Aula de Fortificação do Rio de Janeiro: diferenças entre revisões

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==História==
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As primeiras lições sobre manejo da artilharia foram dadas no Rio de Janeiro por [[Gregório Gomes Henriques]] que foi nomeado em 4 de janeiro de 1694 para aquela capitania<ref>Cavalcanti, Nireu Oliveira. ''Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798.'' Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007, p. 37.</ref>. Embora tenha sido preso em, 1697, por erros no exercício da profissão, uma carta régia de 29 de outubro de 1698 autorizou-o a ministrar aulas na cadeia enquanto não se nomeasse outro engenheiro<ref>Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. ''Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822)''. São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011, p. 231.</ref>. Em 27 de dezembro de 1698, [[José Velho de Azevedo]], que servia então no Grão Pará, foi nomeado sargento-mor da capitania do Rio de Janeiro, com “declaração que será obrigado a ensinar aos artilheiros”<ref>Viterbo, Francisco Marques de Sousa. ''Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ...'' Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 3, p. 174.</ref> Tal determinação coincide com a carta régia de 15 de Janeiro de 1699 enviada ao Governador Artur de Sá e Meneses que estabelece que:
As primeiras lições sobre manejo da artilharia foram dadas, no Rio de Janeiro, por [[Gregório Gomes Henriques]], nomeado para aquela capitania em 4 de Janeiro de 1694<ref>Cavalcanti, ''Arquitetos & Engenheiros'', 37.</ref>. Embora tenha sido preso em 1697, por erros no exercício da profissão, foi autorizado a ministrar aulas na cadeia, enquanto não se nomeasse outro engenheiro<ref>Bueno, ''Desenho e Desígnio'', 231.</ref>, por carta régia de 29 de outubro de 1698. Em 27 de dezembro desse ano, [[José Velho de Azevedo]], que servia, então, no Grão Pará, foi nomeado sargento-mor da capitania do Rio de Janeiro, com ''“declaração que será obrigado a ensinar aos artilheiros”''<ref>Viterbo, ''Diccionario historico e documental dos architectos,'' 3:174.</ref>. Tal determinação coincide com a carta régia de 15 de Janeiro de 1699 enviada ao Governador Artur de Sá e Meneses que estabelecia que:


"Por ser conveniente ao meu serviço: Hei por bem que nessa Capitania em que há engenheiro, haja aula em que se possa ensinar fortificação havendo nela três discipulos de partido, os quais serão pessoas que tenham a capacidade necessária para poderem aprender, e para se aceitarem: terão ao menos dezoito anos de idade. Os quais, sendo soldados, se lhes dará além do seu soldo meio tostão por dia; e não o sendo vencerão só o dito meio tostão. E todos os anos serão examinados para se ver se se adiantam nos estudos  e se tem genio para eles, porque quando não aproveitem pela incapacidade serão logo excluídos, e quando não seja pela pouca aplicação, se lhes assinala tempo para se ver o que se melhoram: e quando se não aproveitem nele serão também despedidos. E quando haja pessoas que volutariamente queiram aprender sem partido, serão admitidas e ensinadas para que assim possa nesta conquista haver engenheiros, e se evitarem as despesas que se fazem com os que vão deste Reino, e as faltas que fazem ao meu serviço enquanto chegam os que se mandam depois dos outros serem mortos. De que me pareceu avisar-vos, para que tenhais entendido a resolução que fui servido tomar neste particular.  Esta ordem mandareis registar nas partes necessárias, e fareis com que se faça publicar para que venha a notícia de todos. Escrita em Lisboa a 15 de janeiro de 1699. Rei. Conde Alvor''".''<ref>Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. ''Desenho e Desígnio: O Brasil dos Engenheiros Militares (1500-1822)''. São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011, p. 232.</ref>
''"Por ser conveniente ao meu serviço: Hei por bem que nessa Capitania em que há engenheiro, haja aula em que se possa ensinar fortificação havendo nela três discípulos de partido, os quais serão pessoas que tenham a capacidade necessária para poderem aprender, e para se aceitarem: terão ao menos dezoito anos de idade. Os quais, sendo soldados, se lhes dará além do seu soldo meio tostão por dia; e não o sendo vencerão só o dito meio tostão. E todos os anos serão examinados para se ver se se adiantam nos estudos  e se tem génio para eles, porque quando não aproveitem pela incapacidade serão logo excluídos, e quando não seja pela pouca aplicação, se lhes assinala tempo para se ver o que se melhoram: e quando se não aproveitem nele serão também despedidos. E quando haja pessoas que voluntariamente queiram aprender sem partido, serão admitidas e ensinadas para que assim possa nesta conquista haver engenheiros, e se evitarem as despesas que se fazem com os que vão deste Reino, e as faltas que fazem ao meu serviço enquanto chegam os que se mandam depois dos outros serem mortos. De que me pareceu avisar-vos, para que tenhais entendido a resolução que fui servido tomar neste particular.  Esta ordem mandareis registar nas partes necessárias, e fareis com que se faça publicar para que venha a notícia de todos. Escrita em Lisboa a 15 de janeiro de 1699. Rei. Conde Alvor"''<ref>Bueno, ''Desenho e Desígnio'', 232.</ref>.


O conteúdo da carta é o mesmo das que também foram enviadas no Brasil para a Bahia ([[Aula Militar da Bahia]]), para Pernambuco ([[Aula Militar do Recife]]) e para o Estado do Maranhão e Grão Pará ([[Aula de Fortificação de São Luís]]) que em todos os casos redundaram em iniciativas, embora com diferentes níveis de continuidade. Cartas similares foram enviadas para os governadores de  Angola, Cabo Verde e Goa ([[Aula de Fortificação de Goa]]). Estas cartas confirmam o empenho de D. Pedro II na criação de uma rede alargada de núcleos de formação no Império que se juntam às aulas criadas na metrópole inicialmente em Lisboa ([[Aula de Fortificação de Lisboa]]) e depois em Elvas, Viana e Almeida ([[Aula de Fortificação de Viana]], [[Aula de Fortificação de Almeida]]).
O conteúdo da carta é o mesmo das que também foram enviadas, no Brasil, para a Bahia ([[Aula Militar da Bahia]]), para Pernambuco (Aula Militar do Recife) e para o Estado do Maranhão e Grão Pará ([[Aula de Fortificação de São Luís]]) que em todos os casos redundaram em iniciativas, embora com diferentes níveis de continuidade. Cartas similares foram enviadas para os governadores de  Angola, Cabo Verde e Goa ([[Aula de Fortificação de Goa]]). Estas cartas confirmam o empenho de D. Pedro II na criação de uma rede alargada de núcleos de formação no Império que se juntam às aulas criadas na metrópole inicialmente em Lisboa ([[Aula de Fortificação de Lisboa]]) e depois em Elvas, Viana e Almeida ([[Aula de Fortificação de Viana]], [[Aula de Fortificação de Almeida]]).  
 
Embora nomeado, [[José Velho de Azevedo]] não saiu do Grão Pará<ref>Araujo, Renata Malcher de. ''As Cidades Da Amazónia No Século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão''. Porto: FAUP, 1998, p. 314.</ref>.  Até fins de 1700 parece que não haviam chegado de Lisboa os livros e os instrumentos pedidos, mas isso não terá impedido o funcionamento das aulas, retomadas por [[Gregório Gomes Henriques]], entre 1699 e 1701, quando deixou o Rio de Janeiro.  Neste ano de  1701 (ou 1703) [[Francisco de Castro Morais]] foi nomeado mestre de campo do terço da praça do Rio de Janeiro, dando continuidade às aulas. Um dado interessante é fornecido por este militar que em 1711 reivindicou ao governador um terreno onde pudesse construir uma casa para morar e para “ter casa de Aula em que leria a fortificação e mais exercícios militares para os soldados e mais oficiais da praça"<ref>Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. ANRJ - cod. 114. ''Apud.'' Cavalcanti, p. 39. </ref>.  Em 1707, o engenheiro de fogo, [[António Antunes]], foi transferido do Maranhão para o Rio de Janeiro “com declaração que nela ensinará o seu manejo de artilharia” <ref>Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. ANRJ - cod. 77, livro 17. ''Apud.'' Cavalcanti, p. 37.</ref>.  Em 1709 um documento refere que estavam no Rio de Janeiro dois engenheiros: [[Manuel de Mello de Castro]] e [[José Paes Esteves|José Paes Esteves.]] Do primeiro diz-se que “saiu da aula sem nenhum uso da fortificação, mas só com a doutrina das apostilas” <ref>Arquivo Histórico Ultramarino. Cod. 20. Datado de 24 de abril de 1709. ''Apud.'' Cavalcanti, p. 41.</ref>. O segundo foi o primeiro engenheiro designado para dar aulas em Salvador, em 1696, ainda antes de instalação oficial da [[Aula Militar da Bahia]], em 1699. Por carta régia de 21 de Janeiro de 1700 [[José Paes Esteves]] foi mandado para o Rio de Janeiro para atender as fortificações da Baía de Guanabara e Santos<ref>Oliveira, Mário Mendonça de. ''As Fortificações Portuguesas de Salvador Quando Cabeça Do Brasil''. Salvador: Omar G., 2004, p. 99.</ref>. É possível que também tenha dado aulas no Rio de Janeiro. Em 1709 estava doente, obrigando a contratação de outro engenheiro. O escolhido pelo Conselho Ultramarino foi [[José Vieira|José Vieira Soares]], que foi recomendado por [[Manuel de Azevedo Fortes]], e que terá  seguido para a Colónia do Sacramento. Em 1709 [[Pedro Gomes Chaves]] foi nomeado para servir em Salvador “impondose-lhe a clausula de que não só será obrigado ensinar na aula pública, aos que quisessem aprender, mas irá a toda parte onde for necessário” <ref>Viterbo, Francisco Marques de Sousa. ''Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ...'' Lisboa: Impr. Nacional, 1899, vol. 1, p. 210.</ref>. Terá seguido para o Rio de Janeiro em 1711, onde é identificado como lente da aula.
 
Entre 1711 e 1738 não temos informações sobre o funcionamento da Aula de Fortificação, que poderá ter sido interrompida e retomada em 1738 com a criação da [[Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro]].  


Embora nomeado, [[José Velho de Azevedo]] não saiu do Grão Pará<ref>Araujo, ''As Cidades Da Amazónia No Século XVIII'', 314.</ref>. Até finais de 1700, parece que não haviam chegado de Lisboa os livros e os instrumentos pedidos, mas isso não terá impedido o funcionamento das aulas, retomadas por [[Gregório Gomes Henriques]] entre 1699 e 1701, quando deixou o Rio de Janeiro. No ano de 1701, ou 1703, Francisco de Castro Morais foi nomeado mestre de campo do terço da praça do Rio de Janeiro, dando continuidade às aulas. Um dado interessante é fornecido por este militar que, em 1711, reivindicou ao governador um terreno onde pudesse construir uma casa para morar e para ''“ter casa de Aula em que leria a fortificação e mais exercícios militares para os soldados e mais oficiais da praça"''<ref>Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. ANRJ - cod. 114, citado em Cavalcanti, ''Arquitetos & Engenheiros'', 39. </ref>. Em 1707, o engenheiro de fogo, António Antunes, foi transferido do Maranhão para o Rio de Janeiro “''com declaração que nela ensinará o seu manejo de artilharia''”<ref>Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. ANRJ - cod. 77, livro 17, citado em Cavalcanti, ''Arquitetos & Engenheiros'', 37.</ref>.  Em 1709, um documento referia a presença de dois engenheiros no Rio de Janeiro, mais precisamente, [[Manuel de Mello de Castro]] e [[José Paes Esteves|José Paes Esteves.]] Sobre o primeiro diz-se que “''saiu da aula sem nenhum uso da fortificação, mas só com a doutrina das apostilas''”<ref>Arquivo Histórico Ultramarino. Cod. 20. Datado de 24 de abril de 1709, citado em Cavalcanti, ''Arquitetos & Engenheiros'', 41.</ref>. O segundo foi o primeiro engenheiro designado para dar aulas em Salvador em 1696, ainda antes de instalação oficial da [[Aula Militar da Bahia]] em 1699. Por carta régia de 21 de Janeiro de 1700, [[José Paes Esteves]] foi mandado para o Rio de Janeiro para atender às fortificações da Baía de Guanabara e Santos<ref>Oliveira, ''As Fortificações Portuguesas de Salvador'', 99.</ref>. É possível que também tenha dado aulas no Rio de Janeiro. Em 1709, estava doente, obrigando à contratação de outro engenheiro. O escolhido pelo Conselho Ultramarino foi [[José Vieira|José Vieira Soares]], recomendado por [[Manuel de Azevedo Fortes]] e que terá seguido para a Colónia do Sacramento. Nesse ano, [[Pedro Gomes Chaves]] foi nomeado para servir em Salvador, ''“''[sic] ''impondose-lhe a clausula de que não só será obrigado ensinar na aula pública, aos que quisessem aprender, mas irá a toda parte onde for necessário”'' <ref>Viterbo, ''Diccionario historico e documental dos architectos,'' 1:210.</ref>. Terá seguido para o Rio de Janeiro em 1711, onde foi identificado como lente da aula.


Entre 1711 e 1738, não temos informações sobre o funcionamento da Aula de Fortificação, que poderá ter sido interrompida e retomada, em 1738, com a criação da [[Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro]].
===Outras informações=== <!--é o local onde cabe tudo o que não se relaciona especificamente com os dois parâmetros anteriores-->  
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==Professores==  
==Professores==  
[[Gregório Gomes Henriques]] (1697 – 1698); [[José Velho de Azevedo]] ? (1699); [[Gregório Gomes Henriques]] (1699-1701); [[Francisco de Castro Morais]] (1701 (ou 1703)-1711); [[António Antunes]] (1707); [[Pedro Gomes Chaves]] (1711- ?)
Professores da Aula de Fortificação do Rio de Janeiro: entre 1697-1698, [[Gregório Gomes Henriques]]; entre 1699-1701: [[Gregório Gomes Henriques]]; entre 1701(ou 1703) -1711, Francisco de Castro Morais; em 1707, António Antunes; e em 1711-?, [[Pedro Gomes Chaves]]
 
 
==Curricula==


==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação-->
==Notas==<!-- As notas e a bibliografia que foi, de facto, usada para construir a informação-->
<references />
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==Bibliografia== <!-- Ou seja, a bibliografia e as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: primeiro descarrega-se a bibliografia e, no fim, as fontes. Em ambos os casos, bibliografia e fontes, deve seguir a norma do CHAM -->


==Bibliografia e Fontes== <!-- Ou seja, a bibliografia e as fontes, com links quando possível, que conhecem sobre o assunto. Atenção: primeiro descarrega-se a bibliografia e, no fim, as fontes. Em ambos os casos, bibliografia e fontes, deve seguir a norma do CHAM -->
Araujo, Renata. ''As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão''. Porto: Faup, 1998.


Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. ''Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822)''. São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011.
Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. ''Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822)''. São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011.
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Oliveira, Mário Mendonça de. ''As Fortificações Portuguesas de Salvador Quando Cabeça Do Brasil''. Salvador: Omar G., 2004.
Oliveira, Mário Mendonça de. ''As Fortificações Portuguesas de Salvador Quando Cabeça Do Brasil''. Salvador: Omar G., 2004.


Viterbo, Francisco Marques de Sousa. ''Diccionario historico e documental dos architectos, Engenheiros e constructores portuguezes ou a ...'' 3 vols. Lisboa: Impr. Nacional, 1899.
Viterbo, Francisco de Sousa. ''Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal''. Vol. 1. Lisboa: Imprensa Nacional, 1899[https://archive.org/details/diccionariohisto01vite .]
 
Viterbo, Francisco de Sousa. ''Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal''. Vol. 3. Lisboa: Imprensa Nacional, 1922[https://archive.org/details/diccionariohisto03vite .]


==Ligações Internas==
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Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link:
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==Autor(es) do artigo==
==Autor(es) do artigo==
Renata Araujo
Renata Araújo


CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve
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Edição atual desde as 16h59min de 28 de julho de 2023


Aula de Fortificação do Rio de Janeiro
(valor desconhecido)
Outras denominações valor desconhecido
Tipo de Instituição Ensino militar
Data de fundação 1698
Data de extinção 1738
Paralisação
Início: 1711
Fim: 1738
Localização
Localização Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Início: 1698
Fim: 1738
Antecessora valor desconhecido

Sucessora Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro

História

As primeiras lições sobre manejo da artilharia foram dadas, no Rio de Janeiro, por Gregório Gomes Henriques, nomeado para aquela capitania em 4 de Janeiro de 1694[1]. Embora tenha sido preso em 1697, por erros no exercício da profissão, foi autorizado a ministrar aulas na cadeia, enquanto não se nomeasse outro engenheiro[2], por carta régia de 29 de outubro de 1698. Em 27 de dezembro desse ano, José Velho de Azevedo, que servia, então, no Grão Pará, foi nomeado sargento-mor da capitania do Rio de Janeiro, com “declaração que será obrigado a ensinar aos artilheiros”[3]. Tal determinação coincide com a carta régia de 15 de Janeiro de 1699 enviada ao Governador Artur de Sá e Meneses que estabelecia que:

"Por ser conveniente ao meu serviço: Hei por bem que nessa Capitania em que há engenheiro, haja aula em que se possa ensinar fortificação havendo nela três discípulos de partido, os quais serão pessoas que tenham a capacidade necessária para poderem aprender, e para se aceitarem: terão ao menos dezoito anos de idade. Os quais, sendo soldados, se lhes dará além do seu soldo meio tostão por dia; e não o sendo vencerão só o dito meio tostão. E todos os anos serão examinados para se ver se se adiantam nos estudos e se tem génio para eles, porque quando não aproveitem pela incapacidade serão logo excluídos, e quando não seja pela pouca aplicação, se lhes assinala tempo para se ver o que se melhoram: e quando se não aproveitem nele serão também despedidos. E quando haja pessoas que voluntariamente queiram aprender sem partido, serão admitidas e ensinadas para que assim possa nesta conquista haver engenheiros, e se evitarem as despesas que se fazem com os que vão deste Reino, e as faltas que fazem ao meu serviço enquanto chegam os que se mandam depois dos outros serem mortos. De que me pareceu avisar-vos, para que tenhais entendido a resolução que fui servido tomar neste particular. Esta ordem mandareis registar nas partes necessárias, e fareis com que se faça publicar para que venha a notícia de todos. Escrita em Lisboa a 15 de janeiro de 1699. Rei. Conde Alvor"[4].

O conteúdo da carta é o mesmo das que também foram enviadas, no Brasil, para a Bahia (Aula Militar da Bahia), para Pernambuco (Aula Militar do Recife) e para o Estado do Maranhão e Grão Pará (Aula de Fortificação de São Luís) que em todos os casos redundaram em iniciativas, embora com diferentes níveis de continuidade. Cartas similares foram enviadas para os governadores de  Angola, Cabo Verde e Goa (Aula de Fortificação de Goa). Estas cartas confirmam o empenho de D. Pedro II na criação de uma rede alargada de núcleos de formação no Império que se juntam às aulas criadas na metrópole inicialmente em Lisboa (Aula de Fortificação de Lisboa) e depois em Elvas, Viana e Almeida (Aula de Fortificação de Viana, Aula de Fortificação de Almeida).

Embora nomeado, José Velho de Azevedo não saiu do Grão Pará[5]. Até finais de 1700, parece que não haviam chegado de Lisboa os livros e os instrumentos pedidos, mas isso não terá impedido o funcionamento das aulas, retomadas por Gregório Gomes Henriques entre 1699 e 1701, quando deixou o Rio de Janeiro. No ano de 1701, ou 1703, Francisco de Castro Morais foi nomeado mestre de campo do terço da praça do Rio de Janeiro, dando continuidade às aulas. Um dado interessante é fornecido por este militar que, em 1711, reivindicou ao governador um terreno onde pudesse construir uma casa para morar e para “ter casa de Aula em que leria a fortificação e mais exercícios militares para os soldados e mais oficiais da praça"[6]. Em 1707, o engenheiro de fogo, António Antunes, foi transferido do Maranhão para o Rio de Janeiro “com declaração que nela ensinará o seu manejo de artilharia[7]. Em 1709, um documento referia a presença de dois engenheiros no Rio de Janeiro, mais precisamente, Manuel de Mello de Castro e José Paes Esteves. Sobre o primeiro diz-se que “saiu da aula sem nenhum uso da fortificação, mas só com a doutrina das apostilas[8]. O segundo foi o primeiro engenheiro designado para dar aulas em Salvador em 1696, ainda antes de instalação oficial da Aula Militar da Bahia em 1699. Por carta régia de 21 de Janeiro de 1700, José Paes Esteves foi mandado para o Rio de Janeiro para atender às fortificações da Baía de Guanabara e Santos[9]. É possível que também tenha dado aulas no Rio de Janeiro. Em 1709, estava doente, obrigando à contratação de outro engenheiro. O escolhido pelo Conselho Ultramarino foi José Vieira Soares, recomendado por Manuel de Azevedo Fortes e que terá seguido para a Colónia do Sacramento. Nesse ano, Pedro Gomes Chaves foi nomeado para servir em Salvador, [sic] impondose-lhe a clausula de que não só será obrigado ensinar na aula pública, aos que quisessem aprender, mas irá a toda parte onde for necessário” [10]. Terá seguido para o Rio de Janeiro em 1711, onde foi identificado como lente da aula.

Entre 1711 e 1738, não temos informações sobre o funcionamento da Aula de Fortificação, que poderá ter sido interrompida e retomada, em 1738, com a criação da Aula do Terço de Artilharia do Rio de Janeiro.

Outras informações

Professores

Professores da Aula de Fortificação do Rio de Janeiro: entre 1697-1698, Gregório Gomes Henriques; entre 1699-1701: Gregório Gomes Henriques; entre 1701(ou 1703) -1711, Francisco de Castro Morais; em 1707, António Antunes; e em 1711-?, Pedro Gomes Chaves.

Notas

  1. Cavalcanti, Arquitetos & Engenheiros, 37.
  2. Bueno, Desenho e Desígnio, 231.
  3. Viterbo, Diccionario historico e documental dos architectos, 3:174.
  4. Bueno, Desenho e Desígnio, 232.
  5. Araujo, As Cidades Da Amazónia No Século XVIII, 314.
  6. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. ANRJ - cod. 114, citado em Cavalcanti, Arquitetos & Engenheiros, 39.
  7. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. ANRJ - cod. 77, livro 17, citado em Cavalcanti, Arquitetos & Engenheiros, 37.
  8. Arquivo Histórico Ultramarino. Cod. 20. Datado de 24 de abril de 1709, citado em Cavalcanti, Arquitetos & Engenheiros, 41.
  9. Oliveira, As Fortificações Portuguesas de Salvador, 99.
  10. Viterbo, Diccionario historico e documental dos architectos, 1:210.

Bibliografia

Araujo, Renata. As Cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão. Porto: Faup, 1998.

Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: O Brasil Dos Engenheiros Militares (1500-1822). São Paulo: Editora da Universidade : Fapesp, 2011.

Cavalcanti, Nireu Oliveira. Arquitetos & Engenheiros: Sonho de Entidade Desde 1798. Rio de Janeiro: Crea-RJ, 2007.

Oliveira, Mário Mendonça de. As Fortificações Portuguesas de Salvador Quando Cabeça Do Brasil. Salvador: Omar G., 2004.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 1. Lisboa: Imprensa Nacional, 1899.

Viterbo, Francisco de Sousa. Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a serviço de Portugal. Vol. 3. Lisboa: Imprensa Nacional, 1922.

Ligações Internas

Para consultar as pessoas relacionadas com esta instituição, nomeadamente professores e alunos, siga o link:

Categoria: Aula de Fortificação do Rio de Janeiro

Autor(es) do artigo

Renata Araújo

CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Algarve

https://orcid.org/0000-0002-7249-1078

DOI

https://doi.org/10.34619/sv3j-hrke

Citar este artigo

Araújo, Renata. "Aula de Fortificação do Rio de Janeiro", in eViterbo. Lisboa: CHAM - Centro de Humanidades, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2022. (última modificação: 28/07/2023). Consultado a 18 de maio de 2024, em https://eviterbo.fcsh.unl.pt/wiki/Aula_de_Fortifica%C3%A7%C3%A3o_do_Rio_de_Janeiro. DOI: https://doi.org/10.34619/sv3j-hrke