fornecer à Academia Militar de Goa (India), 1828''.</ref>.


===Outras informações===
==Professores==
==Professores==
Foram Professores na Academia Militar de Goa: António Sebastião Borges da Costa (1834-1841); [[Cândido Garcez Palha|Cândido José Mourão Garcez Palha]] (1838-1841); Diogo de Mello Sampaio (1838-1841); [[Francisco Monteiro Cabral|Francisco Augusto Monteiro Cabral]] (1817-1832?); Francisco da Costa Campos (1827-1841); [[João Baptista Porto|João Baptista Alves Porto]] (1817-1819?); [[Joaquim Pereira Marinho]] (1817-1822); Joaquim de Souza Vieira (?-1824); José António Lemos (1820[[José Paulo Gomes|-1841); José António Paulo Gomes]] (1832-1841); [[José da Costa Campos]] (1820-1841); [[José Soares da Veiga|José Joaquim Soares da Veiga]] (1827-1841); [[José de Sousa Sepúlveda]] (1838-1841); [[Julião da Silva Vieira|Julião José da Silva Vieira]] (1817-1827?); [[Lourenço Caetano Pinto]] (1817-); [[Lourenço de Noronha]] (1817-1827?); [[Maurício Costa Campos]] (1817-1825); [[Manuel Godinho Fernandes]] (1836-1841). As datas indicadas delimitam os períodos em que ensinaram na Academia, sendo que, na quase totalidade, os que cessam funções em 1841 passam a ser professores da [[Escola Matemática e Militar de Goa|Escola Matemática e Militar.]]


==Curricula ==
==Curricula==
{| class="wikitable"
{| class="wikitable"
| colspan="3" |'''1817-18'''
| colspan="5" |'''1817-1818'''<ref name=":4">Conforme '''“'''Estatutos para a Nova Academia de Goa”, assinados pelo Conde do Rio Pardo a 26 de Julho de 1817 e transcritos por: Abreu, ''O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo,'' 215-228.</ref>
|-
|-
|Ano
|'''Ano'''
|"Curso de Besout"
|'''Nome da Cadeira'''
|'''Matérias'''
|'''Livros'''
|'''Professores'''<ref name=":0" />
|-
|'''1ºAno'''
|
|Aritmética, geometria, trigonometria rectilínea, e esférica, etc... trabalho prático no campo no ultimo mês de cada ano letivo.


Aritmética, geometria, trigonometria rectilínea, e esférica, etc... trabalho prático no campo
“Curso de Bézout para o uso da Marinha"
|D. Lourenço de Noronha
|Étienne Bézout
|[[Lourenço de Noronha|D. Lourenço de Noronha]]


Lente efectivo
(Professor efectivo)
|-
|-
|2º Ano
|'''2ºAno'''
|Algebra
|Álgebra
|Julião José da Silva Vieira
|Cálculo diferencial e integral, probabilidades, anuidades, "etc." 
|
|[[Julião da Silva Vieira|Julião José da Silva Vieira]]


Lente efectivo.
(Professor efectivo)
|-
|-
|3º Ano
|'''3ºAno'''
|Mecânica.  
|Mecânica
|Mecânica em todos os ramos das ciências fisico-matemáticas, como estática, dinâmica, hidrodinâmica, hidroestática e hidrodinâmica.  
|Étienne Bézout
|[[Lourenço Caetano Pinto]]


Hidrostática e hidráulica de Besout
(Professor efectivo)
|Lourenço Caetano Pinto
 
Lente efectivo.
|-
|-
|4º Ano
|'''4ºAno'''
|Aula de Artilharia
|Artilharia
|Artilharia, Minas, Trabalho de campo nos últimos dois meses de cada ano lectivo.
|Tratado de João Muller


Tratado de João Muller,  Minas pelo compêndio do General José António da Roza. Trabalho de campo
Minas - Compêndio do General José António da Roza
|Joaquim Pereira Marinho
|[[Joaquim Pereira Marinho]]
|-
|-
|4º Ano
|
|Aula de Marinha  
|Marinha
 
|Trignometria esférica; navegação; desenhos ou riscos das naus, fragatas, "etc."
Trigonometria esférica; navegação; desenhos ou riscos das naus, fragatas, ...etc.
|
|Maurício Costa Campos
|[[Maurício Costa Campos]]


Lente substituto
(Professor substituto)
|-
|5º ano
| rowspan="2" |Arquitectura militar pelo comendador D. António, tanto regular como irregular. Parte prática. 
|Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda
|-
|-
|'''5ºAno'''
|Arquitectura militar
|"Arquitectura militar composta pelo comendador D. António, tanto regular, como irregular". Parte prática nos últimos dois meses do ano letivo.
|
|
|
|João Baptista Alves Porto
|}
'''1820''' - É adicionada uma cadeira de desenho militar<ref name=":1">Sampaio “Breve Notícia da Origem e Divulgação dos Estudos Superiores em Goa”, 111-116.</ref>


Lente extranumerário.
|}
'''1820''' - É adicionada uma cadeira de desenho militar<ref name=":1">Sampaio “Breve Notícia Da Origem e Divulgação Dos Estudos Superiores Em Goa.”, 114</ref>
{| class="wikitable"
{| class="wikitable"
| colspan="3" |'''1838'''
| colspan="3" |'''1838'''<ref name=":2" />
 
|-
(Reorganização do corpo docente (BGEI, nº44, 1 de set 1838) pp. 241-242)
|'''Ano'''
|'''Nome da Cadeira'''
|'''Professores'''
|-
|-
|1º Ano
|1º Ano
|Obrigações titulo 1 art. 7 dos estatutos
|
|José António de Lemos
|José António de Lemos


Linha 142: Linha 159:
|3º Ano
|3º Ano
|
|
|José Joaquim Soares da Veiga
|[[José Soares da Veiga|José Joaquim Soares da Veiga]]


Lente proprietário
Lente proprietário
Linha 148: Linha 165:
|4º Ano
|4º Ano
|Marinha
|Marinha
|José António Paulo Gomes
|[[José Paulo Gomes|José António Paulo Gomes]]


Lente proprietário
Lente proprietário
Linha 158: Linha 175:
|5º Ano
|5º Ano
|Fortificação
|Fortificação
|José da Costa Campos
|[[José da Costa Campos]]


Lente proprietário
Lente proprietário
Linha 164: Linha 181:
|
|
|Aulas de Desenho
|Aulas de Desenho
|Cândido José Mourão Garcez Palha
|[[Cândido Garcez Palha|Cândido José Mourão Garcez Palha]]


Lente proprietário
Lente proprietário
Linha 170: Linha 187:
|
|
|
|
|José de Souza Sepúlveda
|[[José de Sousa Sepúlveda]]


Lente Extranumerário
Lente Extranumerário
Linha 176: Linha 193:
|
|
|
|
|Manuel Godinho Fernandes
|[[Manuel Godinho Fernandes]]


Lente Extranumerário
Lente Extranumerário
|}
|}


==Referências Bibliográficas==
==Notas==
<!--Ou seja, a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. A wiki lista a partir das -->
<!--Ou seja, Notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação. A wiki lista a partir das -->
<references />
<references />


==Fontes==
==Fontes==
<!--  Fontes primárias, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. As fontes, deve seguir a norma do CHAM -->
<!--  Fontes primárias, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. As fontes, deve seguir a norma do CHAM -->Abreu, Miguel Vicente de. ''O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo do Estado da Índia Portugueza desde 1816 a 1821.'' Nova Goa: Imprensa Nacional, 1869, 129-134.
 
Arquivo Histórico Militar. Administração - 1ª fase do Regime Liberal. 2ªDivisão. 5ªsecção. India. PT/AHM/Div/2/05/03/02/063. ''Varios objectos mandados fornecer à Academia Militar de Goa (India), 1828''.
 
Azevedo, Manoel Felicisimo Louzada d'Araujo d'. “Segunda memória Descriptiva e estatistica das possessões portuguezas na Asia e seu estado actual”, ''Annaes Marítimos e Coloniais,'' 2ª série n.5, Lisboa, 1842, 207-210.
 
''Boletim do Governo dos Estados da Índia,'' n. 44, 1 de setembro de 1838.
 
''Boletim do Governo do Estado da India'', n. 51, 30 Novembro de 1840; n. 54, 21 de dezembro de 1840; n. 38, 23 Agosto 1841.
 
Sampaio, João Mello de. “Breve notícia da origem e divulgação dos Estudos Superiores em Goa, por methodos Europeus e em língua portugueza”. in ''O Oriente Português'', II: 3, 1905, 111-116.
 
Sampaio, João Mello de. "Mappa demonstrativo dos alunos da extinta Academia Militar que obtiveram suas cartas de habilitação (...)" anexo a “Breve notícia da origem e divulgação dos Estudos Superiores em Goa, por methodos Europeus e em língua portugueza”, ''O Oriente Português'', II: 3, 1905.
 
Soares, Joaquim P. Celestino. ''Bosquejo das Possessões Portuguezas no Oriente ou Resumo de Algumas derrotas da India e da China''. Lisboa: Imprensa Nacional, 1851, Vol.I, 208-218[https://archive.org/details/bosquejodasposse01soar .]


==Bibliografia==
==Bibliografia==
Abreu, Miguel Vicente de. ''O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo do Estado da Índia Portugueza desde 1816 a 1821.'' Nova Goa: Imprensa Nacional, 1869, 129-134.<!-- Ou seja, a bibliografia e as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: primeiro descarrega-se a bibliografia e, no fim, as fontes. Em ambos os casos, bibliografia e fontes, deve seguir a norma do CHAM -->
Bragança, Luís de Menezes. ''A educação e o ensino da Índia portuguesa.'' Nova Goa: Imprensa Nacional,1922.
 
Faria, Alice Santiago. «O papel dos luso-descendentes na engenharia militar e nas obras publicas em Goa no longo século XIX», ''Goa: Passado e Presente'', editado por Artur Teodoro de Matos e João Teles e Cunha, I:225–37. Lisbon: CEPCEP e CHAM, 2012.
 
Faria, Alice Santiago. ''L’Architecture Coloniale Portugaise à Goa. Le Département des Travaux Publics, 1840-1926''. Saarbrücken: Presses Académiques Francophones, 2014.
 
Miranda, Jacintho Caetano Barreto. ''Quadros Históricos de Goa. Tentativa Histórica''. Vol. II. Margão: Typografia do Ultramar, 1864.
 
Nazareth, J.M. do Carmo. “Início de Estudos Militares na Índia”, ''O Oriente Português'', 1908, V: 283-289.
 
Silva, Maria Carlos Afonso Ferreira da. ''O ensino em Goa no século XIX, 1836-1869''. Mestrado em Relações Históricas na Universidade do Porto. Porto: (texto policopiado),1999.
 
Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Organiza e Política do Exército Português. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1902-1932.  
 
Varde, P.S. ''History of Education in Goa from 1520 to the present day.'' Panaji: Goa, Vidya Pratishthan, 1977.


==Ligações Internas==
==Ligações Internas==
Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link:
Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link:


[[:Categoria:Academia Militar de Goa]]
[[:Categoria: Academia Militar de Goa]]


==Ligações Externas==  
==Ligações Externas==  
Linha 201: Linha 246:
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->
<!-- Comentários vossos e bibliografia citada pelas fontes -->
==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
Alice Santiago Faria
CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa
<nowiki>https://orcid.org/0000-0002-5006-4067</nowiki>[https://orcid.org/0000-0002-5006-4067 .]


==Financiamento==
==Financiamento==
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-cientificas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017
Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017


==DOI==
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https://doi.org/10.34619/jyat-ita7


==Citar este artigo==
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Edição atual desde as 18h36min de 23 de janeiro de 2025


Academia Militar de Goa
(valor desconhecido)
Outras denominações valor desconhecido
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 26 julho 1817
Data de extinção 18 agosto 1841
Paralisação
Início: valor desconhecido
Fim: valor desconhecido
Localização
Localização Goa, Índia
Início: 26 de julho de 1817
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Escola Matemática e Militar de Goa


História

Criada pelo Vice-rei Conde do Rio Pardo, a Academia Militar organizava as aulas já existentes em Goa - Marinha, Artilharia e Fortificação - instituindo três cursos, que tinham como base os pré-existentes: Artilharia, Marinha e Engenharia. A sua criação e os seus estatutos foram publicados por portaria de 26 de Julho de 1817, que previa o início das aulas para 1 de Setembro de 1817. Porém, estas só iniciaram o seu funcionamento em Janeiro de 1818 e só foram aprovadas regiamente a 1 de Junho de 1818 [1][2].

O primeiro director da Academia foi Francisco Augusto Monteiro Cabral de Barbuda, que já dirigia as Aulas de Fortificação juntamente com João Baptista Alves Porto. Oficiais de engenharia do reino, ambos tinham ido para Goa na monção de 1807 com o objetivo específico de montar a Aula de Fortificação[3], idêntica à que funcionava em Lisboa.

A Academia tinha um total de 8 professores, 6 efetivos e 2 substitutos. Para além dos já referidos, Francisco Barbuda e João Alves Porto, também Joaquim Pereira Marinho tinha ido para Goa com a tarefa especifica de ensinar na Academia. As aulas apoiavam-se em oficiais militares que se encontravam ao serviço na Índia como Julião José da Silva Vieira e Lourenço Caetano Pinto, assim como em alguns luso-descendentes, antigos alunos das aulas que a antecederam, como D. Lourenço de Noronha e Maurício Costa Campos. Todos os professores pertenciam à Junta da direcção da escola que se reunia uma vez por mês e à qual cabia todas as decisões sobre o seu funcionamento[1].

Na organização do ensino Artilharia e Marinha tinham a duração de 4 anos e Engenharia de cinco. Os três primeiros anos eram comuns aos três cursos e “consistiam nas matérias semelhantes ensinadas na universidade de Coimbra[1].  No 4ª ano havia uma subdivisão entre as aulas de Marinha e Artilharia e o 5º ano de curso, onde se ensinava arquitectura militar era só frequentado pelos alunos de Engenharia Foram estabelecidos quatro prémios pecuniários para os melhores alunos. As aulas iam de 1 de Setembro ao fim de Abril, sendo Maio mês de exames ao qual se seguia um período de férias. Tinham a duração de hora e meia, sendo que os estatutos detalham as horas a que deviam começar e a ordem e mesmo o tempo dos intervalos que os professores deviam aproveitar para tirar dúvidas. Eram estabelecidas nos estatutos regras para os exames e outras avaliações. Estabeleceu-se também que não seriam admitidos alunos com menos de quinze anos de idade e que não soubessem ler e escrever. De entre os alunos, que podia ser militares ou não, era dada preferência para passarem a professores, se houvesse vagas, os alunos partidistas do curso de engenharia[4]. Os partidos eram atribuídos em cada ano. Podendo os alunos ter partidos só num ano ou eventualmente em todos os anos. Para além dos tratados e compêndios referidos nos estatutos era mencionado que os professores deveriam fazer sebentas, "extrair dos melhores auctores resumos dos ultimos descubrimentos, para os transmitirem aos seos disciplos com as explicações das materias que forem tratando"[4].

Em Junho de 1820 foram nomeados os então ainda alunos da escola José da Costa Campos e José António Lemos como professores substitutos, podendo substituir qualquer um dos outros professores. Foi também criada uma aula de desenho[1].

A organização da Academia manteve-se até D. Manuel de Portugal e Castro (1826-1835) ter introduzido algumas alterações, entre elas a autonomia e obrigatoriedade da Aula de Desenho que ficou sobre a responsabilidade de Cândido José Mourão Garcez Palha[5]. D. Manuel regulamentou o funcionamento da Academia por Portaria de 1 de Abril de 1834. A organização geral e as materiais não deferiam em muito as da organização anterior (veja-se tabela na secção Curricula). Nos três primeiros anos continuava a lecionar-se seguindo o matemático francês Étienne Bézout; no 4º ano a artilharia continuava a seguir o tratado de João Muller[6] e em Minas o compendio de José António da Roza (Compendio das Minas) ao qual se juntou “o compendio militar Pequena Tactica” de Matias José Dias Azedo, que se pensa ser a obra impressa em Lisboa no ano de 1796, Compendio militar, escrito segundo a doutrina dos melhores autores para instrusaõ dos discipulos d'Academia Real de Fortificasaõ, Artilherîa, e Dezenho (...). Os anos seguintes foram transformados em cadeiras e na 5ª cadeira – Navegação, seguia-se também Étienne Bézout e estudava-se “aplicação da teoria à prática dos instrumentos náuticos, a teoria das manobras e a pratica de construção, aparelho, etc.”. A 6ª cadeira era Arquitectura Militar que continuava a seguir “o comendador d. António" (ou d’Antoni), ou seja o livro Arquitectura militar de Antoni, traduzida do italiano para se explicar na Academia Real de Fortificação, de Alessandro Papacino d'Antoni (1714-1786) traduzido em 1790 para português[7]; a 7ª cadeira Desenho geral e civil e desenho militar pelo compedio de A.T. Moreira[8]. Os oficiais de Artilharia formavam-se os quatro primeiros anos; os da Marinha tinham de fazer o 1º, 2º e 3º anos e a 5ª cadeira e os oficiais Engenheiros e para alguns de artilharia os quatro anos a 5ª e a 6ª cadeira. Desenho, a 7ª cadeira era comum em todas as armas e tinha a duração de dois anos, normalmente feita em conjunto com os dois últimos anos[9].

Em 1832 a Academia Militar instalou-se em Pangim, no grande Quartel de Artilharia terminado nesse mesmo ano e iníciado também durante o governo de D. Manuel.

Em 1838, o governador Simão de Lacerda Sousa Tavares (1837-1838), Barão do Sabroso, reorganizou o corpo docente uma vez que a maioria dos professores inicialmente designados já não estava a exercer funções e as cadeiras eram leccionadas por lentes interinos. Os professores nomeados eram oito, na sua maioria luso-descendentes e todos já formados na Academia Militar de Goa. Eram eles: José António de Lemos, Diogo de Mello Sampaio, José Joaquim Soares da Veiga, José António Paulo Gomes, José da Costa Campos, Cândido Garcez Palha, José de Sousa Sepúlveda e Manuel Godinho Fernandes[10][11].

Pouco tempo depois, no governo do Barão do Candal (1839-1840), grandes alterações começaram a ser introduzidas, mas acabaram por ser implementadas durante o governo interino de Joaquim Lopes de Lima (1840-1842)[12]. As modificações abrangiam não só a Academia Militar mas também a organização da administração incluindo o Exército e as Obras Públicas[11]. Entre outras medidas, era definido que para se ser professor na escola era necessário pertencer ao Corpo de Engenheiros e que o seu comandante assumia a direção da Academia.

O texto legislativo que reformou o exército considerou urgente fazer também uma reforma na Academia Militar. Assim, a 18 de Agosto de 1841 foi aprovada a sua extinção, sendo criada no seu lugar a Escola Matemática e Militar [13].

Outras informações

No ano letivo de 1839-1840 a Academia tinha matriculados 81 alunos, onde 52 eram militares e 29 civis[14]. Segundo João de Mello Sampaio entre a criação da Academia em Julho de 1817 até à sua extinção a 18 de Agosto de 1841, formaram-se um total de 120 alunos[15].

No início do ano de 1828 foi feito por Goa um pedido de alguns materiais para serem enviados por Lisboa para a Academia Militar. Pela troca de correspondência percebe-se que o envio era feito de forma lenta e que os pedidos que chegavam da Índia constantes. Entre os materiais solicitados estavam: pranchetas de desenhos, níveis, teodolitos, sextantes, “lentes e respectivos espelhos para câmara escura”, papel, tinta e pinceis[16].

Professores

Foram Professores na Academia Militar de Goa: António Sebastião Borges da Costa (1834-1841); Cândido José Mourão Garcez Palha (1838-1841); Diogo de Mello Sampaio (1838-1841); Francisco Augusto Monteiro Cabral (1817-1832?); Francisco da Costa Campos (1827-1841); João Baptista Alves Porto (1817-1819?); Joaquim Pereira Marinho (1817-1822); Joaquim de Souza Vieira (?-1824); José António Lemos (1820-1841); José António Paulo Gomes (1832-1841); José da Costa Campos (1820-1841); José Joaquim Soares da Veiga (1827-1841); José de Sousa Sepúlveda (1838-1841); Julião José da Silva Vieira (1817-1827?); Lourenço Caetano Pinto (1817-); Lourenço de Noronha (1817-1827?); Maurício Costa Campos (1817-1825); Manuel Godinho Fernandes (1836-1841). As datas indicadas delimitam os períodos em que ensinaram na Academia, sendo que, na quase totalidade, os que cessam funções em 1841 passam a ser professores da Escola Matemática e Militar.

Curricula

1817-1818[4]
Ano Nome da Cadeira Matérias Livros Professores[1]
1ºAno Aritmética, geometria, trigonometria rectilínea, e esférica, etc... trabalho prático no campo no ultimo mês de cada ano letivo.

“Curso de Bézout para o uso da Marinha"

Étienne Bézout D. Lourenço de Noronha

(Professor efectivo)

2ºAno Álgebra Cálculo diferencial e integral, probabilidades, anuidades, "etc." Julião José da Silva Vieira

(Professor efectivo)

3ºAno Mecânica Mecânica em todos os ramos das ciências fisico-matemáticas, como estática, dinâmica, hidrodinâmica, hidroestática e hidrodinâmica. Étienne Bézout Lourenço Caetano Pinto

(Professor efectivo)

4ºAno Artilharia Artilharia, Minas, Trabalho de campo nos últimos dois meses de cada ano lectivo. Tratado de João Muller

Minas - Compêndio do General José António da Roza

Joaquim Pereira Marinho
Marinha Trignometria esférica; navegação; desenhos ou riscos das naus, fragatas, "etc." Maurício Costa Campos

(Professor substituto)

5ºAno Arquitectura militar "Arquitectura militar composta pelo comendador D. António, tanto regular, como irregular". Parte prática nos últimos dois meses do ano letivo.

1820 - É adicionada uma cadeira de desenho militar[2]

1838[10]
Ano Nome da Cadeira Professores
1º Ano José António de Lemos

Lente proprietário

2º Ano Diogo de Mello Sampaio

Lente proprietário

3º Ano José Joaquim Soares da Veiga

Lente proprietário

4º Ano Marinha José António Paulo Gomes

Lente proprietário

4º Ano Artilharia (sem lente proprietário a ser leccionada por um extranumerário)
5º Ano Fortificação José da Costa Campos

Lente proprietário

Aulas de Desenho Cândido José Mourão Garcez Palha

Lente proprietário

José de Sousa Sepúlveda

Lente Extranumerário

Manuel Godinho Fernandes

Lente Extranumerário

Notas

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 Abreu, O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo, 129-134.
  2. 2,0 2,1 Sampaio “Breve Notícia da Origem e Divulgação dos Estudos Superiores em Goa”, 111-116.
  3. João de Melo Sampaio chama-lhe mesmo "aula de matemática aplicada á architectura militar" ou simplesmente "aula de arquitectura militar", Sampaio “Breve Notícia da Origem e Divulgação dos Estudos Superiores em Goa”, 115 
  4. 4,0 4,1 4,2 Conforme Estatutos para a Nova Academia de Goa”, assinados pelo Conde do Rio Pardo a 26 de Julho de 1817 e transcritos por: Abreu, O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo, 215-228.
  5. Abreu, O Governo do Vice-Rei Conde do rio Pardo, 134.
  6. Muller, João (Duque de Gloucester). Tratado de Artilharia. Lisboa: officina de João Antonio Silva. Traduzido do Inglez para uso da Real Academia Militar, e do Corpo da Artilheria, e Dedicado ao Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Luiz Pinto de Souza Coutinho, Ministro, e Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros, e da Guerra.
  7. Encontram-se normalmente referência a duas traduções ambas datadas de 1790 da “Architectura militar de Antoni”. Uma de Pedro Joaquim Xavier e a outra por Matias José Dias Azedo, ambos professores da Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho. Innocencio Francisco da Silva em Diccionario Bibliographico Porrtuguez, Vol. 6, 160-161, 444-445, refere “Architectura militar de Antoni. 6 tomos com estampas” como sendo da autoria de Pedro Joaquim Xavier referindo no entanto que “Creio que nem todas as traduções pretencem a Pedro Joaquim Xavier, e que para ela concorreram Matias José Dias Azedo e outros lentes da Academia por aquele tempo”. Nas páginas do mesmo volume sobre Matias Azedo refere “Creio ser também sua a tradução de algum, ou alguns dos tomos de “Architectura militar de Antoni” , impressa em 1790.” Vol. 6, 160-161, 444-445. Cristovão Aires de Magalhães Sepúlveda nos volumes 8 e 15 da História Organiza e Política do Exército Português esclarece que Mathias José Dias Azedo terá somente traduzido o primeiro volume de Architectura militar de Antoni, Tomo 1: Em que se trata da fortificação regular; Pedro Joaquim Xavier terá traduzido o tomo II, o Toomo IV: Que compreende a Fortificação irregular, e o Tomo V: Que comprehende a Fortificação effectiva, e as regras Fizico-Mechanicas pertencendo à mesma. José Lane terá traduzido o Tomo 3 e Cipriano José da Silva o Tomo 6. Embora Sepúlveda acrescente ainda que é duvido que o volume 6 fosse o ultimo da obra de Antoni é possível confirmar hoje em referências bibliográfica internacionais em linha que a obras só tem 6 volumes e por isso deve ter sido integralmente traduzida. Sepúlveda, da História Organiza e Política do Exército Português, Vol 8, 733-734, Vol 15, 181-182, 215-216.
  8. Provavelmente será a obra Regras de desenho para a delineaçaõ das plantas, perfis e prespectivas [sic] pertencentes á Architectura Militar, e Civil: com a descripçaõ, e pratica dos instrumentos de que mais ordinariamente se servem os officiaes engenheiros assim no bofete, como no terreno: para uso da Real Academia de Fortificação, Artilheria, e Desenho. (...) por Antonio Joze Moreira Capitão de Infantaria com exercicio de engenheiro, e lente na mesma academia. Lisboa: na Typografia de Joaõ Antonio da Silva, Impressor de Sua Magestade, 1793.
  9. Portaria de 1 de Abril de 1834, segundo Azevedo, “Segunda memória Descriptiva e estatistica das possessões portuguezas na Asia”, 5: 208-209.
  10. 10,0 10,1 Boletim do Governo dos Estados da Índia, n. 44, 1 de setembro de 1838, 241-242.
  11. 11,0 11,1 Faria, “O papel dos luso-descendentes na engenharia militar e nas obras publicas em Goa”, I:225–37.
  12. “Portaria de 19 de Novembro de 1840”, Boletim do Governo do Estado da India, n. 51, 30 Novembro de 1840, 279-282. “Noticia”. Boletim do Governo do Estado da India, n. 54, 21 de dezembro de 1840, 308-310. Veja-se ainda Soares, Bosquejo das Possessões Portuguezas no Oriente, I: 87-94; 202-208.
  13. “Da Escola Mathematica e Militrar de Gôa, seu objecto e estudos”. Boletim do Governo do Estado da Índia, n.38, 23 de Agosto 1841, 236-240.
  14. Azevedo, “Segunda memória Descriptiva e estatistica das possessões portuguezas na Asia”, 5: 207-210.
  15. Sampaio, "Mappa demonstrativo dos alunos da extinta Academia Militar que obtiveram suas cartas de habilitação (...)" anexo a “Breve notícia da origem e divulgação dos Estudos Superiores em Goa, por methodos Europeus e em língua portugueza”. in O Oriente Português, Vol II, no3, 1905. No título da mapa está indicado “desde o seu estabelecimento, em 16 de julho de 1817”, considera-se que o 16 de julho em vez de 26 de Julho data de aprovação dos estatutos foi uma gralha tipográfica, uma vez que o próprio Sampaio na página 112 da Breve Noticia refere o dia 26 de Julho.
  16. Arquivo Histórico Militar. Administração - 1ª fase do Regime Liberal. 2ªDivisão. 5ªsecção. India. PT/AHM/Div/2/05/03/02/063. Varios objectos mandados fornecer à Academia Militar de Goa (India), 1828.

Fontes

Abreu, Miguel Vicente de. O Governo do Vice-Rei Conde do Rio Pardo do Estado da Índia Portugueza desde 1816 a 1821. Nova Goa: Imprensa Nacional, 1869, 129-134.

Arquivo Histórico Militar. Administração - 1ª fase do Regime Liberal. 2ªDivisão. 5ªsecção. India. PT/AHM/Div/2/05/03/02/063. Varios objectos mandados fornecer à Academia Militar de Goa (India), 1828.

Azevedo, Manoel Felicisimo Louzada d'Araujo d'. “Segunda memória Descriptiva e estatistica das possessões portuguezas na Asia e seu estado actual”, Annaes Marítimos e Coloniais, 2ª série n.5, Lisboa, 1842, 207-210.

Boletim do Governo dos Estados da Índia, n. 44, 1 de setembro de 1838.

Boletim do Governo do Estado da India, n. 51, 30 Novembro de 1840; n. 54, 21 de dezembro de 1840; n. 38, 23 Agosto 1841.

Sampaio, João Mello de. “Breve notícia da origem e divulgação dos Estudos Superiores em Goa, por methodos Europeus e em língua portugueza”. in O Oriente Português, II: 3, 1905, 111-116.

Sampaio, João Mello de. "Mappa demonstrativo dos alunos da extinta Academia Militar que obtiveram suas cartas de habilitação (...)" anexo a “Breve notícia da origem e divulgação dos Estudos Superiores em Goa, por methodos Europeus e em língua portugueza”, O Oriente Português, II: 3, 1905.

Soares, Joaquim P. Celestino. Bosquejo das Possessões Portuguezas no Oriente ou Resumo de Algumas derrotas da India e da China. Lisboa: Imprensa Nacional, 1851, Vol.I, 208-218.

Bibliografia

Bragança, Luís de Menezes. A educação e o ensino da Índia portuguesa. Nova Goa: Imprensa Nacional,1922.

Faria, Alice Santiago. «O papel dos luso-descendentes na engenharia militar e nas obras publicas em Goa no longo século XIX», Goa: Passado e Presente, editado por Artur Teodoro de Matos e João Teles e Cunha, I:225–37. Lisbon: CEPCEP e CHAM, 2012.

Faria, Alice Santiago. L’Architecture Coloniale Portugaise à Goa. Le Département des Travaux Publics, 1840-1926. Saarbrücken: Presses Académiques Francophones, 2014.

Miranda, Jacintho Caetano Barreto. Quadros Históricos de Goa. Tentativa Histórica. Vol. II. Margão: Typografia do Ultramar, 1864.

Nazareth, J.M. do Carmo. “Início de Estudos Militares na Índia”, O Oriente Português, 1908, V: 283-289.

Silva, Maria Carlos Afonso Ferreira da. O ensino em Goa no século XIX, 1836-1869. Mestrado em Relações Históricas na Universidade do Porto. Porto: (texto policopiado),1999.

Sepulveda, Cristovão Aires de Magalhães. História Organiza e Política do Exército Português. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1902-1932.  

Varde, P.S. History of Education in Goa from 1520 to the present day. Panaji: Goa, Vidya Pratishthan, 1977.

Ligações Internas

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Categoria: Academia Militar de Goa

Ligações Externas

Autor(es) do artigo

Alice Santiago Faria

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa

https://orcid.org/0000-0002-5006-4067.

Financiamento

Fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto TechNetEMPIRE | Redes técnico-científicas na formação do ambiente construído no Império português (1647-1871) PTDC/ART-DAQ/31959/2017

DOI

https://doi.org/10.34619/jyat-ita7

Citar este artigo

Faria, Alice Santiago. "Academia Militar de Goa", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. Consultado a 27 de dezembro de 2025, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Academia_Militar_de_Goa. DOI: https://doi.org/10.34619/jyat-ita7